O AMOR E A LOUCURA DE MIGUEL...

Od MAGUEVOVARDORMO

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Um anjo se apaixona pela sua dor... Neste mundo não há ninguém mais belo do que o Arcanjo, ele é cheio de art... Viac

CAPÍTULO II
CAPÍTULO III
CAPÍTULO IV
CAPÍTULO V

CAPÍTULO I

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Od MAGUEVOVARDORMO


Neste mundo não há ninguém mais belo do que o Arcanjo, ele é cheio de artigos e grandeza. Seu longo cabelo loiro escorre com fios de ouro e prata para baixo em suas costas como um clarão apagado que gosta de jogar luz e vento em seus olhos azuis insondáveis, escondido atrás de pedaços finos de pontos de magia de vidro.

Qualquer um se afogaria perdido para sempre adorando sua beleza. Uma figura ideal, um rosto perfeito, uma voz cruel, por causa disso, qualquer mulher, mortal, anjo ou demônio, estava pronta para ir à morte dela por ele.

Sentado em um trono de ossos e caveiras, em um jardim escuro, contemplando o espelho do mundo através de seus olhos imortais, observando o que estava acontecendo no chão, Miguel sorriu em seu tédio. Os olhos do Arcanjo variavam entre o mais profundo azul ao mais cristalino verde. O sorriso de um demônio e o olhar de um anjo.

Para o anjo, era o único entretenimento, mas mesmo agora ele estava entediado. O senhor de inúmeras vidas e almas, conhecedor da majestade de Deus e seu Arcanjo, não sabia o que fazer consigo mesmo e o que achava do significado de ser eterno.

Às vezes, parecia-lhe que estava cumprindo sua sentença. Mesmo assim ele nunca se humilhou apenas arrastou sua existência cinza pelos séculos e milênios além da morte e da vida.

O anjo está cansado do fato de que seu mundo é preenchido apenas com cores pretas e cinzas, e ele mesmo é forçado a permanecer na escuridão. Ele permaneceu trancado em um jardim negro, sentado debaixo da noite.

Sua túnica negra contra a claridade de suas asas. O anjo sofria por ser eterno e perfeito. Mesmo pedras preciosas e ouro, que o anjo tinha mais que o suficiente, agradou os olhos dos homens, mas não os seus.

Cada vez mais, queria mudar algo, ele estava mais sozinho por toda a sua vida... Mas, quem pode compreendê-lo e aceitar, quem não terá medo de sua grandeza e poder? Mesmo os anjos têm medo dele ...

Ele estava eternamente destinado a ficar sozinho. Mas isso é justo? Através das idades e séculos ele se sentia recluso por trás de muros de silêncio, esperando que o riso da morte o salve. Ele sabia que enlouquecia.

O anjo pensava contemplando o céu escuro: — Eu quero exclusivamente me retirar de mim, me reduzir em mim até sobrar espaço para eu mesmo pensar. Suas eras de vidas eram irreconciliáveis com a razão e com a ideia de tempo.

O anjo se debruçou rindo pensando na sua inveja dos macacos de Deus, que ele mesmo amara e talvez ainda amasse. — Por que ele não poderia me amar também? Eu era muito perfeito para ser amado?

Seu riso era belo e triste, fazendo o amanhecer chorar. Examinando esse riso que o explicitou completo, o Arcanjo percebe o riso, ele nasce em sua consciência. Sua gargalhada é um rastro pendente de humanidade, que o arcanjo queria guardar consigo através da sua loucura, em todas as partes de si, na forma de um som.

Assim como se pudesse os salvar em eternos ecos o momento que ele fora quase humano antes da completa loucura. Os animais não poderiam gargalhar, apenas os animais humanos, mas e os monstros, poderiam?

Ele era o assassino de Deus. Era sua lança no coração de Lúcifer, o seu irmão. Era o poder de um arcanjo contra o pecado de um Serafim pequenino contra ele. Essa era uma história para agradar os humanos. Os anjos sabiam melhor. Lúcifer fora criado para perder e ele para matar. Os dois poderiam não existir, mas Ele quis assim.

Através da sua loucura, o anjo por dias desapareceu em seu maravilhoso jardim em meio a estátuas e flores requintadas. Rindo enlouquecido e se aproximando com medo cheirando flores.

Arcanjo Miguel. O mais puro dos anjos fora destinado a ser um assassino, com suas asas e mãos sujas com o sangue da criação. Miguel tentava não se lembrar. Correndo em seu próprio labirinto e então descobrindo novamente que tinha asas subindo aos céus. Ele não ousaria se permitir ser interrompido por um de seus anjos nesse estado.

Ele sabia o que seus anjos pensavam sobre todo esse poder na mão de um louco. Mas ninguém poderia jamais poderia o destruir, ele era o mais poderoso dos anjos. O maior Arcanjo que existiu. Miguel não poderia morrer, esse era seu destino e tragédia.

Ele não foi destinado ao amor, como os humanos, foi destinado a ser o maior soldado que já existiu. Ele fora destinado a servir como um assassino sanguinário, com sua beleza manchada em meio ao sangue de batalhas do apocalipse.

Eram lendárias as histórias sobre a besta de olhos estreitos que habitava o mais puro dos anjos durante a guerra. Miguel lidera os exércitos de Deus contra Lúcifer transformado em Satanás e seus anjos.

O Arcanjo os derrotou durante a guerra no céu. Com essas memórias o anjo quase não poderia respirar. Ele transformado em um assassino. Ele se via agora sangrando com a morte.

Pelos próximos dois séculos o anjo permaneceria sozinho através dos anos, suspenso no tempo com sua loucura degenerando sua honra e poder. O fato que ele enlouquecia era um segredo entre os anjos. Ninguém teria coragem de se aproximar para tocá-lo, para salvá-lo.

Um dia, depois de centenas de anos, o triste Arcanjo decidiu descer do seu maravilhoso jardim ao chão. Foi caminhar entre os mortais comuns, ver outros anjos e humanos, dando— lhes um sentimento encantador de amor por sua perfeição que nunca fará seu coração de pedra.

Quem não poderia ser apaixonar pela sua beleza? Ele caminhou lentamente, com um levíssimo sorriso altivo um tanto louco. Dentro ele era triste e pensativo.

Os anjos temiam cada passo seu, sabiam que ele poderia destruir o mundo se quisesse e pelo seu riso não conseguiam adivinhar se ele o desejaria ou não.

Olhando todos os habitantes do mundo. Flores floresceram ao redor dele, os pássaros vibraram e as borboletas flutuavam enquanto o anjo triste e enlouquecido carregava beleza para o mundo cinza.

Milhares de olhares admirados foram consertados nele, milhares de corações se congelaram com prazer súbito de sua visão.

O arcanjo sabia que ele era lindo, como nenhuma outro. Neste mundo, ele não tem igual. Todo o mundo iria o olhar com admiração e loucura. Assim foi e será até o fim dos tempos. Sim. Prontos para morrer ou viver por ele.

O arcanjo tem sido acostumado a sentir os olhares e, portanto, continuou, sem prestar atenção a ninguém, revelando sua grandeza e beleza através de um movimento de cabeça acenando aos anjos nervosos e embevecidos por sua presença divina.

Qualquer um seria honrado mesmo com o seu olhar arrogante, cheio de desprezo ridículo, mas o arcanjo não os despreza em sua pureza, sua indiferença era mais fria, ao mesmo tempo os ama enquanto criaturas de Deus, não há ninguém a quem o belo anjo desse atenção.

A zombaria do destino. O anjo que dá a todos os seres vivos esse sentimento bonito que inspira e faz com que eles se sintam onipotentes diante da beleza, impulsionando feitos, ele mesma permaneceu frio e inacessível, como uma pedra.

Não importa quantos anjos e demônios o desejassem, ele recusou-se a todos. Em sua pureza ele estava decepcionado com a profundidade do pecado em seus olhares gordurosos cheios de desejo, adoração e admiração, que se tornaram habituais por um longo tempo. Homens e mulheres o desejaram pelos séculos e ele não amou a ninguém fora a Deus, aquele que nunca o amou.

A questão era que de verdade nenhuma dos pretendentes queria conhecer a alma do anjo, atraídos apenas pela beleza física perfeita. Neste mundo como em todos, a aparência significava tudo. O arcanjo sabia disso como nenhum outro.

O anjo que se disfarçava entre humanos desde o tempo bíblicos riu-se. Ele foi a criação mais poderosa e perfeita. Sua forma física tinha sido construída a partir do mais puro poder celestial. Em seu trono ele usava um manto construído com literalmente todas as pedras preciosas e gemas e agora ele caminhava a Terra como um louco.

Não suportando os olhares Miguel entrou em uma cabine se encostando contra a porta. Quando nasceu ele tinha seis asas e ele ainda é o príncipe do poder do ar. Essas asas se tornaram duas incrivelmente poderosas. Era insuportável o quanto Miguel queria ser humano, o quanto ele queria ser amado por Deus, o único que ele alguma vez amou.

O segredo que ninguém sabia sobre Miguel: Ele foi o único anjo a ser uma criança. Ele foi criado por Deus e ele usou as seis asas para cobrir seus olhos do terrível poder de suas mãos quando o tocaram em sua criação.

Como ele poderia esquecer o prazer de ser tocado por Deus? Dois olhos que olham através da eternidade. Ele se encantara com o que ele pensara ser amo. Miguel passara todos os seus anos sendo fiel a Deus. Em nome daquele único instante que fora eterno.

Se convencendo através das mortes que mesmo que se Deus quisesse ele poderia ter feito isso com um sussurro de seu Verbo, isso não significara que ele fizera dele seu assassino, que ele não o amava...

Isso teria sido um pensamento muito doloroso para que ele pudesse sobreviver com ele pois significaria que sua existência não tinha sentido e que ele foi criado e tocado pela dor. Que ele nunca fora tocado pelo amor, pelo amor de Deus, a única forma de amor que ele conhecia toda a vida contemplando os humanos e a única forma de amor que ele desejava.

Quanto um anjo menor comentou sobre seu poder e lenda Miguel sempre responderia: — Deus é todo poderoso! Eu sou apenas a sua criação que testemunha seu poder em seu nome, sobre todos os seus inimigos.— E se retiraria com grande dignidade. O mais puro dos anjos nunca se impressionou com seu poder, servido a Deus com humildade e amor até que na sua quarta eternidade de vida ele percebeu que Deus nunca o amou. Ele amava aos humanos. Ele era perfeito, a mais bela e poderosa criação de Deus. Mas apenas uma criação fria de seu Pai.

A história de Miguel começa o mais perto possível do fim devido a loucura que o degenerava. Enquanto caminhou ele foi lindo e assustador. A vida e a morte fizeram— lhe pior, talvez para que se veja do que o Arcanjo é feito.

O Arcanjo era tão bonito quanto aterrorizante. Houve essa dor arrepiante em seus belos olhos. Uma perfeição desumana.

Miguel sempre soube quando morria, como se a morte subisse nas suas entranhas. A consciência brutal dessa dor era de alguma forma mais afiada pelo seu humor.

O anjo gargalhava mesmo ruindo decrépito em sua alma quebrada, seu riso queima para vida como queima para morte. Atrás dos seus olhos a dor rola a pedra deslocando sempre um pedaço de sarcasmo que alivie a tristeza do riso.

Das criaturas míticas que ainda habitavam entre os homens, Miguel seria sempre a mais impressionante. Ele foi o tempo todo forte e na maior parte de si foi quebrada para além da imaginação.

Miguel é dos que morrem quando não é fácil morrer, é dos que morrem por amor e que renascem para morrer outra vez pelo dever. Quem era? Para si apenas a representação cômica da sua existência eterna e histérica. Para os outros a personificação do poder encarnado. Mas isso não fazia diferença para ele que ainda correria por seu jardim como um louco.

Mesmo dentro da sua cabeça, em tudo que ele habitou agora houve gritos. Seu olhar vinha apertado pela morte com o acabamento dolorido da eternidade, percorrendo em memórias a sala onde sonhou arrancar cada parede que o escondeu. O arcanjo teria poder para isso.

Foram tantos os anos em que ele nunca olhou para si mesmo. Foram tantos que foram todos, desde que ele foi deixado para trás. Mesmo assim, a vida o empurrava mais fundo e após a morte de toda sua esperança, estava rodando na trilha da loucura por um longo tempo então.

Entretanto, houve sempre esse ser, tão maldito quanto ele, que prosseguia interrompendo sua morte com uma distração engraçada e desgraçada como inconveniente.

Tão somente o amor viu os dois sendo seguidos pelo tempo, escoltados por todos os anos que os separariam, porém, não mais, essa era a vida última de Miguel e talvez o fim do jogo para ambos. Ele não suportava mais existir. De alguma forma, eu apostava que eles terminariam presos juntos, pulando para dentro do fogo um pelo outro. Sendo seguidos tanto pelo tempo como pelo fogo você imaginaria que eles saberiam não perder a cabeça enquanto queimam vivos, mas eu duvidava que eles resistirão um ao outro. Essa era só uma aposta afinal na queda do mais poderoso dos Arcanjos.

Apesar das minhas bobagens, Miguel não era muito bom decifrando romances de outros e ainda menos fazendo parte de um, sua cara de tédio existencial também não fez muito dentro de uma história, eu teria trabalho. Claramente haverá sangue, mas afinal, quem nunca morreu de inveja da morte? Seu riso estava arranhando perigosamente o ar.

Quanto as suas vestes o Arcanjo claramente não se preocupava em parecer o anjo que ele era e não queria mais ser. A tragédia de uma Medusa vesga que transformou o próprio nariz em pedra. Os anjos observavam sem entender Miguel lutando de forma errática com a porta como se falasse sozinho.

Ele saia e entrava pela porta várias vezes. No último surto de insanidade, perto da porta ele se virou e me mostrou o dedo do meio à batendo na minha cara e depois a abriu novamente de forma súbita.

— Não preciso de ninguém falando com o que me pareço, eu sei como me pareço. — ele engasgou.

— Mas eu sou você. — eu decretei o óbvio.

— Malditamente certo que não.

— Você é um anjo enlouquecido, ninguém jamais foi velho por tanto tempo. — eu disse em sua mente.

— Então quando morrer me livro de você!

Bateu a porta outra vez na minha cara. Os anjos do outro lado da rua se assomaram do lado de fora da porta, pareciam pesarosos pela sua loucura agora que não eram mais tornados inconscientes pela sua beleza mas alguns inocentes crédulos ainda acreditavam que nesses momentos Miguel tinha visões em que se comunicava com Deus face a face.

O que nenhum dele sabia era que eu era a criança que ele criou para conversar em sua mente. Nós repetimos esse dia milhares de vezes em sua cabeça. A memória de seu amor que ele tentava salvar de alguém que tentara o salvar.

Ora de me retirar para o assistir pensando que é louco. Como se houvesse dúvida. É claro que há dúvida eu não sou louco seu bastardo! Silêncio? Nessa parte em que ele não responde e nos mesclamos outra vez é que me sinto ainda mais enlouquecido.

— Você está falando sozinho, isso é perturbador. — eu e ele respondemos.

— Apenas porque você é a minha consciência — resmungou.

Qual a diferença entre mim e você, então? Ele ou eu me perguntei. Eu já não sabia. Eu já narrara tanta batalhas de dentro da minha cabeça, em minha vida, que agora minha mente era assombrada por mim mesmo na terceira pessoa.

No momento, eu estou enlouquecendo desconfortavelmente, enrolado na minha própria cabeça. Escrever pela primeira vez na vida é como cair de paraquedas em algumas misérias, afundar com tudo queimando o chão.

Minha consciência geralmente começa a interagir comigo enquanto estou pensando no que escreverei e nas palavras, como se ela se erguesse tomando corpo a partir da concentração de palavras que alaga tudo enquanto eu deixo eu mesmo para o fundo da minha mente. Seria melhor eu me interromper por aqui e pegar um caderno antes que ela volte mas eu não queria parar.

Eu não poderia me importar menos em negar que eu sou um ser de aparência impressionante. Meu rosto era muito bonito para além do riso encantado amargo. Eu tinha todas as belas cores do céu, mas a minha beleza já não era lúcida, parecia desfocada em uma abstração da minha loucura.

Eu me enxergo de forma vaga e intermitente. Na luz da manhã parecia contristado em uma beleza morta, laureada distinta pelo sofrimento, entretanto, as vezes sobrevinha como disparo refulgente a argúcia de minha sagacidade natural.

Meus olhos ficam no canto errático vão de astros, são passantes se apagando no fundo azul violeta do universo. Meus olhos assombram meu rosto.

Eu tenho esses olhos entre o verde e o azul violenta quando estava com raiva, gigantescos e em tal púrpuro azul por vezes que parecem machucados em meu rosto pálido. Não faz muito tempo, meus olhos tinham o encanto mago dos olhos puros, mas agora pareciam tão assombrados quanto assombrosos.

Meu rosto era dolorosamente belo. Meu cabelo era loiro em um clarão apagado, tão claro que poucas chispas de brilho se notavam, como se existisse após ter despendido toda a luz, ele parecia empoeirado.

Meu cabelo foi sempre, mesmo perto do meu fim, a lembrança luminosa e gentil da minha existência como um anjo, um ser de luz, era uma fundação reluzente na qual a sombra da minha face imortal e perfeita afundava inserida inteira.

Quando virava a cabeça ele brilhava intenso apesar da claridão, como se houvesse alguma luz incrustrada no branco amarelado nevado. Era uma espécie de seda branca mortiça, menos brilhante, que se angulada desmaiava em veludo faiscante. Pelo canto dos meus olhos eu observava seus contornos fagulhentos.

Enquanto me movimentava pareciam luzidos com constelações de pedrarias. Meu cabelo era leve, com esse loiro de tonalidade muito clara e fantasmagórica. Era amarelado e cinzado por um entretom de prata extremamente frágil e pálido, quão intensamente como madrugada, com chuva de prata que começa a colorir com ouro branco o sol nascente.

Meus olhos me seguiam espanando o pecado de meus atilamentos. Era fino, assoberbado belamente de fios algumas vezes trançados outras lisos e soltos que se avolumavam gravados por empoleirada luz de gradação cambiante, transcendendo os fios do amarelo ouro para o branco ofuscante.

Meu cabelo, quando não era a velha conhecida massa clara que se estendia escorregadia pelas minhas costas, era uma realidade para os humanos como poucas, uma tapeçaria amolada de mistura brilhante. Mesmo de costas eu seria reconhecido como um anjo.

De perto ele era muito intimamente perdido denso e brilhante. Vivia entre vários fios soltos, intricados e embaralhados. Seu volume era remodelado em afrouxamentos de fluxos com ondulações vacilando levadiças. Cada mecha fundeava em reta que desabrochava languida sobre meus ombros, costas e assas. Em toda a minha perfeição eu já não me sentia um anjo.

Eu era infeliz. Como Lúcifer eu tinha sentimentos imperfeitos e humanos. E deixe— me dizer, foi o suficiente de um inferno de uma experiência, acredite. Só que eu não sonhei com poder, mas sim com amor. O amor de Deus. O amor de alguém. Qualquer um. Que fosse verdadeiro. Um amor da eternidade com o qual ele só presenteou os humanos.

Mas eu já fui feliz como um anjo, quando eu não conhecia a verdade. Isso me lembra. Eu sinto falta dele. A pessoa leve que eu era, mas isso foi antes deles me deixarem aqui. Hoje eu olhei no espelho e vi aquele ser.

Ele está enlouquecendo.

Ele está morrendo.

Aquele homem no espelho era eu. Um ser. Um arcanjo.

Eu sorri com uma expressão da desumanidade. Um riso muito iluminado. O meu poder se degenerava. Eu me percebia com uma sensação de intensa irrealidade, vacilando pelo pavor, esbarrando em sepulcral frio.

Ah, a minha vida. Suspirei em voz alta. Meu rosto se contorcia em uma luta indefinida em treva palpitante. Eu pensei que choraria, mas anjos não podiam chorar e por isso eu senti meu coração afundar quando outra vez se descortinou a loucura com o riso cruel que brotou do meu peito vazio.

Agora eu rio de maneira louca, negra, pesada. Cada sorriso machucando meu rosto meu rosto inumanamente perfeito. Mas se ele não me amou por que eu deveria existir? Agora eu só enlouqueço e degenero. Minha existência uma piada para o Deus que eu amei.

E eu rio. Cada riso é só uma pontada desesperada. Mas eu ainda tento rir, eu tento por precisar de alguma vida. Mas tem dias que meu coração pesa muito. Eu sinto que um dia não conseguirei levantar carregando meu coração. Um dia eu teria que escolher entre meu coração e as minhas asas.

Meu tempo de morte contava a história de uma sucessão de tragédias e em meio a tudo isso o meu amor por Deus tem sido a única coisa que arranha meu coração para a vida.

Eu trabalhei essas dores angustiantes com as distrações ligeiras proporcionadas pelos homens, durante anos, só me era possível esse tipo de alegria aérea sobrevoando meu céu acima de toda tristeza. Sobrevoando como um anjo suspenso no céu.

Como um anjo eu voaria pela imensidão da minha dor até a minha queda no mais profundo inferno. Entretanto, houve outra coisa. Houve sempre ela. Meu amor, meu amor de sempre, meu amor para o tempo da minha vida. Um amor que sobrevivera aos anos implacáveis na forma de uma obsessão, ela era a assombração no fundo da minha mente que nunca me deixava morrer.

Quem é você? Eu me perguntei olhando para o espelho. Eu não sabia a resposta exata para essa pergunta. O que eu sabia? Eu era um anjo. Eu era o Arcanjo Miguel. 


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