Além do Inevitável

By katyauthor

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Ao ser sequestrada e torturada, Holly finalmente é resgatada por Jack - como já era de ser esperado. O que el... More

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By katyauthor

            A volta para o hotel foi uma conversa agradável. Jack parecia estar tentando manter suas mãos longe de mim e eu sentia falta de seu toque. Estávamos em um dilema pois não queríamos atropelar as coisas por sentimentos momentâneos, como a carência.

Essa noite havia transformado meu humor e eu agradeci silenciosamente por todos os envolvidos. Aila tinha uma energia contagiante, uma beleza única e ela parecia estar feliz com o casamento. Ela pediu que eu viesse ao casamento e secretamente sussurrou que esperava ser com Jack.

Acredite, eu também espero.

Entramos no elevador do hotel e eu podia sentir os nervos. Já devia ser mais de meia noite, havíamos sidos os únicos a passar pelo lobby e tivemos a sorte de não encontrar paparazzi.

O silêncio estava começando a me incomodar quando entramos no quarto e Jack começou a tirar os sapatos. Ele deu uma longa suspirada e deitou na cama.

Retirei meus sapatos e meu sobretudo, deixando sobre a poltrona ao lado.

Aproximo de Jack e ele parecia estar pensativo.

— A Máfia foi a minha família por longos anos — ele comenta. — Agora, o que sobrou foi apenas Tucker. Ele sempre foi a família que eu escolhi.

Sorrio.

— Estou feliz que ele tenha encontrado alguém que visse as qualidades dele e o ame por inteiro — Jack sorri levemente.

Em um momento de impulso e necessitada de seu toque, eu subo na cama, sentando em seu quadril com uma perna de cada lado. Jack pareceu tenso por um segundo e ergueu-se pra me encarar.

— Holly...

— Eu sei que pedi um tempo — o paro. — Mas... eu preciso de você. Eu preciso de seu toque — sussurro, puxando sua camisa em punho. — Eu sei que estaremos usando um e o outro esta noite, amanhã saberemos do processo e a realidade cairá sobre nós. Mas... vamos viver o agora. Aqui. Nesse momento.

Jack franze a testa pra mim.

— Eu não sei se posso fazer isso — ele sussurra, colocando-me de lado e levantando da cama.

Observo-o passar a mão na juba negra e eu dou uma espalmada na cama.

— Jack.

— Não, Holly. Estou tentando fazer o certo aqui — ele parece estar bravo.

— Eu não estou pedindo pra fazer o certo — resmungo, levantando da cama.

— Não, não está — diz, encarando-me sério. — Mas você me pediu um tempo, pediu pra não te procurar...

— Você me pediu em casamento — eu esbravejo.

— E eu pediria mais vezes se fosse preciso — ele grita alto, fazendo-me ver o quão frustrado ele está. Logo ele suspira pra se acalmar e sussurra. — Você não está me ajudando nisso, Holly.

Eu solto uma risada sem humor.

— Eu não estou ajudando? Que diabos, Jack?

— Você está me pedindo pra tocá-la, pra ficar com você, dormir com você...

— E o que tem haver?

— Significa que eu não vou conseguir manter minhas mãos longe de você! — ele esbraveja novamente. — É doentio pra mim pensar que eu estou perto de você e ter que controlar meu contato pois você me pediu um tempo.

Seu peito parecia arfar e eu me senti culpada por provoca-lo a isso.

— Jack...

— Não, me deixe terminar. Eu amo você. Ok? Eu amo. Você é a única mulher que eu amei em toda a minha vida e eu pretendo que você seja a última. E mesmo se não for, eu juro que vou entender. Eu juro — Jack dizia como se sentisse dor. Seu peito arfava como se ele tivesse corrido uma maratona e me encara com seus olhos azuis brilhantes. — Mas eu não posso jogar meu coração toda vez e não ter uma garantia de que você será realmente minha.

— O que está dizendo? — eu franzo a testa.

— Quero dizer que eu sei que errei. Porra, eu vacilei pra caralho — ele resmunga. — Mas, assim como eu te magoei, você me magoou naquela ilha. Eu sei que você foi sincera, eu agradeço por você sempre ser honesta comigo em relação aos seus sentimentos e suas opiniões.

Os olhos de Jack pareciam mareados e sua voz falhou no final.

— Mas eu havia colocado a porra do meu coração em jogo e você ainda foi embora pedindo pra não te procurar — vejo uma lágrima cair e não pousar em seu rosto, e eu sinto meu coração partir ao ver Jack sofrendo da mesma maneira. — Eu não planejei aquilo. Eu apenas senti. Eu apenas senti que a mulher da minha vida estava bem ao meu lado e eu não pude deixar essa oportunidade cair de minhas mãos.

Ele balança a cabeça.

— Não de novo.

Meu corpo vai pra frente, pegando seu rosto com as mãos e eu o beijo. De início, Jack não me toca e eu tento beijá-lo docemente. Quando ele me deixa entrar, eu solto um suspiro e sussurro entre o beijo:

— Eu sinto muito por ter partido — encosto minha testa na dele, ouvindo nossas respirações. — Mas eu estava com medo. Eu estou com medo, Jack.

— Eu sei, baby, eu também estou — ele me acalma ao tocar em minha cintura e puxar pra perto. — Deus, como eu senti sua falta.

Sorrio levemente e o beijo.

— Nós vamos resolver isso. Eu só preciso de você agora. Por favor... — digo, voltando a beija-lo sem dar tempo de sua resposta.

Toco em sua nuca, beijando-o tão lentamente e senti-lo por aquele beijo. Puxo seu cabelo bem devagar e escuto um gemido de Jack, provocando-me luxúria. Rapidamente Jack me empurra até chegar a parede próxima a porta e eu gemo ao sentir minhas costas contra o duro.

Sinto seus beijos no meu rosto, alastrando até o pescoço onde solto um gemido, sussurrando seu nome em desespero.

E o amando em silêncio.

✕✕✕

Logo pela manhã havíamos recebido a notícia de que eu não precisaria dar depoimento como testemunha. Aparentemente isso tornaria o caso mais grave para Luke e a defesa não iria se opor a isso. O julgamento seria amanhã e meus nervos estavam à flor da pele. Mas era hoje que eu iria visita-lo na prisão.

Minha ansiedade estava presente, meu medo era constante e eu tentava controlar minha respiração. Não dormi a noite inteira e precisei fingir algumas vezes para Jack que estava bem.

— Por favor, me deixe ir com você — ele sussurra pela milésima vez.

— Eu preciso fazer isso por mim, Jack. E eu não espero que entenda ou aceite, mas é a minha decisão.

Ele respira fundo e suspira.

— É bom você voltar aqui ou eu vou chamar a polícia e matar Luke com as próprias mãos — ele diz de maneira irritada e sério.

Dou um sorriso trêmulo e dou um beijo rápido em seus lábios.

— Eu ficarei bem.

Quando dou as costas para Jack e caminho em direção ao estacionamento pra pegar o carro alugado, eu sei que não estou bem. Eu estou morrendo de medo de reencontrar Luke. Eu queria dizer para Jack ir comigo, dizer que estava enganada e precisava dele.

Mas tudo havia começado meses atrás. Quando ele me sequestrou.

Eu só precisava saber o porquê. E entender suas frustrações, pois de todos que o machucaram, quem saiu ferida foi apenas eu.

✕✕✕

Stateville Center era uma prisão de segurança máxima de Illinois, onde haviam horários específicos para visitação. Assim que estaciono, deixo meus pertences, como meu relógio de pulso, celular e os brincos no carro.

Havia colocado uma calça branca com um tênis e uma blusa polo preta. Por mais que estivesse razoavelmente quente, eu me sentia tremer de frio. Mas eu sabia que eram meus nervos fazendo reverência.

Passo pela segurança, entregando minha identificação e assinando o livro de visitações. Eu recebo ordens para acompanhar um segurança e ele informa que Luke estava acordado havia meia hora. Eu podia sentir meu coração martelar contra o meu peito.

Steel, o nome do agente penitenciário – um homem de mais de um dois metros, gigante de todas as maneiras, pele negra e olhos castanhos – me direciona para uma sala de pintura cinza desbotada. Havia uma mesa e duas cadeiras. Resolvi sentar na cadeira próxima da porta, de costas para ela. Assim, eu teria um ponto positivo e um ponto negativo. O lado positivo seria que eu estaria próxima da porta, onde eu poderia correr caso ele resolver me atacar. O lado negativo... é que ele iria me ver primeiro e eu teria de tomar uma longa respiração para não passar mal.

Os cinco minutos naquela sala me provocaram sensações novas como claustrofobia, síndrome do pânico e minha pressão parecia estar decaindo a cada fração da minha respiração.

Escuto vozes no fundo. Barulhos de correntes e gritos de outros detentos. Deus, se estiver me ouvindo, faça com que eu volte para casa em segurança. Que isso acabe aqui. Que eu possa sair daqui me sentindo livre. Por favor!

— Horsley, visita pra você. Vê se não faça burrice — a grossa voz de Steel acende meus nervos mais uma vez.

— Já sei — resmunga Luke, fazendo meu sangue virar gelo.

Sento mais ereta na cadeira quando escuto seus passos pesados, carregando consigo correntes nos pulsos e tornozelos. Quando Luke percebe minha presença, ele solta uma risada debochada. Parecia levemente intrigado com a minha visita e quando ele me olha – realmente me olha – eu sinto meu sangue esvair, como se ele pudesse ver e sentir o cheiro do meu medo. Como se os meus gritos estivessem repetindo naquela sala minúscula e esmagando o pouco de ar que ainda carrego.

Seu cabelo estava maior, caía levemente no rosto e ele o afastava. As algemas em seus pulsos e nos tornozelos possuíam correntes, parecendo pesar e ele não as mexiam tanto. A roupa laranja me fez perceber o quão real aquilo era.

Eu sinto a presença de Steel atrás da porta e me sinto levemente aliviada.

— Ora, olha quem está aqui — cantarola Luke, sentando na cadeira e encostando por completo. Ele dá um sorriso. — O que aconteceu? Sentiu minha falta? Eu admito que senti a sua. Mas... toda vez que eu dormia, eu sonhava com você. Seus gritos... ah, querida, como você sabia gritar.

Meu rosto deve ter ficado branco, eu senti minhas mãos tremerem. Mas tudo o que escuto e vejo é o largo sorriso de Luke, invadindo o que tanto temia.

— O gato comeu sua língua, querida? Sabe como adoro quando mostra suas garras.

— Eu soube que você pegará pena de morte — minha voz parece falhar, assim como o seu sorriso.

— Eu não contaria com isso, princesa.

— Eu só espero que você apodreça no inferno — sinto minha garganta apertar.

Luke gargalha.

— Aí estão as garras. Não esperava vê-las tão rapidamente — ele morde levemente o lábio. — Você não pode esquecer tudo o que vivemos, Holly. Foram dias... interessantes.

Eu balanço a cabeça.

— Você é louco.

— Yeah, yeah... eu posso ser o louco, mas é você quem veio me visitar, querida — ele diz, apoiando as mãos na mesa que separava nossa aproximação. O barulho das correntes rompe a sala. Eu sinto que prendi o ar por alguns segundos. — Então eu te pergunto, Holly... quem é o mais louco desta sala? Eu ou você?

— Isso não é uma pergunta, sabemos bem quem é — eu quase xingo.

Luke abre um sorriso gigantesco.

— Sabemos, de fato.

Ele volta a encostar na cadeira e me observa em silêncio. Eu digo para mim mesma para falar. Dizer o que eu pretendia dizer. Mas tudo o que eu pensava era em correr até Jack e implorar pra nunca mais me deixar sair. Pra nunca me deixar pensar em vir novamente.

Eu estava vivendo meu inferno cara a cara. Eu estava aqui e eu podia sentir a dor, o medo e minhas cicatrizes pareciam ter sido abertas. Sangrando novamente.

— O tempo está correndo, Holly — ele diz seriamente, cortando meus pensamentos. — Tenho um julgamento amanhã onde definirá se eu terei uma agulha no meu braço ou não. Então se você puder falar logo a porra do que veio fazer aqui, já ajudaria.

— Eu quero entender, Luke — levanto meus ombros, como se eu estivesse me defendendo. — Entender o porquê do sequestro, da tortura... tudo.

Luke suspira e passa a mão no rosto, soltando uma lufada.

— Você já sabe de todo o roteiro, Holly. O que mais você quer?

— Eu quero a sinceridade. A verdade nua e crua do que aconteceu oito meses atrás — cuspo, apoiando meus braços na mesa e aproximando meu rosto do dele.

Quando ele aproxima o rosto, eu recuo imediatamente.

— Você tem medo de mim — ele abre mais um sorriso. — É bom saber que ainda possuo efeito em você.

— Você é apaixonado por Uriah — digo, vendo que seu rosto havia ficado sério ao citar seu nome. — O que eu tenho haver nessa história?

— Não tem — ele simplesmente diz, voltando a apoiar as mãos acorrentadas na mesa. — Você foi apenas uma peça adicionada ao quebra cabeça.

Franzo a testa. Vendo minha confusão, ele volta a sorrir.

— Veja, anos atrás... enquanto comemorávamos um dos enormes aniversários que meu pai fazia para Jack, eu revelei ao Jack que gostava de Uriah. Eu disse a ele o quanto a amava — ele conta. — E naquele instante, eu havia cometido um erro. Pois ele já havia dormido com ela várias e várias vezes.

Luke parece dar um riso amargurado.

— O filho da mãe sempre teve mulheres aos seus pés — bufa. — Eu nunca teria a chance. Meu pai era praticamente o dobro da idade de Uriah e... Deus, eu o odiava.

— Por estar com alguém mais nova?

— Não, por estar com a mulher que eu amo — ele rebate em um resmungo irritado.

— Você não sabe o que é amor, Luke — franzo a testa.

— E quem diabos sabe? Você? — ele gargalha.

— Luke, já parou pra pensar que esse seu fascínio pela Uriah seja uma ilusão de sua cabeça? — Pergunto, vendo que ele franziu a testa. — Ela nunca te deu uma chance. Ela sempre amou o seu pai.

NÃO — ele grita, fazendo-me pular. Escuto o barulho da porta se abrir rapidamente e Luke volta a sentar. — Eu estou bem, Steel, porra.

— Senhorita McAdams? — Steel pergunta.

— Estou bem, Steel. Obrigada — eu respiro fundo.

A porta volta a se fechar e Luke tem seu olhar em mim novamente.

— Ela deveria ser minha. Minha. Não dele!

— Então por que eu estou metida nisso? Por que você nunca confrontou Uriah sobre seus sentimentos?

Luke se levanta e começa a gargalhar.

— Eu fiz! Eu fiz, Holly — ele grita entre risos nervosos. — E eu escutei a pior frase de toda a minha vida. 'Eu amo o seu pai.' Eu juro que pareceu uma cena do Darth Vader na minha cabeça agora.

Escuto sua risada e aquilo parecia desesperador. Algo maníaco.

— Ainda não estou convencida, Luke — minha voz treme.

— O que você quer que eu diga, Holly? Que eu te sequestrei de pirraça? Que eu gostei de ter te torturado? Que eu repetiria de novo? Bom, adivinha só, querida... eu faria. Tudo. De. Novo.

Minha respiração trava com aquela revelação e eu faço uma careta.

— Aliás, belo tiro — ele resmunga. — Eu quase morri, porra. O que não me afasta da minha situação atual. Certo?

— O que eu tenho haver nessa história, Luke? — insisto.

— Meu Deus, você é irritante. Eu havia me esquecido disso — ele suspira. — Jack tinha todos aos seus pés. Todas. Você sabe o que era ir em um bar com ele e a menina que você achava interessante dizer que só ficaria com você se pudesse ficar com ele?

Ergo as sobrancelhas.

— Sabe o quão ruim era ver seu próprio pai o preferir do que o próprio filho?

Ele apoia as mãos na mesa, ainda de pé.

— Você entende o fato de que tudo o que você fazia sempre havia um defeito? Eu andava na sombra de Jack e de Tucker. Os dois melhores amigos inseparáveis. Irmãos de alma. Deus, eu achava que eles eram meus amigos.

— Eles eram, Luke.

— Não. Não eram — ele rebate, irritado. — Amigos não passam a perna. Não pega a menina que gostamos. Isso não é ser amigo, Holly.

— Vocês eram crianças, Luke. Cresça e assume a porra dos seus erros — xingo, levantando-me.

Luke me observa em silêncio.

— Eu vim aqui pra acabar com isso, mas tudo o que escuto são seus resmungos sobre seu passado. Palavras de uma pessoa que perdeu uma mulher na vida e estagnou tudo — eu resmungo. — Eu não faço parte dessa história. Agora eu entendo. Eu era a Uriah.

Ele arregala os olhos, parecendo surpreso pela minha revelação.

— Porque... no fundo, você queria puni-la por quebrar seu coração. Você queria que ela sentisse sua dor — digo, sentindo que poderia perder a voz a qualquer instante. — Você me tornou a Uriah. Somos completamente diferentes. Mas, no fundo, você se convenceu que sua vingança estava feita.

— Uau, é uma bela história, não é mesmo? — pergunta, amargurado.

— É deprimente. Assim como você — resmungo. — Uriah fez o certo em não te escolher — eu o irrito. — Ela queria um homem de verdade e não um garoto mimado que preferiu machucar tudo e todos por uma vingança imbecilizado. Quantas vidas você tirou, Luke? Cinquenta? Cem? Será que não passa pela sua cabeça que há outras pessoas que dependiam dessas que você fez questão de matar? Que haviam famílias? Que haviam pais de família?

Luke me encara sem emoção e eu continuo.

— Você teve um pai que te cuidou pois nem mesmo seu pai verdadeiro o quis — cutuco a onça.

— Pare de fazer estupidez, Holly — ele avisa e xinga baixinho.

— Não. Você vai me escutar — eu grito. — Você me aterrorizou durante dias. Meses! E isso acaba aqui. Hoje. Agora! Então me escute bem, Luke, pois amanhã naquele julgamento eu só quero ouvir uma única palavra: culpado de todas as acusações.

Eu inspiro.

— Você matou pessoas inocentes, pessoas que você ludibriou pra fazer parte de um plano estúpido inventado por uma criança birrenta que se apaixonou pela garota errada — cuspo. — Você já tem mais de trinta anos, está numa prisão de segurança máxima e quem te visita é apenas seu advogado de defesa. Seu pai desistiu de você. Uriah desistiu de você. Você e apenas você destruiu todos que ainda sentia algo por você. Então não venha com sua ignorância pois eu sei que está com medo de amanhã. Quando o juiz decidir, será apenas uma cova a mais e você estará enterrado a sete palmas abaixo da porra do chão. Você será enterrado como um ninguém. Apenas uma escória que sobrou no mundo.

— Você está começando a me irritar, Holly...

— Ótimo, pois eu estou puta com você e tenho todo o direito para isso — grito, sentindo minha raiva ferver. — Você me fez perder oito meses da minha vida! Oito! Isso é quase um ano. Você me torturava inconscientemente. Você sempre será o maluco e psicopata que me sequestrou e torturou. Eu mereço vir aqui e xinga-lo, de irritá-lo, de desprezá-lo... de odiá-lo.

Sinto minha voz falhar no final e eu me sinto quebrar em lágrimas.

— Eu fico me perguntando o que você ganhou com tudo isso — suspiro, tentando contê-las.

— Ganhei o seu ódio. Porque, saber que você ainda estava sendo torturada por mim, mesmo que eu estava me recuperando de um tiro... — ele parece ter engolido a seco. — Isso basta pra mim.

— Eu deveria ter dado um tiro mais pra cima — eu resmungo, sentindo minha respiração falhar aos poucos.

Luke sorri largo.

— Aí não teríamos nos reencontrado, querida. E eu realmente senti sua falta.

Eu balanço a cabeça.

— Você é um filho da puta, um psicopata — resmungo, limpando minhas lágrimas. — E eu te prometo uma coisa. Quando o resultado do processo der culpado... eu vou comemorar com uma grande taça de champanhe.

Luke abre um sorrisinho.

— Aproveite enquanto pode... vadia.

Ergo uma sobrancelha e balanço a cabeça.

— Aproveitarei mais do que você — digo, indo em direção da porta.

— Como tem estado seu cargo na MMG? — ele pergunta atrás de mim, atraindo minha atenção. Eu vejo seu sorriso largo novamente. — O que? Achou que eu não saberia do que estava aprontando? Eu disse que senti sua falta, querida.

Como... Como você sabia...?

Ele ri e eu volto a sentar na cadeira pois minhas pernas haviam ficado bambas.

— Sei tudo o que fez nesses últimos meses, Holly — ele diz.

— Impossível — sussurro. — Stateville Center tem segurança máxima, como...?

— Eu não disse que fui eu que observei — Luke parecia ter tudo na ponta da língua.

— Eu sei sobre o dono do EBC, impossível que você saiba. Ele nunca enviou nada.

— E como você sabe que não?

— Porque eu fui atrás pra saber. É impossível.

Luke parece estar abrindo mais um sorriso gigantesco quando solta:

— Talvez você esteja esquecendo de uma peça muito mais importante do quebra cabeça, querida — ele diz calmamente. — Não são apenas visitas do meu advogado que eu recebo, sabe.

Meus olhos parecem arregalar e Luke gargalha.

— Uma agulha no seu braço é pouco pro que você merece — resmungo. — E farei questão de que sofra ainda mais.

Empurro a cadeira para trás quando me levanto. Luke me agarra pelo pulso e me puxa pra perto.

— Te vejo no tribunal, querida — ele sussurra.

— Me solta — eu empurro suas mãos e quando ele continua a segurar, eu grito: — Seguranças!

Imediatamente a porta se abre, revelando Steel em sua postura gigantesca. Ele me puxa pra perto e Luke me larga no mesmo instante.

— Eu disse pra não fazer besteira, Horsley — xinga Steel.

— Foda-se, Steel — ele diz. — Aguardo ansiosamente por amanhã, querida! Vá bem bonita pra mim.

— Vai pro inferno — resmungo, indo em direção da saída.

— Eu pretendo leva-la junto comigo se for preciso — ele grita pra mim.

— Em sua mente doentia talvez você até sonhe com isso. Mas há uma garrafa de champanhe esperando por mim — digo, vendo que ele havia um sorriso de lado.

Saio da sala sentindo um novo alívio.

A caminhada até o carro havia sido um borrão, mas eu lembro de ter agradecido Steel. Eu lembro de ter sido revistada novamente. E lembro como passei pelas portas e seguranças do local.

Ao entrar no meu carro, eu tento controlar minhas mãos trêmulas. Elas tremeram por todo o tempo e eu finalmente estava controlando. Quando começo a dirigir, eu solto uma longa lufada ao ir me afastando de lá.

Eu quase podia sentir um sorriso se formando nos meus lábios quando senti aquele tipo de paz e dirigi até o bar de Boggs sem avisar Jack. Eu sabia o que eu queria. Eu sabia o que precisava fazer.

Eram quase onze e meia quando cheguei no bar e avistei Boggs jogando cartas no fundo. Uriah trabalhava no bar e as outras Damas pareciam estar alheias com seus homens ao redor. Ao perceberem minha presença, as vozes sessaram.

— Veio pra me atormentar? — escuto o resmungo de Boggs.

— Não — caminho até a ele. — Vim fazer um acordo.

Boggs solta uma curta risada.

— E já não te avisaram que eu sou o próprio diabo?

— Já ouvi falar — resmungo, dando de ombros.

Boggs ergue o olhar para mim e sorri de canto.

— Cuidado com o que deseja, princesa — resmunga. — Ou você pode se queimar.

— É sobre o seu filho — cuspo, vendo seu rosto escurecer. — Acabo de sair de lá e soube que haverá pena de morte dada pela promotoria.

— E o que o nosso acordo tem a ver com isso? — ele solta com um rosnado.

— Eu sou da acusação e meus advogados apoiarão a decisão da promotoria.

— Vá direto ao ponto, Holly. Estou ocupado. Que diabos você quer?

— Eu descarto a pena de morte — respondo, vendo a surpresa de todos.

— Se...?

Se você me prometer nunca tirá-lo de lá. Nunca.

— Ele ainda pegaria perpétua — ele volta a resmungar.

— É essa condição ou ala psiquiátrica — contra-ataco. — E sabemos que a ala psiquiátrica é o mesmo que perpétua, você nunca tem alta. Você tem até de noite para dar uma resposta.

Aceno para Uriah brevemente e caminho pra fora do bar.

— Eu tenho uma garrafa de champanhe me esperando no hotel — digo bem alto para eles. — E eu estou com sede.

Sorrio ao ver as caras confusas e saio do bar, voltando para o carro.

Dirijo em alta velocidade até o hotel onde tem a única pessoa que eu gostaria de estar neste momento. Chego no estacionamento rapidamente e ando apressadamente até o nosso quarto. Ao chegar lá, vejo Jack andando de um lado para o outro e para ao me ver, o rosto cheio de preocupação. Quando ele decide perguntar algo, eu o interrompo com um beijo. Um beijo duro e sincero. Um beijo novo e satisfatório.

— Deus, como eu senti sua falta — eu sussurro contra seus lábios. Jack abre um sorriso com covinhas e me abraça. Sinto o calor de seu corpo e aquilo relaxa meus nervos inquietos.

Havia sobrevivido aquele dia. E sabia que sobreviveria novamente amanhã só pelo fato de ter Jack ao meu lado. Não só isso bastava como estava perfeito.

Enquanto abraçava Jack, sentindo sua mão quente passar pelas minhas costas, eu só conseguia sentir minha cabeça a mil. E meu coração sussurrando

eu te amo

eu te amo

eu te amo.

Mas minha boca só conseguiu dizer:

— Obrigada.

A adrenalina passou por todo meu corpo, deixando-me agitada. Volto a beijar Jack enquanto ouvia minha mente gritar o que estava preso por todo esse tempo.

Eu te amo.

Não me deixe ir.

Fique.

Desta vez fique para sempre.

▪o b s▪ 

FELIZ DIA DAS MULHERES, XUXUS!!!! 🌹🌹🌹 

Esse capítulo ficou grandinho e percebi que o livro está beeeeeem grande pois já estamos chegando as 500 páginas no word, tudo bom contigo?! kakakakak acho que eu ainda não estou sabendo lidar com o fato de que está perto do fim.

Como falei recentemente no meu grupo fechado (aliás, se você não participa, mó triste isso, hein), eu estarei viajando a "trabalho" na próxima semana e descobri que terei de levar meu notebook pois será meio que obrigatório, então há uma chance de eu conseguir postar pra vocês na próxima semana. Se caso ao contrário, por conta da correria, avisarei no meu grupo. Por isso, participa e entre nos debates loucos que temos por lá, além de avisos e spoilers de obras futuras e talvez um trailer da próxima obra já está disponível............... muitas oportunidades que você está perdendo por não participar kakakak é só entrar no meu perfil que lá terá o link! É simples.

e um ótimo dia para nós, mulheres. feliz nosso dia 🌹💗✨

muaw!

(ps.: como de lei, não esqueça de votar e comentar pra eu saber que gostaram. agora sim, bye!)

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