Love Wings

By Primrosewords93

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"Diz-se que no amor, quando mais se dá, mais tem para se dar. Mas eu nunca tive nada para dar a ninguém. Às v... More

Capítulo 1.
Capítulo 2 .
Capítulo 3.
Capítulo 4.
Capítulo 5.
Capítulo 6.
Capítulo 7.
Capítulo 8.
Capítulo 9.
Capítulo 10
Capítulo 11.
Capítulo 12.
Capítulo 13.
Capítulo 15.
Capítulo 16.
Capítulo 17.
Capítulo 18.
Capítulo 19.
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24.
Capítulo 25.
Capítulo 26.
Capítulo 27
Capítulo 28.
Capítulo 29.
Capítulo 30
Capítulo 31.
Capítulo 32.
Capítulo 33
Capítulo 34.
capítulo 35.
capítulo 36.
capítulo 37.
capítulo 38
capítulo 39.
Capítulo 40.
Capítulo 41.
Capítulo 42.
Capítulo 43.
Capítulo 44. FIM!
PRODUTOS LOVE WINGS

capítulo 14.

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By Primrosewords93

POV Rose

- Então, não me apresentas as tuas amigas? - Perguntou o aranhiço loiro, com uma voz doce.

Zayn arregalou os olhos, nervoso, e balbuciou rapidamente:

- A Rose é a minha assistente, e a Tris é a prima dela. - Informou sucintamente, visivelmente atrapalhado com a presença dela. - Esta é a Susan.

Não me passou despercebido o facto de ele não explicar quem ela é.

Neste momento sinto-me minúscula, comparada com a Miss-Pernilonga, e só me apetece voltar para trás da pilha dos Spongebobs. Caramba, ela é deslumbrante. Ainda por cima não tem aquele ar imbecil da Tinna, pelo contrário, transmite aquela doçura e brilho que só as boas pessoas com corações gigantescos conseguem transmitir. Eu já tinha eliminado da cabeça a ideia de ele ter uma namorada por causa da situação com a Emma, a irmã, e agora aparece esta criatura linda e com aspeto bondoso…aposto que toma conta de gatos, que adora crianças, que faz voluntariado e reciclagem. Raios a partam, é perfeita.

- Oh, Rose! - Exclamou, entusiasmada, olhando-me com atenção. - Então tu é que és a famosa assistente!

Zayn lançou-lhe um olhar ameaçador mas ela ignorou-o propositadamente.

- Sou eu mesma, mas não creio ser famosa. - Eu queria ter dito alguma coisa inteligente, mas só consigo ver o braço dela pendurado no braço do Zayn e isso está a baralhar-me as ideias, vá-se lá saber porquê.

- Eu ouvi falar muito de ti. - Disse ela, sorrindo simpaticamente. Credo, é um doce. - Eu sou a Susan.

- Muito prazer. - Respondi mecanicamente. - É verdade, como está a tua irmã, Zayn?

Ele arregalou os olhos e Susan arqueou a sobrancelha num gesto confuso. Oh! Pois, era suposto eu não saber! Será que ela sabe? É claro que sabe, é namorada dele, tem de saber.

- Ela está melhor, agora é uma questão de tempo até recuperar por completo. - Respondeu, sem me olhar diretamente. - Bom, nós temos de ir, até logo. Não te atrases. Adeus, Tris.

Zayn voltou-se rapidamente, arrastando Susan consigo, mas esta olhou por cima do ombro, acenando com a mão livre:

            - Muito prazer, meninas! Rose, espero ver-te em breve. - Disse, piscando-me o olho.

            Zayn puxou-a com mais força em direção à caixa, visivelmente constrangido. 

O quê? Isto não faz sentido nenhum. Espera ver-me porquê? E porque é que ele está a agir de forma tão estranha comigo? Será que ontem fiz algo que não devia? Mas ele entretanto falou comigo por mensagens…porque me está a tratar assim agora?

- Caramba, que pernas. - Sussurrou Tris, olhando-me tristemente.

Peguei num Spongebob gigante e arrastei-o comigo para a caixa. Peluches nunca são demais e neste momento preciso de algo que me alegre.

- Eu sei. - Respondi, somente, esperando que ela não fosse ao jantar de logo à noite.

*

POV Zayn

- Estás louca?! - Berrei para Susan, assim que abandonámos a loja.

Ela sorriu, divertida e passou-me o braço em torno das costas.

- Zayn, ela é adorável! Agora percebo porque é que tens andado tão ocupado ultimamente.

            Arregalei os olhos na sua direção e esperei que ela justificasse aquela idiotice que acabara de dizer, mas ela apenas riu alto. Subitamente o seu sorriso esmoreceu.

            - Só não percebo porque foste tão pouco simpático com ela. Da maneira como me falas da Rose nos outros dias, seria de esperar uma receção mais calorosa. Além disso, ela odeia-me.

O quê?!

            - Susan, o que é que estás para aí a dizer?! - Perguntei, confuso, ignorando propositadamente a primeira parte da pergunta.

            - Ela pensa que eu sou tua namorada. - Explicou, rindo de novo.

            - E isso é problemático porque…? - Ironizei.

            - Porque ela está tão apanhada por ti como tu por ela.

Ok. Endoideceu de vez, só pode. Além de eu já ter mulheres a mais na minha vida, a começar por Emma, a passar por Susan e a terminar em Leila; eu nunca na vida me apaixonaria por além tão … eu sei lá. A Rose é uma miúda: ela é despistada, desajeitada, inconveniente e um pouco desvairada. A imagem dela a sair de trás dos peluches surgiu na minha mente e deu-me vontade de rir. Está tão bonita hoje. Tão informal… não, Zayn, pára de pensar nisso.

Além disso, eu não posso dar-me ao luxo de me apegar a ela. Já tive a prova de que isso pode acabar mal, e por isso é que é tão importante que eu permaneça distante e impessoal. Nos últimos dias, por alguma razão que não sei precisar, acabei por fazer precisamente o contrário e não devia ter agido daquela forma.  Daí eu a ter tratado assim hoje, e daqui em diante terá de ser assim.

- Susy, deixa-te disso, sabes que não posso e…

- Não podes? Então queres! - Ela pulava histericamente no parque de estacionamento e eu começo a ficar realmente irritado.

- Claro que não! - Protestei, colocando a prenda de Emma na mala do carro. - Olha e se te deixasses de parvoíces e me ajudasses a pensar na preparação da festa da Emma? Está quase aí e eu não sei o que fazer! Ela nunca teve uma festa antes.

Ela sorriu enquanto entrava para o carro e ainda a ouvi balbuciar qualquer coisa acerca de eu estar a fugir ao assunto.

- Que tal uma festa de princesas? - Sugeriu, fazendo-me arregalar os olhos.

Festa de princesas? Tipo com montes de miúdas cheias de purpurinas, aos guinchinhos e a beber chá a fazer de conta com peluches?

- Susan, eu não sei se consigo lidar com isto! - Confessei dramaticamente. - Uma coisa é a Emma…eu estou com ela desde que nasceu e eu acho que vou sabendo adaptar-me… mas agora outras crianças?! Susan, tens de me ajudar, eu não consigo! E se aparece o Theo?! Rapazes? No quarto da Emma?! Além disso…eu acho que não posso fazer a festa lá em casa!

Ela riu-se das minhas preocupações, bastante legitimas na minha opinião, e depois falou:

- Sim Zazza, aposto que ele é aterrorizador, e que à primeira hipótese vai aproveitar-se da inocência da Emma! Deixa de ser tonto. Mas nisso concordo contigo, também não acho que devas fazer a festa lá em casa…

Ela compreende as minhas preocupações com a questão da segurança. Desde que aconteceu a situação com Jullie eu tenho umas certas reservas no que diz respeito a partilhar a localização da minha casa. Ela fica um pouco afastada do centro da cidade, numa zona relativamente calma onde dificilmente alguém daria por ela. Ainda assim, devo confessar que é bastante grande e luxuosa…

- Que tal se fizéssemos na quinta? - Sugeriu, referindo-se à quinta do Peter e da Elaine.

A ideia agradou-me e o resto do caminho foi passado a discutir os pormenores da festa da loirinha.

Assim que parei à porta de Susy para a deixar em casa ela sorriu sugestivamente:

- Vê se te divertes.

- De facto, os jantares da empresa são uma animação. - Ironizei, revirando os olhos.

- Isso é porque nunca estiveste em nenhum com a Rose. - Respondeu, saindo do carro antes que eu pudesse protestar.

Bufei, contrafeito, arrancando em direção a casa para ir trocar de roupa antes de ir para o jantar.

Verdade seja dita, eu não sei como é estar num jantar com a Rose, mas falta pouco para descobrir.

*

POV Rose

Entrei no hotel onde se iria realizar o jantar e olhei em volta à procura de Zayn.

- Rose! - Niall veio na minha direção e abraçou-me com carinho. Curiosamente, seria de esperar que estar junto a ele fosse extramente embaraçoso e constrangedor, mas ele consegue ser de tal forma adorável que não me perturba mesmo nada. - Estás tão bonita!

Corei levemente com o elogio e fiquei contente por o meu vestido estar a fazer sucesso (http://www.polyvore.com/dinner/set?id=123527592).

- Tu também estás bonito, Niall. - Retribuí.

- Escusas de tentar, estou igual a todos os dias! - Brincou ele, apontando para o fato preto e fazendo-me rir. De facto, no caso deles que andam de fato todos os dias não há muito por onde variar!

- Boa noite, Kurt Kobain. - Ouvi a voz irritante de Tinna e voltei-me na sua direção. Estava acompanhada das amigas do costume, todas elas envergando vestidos que mostravam mais pele do que tecido.

- Desculpa? - Questionei, confusa.

- Ouvi dizer que andaste a experimentar umas coisas interessantes. Então que tal é a sensação? - O tom provocador dela tira-me do sério e apetece-me esbofeteá-la até ficar sem base naquela cara de idiota, coisa que iria demorar algum tempo. Mas de que raio está ela a falar? Como é que ela sabe do meu suposto episódio estranho?

- De que estás a falar? - Perguntei, não deixando que ela me intimidasse.

Niall aproximou-se de mim e colocou-me a mão no ombro descoberto.

- Deixa Rose, anda. - Pediu, tentando afastar-me dali.

            - Quero saber o que se passou! - Exigi, começando a perder a paciência.

           - E eu quero que dispersem, pois estão a chamar a atenção e para isso chegou o seu desempenho de ontem, Miss Everdeen.

            A voz de Zayn tomou-me de assalto e virei-me de repente, cruzando o meu olhar com ele por breves segundos.

            Senti o meu coração acelerar e rapidamente as minhas bochechas me denunciaram, adotando uma tonalidade cor-de-rosa ridícula, que eu não vejo mas sei estar lá. Detesto corar tão facilmente!

O olhar de Zayn deteve-se uns segundos no meu, mas rapidamente se desviou, olhando na direção de Niall, que permanecia com a mão no meu ombro. Senti que Zayn me olhava de alto a baixo mas não consegui perceber se foi um olhar de aprovação ou não, o que me fez sentir insegura. Talvez o vestido seja demasiado curto e vulgar. Ou talvez esteja um pouco gorda para me andar a exibir desta forma.

- Vamos entrar. - Ordenou, autoritário, despertando-me dos meus devaneios.

Entramos em conjunto numa sala oponente e moderna, totalmente vidrada, que permitia observar a cidade com todas as suas luzinhas magníficas.

- Senta-te aqui, Rose! - Convidou Niall, guardando um lugar ao seu lado que eu aceitei prontamente. - Normalmente isto é uma seca mas aposto que contigo aqui vai ser diferente! Além disso temos de continuar a discussão sobre os ninjas.

Eu ri do seu entusiasmo mas subitamente fui interrompida.

- Miss Everdeen, tem de ficar ao meu lado.- Informou Zayn rudemente, apontando para o lado oposto da mesa. - As assistentes ficam junto aos diretores.

 Vi que Niall fazia um trejeito aborrecido, encarando Zayn de forma pouco agradável.

- Oh Zayn, por amor de deus, deixa-te de merd...

- Estou à sua espera. - Zayn interrompeu Niall, dirigindo-se a mim, e virou costas antes de eu ter tempo de responder. Vi que Niall não estava particularmente contente.

- Não sei o que se passa com ele, está impossível hoje! - Sussurrou. - É melhor ires.

Levantei-me, contrafeita, e segui Zayn até à ponta da mesa onde um grupo de pessoas que eu não conhecia começava a sentar-se. Segui-lhes o exemplo, ficando ao lado de Zayn, e uma sensação de constrangimento tomou conta de mim. Ele falava alegremente com várias pessoas e eu não sabia bem como agir. Ao fim de alguns minutos ele levantou-se para ir cumprimentar alguém, deixando-me sozinha.

- Venho já. - Avisou rudemente, e sem esperar resposta virou-me as costas.

Imbecil.

Ainda estou à espera que ele me ajude a compreender o que se passou ontem mas não me parece que ele hoje esteja muito a fim de falar comigo.

- Boa noite. Miss Everdeen, certo? - Uma jovem que devia ter os seus 30 anos, sentada à minha frente, dirigiu-me a palavra, atraindo a minha atenção. Acho que a reconheço da empresa mas não sei quem é.

- Sim, sim, sou eu mesma. - Respondi, sentindo-me grata por ter alguém com quem falar.

- Muito prazer, o meu nome é Lilian. - Apresentou-se, com um sorriso amável. - É assistente de Mr.Malik?

- Sim. - Confirmei. - E pode chamar-me Rose.

Ela acenou e respondeu de seguida:

- Está combinado, Rose, também me podes tratar por Lilian, é claro. - Gosto dela, é uma companhia bem agradável! - Eu sou assistente de Mr. Horan.

What?

- Do Niall?! - Perguntei, olhando automaticamente na sua direção.

- Sim. - Confirmou com um sorriso.

- Mas então não devias estar junto a ele? - Perguntei, confusa.

Ela riu da minha pergunta e baloiçou a cabeça.

- É claro que não, porque haveria?! - Talvez porque segundo Zayn é suposto...

Oh. Ele quer-me à beira dele? Esse pensamento despertou qualquer coisa no meu interior e sorri involuntariamente.

- Oh, por nada, não importa. - Disse eu, olhando em volta à procura dele.

Vi-o ao longe, à conversa com alguém, e o meu olhar cruzou-se com o dele. Zayn despediu-se rapidamente com um toque no ombro, e começou a caminhar na minha direção. Em silêncio, sentou-se ao meu lado e começou a falar com Lilian e as pessoas em volta, sem sequer olhar para mim. Era quase como se eu não estivesse ali.

- Zayn. - Sussurrei, assim que encontrei uma oportunidade.

- Mr. Malik, por favor. - Respondeu, secamente.

Senti-me estúpida por pensar que ele fizera aquilo para me ter junto a si. Talvez apenas quisesse deixar-me desconfortável, como castigo por o que quer que eu tenha feito ontem.

- O que me aconteceu? - Perguntei, ignorando a sua resposta.

Ele olhou-me de relance e eu baixei os olhos, envergonhada.

- Estavas drogada.

- O quê?! - A minha voz elevou-se um pouco. - Eu nunca...

- Miss Everdeen, mantenha a descrição, já nos basta ter atraído as atenções para si no dia de ontem.

Foi como se me tivessem despejado um balde de água gelada em cima.

- Acha, portanto, que eu o fiz propositadamente. - A minha voz saiu com a amargura que eu pretendia, mas ainda assim não consegui ocultar a desilusão.

- Não. - Respondeu. - Se achasse, já a teria despedido. Só acho que tem um talento particular para atrair atenções e isso não me agrada.

- Porquê?

Ele permaneceu em silêncio, ignorando-me, e eu lancei uma nova pergunta.

- Quem foi que me pôs assim? - Perguntei, nervosa.

- Isso não interessa.

- Zayn! - Protestei, furiosa.

- Mr. Malik. - Repetiu, deixando-me fora de mim.

- Peço desculpa, não voltará a acontecer. - Respondi, tentando acalmar-me.

- Assim espero.

Falei um pouco com Lilian, enquanto Zayn me ignorava propositadamente, até que voltei a sussurrar-lhe.

- Da próxima vez que invadir a minha casa para fazer lasanha, ao menos lave a louça.

Ele esboçou um sorriso rápido que esmoreceu antes de chegar aos olhos. Pela primeira vez nessa noite, reparei no quão exausto ele parece: as olheiras em torno dos seus olhos denunciam uma noite em branco, e desejei saber que preocupações lhe tiram o sono à noite.

- Agradecia que não andasse a divulgar essas situações, caso não se lembre, apenas invadi a sua casa porque estava demasiado pedrada para poder entrar por si mesma.

Fervilhei de fúria mais uma vez, ao ouvi-lo falar como se eu tivesse alguma culpa de ter sido drogada. Niall, alguns lugares abaixo de mim, olhou-me nesse momento e ergueu a mão num gesto de quem pergunta se está tudo bem. Dava tudo para estar sentada ao seu lado na mesa... Oh, espera lá. Olhei em volta e vi que ainda havia gente a circular, dado que a comida ainda não começara a ser servida.

- Se me dá licença, creio ter um lugar livre daquele lado, e assim escuso de aborrecê-lo com a minha companhia.- Levantei-me cuidadosamente e senti a sua mão prender-me o braço.

- Senta-te. - Ordenou num sussurro. A sua expressão fria suavizou-se e os seus olhos brilhavam de forma intensa. - Por favor.

Uma onda de energia percorreu o meu corpo ao seu toque e senti-me corar instintivamente. Reunindo alguma coragem, soltei o braço de forma violenta e dirigi-me para junto de Niall.

- Posso? - Perguntei, levemente corada.

- Rose! Claro! Que se passou?!

Lutei contra as emoções que me enchiam a mente e respondi com uma calma artificial:

- Nada, está tudo óptimo.

Olhei na direção de Zayn e vi que ele também me olhava, furioso. Por alguma razão que eu desconheço ele queria-me ali, e desobedecer-lhe causou-me uma sensação de triunfo. Niall sorriu e logo me senti mais confiante, começando a falar com ele sobre assuntos variados. Será que ele sabe o que aconteceu ontem? E quem será o responsável por isto? Deixei o meu pensamento vaguear, recuperando algumas imagens difusas do dia anterior. Zayn a conduzir, ele a fazer a lasanha, a afastar o Gato da mesa, a aconchegar-me os cobertores...

Como é possível que alguém mude tanto de um dia para o outro?!

- E a Miss Everdeen, o que tem a dizer sobre isso? - Uma pergunta vinda de um homenzinho com bigode interrompeu os meus pensamentos. Ele estava junto de Zayn, no lugar que eu abandonara há poucos minutos.

- Peço desculpa, o que disse? - Perguntei, embaraçada.

- Estava a perguntar o que pensa sobre a anexação da web-create, a empresa de maketing, à LightDesign. - Repetiu ele, fazendo com que todos os olhares se voltassem na minha direção.

Zayn olhava-me de forma distante, quase indiferente.

- Eu...bem...

- Pergunte-lhe antes se ela é a favor da legalização da droga. - Tinna sorriu-me cinicamente e senti vontade de a atacar. Ela. Só pode ter sido ela.

Senti-me bloquear, e embora quisesse dizer algo as palavras não saíam. Olhei para Zayn em busca de apoio mas ele desviou o olhar para o telemóvel. A raiva que sentira por ele nos primeiros dias voltou com toda a força, e controlei-me por disfarçar as minhas emoções.

- Sim Tinna, talvez se a droga fosse legal, pudéssemos todos disfrutar mais da tua companhia, porque claramente aturar-te sem a ajuda de substâncias alucinogénias é tarefa difícil.

Alguns risos correram a mesa e o meu olhar cruzou-se com o de Zayn, mas logo o afastei.  Senti o telemóvel vibrar na mala e tirei-o discretamente.

De: Zayn

Mr. Simmels, mau investimento, empresa recente, adiar.

 

Nem penses que te desculpas assim tão facilmente!

- Quanto à questão da anexação, Mr. Simmels, acho um mau investimento. - Ele abriu a boca de espanto e eu continuei. - Neste momento a LightDesign está numa posição muito favorável no mercado, enquanto a Web-create, visto que é demasiado recente, ainda tem pouca solidez. Juntar as duas poderia resultar, sim, mas é um risco demasiado elevado a correr. Na minha opinião devemos aguardar um pouco e verificar o processo de amadurecimento da empresa.

Várias pessoas concordaram em simultâneo, de entre as quais Zayn, que acenou discretamente com a cabeça.

A comida começou a ser servida e eu ia dar início ao meu jantar quando fui interrompida pelo retomar da discussão.

- Eu discordo. - Tinna ergueu a voz para contra-argumentar a minha posição. - Além de que questiono a legitimidade da opinião de alguém que nem se movimenta na área.

Contraí as mãos num gesto de fúria e respirei fundo, tentando acalmar-me mais uma vez.

- Tinna. - Niall repreendeu-a rudemente e senti-me grata por isso, embora não precise de proteção.

- Questionas a legitimidade da minha opinião porque é demasiado racional. Ambas sabemos da tua dificuldade em pontuar nesse campo.

- Chega. - Zayn bateu com o punho na mesa, encerrando a discussão.

- Preciso de um cigarro. - Sussurrei para Niall, levantando-me rapidamente.

- Rose? Tu fumas? - O espanto patente na voz dele não me passou despercebido, como se isso pudesse conspurcar a ideia imaculada que ele fazia de mim.

- Ocasionalmente. - Afastei-me da mesa e dirigi-me à varanda, mas vendo que estava cheia, optei por abrir a porta reservada ao staff, que dava passagem para o telhado do hotel. Dali podia ver toda a cidade de uma forma privilegiada, contemplando cada um dos seus edifícios maravilhosos e detalhados. O Big Ben apontava as onze da noite e inspirei profundamente antes de acender o cigarro.

Tentei pensar a partir de que momento é que eu deixei para trás os meus princípios para me tornar o tipo de pessoa que discute por indiretas numa mesa de jantar cheia de empresários famosos e calculistas. Lembro-me de quando terminei o curso, quando estava ainda cheia de sonhos acerca do meu futuro, quando achava que nunca na vida iria dedicar o meu tempo e paciência a um emprego que não me faria feliz. Mas aqui estou eu, literalmente na toca do lobo, a fazer algo que não gosto, com pessoas que não posso sequer suportar.

Lancei o fumo no ar e fiquei a vê-lo dissolver-se na minha frente, até que uma nova nuvem de fumo se juntou à minha e me fez sobressaltar.

- Não devias fumar, Rose, faz-te mal. - Zayn colocou o casaco sobre os meus ombros despidos, mas apesar de estar com frio, retirei-o bruscamente e devolvi-o.

- Miss Everdeen, por favor. - Respondi com violência, expelindo uma nova onda de fumo.

Ele riu um pouco mas logo recuperou a expressão fechada desse dia. Num gesto lento, tirou-me o cigarro da boca e atirou-o ao chão, calcando-o de seguida.

-Mas que...

- Não quero que fumes. - A sua voz grave provocou-me um arrepio e novamente ele tentou colocar-me o casaco dele sobre os ombros, mas mais uma vez eu afastei-me.

- Da última vez que verifiquei, ainda não te tinha conferido o direito de tomar decisões sobre a minha vida. - Disparei, voltando-lhe costas para que ele não conseguisse ver o quão difícil está a ser controlar as minhas emoções.

- Rose.

- Deixa-me! - Gritei, cruzando os braços sobre o peito. Está frio aqui.

- Quem é o Berny?

Demorei alguns segundos a processar a sua pergunta.

O meu corpo gelou e voltei-me lentamente na sua direção. Quando me apercebi do gesto que estava a fazer, já era tarde demais: a minha mão embateu com violência no seu rosto e o som do estalo preencheu o silêncio da noite.

- Não voltes a meter-te na minha vida. - Lágrimas de raiva escorriam pelo meu rosto e estava a preparar-me para ir embora quando senti uma mão segurar-me pela cintura. Ele puxou-me para si com violência e aproximou o seu rosto de tal forma do meu que uma corrente elétrica percorreu todo o meu corpo.

- E se eu quiser fazê-lo? - A sua voz rouca, a sua respiração controlada, o cheiro do tabaco misturado com o perfume caro, a proximidade dos lábios rosados e apetecíveis... Senti-me tonta com a intensidade da sua presença, e a força do seu braço em torno da minha cintura aumentou.

- Hmm...eu...

Ele riu fracamente e aproximou-se ainda mais, roçando levemente os lábios sobre os meus.

- Promete que não voltas a fumar. - Sussurrou, usando a mão livre para percorrer o meu rosto de forma provocante.

- Humm. - Eu queria continuar a olhá-lo, mas contra minha vontade, senti os meus olhos fecharem-se lentamente.

- Promete. - Os lábios dele afastaram-se dos meus e percorreram o meu maxilar, detendo-se junto ao ouvido.

- Prometo. - Repeti fragilmente.

- E promete que te sentas junto a mim. - Sussurrou contra o meu ouvido, limpando carinhosamente as minhas lágrimas com o polegar.

- Porquê? - Perguntei, recuperando a lucidez por uns momentos.

- Porque eu quero ter-te por perto. - Respondeu calmamente, e pegando no meu rosto preparou-se para colar os nossos lábios.

Palmas. O som de palmas solitárias ecoou no telhado, fazendo-nos afastar no preciso momento em que ele me ia beijar.

- Zayn e a assistente 2, num cinema perto de si. - Uma voz forte vinda das escadas chamou a nossa atenção, e assim que vi a pessoa que falara a minha boca abriu-se de espanto.

Um jovem parecidíssimo com Zayn, excepto na cor dos olhos, que são de um azul encantador, apresentava-se de forma contrastante com a nossa formalidade. À semelhança do tipo de roupa que Zayn usava nessa tarde, também este rapaz usava umas calças de ganga escuras e justas, uma t-shirt com uma frase ordinária que não irei reproduzir, e um casaco de couro preto, estilo motoqueiro, que lhe dava um ar rebelde irresistível.

- Disseram-me que tinhas vindo fumar, mas parece que te distraíste da tarefa.

Olhei para Zayn e vi que este empalidecera, afastando-se de repente, mas mantendo a mão na minha cintura.

- Borhan, por favor... - Zayn estava visivelmente perturbado. - Vamos falar em casa.

- Queridinha, Rose, não é? Queres ouvir uma história? - Borhan, se é assim o seu nome, ignorou os protestos de Zayn e começou a falar.

*

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