- Pra onde?
- Só tem shopping, parque, lanchonete praça e essas coisas pra entreter nessa cidade.
- E se a gente for ao jardim botânico, tem um restaurante cultural maravilhoso lá.
- Sério? Eu... Flores?
- Ah, larga de frescura. Acho que fica aberto até as quatro, depois podemos ir no cinema ao ar livre.
- Sabe o filme que tá em cartaz hoje?
- Na verdade não, mas eu gosto de todos os gêneros.
- Ah, então vou subir e trocar de roupa e passo aqui em vinte minutos.
- Eu nem comi os donouts, passa aqui daqui meia hora.
- Certo, já volto.
Fui ao meu guarda roupa e peguei um vestido e coloquei, mas ele é todo florido então eu tirei porque já vai ter um monte de flor lá, esse vestido pode acabar parecendo parte da paisagem e eu não gosto disso.
Coloquei uma calça jeans, um chinelo, uma blusa rosa e resolvi passar um pó no rosto e um batom rosinha bem apagado.
- Cheguei.
Dante gritou do outro lado da porta e eu fui atender. Meu queixo caiu.
- Você vai desse jeito?
Ele estava com uma regata cinza e uma bermuda jeans, com aquelas sandálias de couro.
- Porque?
Porque? Ele tá com os braços e pernas a mostra e da pra ver que além do rosto maravilhoso o corpo dele também é.
- Isso tá muito indecente...
Ele começou a rir, e bem alto ainda.
- Você já tá pronta? Vamos.
- Ainda não comi.
- "Eu gosto de pontualidade"- repetiu em uma falsa tentativa de imitar minha voz.
- Para de show, senta aí que eu vou esquentar meu lanchinho.
- Pra que?
- Quero que o leite condensado fique quentinho.
Enquanto eu estava na cozinha ele ficou na sala, eu estava distraída esperando o time do microondas apitar então ele perguntou da sala:
- É você e a Adriana nas fotos?
- Hum? Dos quadros? Sim.
- Você anda de patins mesmo?
- Não, aluguei alguns só pra posar pra foto.
- Sério?
- Não né.- comecei a rir.
- Vocês não estão mais conversando?
- A gente se distanciou por agora, quando ela esfriar a cabeça a gente se resolve. Amanhã mesmo eu vou tentar falar com ela já que tenho que ir pra faculdade ou vou reprovar por falta.
- Quando acaba?
- Tenho mais dois anos se tudo for bem.
- Ah, certo.
- Você não cursa nada?
- Tranquei minha faculdade de medicina, mas pretendo voltar.
- Sério?
- Não.
- Idiota.- Ri da revanche infantil que ele fez.
Peguei os donouts no microondas e me sentei de frente pra ele.
- Quer um?
- Tá né oferecendo por educação ou vai me dar mesmo?
- Eu vou te dar.
- Obrigado, já tomei meu café da manhã.
...
Descemos depois de uns oito minutos e ele tirou uma chave do bolso, ele apertou o botão e destravou um carro esporte branco lindo.
- An? É de quem? Você não pegou de algum inquilino não né? Vai que a gente quebra alguma coisa...
- É meu bebê, ele chegou ontem da oficina, tinha mandado trocar a cor de preto para branco.
- Uau...- Foi tudo que eu consegui dizer enquanto contemplava aquele carrão.
Me sentei no banco do carona e ele me pediu pra colocar o sinto, ele colocou um óculos de sol e eu me pergunto se é o mesmo Dante. Ele parece ser daqueles caras sérios que só usam social e falam formalmente, mas quando você se aproxima ele brinca, é romântico e até se veste casualmente como outros seres humanos normais.
Aproveitei o momento e tirei uma foto :
Ele saiu tão lindo mas a foto ainda não faz jus a lindeza dele.
- Agora você tem uma foto minha mas eu não tenho nenhuma sua.
- Me empresta o seu celular.- Pedi e ele deu.
- Olha pra frente enquanto dirige, você sabe onde é?
- Claro que eu sei- Garantiu.
Procurei a câmera e tirei uma foto minha, depois outra e mais outra. Não gostei, abri o Snapchat e tirei uma que ficou razoável e deixei após apagar as outras.
- Chegamos.
- O que? Já?
- Você tirou um milhão de fotos, queria o que?
- Pelo menos agora você tem uma foto minha.
- E nossa? Precisamos de uma foto nossa.
- Vamos tirar uma foto juntinhos, mas quando você não estiver dirigindo então por enquanto olha pra frente.- Adverti brincando.
- A senhorita é quem manda.