Sobre O Amor E Outras Coisas

By autoranataliadonatto

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Todos os direitos reservados. Copyright © 2017 Natália Donatto Em ''Sobre O Amor e Outras Coisas'' eu trarei... More

♡SOBRE O AMOR E OUTRAS COISAS♡
Robocop Gay
28/07/2010
Eu disse que não voltaria
A Bailarina e o Coração de Chumbo
Acertando as contas
Encontrando um Coração
O Plano Imperfeito
A Nossa Melhor Versão

Sr. Hughes

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By autoranataliadonatto

— Eu só lhe peço mais uma chance.

Ri com escárnio quando ele me disse isso, e em questão de segundos um filme inteiro passou bem diante dos meus olhos. Um filme que tinha começado anos atrás, pouco antes de Luke sair pela mesma porta que havia entrado novamente, agora, dois anos depois.


Eu implorava para que ele não me deixasse, enquanto ele dizia com todas as palavras que eu já não ocupava mais um lugar em seus pensamentos, e muito menos em seu coração.

— Mas eu não sou capaz de viver sem você, Luke — repliquei em prantos.

— Pode ir começando a aprender, então.

Deu-me as costas e saiu. Luke e eu sempre tivemos altos e baixos no nosso relacionamento, e ele chegou a me enrolar durante um bom tempo até que finalmente me assumisse como sua namorada, mas ele nunca tinha falado daquela forma comigo, e eu sabia que era definitivo. E eu nunca tinha sentido tamanha dor em toda a minha vida. Tenho certeza de que um tiro teria doído menos do que vê-lo indo embora, levando com ele todos os planos que tínhamos feito para o nosso futuro, e me deixando devastada.

Foram dias e noites chorando, sofrendo e implorando para que Deus o trouxesse de volta para mim. Eu sabia que não poderia viver sem tê-lo ao meu lado. Tinha tanta certeza disso como tinha de que o céu era azul. Eu sentia como se minha vida simplesmente tivesse acabado e não encontrava mais razão nenhuma para seguir vivendo. Não havia nada nem ninguém que conseguisse me animar, nem remédios, nem bebidas — nem mesmo ter ganhado ingressos para ver minha banda favorita ao vivo, na área VIP. Nada era capaz de me tirar do chão.

Eu já não comia e nem dormia direito e em consequência disso, eu perdi muito peso. Mas quem dera isso tivesse sido a única coisa que eu perdera.

Eu perdi também o meu emprego — que eu realmente detestava, pois, trabalhar em uma loja de roupas como vendedora não era para mim, mas era o que me sustentava — e por muito pouco eu não perdi também o meu apartamento. Perdi a minha dignidade, e também a minha identidade. Já não era metade da pessoa alegre, bem-humorada e vivaz que costumava ser. Eu me perdi de mim.

Eu fui de mal à pior em tão pouco tempo, que sempre que penso nisso, sinto algo pior do que vergonha. Algo que eu nem posso descrever.

E quando cheguei no fundo do poço, naquele lugar extremamente escuro, tive um par de mãos que foram capazes de me puxar para fora, e me ajudaram a ver a luz novamente.

Eu cheguei definitivamente ao fundo do poço quando, em uma noite, eu resolvi ver todas as fotos que tínhamos juntos — e eram muito mais do que eu me lembrava. Ver e relembrar todos os momentos que tivemos juntos nos últimos seis anos, ver o quanto éramos felizes me devastou de tal forma, que eu simplesmente me joguei no chão e chorei. Eu chorei tanto, que cheguei a ficar sem ar várias vezes e perdi todas as minhas forças.

E eu também perdi a consciência.

Acordei não sei que horas no dia seguinte, com a minha melhor amiga e o zelador do prédio agachados em minha frente. Minha amiga tinha lágrimas nos olhos e me ajudava a levantar do chão, dizendo que a primeira coisa que passou pela sua cabeça quando me viu ali, caída, era que eu tinha morrido. O zelador perguntava várias vezes se queríamos que ele chamasse uma ambulância. Eu tentava explicar ao dois que apenas havia adormecido no chão, e que eu estava bem.

Quando o zelador saiu e fiquei a sós com minha amiga, eu tornei a chorar, dessa vez, de vergonha. Eu realmente estava no fundo do poço.

Mas eu disse que um par de mãos me ajudou a sair deste lugar escuro.

Com a ajuda de Barbara, minha melhor amiga, eu consegui me reerguer. O primeiro passo foi me desfazer de tudo o que me lembrava de Luke. Fotos, roupas, presentes... Muitas coisas foram doadas, e outras simplesmente foram para o lixo. Claro que me livrar dos bens materiais era muito mais fácil do que me livrar dos sentimentos que tinha por ele. Mas disso eu sabia que me livraria com o tempo. O segundo passo foi procurar por outro emprego, afinal, eu precisava me sustentar.

E o emprego que encontrei não foi nada do que eu imaginava que seria.

Uma bela tarde eu apenas peguei o meu notebook e coloquei em prática um projeto que tinha há algum tempo: O de criar um blog. Eu nem sabia o que iria escrever nele, mas eu sempre tive vontade de ter um. E aí eu comecei a escrever sobre como eu tinha ficado devastada com o fim do meu relacionamento com o Sr. Hughes — nome fictício que tinha dado para citar Luke —, e como eu estava tentando dar a volta por cima. Não demorou muito para que várias outras mulheres me contatassem e me contassem sobre suas experiências também. Foi algo muito revelador e esclarecedor. Eu sabia que não era a única pessoa a sofrer por amor nesse mundo, mas ler sobre aquelas outras pessoas foi algo completamente diferente, e eu me senti bem mais aliviada.

Depois de escrever sobre o desastre que eu me tornara após o fim do meu relacionamento, comecei a escrever sobre diversas coisas. Amor, amizade, família, relacionamentos passados e sonhos a serem realizados eram as pautas dos meus novos escritos. As leitoras queriam saber sobre mim e sobre o que eu pensava e isso me motivava. Eu estava frustrada por ainda não ter conseguido um trabalho e essa interação com elas me deixava mais animada.

Passaram-se apenas algumas semanas até que eu recebesse um e-mail que mudaria a minha vida. A editora chefe de uma revista online escrevera no e-mail que tinha visitado o meu blog por pura casualidade, e que tinha gostado muito do que leu. Propôs-me que eu escrevesse exclusivamente para sua revista e eu não hesitei em aceitar. Eu ganharia bem mais do que ganhava na loja, trabalharia de onde eu quisesse e quantas horas eu quisesse, desde que entregasse os textos semanalmente.

Aquilo deu tão certo que em pouco tempo a revista ganhou inúmeros novos leitores e uma grande notoriedade. A nossa parceria foi muito melhor do que eu esperava e ganhei reconhecimento tanto pelos leitores, quanto pelos demais que também trabalhavam na revista. Era bom ser elogiada por algo que eu gostava de fazer, embora tivesse descoberto apenas há pouco tempo.

Dois anos depois de estar trabalhando na revista, Barbara e eu realizamos o nosso sonho de conhecer a Europa. Passamos quase dois meses viajando e conhecendo todos aqueles países que sempre sonhamos em conhecer, e que pensamos jamais conseguir.

E como se não bastasse a viagem inesquecível, eu conheci Michael, um inglês tão galanteador e cavalheiro que me fez até esquecer a existência de Luke.

Eu estava feliz e era uma nova pessoa, muito diferente do que era antes de Luke, e totalmente diferente do que fiquei depois dele. Luke tinha sido o divisor de águas da minha vida e no começo eu me odiava pelo que tinha me transformado quando ele me deixou, mas, depois de tudo o que eu passei, comecei a pensar que foi graças a ele que eu me tornei essa pessoa que sou hoje, a pessoa que não precisava de ninguém além dela mesma para ser feliz, e a pessoa que se encontrou. E eu devo dizer que eu gosto muito mais dessa nova eu.


— E então, Lauren, o que me diz?

A voz de Luke me tirou dos meus devaneios. Ele realmente estava diante de mim, pedindo que eu o perdoasse e que lhe desse uma nova chance.

— Ouça, Luke: eu o perdoo, mas eu não posso esquecer tudo o que você me fez passar.

Luke abriu a boca para retrucar, mas eu levantei a mão para impedi-lo e prossegui:

— Eu sei porque você está aqui. Eu soube o que houve com você.

Luke não se mexeu. Ele provavelmente não sabia que eu sabia de sua lesão.

O sonho de Luke era se tornar um grande jogador de futebol, desde quando ele estava no colegial, que foi quando nos conhecemos, e eu sempre o apoiei nisso. No entanto, há alguns meses ele sofrera uma grave lesão no joelho esquerdo que o impediria de continuar seguindo o seu sonho.

Como consequência de não poder mais jogar, Luke perdeu até o apartamento luxuoso que tinha e precisou vender o seu maravilhoso carro para conseguir comprar outro lugar para morar.

Luke agora estava na pior.

— Sinto muito por você, Luke, mas, você partiu o meu coração quando foi embora, e agora está aqui, procurando por um recomeço, apenas por que está triste. Só que você chegou atrasado e perdeu a chance de estar comigo novamente.

— Lauren, eu não estou aqui porque estou triste e...

— Você acha mesmo que eu sou tão idiota, Luke? Você veio atrás de mim do nada, depois que perdeu tudo agora que eu tenho tudo? Você achou que eu não notaria as suas intenções?

— Eu sinto sua falta, Lauren, e eu sinto muito por tudo o que disse naquele dia e por não ter ido atrás de você antes.

— Eu já disse que te perdoo, mas eu nunca vou poder dar a você uma nova chance. Eu encontrei alguém, Luke. Encontrei alguém que é dez vezes mais homem do que você jamais foi, e quer saber mais? Eu não sinto a sua falta, Luke. Eu já não sinto a sua falta tem um bom tempo.

Foi uma sensação maravilhosa poder dizer tudo aquilo para ele. A cara de desesperança que ele fez após ouvir tudo o que eu disse lavou a minha alma e eu me senti vingada por tudo o que Luke me fez sofrer quando me deixou aqui.

Luke pareceu querer me dizer alguma coisa, no entanto, apenas assentiu devagar e, a passos lentos, deu-me as costas novamente e saiu. E diferentemente da outra vez, dessa eu não senti nada, nadinha mesmo. Ver Luke indo embora não provocou nenhuma sensação em mim. Era apenas uma pessoa qualquer indo embora.

Alguns segundos após a sua partida eu suspirei e soltei um risinho, e me lembrando do apelido que eu tinha dado a ele quando comecei a escrever no blog, reforcei em voz alta:

— É isso mesmo, Sr. Hughes. Eu não estou sentindo a sua falta.


Conto baseado na música Mr. Hughes, da Demi Lovato.

Happy #LovaticDay 

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