"Meus parabéns! É com um enorme prazer que informamos que sua inscrição pra Universidade de Oxford foi aceita pro Outono desse ano"
Harry leu novamente a carta que finalmente recebera dizendo que havia sido aceito na faculdade que desejava cursar. Deu um grande sorriso, que logo se desfez.
— Harry! - ouviu a voz de seu pai e logo o homem entrou no escritório e olhou pro filho.
— O que é? - perguntou mal humorado. Desmond notou e deu um suspiro antes de aproximar-se de Harry.
— O que foi? - perguntou, ficando na frente de Harry - já sei. Você deve estar pensando "será que essa universidade é mesmo pra mim?".
— Na verdade eu estou sim pai - falou olhando nos olhos dele - eu tenho pensado muito nisso e-
— Não se preocupe. É a escolha certa, tá? - perguntou, batendo de leve o livro de contas que carregava no ombro do filho, que fez uma carranca. Não queria ter de ir pra Universidade de Londres pra jogar futebol. Isso não era de seu interesse. Queria ser um escritor, mas seu pai jamais iria entender.
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— Ta bem, vamos lá - Kylie falou, arrumando os seios no sutiã - olá Harry - disse isso com uma voz melodiosa e dramática, colocando emoção em cada palavra - eu sou quem você procura. Eu me vesti de homem pra que não ficasse bravo, porque você disse que- - balançou a cabeça e bufou - isso é estupido. Sabe, Harry? Eu vivo num mundo cheio de gente-
— Que finge ser quem não é - Kendall repetiu, tentando gravar as palavras. Estava decidida a se passar por Louis e tinha todos os e-mails pra comprovar sua autenticidade. Pelo menos era o que ela pensava.
Porém o tiro de ambas saiu pela culatra quando uma viu a outra e Harry estava bem no meio do fogo cruzado. Kylie saiu do carro apressadamente, bufando de raiva.
— É só pra lavar? - perguntou Harry.
— Não - falou Kendall com uma voz sensual. Pelo menos tentando isso - eu vou querer o tratamento real. Não é isso que o plebeu iria ter?
— O que é que você disse? - Harry perguntou confuso.
— Sou eu, Harry. O plebeu dos seus sonhos - falou ela. O cacheado segurou a risada. Aquilo era serio? - eu me vesti de homem, pois tinha medo que me chutasse quando descobrisse. Mas sou eu, Harry.
- O que você tá fazendo aqui? - perguntou Kylie, com um sorriso falso.
— Ué, eu sou- uh- o plebeu. Eu vim buscar o meu príncipe.
— Oh querida, ai que você se engana, já que eu sou o plebeu. Eu sou praticamente a Cinderela dos sonhos dele.
— Meninas, meninas, chega - falou Harry, ainda segurando a risada - russo como desempatar isso. A pessoa que eu encontrei na festa deixou cair uma coisa. O que foi?
— Ah essa é fácil - Kylie falou dando um sorriso nervoso - a carteira.
— Não.
— Quero dizer, claro que não. Que cabeça a minha. Foi uma bolsa. Bolsinha!
— Um peixe! - falou Kendall. Kylie a encarou incrédula e Harry riu baixo, virando as costas e afastando-se daquelas duas malucas.
— Um peixe? Serio?
— Foi a primeira coisa que passou pela minha cabeça. E você que disse bolsinha? Se toca!
— Harry! - Kylie gritou, vendo o garoto afastar-se.
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Longo dia. Era assim que Harry chamava dias como aquele. Estava com muita coisa na cabeça, queria descobrir quem era o plebeu, também gostaria de contar pra seu pai que não quer jogar futebol pela faculdade, queria que fosse fácil fazer isso. Sem falar na pressão que sofre dele no trabalho e os estudos que, agora, na reta final, ele não podia desleixar-se. Entrou pela porta e fez um pequeno barulho de sino, chamando a atenção de Louis.
O restaurante familiar que de vez em quando Harry frequentava, parecia ainda melhor naqueles momentos. Tinha algo sobre aquele lugar que o fazia sentir-se em casa. Foi até o balcão e sentou-se, esperando que alguém o atendesse. Louis fez questão de olhar pra Paul, que o encarou tentando entender a mensagem que ele passava apontando o dedo pro garoto do balcao. quando entendeu, mandou silenciosamente Louis ir atende-lo.
— Uh... Oi - falou Louis, com uma voz doce e suave - quer alguma coisa?
— Sabe o que me irrita? - Harry perguntou rapidamente.
— Uh... Eu vir te perguntar se você quer alguma coisa? - Harry deu um sorriso.
— Nao. Fazer o que os outros querem.
— Então por que faz isso? - perguntou. Harry deu uma risada irônica e triste.
— Você não conhece meu pai - suspirou e pegou o cardápio - nossa... Donut de salmão. Quem come isso?
— Uh... Não sei - deu de ombros. Harry riu baixo.
— Vou querer so um cafe. Obrigado - pediu e Louis colocou uma xícara em cima do balcão - você já sacou que se você tenta mostrar quem você é as pessoas não te aceitam? - perguntou honestamente. Louis olhou pra ele e franziu o cenho por dois segundos enquanto colocava o café na xícara.
— Uh... Ja. Varias vezes, na verdade. Parece que ser você não é o bastante.
— É isso aí.
— Como uma máscara - falou tentando dar pistas pra Harry.
— É exatamente o que eu sinto - mas o garoto não estava cooperando.
— Como voce queria ser sincero com ele e dizer "hey! Sou eu. Sou eu quem você está procurando" - falou tentando fazer com que Harry percebesse.
— Sim! - Harry falou, olhando pra aquele garoto pequeno, notando o quanto ele tinha pensamentos incríveis e parecidos com os seus, mesmo que o conheça pouco.
— Harry, eu sou o-
— Louis! - gritou Kim da porta.
— Só um minuto Kim - falou apontando o dedo indicador - Harry, eu sou o-
— Nao! Agora - falou Kim. o menor respirou fundo.
— Não, vai lá. Eu já terminei aqui mesmo - falou Harry, já se levantando. Ele deixou um dinheiro na mesa, incluindo uma gorjeta - e ah... Obrigado - falou Harry, dando um sorriso.
Louis apenas assentiu e abaixou a cabeça.
•••
Naquele dia escolar, tudo parecia completamente normal. O locutor Niall fazia os anúncios e também fazia propagando do jogo que teria na próxima sexta enquanto cada um dos alunos vivia do seu próprio jeitinho. Porém pra Kylie e Kendall, a história era outra ja que elas estavam de frente pra Nadine e suas camas de companhia. As duas choravam e diziam coisas sobre Louis.
— Ele é nosso irmão postiço - falou Kylie - ele falou que iria roubar o Harry de você nem que fosse a última coisa que fizesse.
— Ele sempre teve inveja de você - Kendall falou com a voz chorosa. Ambas fingiam estar chorando.
— Bom, foi aí que ele inventou esse... Lance de Plebeu. Ele descobriu o endereço eletrônico do Harry e foi quando o namoro começou.
— A gente queria te contar logo, mas ele disse que nos matava. Ele é muito mal - Nadine e as meninas olhavam sem acreditar realmente nas gêmeas que faziam de tudo por atenção.
— Gente, vocês não precisam acreditar, olhem os e-mails - falou Kylie, mostrando uma pasta com tudo - aí está que ele é o garotodeOxford, mas seu nome verdadeiro é Louis Tomlinson.
— Quer dizer - Nadine disse, analisando todos os e-mails - que esse ladrao de namorados pensa que pode me puxar o tapete? Isso é o que vamos ver.
E então o plano entrou em ação. Kendall foi ate a cabine de radio entregar um pequeno "bilhete" de Harry pra Louis, dizendo-lhe que queria vê-lo depois do treino.
•••
— Ezra! - Louis gritou pelo amigo e o alcançou - Ezra você não acredita.
— O que foi?
— Eu conversei com ele! Eu conversei com ele sendo eu mesmo e ele não me rejeitou.
— Serio? Você contou pra ele que você é o-
— Não. Essa parte eu ainda não disse, mas eu vou contar logo depois do treino - disse animado, dando um sorriso enorme - você vem?
— Sim! Obvio.
Quando chegaram no campo, um pequeno palco fora montado e os tambores soavam. Parecia que teria uma pequena apresentação das líderes de torcida. Como sempre. Elas eram muito exibicionistas e todos sabiam disso, mesmo assim as adoravam. Algumas acrobacias, piruetas e giros fizeram Louis admirar o quanto aquelas garotas eram talentosas. Apresentaram as meninas e logo Nadine se fez presente no palco, assumindo o microfone.
— Era uma vez - ela começou - um enorme e forte sapo guerreiro. Ele tinha uma linda namorada e seu pai era dono do maior lago da região. Mas ele não era feliz - ela narrou e logo as pessoas estavam fazendo um coro de "awww" porque tava escrito em alguns cartazes - se pudesse achar a sua princesa pra poder beija-la e se transformar em um príncipe, eles viveriam juntos.
Louis sentiu um nó enorme na garganta e viu As pessoas fazendo a coreografia ridícula, incluindo Kylie como plebeu e Kendall como Harry.
— Uma certa noite, depois de dar um fora na sua popularíssima namorada gostosona, ele finalmente encontra o seu par ideal. Mas o nosso sapo não tinha apenas uma identidade secreta, ele também tinha um relacionamento eletrônico secreto com alguém que se intitulava garotodeoxford - Louis sentiu seus olhos marejarem, mas se recusava a chorar. Harry olhava incrédulo pra aquela palhaçada, recebendo zombarias de seus colegas sendo que nem todos sabiam que aquilo era pra si.
— Vai dar merda - falou Ezra.
— Garotodeoxford, nem acredito que vamos nos encontrar - falou Kendall com uma voz grave, fingindo ser o Harry - você é o único que entende o meu eu, o eu que não quer jogar pela faculdade - o mundo do cacheado caia lentamente, sentindo-se ser exposto - o eu que quer ir pra Oxford com você.
— Caro Nomade, quero que saiba quem eu sou - falou Kylie, fingindo uma voz fina - mas... Ah eu tenho medo. Tenho medo que me rejeite - e no meio de tanta gente rindo, Louis sentia-se pequeno. Não, na verdade ele sentia-se um verdadeiro nada - é que eu nunca beijei de verdade na vida.
O nariz de Louis estava vermelho, ele agora já não conseguia mais controlar as lágrimas que caiam involuntariamente. Ezra o abraçou de lado e tentou puxa-lo pra longe, mas este se segurou no lugar.
— Não acredito que elas leram meus e-mails.
— Lou, vamos embora - Ezra pediu.
— Mas este pensei tinha um segredo também. Ele não pertencia à nobreza. Era um louco roceiro... Um simples garçom. E quem será esse impostor? - ela olhou pra Louis e deu um sorriso vitorioso - uma salva de palmas pra Louis William Tomlinson, o garçom.
Nesse momento, Harry olhou pra trás e seus olhos se encontraram com os de Louis por alguns segundos. Porém o menor não viu nada além de frieza e medo vindo do olhar do rapaz. Todos começaram a gritar "Garçom", enquanto Harry levava a mão à testa, não sabendo exatamente o que sentir. Ele virou pra frente, negou com a cabeça e toda a esperança que Louis tinha se esvaiu. Ele e Ezra foram embora e quando o fizeram, Harry olhou pra trás e não viu o garoto pequeno por quem se apaixonara ali. Não sabia de nada. Não sabia como reagir a isso, como lidar com o fato de a pessoa que amava estar tão perto e nunca se manifestar.
Ele simplesmente queria desaparecer.