Vitor Salavar - Os Quatro Reis

By MrMorpheu

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No principio de tudo, antes do tempo existir e muito antes das criaturas serem criadas, o caos dominava o uni... More

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By MrMorpheu



- Já de volta? – seus olhos eram negros e frios, encaravam Vitor ao entrar no pequeno escritório dentro daquela gruta quente e úmida, uma leve brisa com cheiro de enxofre passava pela caverna fazendo com que os cabelos cor de piche de Vitor grudassem em seu rosto graças ao suor - trouxe o que lhe pedi?

- Senhor, e quando não faço o que me pede? – o garoto respondeu sarcasticamente. Era magro e esguio para seu corpo de 17 anos

Atirou um saco ao seu mestre, fazendo um barulho de carne quando bateu no chão, o homem olhou Vitor fixamente, de negros, os olhos foram para um vermelho rubi, deu um leve sorriso. A meia luz dava para se ver um homem de meia idade com cabelos escuros bem penteados de rosto fino e usando um terno cinza de risca de giz e uma gravata azul marinho

- Está tão fria – olhou enquanto pegava com desdém, era o crânio de uma mulher, tinha cabelos loiros, bagunçados, olhos cor-de-mel vazios, usava um batom vermelho forte, sua boca estava aberta e sua expressão era de horror – bem, ganhei mais um para a coleção... – e então se interrompeu – o que fez com ela Vitor?

- Ela correu my lord – Vitor não esperava essa pergunta, seu mestre estava mais curioso nos últimos dias – tive de persegui-la quase um quilometro antes que desmaiasse de medo.

- E depois, como ela se comportou? – seu mestre parecia impaciente agora – ela sabia, ou lembrava o motivo de estar sendo morta?

- Eu a matei desmaiada senhor, não sei seus sentimentos.

E então o olhar do senhor se perdeu no nada. Levantou-se e caminhou até a um armário com portas de vidro, onde em seu interior haviam vários outros crânios na mesma situação que a mulher, nele haviam prateleiras de cristal que reluziam a luz vermelha do local, onde as cabeças estavam expostas com a mesma expressão de terror. Virou-se para Vitor quando chegou perto do armário:

- Vitor, sabe por que faço isso? – falou em tom baixo e pensativo enquanto arranjava espaço para colocar aquele objeto pitoresco.

- Essas pessoas são perigosas para nosso rei

- E também para meus planos - disse sério ainda perdido em seus pensamentos – Vitor, sabe que é meu filho de confiança, não sabe?

- Senhor, não me bajule, não sou merecedor de tal amor – caminhou-se para uma luz vermelha, que se projetava perto da entrada da caverna, seu rosto era cheio de cicatrizes, fino como o de seu mestre outra brisa passou, atingindo seus cabelos revelando uma grande cicatriz que formava uma falha em sua sobrancelha – tens uma nova missão para mim?

O mestre o olhou friamente, sem expressão, seus pensamentos voltaram e junto com eles o desprezo que sentia por seu subordinado caminhou ate o garoto, e voltou a falar.

- Não permiti que falasse – deu-lhe um tapa, fazendo virar seu rosto para a imensidão, era tudo trevas.

O garoto viu seres com barrigas grandes e redondas, com o resto dos corpos esqueléticos e dentes que saltavam da boca rasgando a pele, estavam brigando por um pedaço de carne crua, os outros os chamavam de seres imperfeitos, Vitor os chamava de irmãos. Era um local horrível se você não conhecesse as pessoas certas.

-Este caos não é normal garoto, existem conspirações ocorrendo, estão querendo usurpar o trono de nosso rei, desde que descobriram que pode haver alguém no mundo com capacidade para destroná-lo, estão fazendo planos para usurpar seu trono até que este ser chegue... – então se interrompeu; seus pensamentos o incomodavam de novo – eles são meus filhos tanto quanto você, Vitor, são apenas mais idiotas. – disse apontando para as criaturas

- Senhor, eu sei o que há em minha volta – onde seu mestre atingira agora estava uma marca vermelha e queimada em seu em seu rosto.

Mais um tapa veio desta vez com mais intensidade, fez Vitor girar e cair direto no chão.

- Não lhe dei permissão – disse entre os dentes, então respirou fundo e continuou – preciso de você para achar esse humano, o traga a mim, no entanto o rei não pode saber.

- Todas as buscas devem ser comunicadas ao rei my lord – disse Vitor assustado

O homem levantou a mão novamente, mas ao abaixar apenas tocou levemente no rosto do garoto, era uma sensação quente e estranhamente aconchegante, Vitor então olhou para cima, seu lord era um homem esguio com quase dois metros de altura.

- Filho, eu sou seu rei e seu pai antes de tudo – a mão dele foi descendo lentamente ate chegar ao ombro do garoto, então em um rápido movimento apertou o pescoço de Vitor erguendo-o na altura dos seus olhos – e se seu rei manda você faz – Apesar de ser um homem esguio era mais forte que os homens comuns, e Vitor descobriu da pior maneira possível isso – então atirou o garoto contra a parede, fazendo-o bater as costas e cuspir um pouco de sangue.

Sentado no chão, mal podendo respirar Vitor olha seu mestre, ele era muito mais poderoso do que aparentava, alguns rumores diziam que ele poderia enfrentar o rei com o poder máximo e talvez ganhar.

- Eu o trarei aqui senhor... – e tossiu sangue

Havia chegado um dos seres barrigudos igual aos que estavam brigando pelo pedaço de carne crua, tinha pele queimada, careca com chifres pequenos, estava nu, mas não importava muito já que não tinha órgãos sexuais.

- My lorsssde – ele falava cuspindo devido aos dentes – osss grssandes essstao brssigando novamente

-Terminaremos isso depois Vitor – fechou os olhos – quem são dessa vez?

- O sssssenhor'ss Levi e o ssssenhor's Azzzam – disse receoso, cuspindo mais ainda

- E o que demônios você quer que eu faça sobre isso?

- elesss essstao brssigando no palacssio do r... – mas se calou devido a um soco que recebeu em sua boca, o ser voou e caiu do lado de Vitor que por pouco não foi atingido.

- Eu preciso de mensageiros melhores, estes cospem em mim – disse limpando a saliva de seu terno negro com risca de giz. Então olhou para a criatura jogada no chão sem vida, ela começou a soltar fumaça e desapareceu em uma nuvem amarela.

Vitor olhou calado aquela cena, pensar que aquelas criaturas eram seus irmãos o fez ficar feliz e triste ao mesmo tempo. Feliz por não ser como eles e triste por ser tratado como eles. Por que nascera diferente? Não se recordava da infância. Mas então seus pensamentos foram interrompidos

- Você já foi ao palácio, filho?

- Não senhor, eu não tenho permissão de adentrar os portões – disse limpando o sangue da boca na manga da sua camisa, era uma camisa social branca com as mangas longas, pequena para seu corpo, mas ao menos o deixavam forte apesar de seu corpo magro.

- Venha comigo, verá que os grandes não são muito diferentes dessas criaturas.

Foi uma caminhada silenciosa por um deserto de pedra vermelha, o sol estava em seu ápice, era meio dia, andaram quase três quilômetros até um ponto onde três picos de rocha vermelha formavam um circulo, ficaram bem no centro, o mestre acocorou-se estralou o pescoço e deu um salto acertando a primeira rocha, com o impulso foi para a segunda e depois para a terceira. Símbolos arcanos surgiram, rosa, verde, azul, vermelho, dentre outras cores, do pico das rochas ate o chão, onde continuaram surgindo ate se encontrarem no centro.

Com o show algumas criaturas surgiram, mas Vitor não deu muita importância a eles, o senhor caminhou ate o centro, seus lábios se abriram, e ele pronunciou algo, e mesmo Vitor estando a três metros de distancia não conseguiu entender o que era dito. O ar começou a ficar pesado parecendo que o calor aumentava a cada instante ali. Uma forte luz surgiu dentro dos limites das rochas, a terra tremeu e agora acima deles estava flutuando uma espécie de castelo, Vitor sentiu o chão sumir dos seus pés, estava sendo levitados, indo em direção a aquele castelo que surgira. Era o palácio do rei, Vitor sempre sonhara em ver esse local por dentro, no máximo falava com as gárgulas que se encontravam no portão de entrada para avisar sua saída, mas agora seus pensamentos se tornariam realidade. Após alguns minutos flutuando chegaram ao local, era uma mansão não um castelo, uma simples mansão de madeira com dois andares e com as duas gárgulas segurando lanças esculpidas em concreto cinza guardando o portão de ferro. Dentro dos portões dava para se notar um jardim de rosas de varias cores, cercavam toda a entrada e as janelas do térreo. Alguns rumores diziam que era enorme por dentro, dizia-se que caso você se perde lá dentro nunca mais sairá e se tornará imortal passando a eternidade lá dentro, entrando e saindo das portas e corredores infinitos que existem lá, mas a maioria das criaturas que "cuspiam" os rumores nunca havia visto o dito "palácio" pessoalmente.

Foram em direção aos portões de ferro, seu mestre foi a frente, mas quando ele tocou o portão de ferro as gárgulas ganharam vida e fizeram um "X" na entrada.

-Deixe-me passar criaturas estupidas eu vim ver o rei – disse friamente

As duas gárgulas abriram os olhos, um brilho amarelo saia das orbitas, então ela abriu a boca, a gárgula tinha por volta de um metro e meio de altura, mal chegava no peito do homem que estava a frente dela. Olhou para cima para encarar que chegara.

- Nome senhor – uma voz ecoou da gárgula, era grossa e firme, como um general.

- Sirius, o sábio – Vitor e todos os outros filhos foram proibidos de dizer o nome do pai, então raramente se ouvia o nome dele, e muito mais raramente ouvia o nome e o titulo.

A gárgula olhou para Sirius virando a cabeça de lado, por um minuto o encarou e novamente uma voz saiu dela.

- Desculpe senhor, não poderá en... – foi rápido, um soco transformou a gárgula em estilhaços de concreto - Posso entrar? – disse olhando para a outra

A outra gárgula olhou para sua companheira, os estilhaços foram se dissolvendo em uma fumaça cinza, ele não disse nada apenas deu passagem.

- garoto, gárgulas são poderosas, mas muito burras e medrosas.

Atravessaram um pequeno caminho feito de cascalho ate chegar em portas maciças de carvalho, pareciam que nunca seriam abertas.

- Vitor, abra – o garoto caminhou ate a porta e concentrou-se, chamas negras rodearam seus punhos, então, tocou-a, e sem fazer o mínimo esforço a porta se abriu, rangendo e estalando a cada centímetro aberto.

O lugar era imponente, totalmente diferente do que aparentava do lado de fora, era um grande salão negro, iluminado por candelabros e com cachoeiras de lava escorrendo pelas paredes de obsidianas, uma grande mesa redonda de carvalho negro se localizava ao centro da sala e ao fundo duas escadas feitas de madeira escura. Acima da mesa podia-se ver um lustre com mais velas do que se podia contar. Riquezas era o que não faltavam ali, onde olhasse via-se uma pedra rara. Caminharam até um grande portal que se localizava á esquerda da mesa, quando passaram podiam ouvir gritos de ódio, o senhor caminhou a passos largos até os gritos, Vitor teve de correr para acompanha-lo.

- E como está pretendendo fazer isso – disse uma voz fria e rápida – pretende eliminar os humanos?

- Se for necessário! – disse uma voz grave e cheia de ódio, esta estava gritando.

- Crianças se acalmem – o Sirius acabara de chegar ao salão onde discutiam. Era uma espécie de sala de reuniões com uma ampla mesa retangular de carvalho negro, haviam sete lugares, seis deles eram de cadeiras de madeira branca com estofado vermelho e um deles era de estofado vinho em madeira negra com um anjo de seis asas segurando um cetro no topo.

Os dois olharam surpresos para ele, mas, mais ainda para Vitor.

- A entrada de servos é proibida aqui, mesmo que sejam seus protegidos, Sirius – Disse um senhor que parecia um soldado do exercito, estava usando farda e tinha o cabelo curto e quadrado e um bigode bem feito, ele estava vermelho e extremamente irritado com aquela discussão, seus olhos eram amarelos e cheios de fúria.

- Azam, acalme-se – o outro senhor tinha um rosto redondo e cabelos abaixo das orelhas cortado em forma de tigela, usava uma camisa social azul com óculos meio retangulares finos. Então olhou para Vitor por cima das lentes, seus olhos eram de um azul-safira muito intenso – belo criado por sinal Sirius.

- Calado Levi, você não toca nos meus filhos – e então se virou para o outro homem – por que estão discutindo?

- E isto lhe interessa em que? Quer juntar mais conhecimento sobre nós? – uma veia saltou do pescoço do general

Levi se levantou e foi ate Vitor, segurou seu rosto, ele tinha mãos frias e húmidas, então olhou nos olhos do rapaz. As lentes refletiram seu rosto e Vitor pode sentir que estava paralisado, aquilo era medo, ou o poder de Levi?

- Cresceu bem, gar...

Então um raio atingiu as costelas de Levi que foi atirado a quase seis metros de distancia e continuaria voando se a parede não o tivesse parado. Fora Sirius que o atingira com aquilo, seu mestre nunca usava seus poderes, então por que usaria ali contra um membro do conselho do rei que só estava conversando com ele? Mas antes que pudesse entender Azam pulou por sobre a mesa e deu um soco em Sirius, os dois rolaram no chão, pareciam dois cães, eram socos descomunais, visivelmente mais poderosos do que os que Vitor levara antes. Levi veio voando em direção aos dois, literalmente voando, sua camisa havia sido rasgada onde o raio atingira e também nas costas que agora tinhas duas asas escamosas azul-acinzentado.

Pouco antes de Levi chegar nos dois, outro homem surgiu derrepente entre eles, segurou Levi pelo pescoço e deu um chute em Sirius e Azam que foram parar do outro lado do salão, então jogou Levi junto aos corpos moribundos dos dois. Ele era ser de extrema beleza, traços delicados, loiro de cabelos longos chegavam ate o peito descoberto pela túnica que usava, ele tinha olhos verdes e um corpo forte, usava uma túnica vermelha quase caída para esconder sua nudez. Estava flutuando na ponta de seu pé esquerdo e irradiava uma energia serena e poderosa, muito mais forte que Levi ou que Azam, era o rei. Estava descalço, foi caminhando suave e silenciosamente ate a maior poltrona, puxou a cadeira e sentou-se. Por fim, olhou pra Vitor que estava no canto da sala evitando a briga.

- Vocês entram em minha casa – era uma voz alta que ecoava por todo salão – gritam, se batem, e trazem um desses... – deu uma pausa – seres imperfeitos para dentro...

Os três se ajoelharam, e de cabeças baixas começaram a falar.

- estávamos discutindo uma estratégia de guerra my lord – o tom de Levi mudara de frio para aterrorizado, onde o raio atingira agora saia uma fumaça cinza.

- Foi Sirius surgiu e nos interrompeu – Azam estava tremendo escolhia cuidadosamente as palavras.

- Tem algo a dizer Sirius? – o rei falou mais brandamente, mas não olhou para Sirius.

- Eles estavam quase brigando quando cheguei, gritavam por querer erradicar os humanos – então se virou para Azam – na verdade só Azam estava querendo isso.

- Então por que atacou Levi? – agora Sirius tinha a atenção do rei – achas que eu não vi?

- Ele fala muito my lord – olhou para Vitor

O rei coçou os olhos com o polegar e o indicador, suspirou e sem olhar para Vitor disse:

- Garoto, venha ate aqui.

Quanto mais Vitor se aproximava, mais o ar pesava, seu corpo começou a tremer e a suar frio, estava há dois metros do rei e sentia como se o mundo estivesse em suas costas. Seus pulmões começaram a queimar e seus olhos a lacrimejar.

- Ajoelhe-se ao seu rei, garoto idiota... – gritou Sirius, mas parou quando o rei o olhou.

Vitor começou a se curvar e quando estava prestes a se ajoelhar sentiu um tapa e seu rosto, não era um tapa de seu pai, era mais pesado, sentiu gosto de sangue e lagrimas vinham ao seu rosto, foi tudo que conseguiu se lembrar antes de desmaiar de dor.

Sonhou com um garotinho de uns cinco anos, estava em um balanço embaixo de uma arvore, a criança sorria, quando outra se aproximou, uma menina com vestido branco, cabelos cacheados e longos, na altura dos ombros, ela falou algo e eles começaram a correr e a rir, Vitor foi se aproximando, quanto mais perto chegava mais detalhes o lugar mostrava, algumas pétalas de flor estavam no chão, a garota estava descalça e a arvore estava no topo de uma colina, em volta havia uma pequena vila, Vitor já havia sido mandado para vários lugares, mas nunca para aquela vila, no entanto o local parecia familiar.

- corrida ate a vila – gritou o garotinho, ele usava camisas por dentro das calças, uma camisa azul bebe e calças pretas.

- espera, não vale – gritou a garotinha logo atrás.

Elas corriam e riam, Vitor foi acompanhando eles ate a metade da colina lá estavam dois adultos, não deu para ver seus rostos, estavam com um habito negro com uma coruja branca de asas abertas bordada no peito, capuz cobria seus rostos. Um deles agarrou a garota e tampou sua boca, ela se debatia, o outro tirou uma agulha da manga e foi se aproximando dela. Vitor atacou o homem da agulha, mas não adiantou, ele atravessou o homem.

- Faz alguma coisa garoto – gritava em vão para o garotinho que não podia ouvi-lo e estava paralisado com a cena – vai logo seu idiota

O garoto começou a chorar e a gritar. Então atacou o homem que estava com a agulha, fazendo com que ela caísse na grama, fazendo a seringa rolar para longe, o outro homem se distraiu dando uma brecha pra menina se soltar correr pra vila chorando. O homem caído, meio atordoado com a queda, pegou a agulha do chão enquanto amigo dele agarrava o garoto

- Então vai ter que ser você – dizia enquanto o outro enfiava a agulha no braço da criança

Depois disso Vitor acordou suando.


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