Alice [Completo]

By bethaniaI

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As aulas se passaram, entediantes como sempre, até o terceiro horário. Eu estava anotando qualquer coisa no c... More

PRÓLOGO
01 | T a t t o
02 | R o s e
03 | B o w l i n g
04 | D o o r
05 | P a r t y
06 | M a r k
07 | A n s w e r s
08 | S e a r c h
09 | C i g a r e t t e
10 | N i g h t
11 | J a m e s
12 | P r i s o n
13 | C a r t h e r
15 | O r a n g e
16 | R e d
17 | D a d
18 | T r u e
19 | R u n
20 | D e c i s i o n
21 | R e a s o n
22 | B l u e
23 | P l a n
24 | B u r n
25 | Q u e e n s
26 | R e v o l u t i o n
27 | P e t e r
28 | F r i e n d
29 | S a v e
30 | G l a s s
31 | C r o w n
32 | E n d
Epílogo
Agradecimentos

14 | L i e s

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By bethaniaI


Um garçom se aproximou da nossa mesa e anotou nossos pedidos.

As mesmas coisas que nós comíamos no mundo humano estavam disponíveis no cardápio.

Assim que o rapaz se afastou, direcionei meu olhar ao Jack.

Porque ele estava andando com os Cartheres naquele momento em que o encontramos?! Conversando com eles de forma casual, sem medo, sem precisar se esconder.

- Eu irei lhe contar tudo. - ele colocou sua mão sobre a minha, que estava sobre a mesa. Aquele gesto, como se pudesse ler meus pensamentos...

Entretanto, o seu toque me causou uma eletricidade desconfortável. Um arrepio incômodo, algo que ele nunca tinha me causado antes.

- Mas não agora. - concluiu. Seu polegar começou a alisar minha mão. Parecia muito preocupado e escondendo algo ao mesmo tempo. Assenti, recolhendo as minhas próprias mãos e voltando a olhar através das janelas que davam à sacada.

Sei que minha expressão não era das melhores e era visível o meu desconforto em estar naquele lugar e com ele na mesa.

Jack não era mais a pessoa em que eu confiava.

- Por enquanto podemos matar a fome. - Bea deu um sorriso faminto.

Eu não a encarei.

Estava observando a paisagem lá embaixo. Aquelas pessoas, transitando para lá e para cá. Aquele cenário.

Nada me soava estranho.

Mas, ao mesmo tempo, não encontrava algo que me soasse verdadeiramente familiar.

Eu sentia um misto de emoções que faziam meu estômago vazio se contorcer ainda mais.

- No que está pensando? - perguntou Bea, colocando uma das mãos sobre meu ombro.

Nessas pessoas, na minha família, no meu sangue, e naqueles que me traíram.

- Em nada. - virei-me, forçando um sorriso para ela - Você já sabia sobre a Vanessa? - dirigi-me ao Jack. Ele abaixou a cabeça.

Ele sabia.

- Vou perguntar outra coisa. Existe algo mais que você esteja escondendo? - estreitei os olhos. Uma parte de mim gritava para que ele não mentisse.

Ele não conseguia me encarar nos olhos.

- Vanessa é uma azul. - comentou minha amiga - Ainda é meio dificil de acreditar. - riu - E você Jack? - sorriu para ele - É um vermelho como nós, né? - encostei na cadeira, cruzando os braços. Queria muito ouvir essa resposta.

- Aqui está! - Fomos interrompidos por um prato que surgiu na nossa frente, sendo colocado com muita animação pelo garçom. Logo outro e mais um. - Bom apetite, meus queridos. - Com um sorriso, ele se afastou.

- Finalmente! Estou com tanta fome! - antes que Beatrice atacasse o seu prato com macarrão, coloquei a mão na sua frente. Cheirei a sua comida.

Estávamos rodeados de azuis. Jack estava com eles. Poderiam ter nos reconhecido e colocado algo na nossa comida. Mas tinha cheiro de molho, com carne, não consegui evitar a salivação, e meu estômago também implorava para devorar meu próprio prato.

- Ninguém fez nada com o prato de vocês. - ele me encarou, e eu vi como estava ofendido pela maneira como me olhava. Peguei meu próprio garfo e comecei a comer, sem deixar de encará-lo. Bea estava confusa, mas não disse nada.

Finalmente forrávamos o estômago com algo. A fome era tanta que aquele podia ser eleito o melhor macarrão que eu já tinha comido.

Jack pagou por nossa refeição e andamos até um parque que havia por perto.

- Porque você foi para a nossa dimensão, mesmo? - disparei enquanto os dois se sentavam no banco.

- Alice? Ele é como...

- Ele não é como nós. - fitei-a. Ela também sabia, porque não se mostrou surpresa. Só não queria admitir para si mesma que todos ao nosso redor eram traidores. Era assim que eu também me sentia. Eu também já sabia mas me dava medo assumir. - Ele é um azul. - virei-me lentamente para ele - Não é, Jack? - o brilho nos seus olhos sumiu.

- Eu vou para o mundo dos humanos porque gosto da vida que eles levam... - sua voz saiu sem intensidade.

- Mentira. - enrijeci meu corpo - Mentiras e mais mentiras. Primeiro meu pai, depois Vanessa. E agora você.

- Eu tirarei vocês daqui, não se preocupem. - não havia nenhuma emoção na sua voz e isso me fazia ter ainda mais vontade de socá-lo.

- Porque você se preocupa com a gente? - Bea interveio.

- Escutem, não é o momento...

- E quando será o momento, em Jack? Quando você nos contaria? Quando seus amigos nos levasse para a morte na porta da sua casa, aí você contaria?

- Não, não é isso...

- Eu não acredito que confiei em você. - olhei-o com desgosto - Só porfavor, nos leve pra casa e nunca mais apareça por lá. Você não precisa. Não há do que fugir. - saí andando.

- Alice, onde você está indo? - Bea gritou.

- Não interessa. Durante a noite nós nos encontramos nesse mesmo banco para esperar o portal. - orientei sem encará-los.

- É muito perigoso pra nós, vamos ficar aqui...

- É mesmo? - virei-me, sentindo a raiva correndo nas minhas veias. - O que eles poderiam fazer com a gente que Jack não poderia? Não se esqueça de quem ele é.

- Ele nos ajudou. Ele tem nos ajudado desde o dia em que apareceu, sendo quem quer que ele seja.

- Então fique com ele, Beatrice. Só não peça ajuda quando acabar acorrentada de novo. Ninguém está do nosso lado. Ninguém! - meus olhos se encheram de lágrimas - E se você quer ficar desse lado por mim tudo bem. - minha voz falhou.

- Alice... - balançou a cabeça, correndo até mim. - Você está estressada e tudo bem. Tivemos uma noite dificil...

- Noite difícil? Nós quase morremos. Vanessa não fez nada para nos ajudar. Taylor também está junto nessa bagunça. E Jack... - encarei-o sentindo as lágrimas rolarem pelo meu rosto - Eu realmente acreditei que ele queria nos ajudar.

- E ele quer. - agarrou meus braços - Nós duas estamos juntas, ele não pode com você. Com o seu poder. Não se esqueça do que fez mais cedo com aquelas pessoas lá dentro. Não esqueça de quem você é, Alice.

Não se esqueça de quem você é.

E quem eu sou, de verdade?!

- E o que você sabe sobre quem eu sou? - franzi as sobrancelhas, desvencilhando-me dela. Seus olhos imploravam para que eu parasse. Lancei um último olhar furioso para Jack. - Esqueçam. - comecei a andar na direção contrária a deles.

Estava cercada de traidores, de mentirosos e de pessoas que queriam o meu fim. Eles podiam fazer algo a qualquer momento. Queria chorar, queria acordar desse pesadelo, esquecer essa maldita história.

Fechei os olhos enquanto caminhava. Lembrei-me dos dias em que isso ainda não era uma realidade.

Papai e eu brincando no parque, sujando nossos rostos com sorvete.

Papai.

Meu coração doía ao lembrar que a pessoa que eu mais amava, aquela que era tudo pra mim, não era mais isso. Eu deveria temê-lo agora. Fugir dos seus olhos sombrios. Seus braços quentinhos eram frios e ele nunca mais sorriria para mim. Não calorosamente. Era tudo fantasia, uma grande e enorme mentira. Como todo o resto.

Perguntei-me até onde tinha sido verdade. Ele realmente aprendeu a me amar em algum momento? Ou era de fato esse monstro que sabia fingir até a risada que aquecia meu coração naqueles dias?!

Até onde foi verdade?!

Até onde Jack foi sincero comigo? Até onde Vanessa contou o que realmente sabia sobre James? Até onde a festa do Taylor foi apenas uma coincidência?!

Minha cabeça doía.

Meu corpo implorava por um mísero descanso. Mas se eu fechasse os olhos, alguém me apunhalaria pelas costas. Alguém que poderia estar me perseguindo ou observando. Alguém que soubesse.

Não. Eu seria forte. Assim como minha mãe foi.

Minha mãe.

Meus olhos se encheram de água novamente. E ardiam.

Aquelas pessoas tinham se juntado para matá-la. Perseguiram-na. Aquelas criaturas me odiavam tanto quanto odiaram ela.

Por quanto tempo ela conseguiu fugir?!

Eu não desistiria. Por ela. Pela vida que ela perdeu em troca da minha. Pelo que quer que tenha acontecido no dia da sua morte. Pelo que ouviu do meu pai como último som que ouviria viva.

Eu não morreria.

Eu lutaria pela minha vida, já que não pude lutar pela dela.

Sentia o fogo nas minhas veias. A rosa vermelha que eu carregava no braço era tudo o que eu tinha dela. Ela estava comigo. A força que eu tinha, aquele incidente no castelo.

Eu não estava sozinha.

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