Only God can judge you

By rakeool

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Um romance de faculdade. Nenhuma novidade. Acontece toda hora. Mas não com Lorena, cristã fervorosa que nunca... More

Capítulo 1
Capítulo 2
Capitulo 3
Capítulo 4
Capitulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Especial: They call you monster
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Epílogo
Agradecimentos

Capítulo 11

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By rakeool

Sai do dormitório, ainda não conseguia acreditar que aquilo estava acontecendo.

Eu, indo passar a noite no mesmo dormitório que Jade Chermont.

Inacreditável, isso devia ser considerado uma espécie de tortura. Uma noite no mesmo quarto de uma menina que constantemente me assedia. Meu Deus! Como que isso foi acontecer?

Atravessei o corredor e desci uma escada, olhei as plaquinhas do dormitório, até achar a "302". Fiquei parada na frente da porta por um segundo, sem querer entrar, até que suspirei, e bati na porta.

No segundo que o fiz já me arrependi, mas aguentei firme e esperei. A garota de cinza abriu a porta, pareceu surpresa ao me ver.

—Lorena? —Ela perguntou, confusa. —O que você tá fazendo aqui?

—Ahn... A troca de dormitórios e tal. — Respondi, engolindo em seco. - Falaram que hoje eu ia ter que dormir aqui.

—Ah, claro. —Tiffany assentiu.— É mesmo.

Ela saiu da frente da porta e se sentou em uma das camas, mexendo no seu celular.

Entrei no quarto, era bem como eu tinha imaginado. Varios posters, camas desarrumadas, e uma guitarra jogada no canto do quarto. Tinha uma beliche e uma cama a parte, era que nem o meu, só que bem mais bagunçado.

—Em qual cama eu...

—Aquela. — Me cortou, apontando pra cama fora da beliche. Assenti e fui em direção a ela, sem graça, colocando minhas coisas sobre o colchão.

Me sentei, já me arrependendo de não ter insistido um pouco mais com a Chloe.

Peguei meu pijama amassado dentro da mochila, indo para o banheiro. Sem pensar duas vezes, abri a porta.

Péssima hora de não bater antes de entrar.

Jade estava lá. Seminua.

Seminua, repito, seminua. Ela usava uma calça de moletom com uns coraçõezinhos e um sutiã preto. Senti meu rosto queimar imediatamente, e um calor estranho subir sobre meu corpo.

—M-me desculpa! — Gaguejei, nervosa.— E-eu não sabia que você tava aí dentro.

Involuntariamente, passei meus olhos sobre seu corpo, e senti meu rosto queimar mais ainda. Merda.

—Lorena? — Ela levantou a cabeça, me olhando através do espelho, abrindo um sorriso confuso.— Mas que surpresa agradável.

Desviei o olhar, e tentei continuar assim. Ela se virou pra mim.

—Nossa... —Me olhou de cima a baixo, ignorando completamente o fato de estar quase nua. —Diana deu um upgrade no seu uniforme foi?— Abriu um sorriso.— Meus parabéns pra ela, você tá uma gata.

—Dá pra você... —Engasguei ao encará-la novamente, e desviei o olhar —Vestir essa droga dessa blusa, pelo amor de Deus?

Ela deu uma risadinha.

—Ok, se eu tô te desconcentrando tanto assim.— Ela deu de ombros e vestiu a blusa que estava segurando— Pode entrar, eu já acabei aqui.

Ela saiu no banheiro, e eu entrei rápido, trancando a porta.

"O que foi isso?" Pensei, apertando os dedos na maçaneta. Aquilo foi estranho, muito estranho. Quando eu a vi, eu senti mais do que surpresa, foi uma coisa tipo... um calor, sei lá. Aquilo nunca tinha acontecido antes comigo, nunca.

Me encarei no espelho, aquela cena passava na minha cabeça em loop. Tentei entender que sentimento novo era esse que eu senti, e acabei engolindo em seco, por que eu cheguei a conclusão que sabia exatamente o que era aquilo que eu havia sentido.

Droga.

POV Jade

Tiffany estava sentada na minha cama, e eu estava sentada no chão.

— Cara, se você pudesse ir jantar com uma celebridade, com quem você jantaria? — Aleatoriamente puxei assunto.

— Vivo ou morto? — Tiffany perguntou.

—Tanto faz

—Sei lá, Robert de Niro, Tarantino, alguém assim. —Deu de ombros— E você?

—Acho que eu jantaria com o Axl Rose, não sei.—Murmurei.

—Ah, sim, ele é bom.

Nesse momento, Lorena saiu do banheiro. Ela me olhou e desviou o olhar rápido, foi andando até a cama da Chloe, e ficou lá, estática.

Um silêncio constrangedor pairou pelo quarto por alguns segundos, até que, antes que piorasse, eu pigarreei:

—É... A gente tava aqui falando sobre qual celebridade a gente levaria pra jantar, se tivesse oportunidade. —Me virei pra ela.— Quem você levaria?

Ela pareceu surpresa por eu a ter incluído na conversa. Pensou por um segundo, e respondeu:

—Ah... Elizabeth Blackwell, eu acho.

—Elizabeth... Blackwell? —Perguntei, incerta.

—É, hum...  A primeira médica dos Estados Unidos.—Ela respondeu, tímida, sem manter o contato visual.

—Tão nerd.— Dei um sorrisinho— Por que você tá sentada tão longe? Senta aqui.— Apontei para o espaço no chão ao meu lado.

Ela olhou para mim, e desviou o olhar de novo.

—Acho melhor não.— Resmungou, por fim.

—Por quê? Você não tem muitas outras opções, a menos que você resolva ir dormir às... —Chequei o horário no meu celular. — 7 da noite.

Lorena suspirou antes de se levantar, relutante.

—Ok... — Ela se sentou do meu lado, mantendo uma pequena distância.

Ela me olhou de cima a baixo, desviou o olhar. De novo.

O silêncio voltou a encher o dormitório, e eu tive que quebrá-lo novamente:

—É... Que tal a gente jogar... duas verdades uma mentira?

—O quê?— Lorena perguntou.

—Duas verdades uma mentira!— Repeti, mais animada. — É assim, você fala três coisas, duas sendo verdades, e uma mentira. Aí a gente tem que adivinhar qual é a mentira. É meio autoexplicativo.

—Ah, eu nunca joguei isso. —Ela falou, sem graça.

—É legal! Vamos, eu começo. —Me adiantei, pensei primeiro em uma verdade. — Eu... Sou fluente em francês.

— Mentira. — Interrompeu Lorena, como se fosse algo óbvio.

—Calma. — Soltei uma risadinha.— Escute todas primeiro.

—Ok...— Ela se encolheu, embaraçada.

—Ahn...— Pensei. — Eu sou de Sagitário. 

—Quê? —Tiffany falou.— Eu não entendo essas coisas de signo.

—Esse negócio de signo não é de Deus não. — Lorena cruzou os braços e me olhou em desaprovação.

— Ai gente, calma, é só pra confundir vocês.— Falei, dessa vez pensando em uma mentira.— E por último... Eu sou alérgica a frutos do mar.

Tiffany pensou por um segundo, mas a outra logo se apressou:

—A mentira é que você é fluente em francês.

—Se você acha. — Dei de ombros. — E você Tiffany?

—Acho que é o do signo, mas eu realmente não faço ideia. — Admitiu.

—As duas estão erradas!—Anunciei, por fim.— A mentira é que eu sou alérgica a frutos do mar.

—Calma. — Lorena parou por um segundo. — Você é realmente fluente em francês?

—Oui, mon cheri — Declarei, chegando mais perto dela —le français est ma deuxième langue, mais la troisième langue peut être la vôtre — Abri um sorisso malicioso, acho que ela não tinha entendido —Eu tinha umas aulas na escola, e meu pai é francês, eu passava a maioria das minhas férias lá na França.

—Ah... Legal.— Ela comentou ainda meio sem jeito, desviando o olhar.

—Sim, agora pode ser...— Apontei pra Tiffany.— Você! Tiff?

— Ahrg, sério isso?— Se encostou na parede, eu fiz que sim com a cabeça. —Tá bom então, eu... — ela parou por um segundo —Já tive aula de violino.

"Mentira" Pensei. Essa foi fácil.

—Ahn... Eu já fui expulsa de casa. —Ela falou novamente.

"Esse é verdade" Aquela era tão fácil. É o que acontece quando você joga com sua melhor amiga.

— E...— Pensou por um segundo, e por fim falou.— Eu nunca transei.

Pera, quê?

—O quê? Tem duas mentiras ai! — Acusei, indignada.

—Não tem não.— Tiffany negou com a cabeça e cruzou os braços, o rosto indecifrável.

—A mentira é que você foi expulsa de casa...?— Lorena tentou, incerta.

—Não. —Cortou, seca.— Jade?

—Cara... —Pensei um segundo.— Eu só tenho certeza que você não é virgem.

—Acertou, parabéns. — Comemorou ela, sem muita animação

— Mas pera aí, você já teve aula de violino?!— Perguntei

—Infelizmente.

—Porque eu não sabia disso?! —Aquilo era um absurdo.

—Ah.— Tiffany deu uma risadinha.—Sei lá, eu só nunca comentei mesmo. Eu fazia por que meus pais me obrigavam, de qualquer jeito.— Deu de ombros.

— 'Tá, então... — Olhei pra Lorena.— Sua vez?

Ela se afastou um pouco de mim e disse:

—Eu não quero jogar esse jogo.

—Ah, vamos lobinha.— Me aproximei dela de novo.— Vai ser legal!

—Eu não tenho nada interessante pra compartilhar.— Garantiu, novamente se inclinando para longe de mim.

"Eu duvido" pensei.

—Ah qual é, vai! é só uma brincadeira. — Pedi. —Por favor, vai— Fiz um biquinho .

Lorena revirou os olhos.

—Tá bom, tá bom. —Cedeu, finalmente. Abri um sorriso. —É... Eu odeio torta de limão.

Ok, eu não faço ideia.

—Hum... —Ela pensou —Eu tenho um irmão mais velho.

Acho que eu sei, mas não tenho certeza. Ela me falou na festa que tinha um irmão mais novo, Jay alguma coisa, eu acho. Mas não mencionou nada de um outro irmão mais velho.

—E...— Parou por um momento.— E eu tomo café todo dia.

Eu não tinha muita certeza, olhei pra Tiffany, ela também estava confusa.

— A mentira é a do café?— Chutou.

— Não, eu sou quase uma viciada em café.— Ela respondeu num tom convencido, se virando pra mim.— E você? O que acha?

—Eu acho que a mentira é a do irmão.

Ela arregalou os olhos.

—Como você sabe?! — Perguntou, surpresa.

— Na festa você me falou que tinha um irmão mais novo, Jay alguma coisa, certo? — Expliquei.

—É isso mesmo... — Ela cruzou os braços, desconfiada.— Jacob, por acaso. Não sabia que você prestava tanta atenção assim nas coisas que eu falo.

—Claro que eu presto atenção, é você.— Falei, como se fosse óbvio. — Como eu poderia não prestar atenção?

—Ahn... Obrigada  por prestar atenção em mim então... Eu acho...— Ela parecia envergonhada, mas logo mudou de assunto. —E então? A quanto tempo vocês duas se conhecem?

— Desde que a gente entrou. — Olhei pra Tiffany.— A Sam e a Tiffany eram minhas colegas de quarto quando eu entrei. E meio que não demorou muito tempo pra eu decidir que queria me aproximar dela.

—Sim. — Tiff concordou, com um sorrisinho de lado.— Aí eu apresentei o PJ pra ela.

— E depois de um tempo a gente criou a banda.— Conclui.

—Ah verdade, vocês tem o The Dark Sunset... Ou algo assim.— Lorena pigarreou, como se não fosse grande coisa. Nisso, virou a cabeça, vendo minha guitarra, que estava jogada no canto oposto do quarto. —Cara, guitarras são tão iradas.

Ela falou essa última parte como se um pensamento tivesse escapado pela boca. Vi seu rosto ficar vermelho.

—Sabe, eu sei tocar guitarra desde que eu tinha 15 anos.— Tentei me exibir um pouco pra ela, abrindo um sorriso convencido.

—Legal.— Ela se virou pra mim, se permitindo soar um pouco mais animada.— Eu adoro guitarras, sempre quis aprender a tocar um instrumento de cordas. — Ela olhou pra guitarra, e me encarou. Sua voz era hesitante. – Você... Pode tocar alguma coisa pra mim?

Eu entendi o que ela quis dizer, mas eu não podia perder a piada:

—Tocar uma pra você? Não sabia que você gostava dessas coisas não.— Abri um sorriso malicioso. Tiff abafou uma risada engasgada.

—O que?! Eu não faço ideia do que você está falando!— Se apressou em negar, embaraçada. — Você sabe o que eu quis dizer. Tipo... Alguma música e tal.

— Ah, claro!— Me levantei e fui em direção a guitarra.

—Jade, pelo amor de Deus não.— Tiff interrompeu.

—Por quê?— Perguntei, já tirando a guitarra da capa.

—Olha o horário, isso não é exatamente a melhor hora de tocar um guitarra elétrica.— Explicou.

—Relaxe, vai dar bom.— Conectei o cabo da caixa de som na guitarra.

Por um momento hesitei, Tiffany tinha razão, o barulho ia ser muito alto. Mas olhei pra Lorena, ela me olhava com um sorrisinho de lado, mesmo levemente preocupada, esperando que eu tocasse. Então eu não ia decepciona-la.

Eu não sabia exatamente que música tocar. "Vou tocar uma bem fodona pra ela me achar da hora" pensei. Uma bem fodona, tá bom. Então me preparei, e comecei a tocar Sweet Child O' Mine.

[Guns N' Roses - Sweet Child O' Mine]

Comecei, a introdução era um solo com a guitarra, durava um tempo considerável, tipo, uns 50 segundos.

Essa era uma das músicas que eu mais gostava de tocar, e ao mesmo tempo uma das mais difíceis, exigia uma concentração considerável.

Tiffany me encarava com uma expressão indecifrável do outro lado do quarto, parecia uma mistura de desaprovação, com um "Eu adoro essa música".

Lorena me olhava com a cabeça apoiada nas mãos, os olhos bem abertos, e um sorrisinho de canto. Vê-la ali curtindo a melodia só me dava mais vontade de continuar tocando, aquele solo ela realmente difícil de fazer, mas eu estava mandando bem.

"Isso vai dar merda" eu pensei. Olhei pra ela de novo "Mas vai valer a pena".

Joguei meu cabelo pra longe de minha cara com um gesto com minha cabeça, eu estava me sentindo uma verdadeira rockstar, e não tinha nada que pudesse me parar naquele momento. Se tinha uma coisa que eu adorava, era tocar, música sempre foi a melhor coisa do mundo pra mim. E essa então? Era o verdadeiro auge da minha satisfação. Continuei meu solo, aproveitando cada segundo. Até o momento que vinha a letra, e eu começava a cantar:

 She's got a smile that it seems to me, reminds me of childhood memories

Where everything was as fresh as the bright blue sky

Now and then when I see her face

She takes me away to that special place

And if I stare too long I'd probably break down and cry

Oh, oh, oh Sweet child o' mine

Antes que eu pudesse repetir o refrão, ouvimos batidas na porta. Fui até lá abrir e dei de cara com uma fiscal de corredor.

—Jade, você poderia parar com o barulho? Já tá tarde. —Pediu educadamente, provavelmente pela terceira vez esse mês. Não era novidade.

—Ah ok, foi mal.— Me desculpei, com um sorriso sem graça. Ela simplesmente continuou pelo corredor, resmungando. —Boa noite, Barb!

Fechei a porta e fui tirar a caixa de som da tomada.

—Eu avisei que ia dar merda. —Tiffany falou cruzando os braços.

—Ah, pelo menos foi da hora.— Dei ombros, começando a fazer um coque com minha metade não raspada do cabelo. Minha performance havia sido cansativa.

Lorena me encarou do momento que eu comecei a tocar até o momento que eu guardei a guitarra. Voltei a me sentar, satisfeita com o resultado.

— É. —Ela admitiu. —Você... Realmente é boa nisso.

—Muito obrigada.— Agradeci, virei pra Tiff.— Cara, lembra daquela vez que a gente tava ensaiando de noite e o barulho tava tão alto que levaram a gente pra reitoria?

— Sim né — Respondeu. — Também, como esquecer isso?

—Até a Sam que não tinha nada a ver com isso foi também, só por que ela tava no dormitório. —Falei, a voz carregada de nostalgia.— O engraçado é que ela nem ligou, ela só foi com a gente mesmo.

—É, ela era muito apaixonada por você... — Tiffany falou, apoiando as costas na parede.—Pra não ligar de sair do próprio dormitório as 23 horas da noite sem ter feito nada.

—Não a culpo, também olha pra você né...— Lorena falou bem baixinho, mas não o suficiente. Ela tapou a boca com as mãos quando notou, como se aquilo tivesse escapado involuntariamente.— Não! Eu quis dizer que...

— HA!— Engasguei.— GAAAY!

—N-não! Não foi isso que eu quis dizer!— Tentou desmentir, se atrapalhando com as palavras.

—Foi isso sim!— Me aproximei dela, apoiando uma mão no chão. - Não precisa negar não, obrigada!

Me inclinei e dei um beijinho em sua bochecha em agradecimento, me afastei de novo, percebendo que ela estava corada.

—E convenhamos, também não é a toa que eu pedi pra você vir hoje ao invés de pedir pra Diana.— Falei abrindo um sorriso malicioso.— Porque também, olha pra você né... —Ela franziu o cenho e olhou pro outro lado, o rosto cada vez mais vermelho. Ouvi Tiff abafar uma risada.

—Nossa, você é a pessoa mais gay que eu já vi em toda minha vida.— Declarou.

—Obrigada! —Virei a cabeça pra ela e abri um sorriso dramaticamente agradecido.

—Eu não tava falando de você.

Parei por um segundo, e uma gargalhada saiu de minha garganta.

—Vai se ferrar! — Lorena se pronunciou.

—Contra fatos não há argumentos.— Rebateu, sem nem um pingo de arrependimento.

Lorena ficou emburrada por um tempinho, sem querer falar nada. Mas depois de alguns minutos ela voltou ao normal.

E pouco depois, nós ouvimos batidas na porta.

—Quem deve ser dessa vez? —Lorena perguntou

—Sei lá. —Levantei e fui abrir, era PJ. — E AÍ?

—Qual é! —Me cumprimentou com um high-five. — Cara, eu tava pensando agora e tem um filme muito bom pra a gente...— Ele já foi entrando no quarto, mas parou no meio do caminho assim que viu Lorena— O que que ela tá fazendo aqui?!

—Ah, ela veio pra Chloe poder passar um tempo com a Zoey hoje. — Expliquei.

—Eu não acredito que eu vim até aqui pra isso... — PJ colocou uma mão na cabeça e suspirou. — É, ok. Eu volto depois.

Ele deu meia volta pra sair.

—Ei! Espera!— Tentei impedir, mas ele já tinha batido a porta.

O quarto ficou em silêncio por um segundo.

—Bom, eu vou pra minha cama. —Tiffany se levantou e subiu a escadinha do beliche.

Eu fui em direção a minha e me sentei, Lorena estava no chão, ainda meio surpresa.

—Ei.— A chamei. Ela olhou pra mim —Senta aqui.

Ela se levantou e se sentou do meu lado, meio desconfiada. Então encostou-se na parede da beliche, suspirando.

—Nossa, eu tô com sono.— Disse, passando a mão no cabelo.

—Quê? São tipo 20hrs30, você dorme cedo assim? — Perguntei.

—Sei lá, eu tenho dormido mais cedo esses dias.— Ela declarou, esfregando os olhos.— Jade?

— Oi. — Respondi, sem olhar para ela.

— Aquele cara que entrou aqui... — Falou —Ele realmente não gosta de mim, né?

Nossa... como falar isso pra ela? 

—É... Bem, você deve ter deixado ele meio chateado na festa, com aquele negócio que você falou pra ele. Você foi um pouquinho homofóbica e tal.— Expliquei, tentando ao máximo não deixar a situação parecer tão ruim. —Mas é por que ele não te conhece. Se ele te conhecesse, ele gostaria de você.

—Eu duvido. — Concluiu.— Muita gente não gosta de mim, eu já tô acostumada... Eu acho.

— Ah, eu gosto de você, lobinha.— Abri um sorriso pra ela, me aproximando um pouco.

Ela esfregou os olhos de novo e bocejou, usando uma das mãos pra apoiar o peso de sua cabeça e falou:

—É, aparentemente eu também gosto de você, Chermont. Só... Um pouquinho...— Ela abriu um sorrisinho e apoiou a cabeça no meu ombro, sem mais conseguir sustentar seu peso.

Ai. Meu. Deus.

—Admitiu, hein?— Falei, soltando uma risada tímida.— Agora, você poderia me especificar em que sentido, mocinha?

Olhei pra ela, mas ela já estava dormindo.

É, ok, sem resposta. Mas ela tá dormindo em cima de mim, então já era um avanço. Observei. Ela ficava muito fofa dormindo, não sabia muito bem como reagir. Eu me sentia meio estranha. Não queria me mover pra não acorda-la. Só... Queria ficar lá um pouco, sentindo sua respiração. Então o fiz.

Depois, quando meu corpo começou a doer de tanto ficar naquela posição, me levantei, e carreguei-a com o máximo de cuidado possível até a cama da Chloe.

— Até amanhã, lobinha.— Murmurei, me permitindo dar um beijinho na sua testa.

Desliguei a luz e fui dormir.

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