Depois que Victor saiu do meu quarto eu chorei muito e estou começando a ficar realmente irritada por ser tão fraca.
Já é noite e Elo veio me chamar para o jantar e eu pedi para que ela trouxesse para o quarto, porém a noticia de que Victor tinha saído me fez descer. Jantamos e ninguém comentou nada sobre tudo o que aconteceu.
Depois do jantar fomos todos para a sala ouvi Elo tocar seu violino. Ela começa tocando Uncover, Nicolas começa a cantar e para a surpresa de todos ele tem uma linda voz.
Eles acabam e nós aplaudimos animados, Elo começa outra música mas dessa vez Nicolas não a acompanha, olho para minha irmã orgulhosa, posso ter falhado em deixa-la ver as agressões de Julio mas em cria-la para ser uma boa menina, não, nisso eu não falhei.
Elo olha para mim e sorri, continuando com as músicas.
Meu celular começa a tocar e o nome de Victor aparece no visor, penso em rejeitar a ligação mas algo me diz para atender e eu atendo.
Ah, como tenho o número dele? Eu salvei esses dias, não me pergunte o motivo.
-Você é uma escrota. - a voz de Victor esta embolada e o som alto da música ao fundo me faz fastar o celular do ouvido.
-O que? -pergunto confusa.
-Isso mesmo, uma hora é não Victor eu não te quero, na outra é vem cá, vem cá Victor. Eu subi a porra de uma janela por você sabia? Com um buraco no meu peito correndo o risco de abrir meus pontos. - diz bravo.
-Victor você tá bêbado? - pergunto baixo me afastando mais e mais da sala de estar.
-Bêbado da verdade isso sim. - sua língua embola.
-Onde você está? -pergunto colocando a mão direita na cintura.
-Não te interessa. - Diz grosso.
-Vai se foder Victor. - digo ainda mais grossa.
-Vai você sua... falsa. - diz como uma criança mimada.
-Deixa eu falar com o barman.- peço autoritária.
-Não. - responde raivoso.
-Deixa de ser infantil Victor, passa logo para o barman. -digo mais firme.
Ouço ele passar o telefone e ao longe o escuto dizer:
-A rainha quer falar com você.
-Alô. - diz uma voz masculina firme.
-Oi, meu nome é Eloah pode me dizer onde ele está? -digo educadamente e o rapaz me passa o endereço, fica a uns vinte minutos daqui.
Porra Victor.
Pego as chaves do carro e não aviso a ninguém que estou saindo, me direciono até o carro igual a um foguete.
****
Depois de vinte minutos chego ao tal bar, a rua é completamente deserta e perigosa.
Respiro fundo para acalmar a raiva e entro no local. Luzes piscam sem parar a música alta quase me deixa surda e eu tenho certeza de que aqui é o pior lugar da região, à somente pessoas mal encaradas e com certeza armadas, prontas pra uma confusão.
Avisto Victor no balcão com uma loira corpuda em seu colo, fervo de raiva.
Caminho com pressa até eles empurrando quem quer que esteja a minha frente, aproximo-me mais deles e os olhos de Victor se cruzam com os meus ele sorri debochado e beija a loira para me provocar.
Meus passos confiantes se atrapalham e eu congelo no lugar vendo a cena, mas dura pouco, o ódio cresce e eu volto a caminhar até eles, puxo a loira do seu colo pelos cabelos e ela grita de dor tentando se livrar.
Victor sorri divertido e eu logo solto a mulher para socar seu rosto, ele urra de dor e é minha vez de sorri debochada.
O rapaz do outro lado do balcão pega um taco de baseball e levanta no ar, pronto para acabar com a pequena confusão.
-Não precisa disso já estou saindo. Vem Victor. - pego ele pelo braço e o mesmo se recusa a levantar.
Uso mais força e o forço a caminhar até meu carro coloco ele no banco do carona e vou para o volante.
Dirijo de volta pra casa e Victor fica olhando pela janela como se lá fora estivesse acontecendo uma guerra entre unicórnios e fadas.
Estamos chegando em casa quando ele fala:
-Você é lobo em pele de cordeiro. - sua voz diz claramente que ele esta bêbado até demais.
-Não meu amor eu sempre deixei claro que sou o lobo, você quem fez uma fantasia idiota na sua cabeça que o lobo que come sua vítima ainda viva era um cordeiro tosco. Só que o cordeiro tosco é você. - ironia esta em minha voz e ele nota isso.
Estaciono o carro na garagem e ele sai do carro bem irritado, batendo a porta com força fazendo o veículo balançar.
Fico o olhando pelo retrovisor e ele me da um dedo do meio.
Minha boca se abre demonstrando o tanto que estou chocada e surpresa, saio do carro batendo a porta também com força.
-Você é tão infantil Victor. - grito e ele se vira para mim me dando outro dedo do meio.
Estou possessa de raiva, vou até ele e soco suas costas ele se vira ríspido e eu me afasto.
-Decide o que você quer caralho. Uma hora me beija dizendo que me quer na outra não quer mais. Pensei que não queria que as pessoas nos visse juntos ou de me verem saindo do seu quarto. Mas vejo que você é maluca. - diz andando na minha direção enquanto eu me afasto.
-E porque eu não iria querer? - digo firme dando um passo a frente.
-Eu sou seu...
-Pode parar Victor. Se vai falar que é empregado calar a sua boca agora. Eu disse não porque você é bom demais pra mim, eu sou uma rosa vermelha, mas não porque é minha cor natural eu sou uma rosa vermelha porque sou banhada à sangue, e você é uma rosa branca com paz, pureza e amor em você e eu não mereço isso. - minha voz é baixa e eu encaro seus olhos.
Vejo em seus olhos uma luta interna entre ficar e conversar ou ir, ficamos apenas nos olhando por um tempo e depois ele se vai deixando-me ainda mais confusa sobre o que sinto.
Raiva ou gostar?
Fecho os olhos com força, fui novamente idiota, subo direto para o meu quarto batendo o pé forte no chão.
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Vigésimo oitavo capítulo com atualizações 🌹