Alice [Completo]

Por bethaniaI

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As aulas se passaram, entediantes como sempre, até o terceiro horário. Eu estava anotando qualquer coisa no c... Más

PRÓLOGO
01 | T a t t o
02 | R o s e
03 | B o w l i n g
04 | D o o r
05 | P a r t y
06 | M a r k
07 | A n s w e r s
08 | S e a r c h
09 | C i g a r e t t e
10 | N i g h t
11 | J a m e s
13 | C a r t h e r
14 | L i e s
15 | O r a n g e
16 | R e d
17 | D a d
18 | T r u e
19 | R u n
20 | D e c i s i o n
21 | R e a s o n
22 | B l u e
23 | P l a n
24 | B u r n
25 | Q u e e n s
26 | R e v o l u t i o n
27 | P e t e r
28 | F r i e n d
29 | S a v e
30 | G l a s s
31 | C r o w n
32 | E n d
Epílogo
Agradecimentos

12 | P r i s o n

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Por bethaniaI


- Podem amarrá-la! - ordenou ele. Ouvi o barulho das correntes colidirem com o chão e os passos apressados em minha direção.

- Ei que porra é essa? - Vanessa entrou na minha frente.

- Saia. Não queremos machucar você. - ele continuou - Você não faz parte disso. - outros três homens entravam na casa.

- Nenhum de vocês vai tocar nela. - Beatrice se juntou a Vanessa.

- E é você que vai nos impedir? - ele deu uma risada - Pode amarrá-la também, é outra deles.

- O que? - gritou ela, quando eles seguraram violentamente seus braços, puxando os mesmos para trás e amarrando as correntes com força.

- Não... Não machuquem ela... - pedi ofegante, arrastando-me pelo chão - É a mim que vocês querem, não é? Deixem ela em paz... - eles vieram até mim e puxaram meu braço com uma força desnecessária, já que eu quase não conseguia me mexer.

As correntes apertaram os meus pulsos e eu soltei um grito de dor.

- Que merda está acontecendo? - Vanessa franziu as sobrancelhas - James o que é isso? - ele se virou para ela.

James usava um terno preto, seus cabelos eram curtos e negros, além de usar um óculos escuros que escondia sua identidade de fato. Sua postura era a de um homem importante e poderoso.

O perfume que vinha dele era amargo, ardia os olhos.

- Esta garota está no nosso espaço. No espaço dos Cartheres. E você fez um bom trabalho com a barreira na porta para capturá-la. - sorriu para Vanessa.

- Que barreira? Do que está falando? Capturar? - os olhos dela brilhavam em confusão com as palavras que tinham sido atiradas nela.

- Agradeça a sua mãe por te proteger deles. - voltou os olhos para nós, que estávamos jogadas no chão, sob os olhares de desgosto deles - Se você continuar na casa da sua amiga, Alice... Você morre. - franzi as sobrancelhas - O umidificador de ar daqui tem substâncias tóxicas que só afetam os Hadrias. Sua mãe é muito precavida. - sorriu novamente para Vanessa.

- Espera - ela interveio - A minha mãe sabe de tudo isso aqui?

- Provavelmente ela soube no dia que você convidou a garota para dormir aqui. Ela soube quem Alice era.

- Como você sabe que eu fiz isso?

- Somos uma grande família, querida. Não se preocupe. Sua mãe trabalha para nós e você está segura.

- É melhor você e seus amigos sairem da minha casa antes de que eu chame a polícia. - James a encarou com desdém.

- Pegue a compressa e desmaie as meninas. - ele ordenou para um dos homens. A corrente apertou-se ainda mais nos meus pulsos, puxando meu corpo. Imaginei que o lugar onde elas se apertavam já estava roxo.

Logo, um pano molhado com alguma toxina foi colocado entre minha boca e nariz.

Meus olhos lacrimejaram e os gritos não saíam.

Ouvia Beatrice exasperada ao meu lado, debater-se até não conseguir mais emitir som. Assim como eu.

- SOLTE AS MINHAS AMIGAS AGORA, O QUE VOCÊ PENSA QUE ESTÁ FAZENDO? - Vanessa pegou o celular, mas um daqueles rapazes retirou o objeto da mão dela com muita facilidade e jogou no chão, quebrando-o, como se não fosse nada.

- Pare de agir como uma criança. - pediu James, aproximando-se dela - Ouça o que eu lhe contar sobre o que está acontecendo e você entenderá porque deve ficar do nosso lado. Afinal, depois de tanto pedir para ela te contar sobre isso e ela se fazer de desentendida... É porque há algo que você não gostaria de saber. - sussurrou a última frase no ouvido dela. - Algo que ela não quer que você saiba. - os lábios finos se estenderam num sorriso maquiavélico.

Vanessa me encarou com confusão no olhar, até mesmo pude sentir algo como... Desconfiança.

Eu podia jurar que eles estavam marejando. Balancei a cabeça negativamente para ela. Não acredite nele. Ele vai tentar fazer a sua cabeça. Sua idiota. Não havia nada que ele pudesse dizer para me incriminar de algo, a não ser que mentisse.

E não duvidei que ele o faria.

Ela concordou com James e saiu com os outros três rapazes da casa em silêncio, cabisbaixa, como se tivesse recebido a notícia que alguém próximo tinha morrido.

Foi mais fácil mantê-la quieta do que jamais imaginei.

Com violência, James nos puxou pela ponta das correntes e nos jogou dentro de um carro preto que estava estacionado na porta.

Beatrice e eu trocávamos olhares de medo, confusão, desculpas e acima de tudo, eram olhares muito cúmplices.

Ela apoiou sua cabeça zonza sobre meu ombro e eu deitei sobre a dela. Queria me desculpar por tê-la colocado no meio de tudo isso. Não era para isso terminar dessa maneira.

Demorou para que eles entrassem no carro. Minha visão já estava ficando turva e a boca adormecida; formigando.

James ligava para alguém quando bateu a porta do carro. Eu não conseguia escutar direito. Um frio na barriga me dominava e a angústia, talvez, não me permitisse ouvir.

O carro entrou em movimento e meus olhos se fecharam.

Acordei com os rapazes nos puxando com brutalidade para fora do carro.

Ainda estava sonolenta quando percebi que estávamos em uma floresta.

- James, quanto tempo falta? - perguntou um rapaz que já esperava por lá.

- Já é quase meia noite. - respondeu.

Franzi as sobrancelhas tentando organizar meus pensamentos.

Olhei em volta e estava tudo muito escuro. A estrada era iluminada por apenas um poste. Não dava para identificar onde estávamos, não tinha nenhuma casa, nenhum ponto de referência.

Eles estavam esperando algo.

Claro.

O portal.

Jack havia nos contado sobre isso.

Estávamos saindo deste mundo.

Beatrice estava adormecida sobre meus joelhos. O sono também me dominava novamente. Tentei lutar contra ele, tentei continuar ouvindo a conversa para poder ver como era o portal e o que fariam conosco.

Mas até minhas pálpebras me trairam.

Pisquei lento, tentando entender onde estávamos.

Parcialmente escuro. Chão gelado e paredes úmidas.

Na nossa frente, barras de metal.

Era uma cela.

- Beatrice! - chamei - Ei, Bea! - continuei.

Meus braços estavam amarrados nas costas. Não podia tocar nela ou chacoalhá-la. Mas logo, ela abriu os olhos, sonolenta mas, analisando o lugar.

- Que isso? - tentou mover os braços, sem sucesso - Você sabe onde nós estamos?

- Não faço a menor ideia. Mas eu acho que ele atravessou o portal com a gente.

- O que? - gritou - NÃO ESTAMOS NO NOSSO MUNDO? - ela respirou fundo, tentando manter a calma - Aqueles caras... Se eles são os Cartheres...

- Eles vão nos matar. - conclui. - Estamos ferradas... - suspirei.

Se ao menos Jack soubesse o que nos aconteceu... Talvez ele soubesse o que fazer.

Se Jack estivesse aqui...

Um silêncio nos abraçou. Ficamos encarando o chão acimentado durante alguns minutos.

- Não acredito que vou morrer assim. - encarei-a quando ela disparou - Com fome. - ela sorriu, dirigindo os olhos a mim. Sorri de volta.

- Você parou para pensar que a Vanessa era uma descendente de Carther esse tempo todo? - comentei e ela riu.

- E vocês eram muito amigas.

- Nós somos amigas. - falei, encarando o chão novamente - Isso não vai mudar. Quero dizer, até que venham nos matar.

- Relaxa, nós iremos sair daqui. Vai ser igual naqueles filmes onde algo bem insignificante salva as nossas vidas. - ela piscou um dos olhos e começou a rir.

- Então diga a essa coisa insignificante que eu já estou impaciente. Ela pode acontecer logo.

- Mas sério, não acho que vamos morrer agora. Os Cartheres não vão parar as sobreviventes. - endireitou a postura, fazendo-me rir.

- Bem, então vamos deitar para esperar pelo nada. - encostei-me na parede. - Desculpe envolver você nisso.

- O que?! Você não me envolveu nisso. Eu me envolvi no dia do boliche. Não é sua culpa.

- É, mas se não tivesse me conhecido, nada disso teria acontecido com você.

- E a vida não teria se tornado tão interessante. - encarei-a e ela sorriu.

A vida.

Lembrei-me o quão pouco eu sabia sobre a vida dela, seus pais, ou sobre a sua ascendência.

- Você sabe quem era Hadria na sua família? - perguntei, e ela deu de ombros.

- Não. Eu fiz uma pequena pesquisa mas não me levou a lugar algum. - ela encarava o teto. - Mas fico feliz por quem quer que seja que me deixou essa herança. - sorriu.

Ficamos conversando durante mais algum tempo.

Ela me contou que seu irmão Nathan, só é irmão por parte de pai, mas eles se dão muito bem desde crianças.

Contou-me ainda, sobre seus pais, que só aparecem em datas como Natal e Ano novo.

Saber mais sobre ela e ouvir suas histórias me ajudaram a passar o tempo. Se não fosse pelas correntes fazendo meus pulsos latejarem, eu até me esqueceria de que estávamos presas numa cela para morrer.

Depois de tanto tempo, acabamos adormecendo.

Fomos acordadas pelo ranger do metal da cela, se mexendo.

Alguém estava abrindo.

Abri os olhos com certa dificuldade, vi a silhueta escura de dois homens. Dentro da minha cabeça eu supliquei para que um deles fosse Jack.

- Taylor? - Beatrice reconheceu uma das figuras. Franzi as sobrancelhas quando também vi seu rosto, ao lado de James.

- Gatinha? - ele me encarou, assustado.

- Vocês se conhecem! - saudou James. - Vai ser mais fácil para você levá-las daqui. - Taylor desamarrou cuidadosamente a corrente de um dos pinos presos a parede. James, por outro lado, arrancava com violência a que prendia Beatrice.

Taylor parecia tão confuso quanto nós duas. Parecia com muito mais medo. Suas mãos tremiam ao segurar as minhas correntes. Eu o encarava, mas não entendia o que ele estava fazendo ali.

Ele não conseguia me olhar nos olhos, por mais que eu forçasse o contato.

James puxou Beatrice, e Taylor me levou consigo por um corredor bem bonito. Cheio de quadros pelas paredes e um tapete azul no chão.

Depois de caminharmos por alguns minutos, duas portas enormes se abriram na nossa frente, pintadas de branco e dourado.

O tapete azul se estendia até uma escada que levava até um pequeno altar, que sustentava um trono dourado.

Nele, encontrava-se uma mulher alta, de cabelos brancos e olhos turquesa.  
Uma figura tão mágica e bonita, que nos encarava com uma das sobrancelhas escuras e perfeitamente desenhadas para o seu rosto, arqueadas. As unhas enormes, balançavam na frente do rosto.

James nos empurrou para mais perto dela.

- Então é você a filha de Elizabeth? - perguntou. Sua voz saía arrastada, soando como uma cobra. - Uma criança... - estreitou os olhos de cor única e sorriu de uma forma que eu não conseguia entender.

Ela se levantou e veio até mim, rodeando-me. Cheirou minha pele, tocou meu braço e suspirou.

- Um corpo tão insignificante e tão humano quanto o seu... Imaginem quanto poder eu posso ter quando matá-la... - falou, com a voz cheia de excitação.

- Quem é você? - ousei perguntar. Ela ficou séria, parecendo surpresa.

- Rainha Claire. - o tom de sua voz mudou, tornando-se mais grave - Não ouviu falar de mim?

- É, no mundo dos humanos nós não sabemos nada do que acontece aqui. Mas porfavor, Claire, escute-me. Sou eu que você quer. Não ela. Tem como levá-la de volta ao mundo que ela pertence? Eu irei com você sem reclamar.

- Você irá sem reclamar?! - deu uma risada longa - Você irá de qualquer jeito, menina. Só me surpreende o quão fraca você é... - sua unha deslizou pelo meu queixo - Elizabeth teria lutado mais pela sua vida. Mas é uma pena que todo aquele poder foi desperdiçado... Não posso deixar acontecer a mesma coisa com você.

- O que você sabe sobre a minha mãe...?

- O seu papai não te contou? - ela abriu um novo sorriso, aqueles dentes quase pontiagudos e afiados. - Elizabeth era a mulher mais poderosa deste mundo, e o sonho de qualquer um de nós - levantou a manga de seda do vestido branco, mostrando a rosa azul no braço - Faria qualquer coisa para matá-la. Assim como você, ela fugiu para o mundo humano, ficando longe das nossas garras. Infelizmente, aquele inútil do seu pai a matou. Tanto sangue vermelho jogado fora... - sentia o desgosto na sua voz.

- Isso tudo... Por poder?

- Por poder?! - repetiu num grito que fez as janelas tremerem - É claro. Uma criança como você não entenderia nada disso... Foram décadas sendo subordinados daquela raça. Do seu povo, da sua espécie. Inferiores, ridicularizados aos olhos daquelas bruxas idiotas...

Do seu povo, da sua raça.

Elizabeth teria lutado mais pela sua vida.

Ela tinha razão.

A minha mãe não pôde lutar pela sua vida.

Mas eu posso.

Posso proteger os poucos de nós que restam, posso lutar pela minha vida.

Senti o calor do sangue nas minhas veias. Queimando a minha pele. Toda a fúria daqueles que se foram antes de mim, antes da minha mãe.

Daqueles que não puderam escapar da morte azul.

Fechei os olhos.

Era o poder que corria nas minhas veias que Jack falava, que Claire buscava e que meu pai queria para si.

- O que esta garota está fazendo? - ouvi sua voz e senti o seu toque no meu braço.

- Vamos levá-la logo para a morte. - falou James. Ouvi seus passos se aproximando de mim.

Tudo que me lembro é do seu toque áspero no meu braço.

Quando ele tocou novamente meu braço, tudo que me lembro, era de ter visto um clarão. E quando este desapareceu, todos estavam caídos, desacordados no chão.

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