O Herdeiro

By Liv_Vieira

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Livro 2. Após uma gravidez difícil e complicada, Marlee finalmente dá à luz ao príncipe Benjamin Tames Armst... More

Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 12
Capítulo 13

Capítulo 11

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By Liv_Vieira


Enquanto cavalgo em direção à aldeia, sinto a adrenalina pulsando em minhas veias. Meu coração batia acelerado em meu peito e minha respiração estava desregulada. Ficar nesse estado nunca foi um problema pra mim, já que era uma característica comum enquanto eu cavalgava em cima do trovão, no entanto, a situação era completamente diferente.

– É melhor não chegarmos na aldeia cavalgando nessa velocidade. – Diz Ian – Não sabemos o que está, de fato, acontecendo.

– Tudo bem. – Diminuo o ritmo das cavalgadas assim que entramos na aldeia.

A princípio, tudo parecia normal. Casas simples, variáveis plantações e comércios em todos os cantos, mas aos poucos, o cenário começa a mudar. Seguro as rédeas com firmeza e paro na parte lateral da aldeia, próximo ao mercado camponês. Meus olhos percorrem todo o local com muita cautela e a primeira coisa que eu reparo é a enorme fogueira que se localizava no centro da aldeia. Poderia ser uma fogueira qualquer, se não fosse pelos corpos sem vida que se encontravam próximos à fogueira. O clima era desagradável, as pessoas corriam de um lado para o outro, enquanto outras choravam pelos seus familiares. Nunca vi nada mais triste que isso.

– Ben, como vamos encontrar a Mirella? – Ian pergunta repentinamente.

– Ela não deve estar longe. – Olho ao redor procurando por qualquer sinal dela. – Tenho certeza que ela não escondeu o Trovão do jeito correto.

– Não? – Ian arqueia as sobrancelhas – Como sabe?

– Ela deveria saber que ele odeia lugares muito fechados. – Digo, ao avistar o mesmo com a cabeça de fora. Cutuco o bichano e vou em direção ao pequeno cubículo em que o Trovão se encontrava.

– Você é muito perfeccionista. – Murmurou Ian logo atrás de mim.

– Não sou perfeccionista. – Desço do cavalo entregando as rédeas para ele e vou até o trovão, alisando seus pelos pretos como o carvão. – Sou um observador nato. – Dou um meio sorriso – Você me deixou preocupado, amigo.

– Sinto muito por atrapalhar o momento do casal – Mesmo de costas, sinto o tom de ironia na voz do Ian – Temos que ir.

– Você atrapalhou nosso momento – Riu baixo e me viro – Se ele está escondido aqui, ela só pode estar dentro desta casa.

Digo e aponto para casa ao lado. Era uma casa simples, mas bonita.

– Então vamos lá. – Assinto e me aproximo da porta – Senhorita Cooper? – Chamo por ela e estranho ao ver a porta entreaberta.

– Mirella! – Entro na casa e observo o local com cautela. A princípio, tudo parecia intacto e o silêncio era ensurdecedor.

– Vou olhar nos quartos. – Ian me informa, antes de se virar e entrar na primeira porta à sua frente.

Assim que me encontro sozinho, começo a procurar pistas. Qualquer coisa poderia ser útil. Não consigo parar de pensar na Mirella pequena, correndo pela casa, com os seus cabelos louros soltos e seu sorriso encantador. Deve ter sido difícil quando seu pai veio a falecer, e ela descobriu que ela não poderia ser apenas a irmã mais velha ou a primogênita, que ela teria de ser alguém responsável para ajudar sua mãe a cuidar da casa e de sua irmã.

– O que você está fazendo aqui? – Ouço uma voz rouca e fraca logo atrás mim, me viro e solto um suspiro de alívio. Ela parecia bem, aparentemente.

– Você saiu sem me avisar... – Ela parecia exausta – E também pegou o meu cavalo e eu estava preocupado com a senhorita.

– Para de me chamar assim. – Ela bufa, passando seu pulso em sua testa – Não sou uma senhorita. Sou uma camponesa e a alteza não deveria ter vindo. Esse lugar está um verdadeiro caos.

– Acha que eu não sei disso? – Indago – Eu estou consciente de tudo o que está acontecendo, mas quando você sumiu e o Trovão também, eu não pensei duas vezes. Já sou bem grandinho para saber o que me faz bem e o que me faz mal e você, Mirella, me faz bem.

Assim que termino de falar, sinto como se tivesse tirado um peso dos meus ombros. Tento buscar algum indício de raiva em seus olhos, mas eles estavam completamente indecifráveis. Ela era como uma caixa e eu só irei saber o que ela está pensando se ela permitir isso.

– Ben, temos um problema aqui. – Desvio o olhar até o meu amigo – Venha.

Sigo ele pelo cômodo estreito e entro em um pequeno quarto, olho ao redor e congelo ao ver uma mulher de cabelos louros deitada em uma cama. Ela não parecia nada bem. Seu corpo inteiro transpirava, enquanto bolhas de água se espalhavam pelo mesmo. Sinto um tremor em todo meu corpo ao me lembrar da mulher que apareceu no reino pouco antes da minha saída.

– Está satisfeito, alteza? – Mirella praticamente berrou – Ela está morrendo. Agora já pode se retirar. – Ela se abaixa ao lado de sua mãe, e quase tenho certeza de que ela estava rezando.

– Senhora Cooper, eu sinto muito por tudo o que está acontecendo. Não tenho certeza sobre os boatos que rolam pela aldeia sobre mim, mas eu gostaria de lhe provar que não sou um príncipe egoísta e mimado. – Olho de relance para a Mirella e suspiro – A senhora aceita a minha ajuda?

– Nunca duvidei da sua bondade, vossa alteza – Ela diz, com dificuldade – Peço desculpas pelo comportamento da minha filha. – Ela segura um pano contra sua boca e tosse – Eu aceito sua ajuda, alteza.

– Não se preocupe com isso – Abro um meio sorriso – Ian, ajude a senhora Cooper.

Meu amigo se aproxima da senhora Cooper e ajuda ela a se levantar. Observo os dois sumindo do quarto e assim que me encontro sozinho com a Mirella, começo a me justificar.

– Antes que a senhorita venha brigar comigo, quero que saiba que, tudo o que está acontecendo no reino não é minha culpa. Se tem alguém que se preocupa com o bem-estar das pessoas deste reino, essa pessoa sou eu, afinal, esse é o meu povo. Nenhuma daquelas pessoas que estão mortas à beira da fogueira mereciam isso. Ela são vítimas e eu espero fazer de tudo por todos, inclusive, a sua mãe. – Assim que despejo tudo o que estava preso em minha garganta, sinto um grande alívio.

– Ben, me desculpe, mas eu não estou muito bem. – Diferentemente do que eu imaginava, a garota a minha frente estava calma – Já perdi o meu pai e perder a minha mãe seria o fim. Eu não aguentaria.

– Isso não vai acontecer. Dou a minha palavra que farei de tudo para que sua mãe seja bem cuidada e quando você menos esperar, ela estará boa novamente. – Sorrio abertamente, encarando seus olhos.

– Promessa é divida, vossa alteza. – o canto da sua boca se volta para cima por um breve momento, mas o que parecia um sorriso, desaparece no momento em que uma garotinha entra correndo pelo cômodo.

– Cadê a mamãe, Mi? – A garotinha se agarra no vestido da Mirella – Ela foi levada?

– Emma, a mamãe está bem... – Mirella se ajoelha, ficando da altura da garotinha – O príncipe veio nos ajudar.

– Por que o príncipe nos ajudaria? – Rio ao ouvir a indagação daquela menina tão pequena, mas ao mesmo tempo, tão parecida com a Mirella. – Quem é você?

Dessa vez, o olhar interrogativo dela está sobre mim. Dou o meu melhor sorriso, antes de me ajoelhar próximo à ela.

– Fico triste por saber que uma das meninas mais bonitas do reino não me conhece. – Ela cruza os seus braços, ainda repleta de desconfiança – Como você se chama?

– Me chamo Emma. – Ela responde seriamente – Eu só tenho nove anos de idade, mas sei que nada está bem. A mamãe não está muito bem. – Ela suspira perdendo um pouco a postura, mas logo a recompõe – E você?

– Bom, Emma, eu me chamo Benjamin. – Estico a minha e sorrio – Mas pode me chamar de Ben.

Ela hesita por alguns segundos enquanto encara a minha mão, mas logo abre um pequeno sorriso e aperta minha mão.

– Você é bonito. – Ela diz de repente – Minha irmã também te acha muito bonito.

Seguro a risada, enquanto observo a Mirella corar absurdamente. Ela me encara com o nariz arrebitado, mantendo a sua postura.

– Emma, não pode sair falando essas coisas. – Ela repreende a irmã mais nova e então, volta a olhar para mim – Podemos ir?

– Sim. Por favor, primeiro as damas – Dou um passo para trás e espero as duas passarem na minha frente para que eu comece a segui-las.

Assim que passamos pela porta, o ar volta a ficar com um cheiro ruim e a fumaça não havia diminuído. Olho ao redor e fico surpreso ao ver uma carruagem do castelo nos esperando.

– Ben, posso falar com você? – Desvio o olhar para a garota a minha frente.

– Pode sim. – Respondo.

Ela parecia outra pessoa. Depois do que sua irmã disse, Mirella parecia estar envergonhada.

– Queria me desculpar pelo o que a minha irmã disse. – Ela sorrir meio sem jeito – Sou apenas uma  camponesa e entendo que vossa alteza está à procura de uma pessoa. Uma pessoa que esteja a sua altura.

– Como? – Arqueio uma de minhas sobrancelhas – Você está certa sobre eu estar procurando uma pessoa, mas nunca disse que a pessoa precisava ter um título importante.

– Ah, não? – Ela pergunta, esperançosa.

– Não. – Sorrio e dou um passo para frente, ficando ainda mais próximo dela – Essa pessoa pode ser uma camponesa. Alguém tão teimosa, a ponto de roubar o cavalo do príncipe.

Ela arregala os olhos e morde o lábio inferior.

– Isso não daria certo... – Ela murmura. – Olhe só para você. Ben, eu não sou uma dama refinada.

– Mirella, você é a dama mais encantadora deste reino. – Suspiro baixo – Eu adoraria conhecer a verdadeira Mirella.

– Acredite em mim, você não iria gostar nenhum pouco dela. – Ela sorrir fraco.

– Apenas me dê uma chance. O que você me diz? – Estico a mão na direção dela.

– Está certo. – Ela sorrir e segura na minha mão – Acho que posso fazer isso.

Deposito um beijo delicado na mão dela e sorrio, indo em direção a carruagem.
Minha vida estava uma bagunça. E mesmo com toda essa confusão, sentir a presença da Mirella ao meu lado, me acalmava.

– Você aceita me acompanhar em um passeio a cavalo? – Pergunto.

– Será uma honra, vossa Alteza.

Ela sussurra e deposita um beijo suave em minha bochecha, fazendo com que as famosas borboletas no estômago ganhem vida.

* * *

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