Capítulo 2

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Após o café da manhã, acompanho meu pai até a sala de reuniões. Ele havia combinado de me ensinar algumas coisas sobre como deixar o reino em perfeito estado - o que ele e a minha mãe faziam muito bem - e em como seria a partir do momento em que eu governasse.

Confesso que a ideia de governar sozinho não era tão agradável. Mas meu pai sempre diz que eu sou inseguro, pelo fato de não ter ninguém para compartilhar esse sentimento e que quando eu encontrar a pessoa certa - se é que ela exista -, eu irei me sentir mais seguro com a ideia.

– Benjamin? – Saio dos meus devaneios.

– Sim? – Endireito a postura.

– Acho que por hoje chega. – Ele se levanta e mesmo longe, poderia notar seus ombros tensos e seu rosto abatido. Talvez ser rei não fosse algo tão divertido como eu havia imaginado. – O que acha de cavalgar? Ainda temos um tempo livre antes de almoço.

Cavalgar estava no meu sangue. Desde pequeno sempre tive uma afeição muito forte por cavalos e desde que aprendi a montar um, não pude me controlar e é por esse motivo que cavalgava sempre que era possível.

E se tem uma coisa que eu nunca nego é cavalgar e modéstia parte, eu sou muito bom nisso.

– Você ainda pergunta? – Sorrio e me levanto – O tio Christopher vem com a gente?

– Dessa vez ele não vai poder. – Sigo ele para fora da sala – Parece que ele tem outros compromissos.

– Então seremos apenas eu e você?

– Não exatamente. – Ele sorrir.

Decido ficar em silêncio e apenas o seguir. Se eu conhecia bem o meu pai, diria que a nossa convidada seria a minha mãe, a julgar pelo modo de como seus olhos brilhavam e seu sorriso se intensificava a cada passo dado em direção ao estábulo. De longe qualquer um poderia perceber a força do amor dos dois, algo puro e verdadeiro, capaz de vencer qualquer obstáculo.

E era esse tipo de amor que eu desejava para mim. Claro que não seria com as mesmas dificuldades e nem por meio de uma aliança - pelo menos foi o que eles me prometeram -, mas não tenho pressa, creio que esse amor chegará no momento certo.

– Pensei que não viriam! – Vibro por dentro ao ver que minha suspeita estava correta.

– Ben e eu estávamos tendo uma conversa de adulto, não é mesmo filho? – Assinto e sorrio – Mas agora estamos aqui... – Ele diz, enquanto se aproxima dela.

Eu amo os dois, mas não consigo aguentar tanta melação. Por isso, na primeira oportunidade que tenho, me afasto dos dois e vou até o meu cavalo favorito. Trovão.

– Como você tem passado, amigo? – Pergunto ao animal – Parece que estamos de vela, não é mesmo?

Sorrio ao ouvir o rincho do bichano.

– Como andam as coisas? – Ouço a voz da minha mãe soar bem próxima, me viro e encontro seus olhos postos em mim – Digo, em relação aos ensinamentos que você anda tendo com o seu pai?

– Está tudo bem, mãe. – Digo, enquanto acaricio os pelos do trovão – E quanto aos preparativos para baile? Está tudo certo para amanhã?

Não devia estar nervoso, mas estava. Só de pensar que terei de dançar com todas as princesas, podia sentir meu corpo ligeiramente alvoroçado.

– Sim, está tudo certo. – Ela se aproxima – Mas não vamos falar sobre isso, tudo bem? Esses assuntos são bem estressantes as vezes, acredite, sei exatamente como está se sentindo. – Apenas sorrio enquanto a encaro.

O Herdeiro Where stories live. Discover now