O Herdeiro

By Liv_Vieira

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Livro 2. Após uma gravidez difícil e complicada, Marlee finalmente dá à luz ao príncipe Benjamin Tames Armst... More

Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13

Capítulo 10

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By Liv_Vieira


Uma vidente. Uma praga. Um novo concorrente ao trono. Uma garota desconhecida. Tudo isso em menos de uma semana. Não consigo raciocinar direito desde que meu pai saiu da sala para chamar minha mãe. Ele estava tenso desde o recado do guarda e eu não o culpava, mas algo me dizia que ele sabia mais do que eu. Ouço murmúrios vindo do corredor. Me levanto e me aproximo da porta entreaberta, logo percebo que as vozes pertenciam aos dois guardas que há pouco estavam na sala de reuniões com suas expressões confusas e repletas de medo. Medo do desconhecido.

– Você viu o estado daquela mulher? – Perguntou um dos guardas – A pele dela estava horrível.

– Mas é claro que eu vi. – O outro responde – O que será que aconteceu naquela aldeia? Creio que não deva ter sido nada agradável. Soube  por alguns guardas que houve muitas mortes e todas estavam no mesmo estado daquela mulher.

Não compreendo como teve tantas mortes sem que o palácio soubesse. Meu pai está demorando e eu não posso ficar parado enquanto pessoas morrem. Abro a porta e passo pelos guardas sem dizer uma palavra. Qualquer que tenha sido o motivo das mortes, eu não desejo que retorne.

– Benjamin – Ouço uma voz um tanto familiar – Preciso que me leve para a aldeia.

Me viro e me deparo com a Mirella no pé da escada. Ela vestia uma camisola longa, de cor branca. A peça de roupa era transparente o bastante para que eu pudesse enxergar todas as suas curvas. Desvio o olhar no exato momento em que sinto minhas bochechas queimarem.

– Senhorita Cooper – Limpo a garganta – o que faz fora da cama?

Me sinto aliviado ao perceber que ela não havia notado meu olhar sobre seu corpo.

– Sinto muito, mas eu precisava lhe encontrar. – Ela termina de descer os últimos degraus – Estão todos comentando sobre a possível matança que ocorreu ou está ocorrendo na aldeia. Minha mãe e minha irmã estão lá. Eu preciso ajudá-las.

– No momento, a única coisa que eu sei é que está acontecendo alguma confusão na vila. Peço desculpas pelos boatos que a senhorita ouviu, mas creio que a situação não possa ser resolvida tão facilmente.

– Eu preciso ir até a vila, por favor. – O medo estava nítido em seus olhos, tão nítido que meu coração chega a doer.

– Não posso lhe prometer nada. – Coloco as mãos no bolso – Mas tentarei resgatar sua mãe e irmã em segurança. Pode confiar em mim?

Ela me encara, antes de responder:

– Posso.

– Obrigada, agora, eu acho melhor a senhorita voltar para a cama. – aponto para os curativos em seu rosto – Ainda não está totalmente boa.

– Você está certo. – Ela estranhamente concorda comigo – Vou subir e me deitar. Com a sua licença vossa alteza. – Ela sorrir, antes de se virar e subir pelos degraus.

Mirella é diferente de tudo que eu já conheci. Ela tem algo que eu nunca vou ter. A liberdade de fazer o que bem entender sem ter que pensar em milhares de pessoas primeiro.

– Filho, precisamos conversar. Agora mesmo. – Me viro ao ouvir a voz aflita da minha mãe.

– Está tudo bem? – Pergunto, mesmo que por uma questão de percepção, eu soubesse que nada estava bem.

– Nada está bem. – Dessa vez, meu pai que responde – Podemos conversar um instante?

– Sim, claro.

Acompanho os dois em silêncio até a sala de reuniões. Os murmúrios pareciam cada vez maiores. Seja lá qual for o motivo, não deve ser nada bom, levanto em conta as expressões nos rostos dos meus pais.

– O que aconteceu? – Pergunto, após me sentar na grande mesa.

– Houve uma grande confusão na aldeia e muitos se encontram gravemente feridos, ou até mesmo mortos. – Meu pai diz, com cautela – No começo, pensamos que fosse algum mal entendido entre as pessoas, mas agora não tenho tanta certeza.

– O que acham que pode ter acontecido? – Tento manter a postura.

– Achamos que a profecia está se cumprindo. – Ele responde, desviando o olhar.

– Profecia? Do que está falando, pai? – Ingado, completamente confuso.

– Há muitos anos atrás, houve uma grande comemoração aqui no castelo. Você ainda era bem pequeno e nós estávamos comemorando o seu nascimento e como em todas as festas, você recebeu muitos presentes, desde os mais simples até os mais caros. A questão é... Uma mulher veio até a sua mãe e disse que iria dar de presente para você, uma grande revelação do futuro. – Ele respira fundo, antes de continuar – Ela revelou que daqui há alguns anos, uma grande praga iria se instalar no reino.

Minha cabeça começa a girar de repente, como se algo tivesse me atingido a parte de trás da minha cabeça.

– Nós não acreditamos nela. – Desvio o olhar para minha mãe – Não acreditávamos em profecias... Mas agora, com tudo o que está acontecendo, não consigo parar de pensar que seja isso.

– Está me dizendo que o reino está a mercê de uma praga? – Me levanto completamente transtornado – O que é essa praga? Mortes, discórdia, doença, traição? Vocês sabem exatamente o que é?

– Não temos certeza. – Paro de andar pela sala e encaro minha mãe – Há tantas coisas acontecendo, Ben... Não podemos salvar milhares de pessoas, não temos capacidade para isso. Temos que... Apenas tentar controlar a situação e fazer tudo o que estiver ao nosso alcance.

– Podemos fazer algo sim. – Suspiro baixo – Temos quartos suficientes para acolher algumas pessoas. Não podemos ficar trancados aqui dentro, enquanto pessoas morrem lá fora.

Minha mãe se levanta com os olhos arregalados.

– Você não pode sair por aí, Ben... Ainda não temos certeza do que está acontecendo. – As rugas em volta dos seus olhos eram pequenas, mas devido ao momento de tensão, elas pareciam maiores. Como se ela nunca descansasse. – Ao menos espere a vidente chegar, talvez se ela disser mais alguma coisa...

– Não, mãe. – Digo, firme – Você me criou pra ser um príncipe e não um covarde que se esconde no castelo atrás de seus guardas, enquanto pessoas estão morrendo lá fora. – Aliso seu rosto e deposito um beijo em sua testa – Apenas confie em mim.

– O que você vai fazer? – Meu pai pergunta, e por um momento, vejo o medo nos olhos dos meus pais.

– Vou fazer o que qualquer pessoa em sã consciência faria. – Sorrio de lado indo até a porta – Farei o possível para ajudar à todos.

Abro a porta e saio daquela sala de cabeça erguida. Eu não faço a menor ideia do que esteja acontecendo atrás desses portões, mas eu não vou ficar de braços cruzados esperando. Vou agir.

– Ian? Ainda bem que te encontrei – Sorrio aliviado ao ver o meu amigo olhando por todos os lados – O que está procurando?

– Hã... Eu... – Ele resmunga algo, antes de dizer tudo rapidamente – Amirellasumiu.

– O que você disse? – Trinco meu maxilar.

– A Mirella sumiu. Não achamos ela em canto nenhum, muito menos o seu cavalo.

– Droga. – Começo a andar em direção ao estábulo

– Para onde você vai? – Ian acelera os passos, me seguindo pelo gramado.

– Ela pegou o Trovão para ir atrás da família dela. – Começo a preparar outro cavalo – Vou ir atrás dela. Onde mais eu iria?

– Você está louco? – Ele segura a sela, me olhando seriamente – Não podemos sair do castelo. Na verdade, você não pode sair. Não sabemos o que está acontecendo na aldeia, você pode se ferir e se isso acontecer a Manu me mata.

– Você sabe que eu nunca fugi de nada. – Termino de colocar a sela no cavalo – Precisa me deixar ir. A Mirella precisa de mim.

– Não tem nenhuma chance de eu te convencer a não ir, tem? – Ele pergunta, pensando na questão.

– Nenhuma. – Riu baixo – Olha, você tem duas opções. Me deixar ir resolver esse assunto sozinho, ou pode vir comigo.

– Não tenho escolhas. Se eu não for, a sua prima vai ter um ataque – Sorrio de lado e observo ele aprontar o outro cavalo e subir em cima do mesmo – Vossa alteza pelo menos tem um plano?

– Meu único plano, por enquanto, é trazer a Mirella e a sua família pro castelo. – Seguro nas rédeas – Vai desistir?

– Não mesmo. Nunca nego uma boa corrida. – Assinto e sem perder tempo, cutuco o trovão com a minha bota e sem pestanejar, o animal dispara em alta velocidade pela estrada de terra.

Enquanto o bichano corria pela estrada de terra, meu pensamento estava voltado para uma certa garota. Não posso negar que ela meche comigo e agora que ela corre grandes chances de ser atacada pela praga, me sinto ainda mais na obrigação de protegê-la.

Aguente firme, Mirella...

Era a única coisa que eu pensava enquanto avançava em alta velocidade para a aldeia.

* * *

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