Especiais

By EmanuelJunior0

3 0 0

Um grupo de jovens que sofrem com problemas diversos na vida, se deparam de repente com o melhor deles, suas... More

Capítulo 1 - O que realmente importa.

3 0 0
By EmanuelJunior0


Mais um dia normal... acordo, me levanto, faço minhas necessidades e partiu escola. Hoje pelo menos não bateu a preguiça de levantar, nem o desânimo de ir para a escola, que é o que eu sinto na maioria dos dias, mesmo assim eu acabo indo, boto na cabeça a ideia clichê de estudar para melhorar de vida e caminho até a escola. É, é assim que eu vivo.

Não posso ter a audácia de dizer que a escola é um local ruim para mim, que eu sofro bullyng, ou tenho poucos amigos. A questão é que eu sinto a necessidade de ser mais, não me contento em ser só mais um, quero ser que nem aqueles caras populares, engraçados, que qualquer merda falada faz com que todos cainham na gargalhada, é isso. Eu praticamente imploro de forma indireta por atenção e popularidade na escola, sendo pé no saco de muita gente. O Engraçado é que quando parece que eu vou conseguir minha popularidade, aparece alguém melhor que eu e novamente volto a estaca zero, a vida escolar não é fácil, você é o que está escrito para você ser, quer você se contente ou não. Já estou no 2ª ano do ensino médio e mudanças na minha vida começaram a fazer com que eu mudasse minha visão, aceitando quem eu sou, um merda total.

Hoje como de costume cheguei na aula atrasado de propósito, venho fazendo isso todos os dias neste ano letivo. É melhor chegar atrasado e ficar de boa vendo a aula, do que chegar cedo e ficar perdido no canto, tentando forçar interações com pessoas populares, estava cansado disso. Mas para o meu azar isso acabou influenciando nas minhas notas da escola, frequentes atrasos, muitas faltas, principalmente em dias de trabalhos importantes, não aguentava mais toda essa farsa que eu provocava para ganhar atenção, preferir evitar todos entrando em uma nova farsa, sendo anti-social de propósito.

Hoje a primeira aula é de artes, como eu cheguei atrasado o professor já estava na sala, entregando avaliações das unidades. Chego na sala e dou um vago bom dia, indo me sentar em uma cadeira na penúltima fileira da sala do lado da janela, antes que eu chegasse a me sentar o professor me chama, provavelmente para entregar a minha prova. Logo deixo minhas coisas em cima da minha mesa e caminho até o professor que me fitou com um olhar de preocupação até que eu chegasse até ele, já vi que ia melar para o meu lado.

    - Olhe sua nota. - O professor me entrega a prova e em seguida faz um sinal para que eu me aproxime mais dele. - Sua nota está baixíssima, não só na minha matéria, como em muitas outras pelo que vi, e em todos os semestres até agora.

    - Eu sei professor, vou me dedicar para melhorar.

    - Espero que sim, se não começar a se atentar vai acabar repetindo o ano, por besteira.

    - Desculpa, prometo que vou me esforçar mais.

    - Você não era assim, está com algum problema em casa?

    - Não, é só que eu dei uma desligada neste ano, mas é como falei, vou tentar recuperar nos semestres que restam. - Respondi com a verdade na ponta língua, porém foram as mentiras que saíram, o professor me olhava fixamente nos olhos e parecia realmente disposto a me ajudar, porém mentir mesmo assim, não estava pronto para desabafar, aquilo era algo que eu precisava resolver sozinho. 

Volto a me sentar, e o professor novamente me fita até minha carteira, logicamente ele sentia que algo estava acontecendo comigo, e nem eu sabia direito o que era na verdade, eu queria atenção e não queria, enfim, eu não sabia o que queria da vida.

    - O que foi que ele queria? - Me questionou Robert, um dos poucos que eu chamava de 'amigo' naquela escola, ou que ao menos eu tinha uma certa consideração, ele era bem popular e por algum motivo nos dávamos muito bem, causando até inveja em outros populares que andavam com ele. Perto dele eu me sentia mais legal, mas nunca conseguia ser o mesmo que ele era com os outros.

    - Nada, apenas me disse para eu estudar mais neste semestre que entra.

    - Cara você caiu muito de rendimento, até minhas notas tão melhores que a sua.

    - É né, final do ano a gente conversa então, hehe.

    - Ta certo, haha.

As aulas se passam e então chega o intervalo, eu e Robert logo nos dirigimos para a área de lazer da escola. Eu fiquei a assistir a pelada e Robert a abusar algumas meninas que eram loucas por ele, mas que ele apenas brincava por elas, achava ele um máximo e um babaca por causa disso, nem assim consigo ser decisivo com alguma coisa.

Também conhecia algumas meninas da escola, até as populares e tals, eu só não conseguia ter o mesmo nível de interação que o meu amigo tinha, apenas a forçada que eu tentava estabelecer e que eu já estava cansado de forçar.

    - Oi Emanuel. - Uma voz doce me chama, era minha amiga Laisa. Ela não era popular, por isso injustamente eu ignorava ela o máximo na escola para não manchar mais ainda a imagem que eu tentava construir mesmo já estando no 2ª ano do ensino médio. Contudo eu não era arrogante com ela, nem tratava mal, apenas era seco.

    - Oi Laisa. - Forcei uma simpatia

    - Você viu o Helder?

    - Só lá na sala, agora no intervalo não trombei com ele.

    - Obrigado.

Laisa logo se vai, provavelmente em busca do seu amigo. Após a mesma se retirar sinto uma mão mexendo bruscamente em meus cabelos fortemente crespos, bagunçando o mesmo. Faço um movimento para um lado, retirando a mão do bulinador e logo me deparo com o sujeito que bagunçava meu cabelo. Era o Olavo, um cara da minha classe, e um dos pais populares da escola.

    - Perai cara, vai ficar bagunçando meu cabelo. - Falei novamente forçando uma simpatia, não queria ser arrogante com ele, me dar bem com o mesmo seria bem para minha imagem.

    - Seu cabelo tá horrível. - De fato a opinião dele era certa. Eu enrolava meu cabelo com uma esponja nudred, porém o meu começo de desinteresse com minha imagem fez com que eu ficasse com preguiça de enrolar meu cabelo, no caso ele ficava bagunçado.

    - Sabe como é, preguiça de pentear.

   - Deixa eu ver se eu arrumo para você. - Olavo veio para cima de mim com dois amigos e começaram a bagunçar meu cabelo mais ainda, seguindo de diversos tapas na minha cabeça. Um deles me deu uma rasteira e eu cai bruscamente no chão, recebendo dois chutes, um em cada perna.

[Passei um micão] foi o que eu pensei, mas aquilo de fato era um atitude errada da parte dele, e eu deveria tomar uma atitude para que não se repetisse, porém eu era ingênuo demais para fazer aquilo. Tudo que pensei foi que eu era um merda total e ele era melhor do que eu, e que eu não podia fazer nada, que estúpido.

Todos riam da minha cara, até as pessoas que eu achava que eu podia contar como íntimos, até o Robert! Neste momento eu descobrir que amigos eu não tinha ali, neste momento eu cai na real. Neste momento eu levantei e pensei comigo mesmo que eu nunca mais ia bajular ninguém, não iria mudar por ninguém, nem forçar nada por ninguém, neste momento eu decidir que eu iria ser eu mesmo por mim mesmo.

Ao chegar na sala todos ainda estão comentando sobre o meu ocorrido, fiquei com vergonha, admito, mas não abaixei a cabeça, continuei com ela erguida, olhando para cada pessoa que estava a rir da minha situação. Duas mãos tocam meus ombros.

    - Você está bem? - Questiona-me Helder e Laisa juntamente.

    - Sim. - Respondi dando um leve sorriso de canto. Percebi que aqueles dois eram com quem eu podia contar naquela escola, mesmo não sendo os mais populares.

O professor chega na sala, eles tentam me confortar um pouco mas logo voltam para suas carteiras, antes que o professor reclamasse com eles também. Eu nem conseguir prestar atenção no resto da aula, fiquei refletindo sobre as coisas da minha vida até que o sinal bateu. Peguei minhas coisas e rapidamente me retirei da sala, para minha surpresa Laisa e Helder estavam me esperando.

    - Vocês não precisam ficar preocupados comigo, sério.

    - Nem você acredita nisso de verdade vai. - Diz Helder debochando, ajeitando seus grandes óculos.

    - Só queremos que você saiba que pode contar com a gente sempre, para o que der e vier. - Essa palavras da Laisa me deixaram bastante comovido.

    - Olha, porque vocês são tão generosos comigo, sério, eu não mereço isso de vocês, mal falo com vocês dois as vezes.

    - É por que somos amigos, independente de tudo. - Após Helder falar isso me deu um certo aperto no coração, sentir que deveria valoriza-los muito mais, e é isso que eu irei fazer daqui em diante.

Quando chegamos na frente da escola nos deparamos com o Olavo e mais alguns amigos se divertindo, trocando passes com uma bola de futebol na rua, cada um de lado da pista, enquanto os carros passam. Laisa e Helder me puxam para seguirmos logo nosso caminho mais fico a olhar Olavo mesmo assim.

Um carro cruza a esquina desesperadamente, a uma velocidade bem alta. Olavo e seus amigos seguiam a trocar passes na pista, o amigo de Olavo acaba deixando a bola escapar e a mesma fica no meio da pista, Olavo corre para pegá-la sem perceber o carro cruzando e vindo em alta em sua direção. Infelizmente era tarde demais, ao pegar a bola e ouvir as altas buzinas e gritos dos amigos tudo que conseguia ver eram as fortes luzes do farol do carro, que ia rodopiando em sua direção.

No ultimo momento, com o carro praticamente em cima, pulo e empurro Olavo, caindo para o outro lado da pista com o mesmo. O carro passa direto e rodopiando acaba batendo em um poste, amaçando a frente do carro completamente.

Ao cairmos no chão, seus amigos logo vão em cima dele, oferecendo ajuda, na minha direção vem Laisa e Helder.

    - Você está bem? Ficou louco? - Diziam coisas do tipo sem parar, ao mesmo tempo que me ajudavam a levantar.

Eu sentia apenas uma leve dor de cabeça, acho que foi devido a queda, olhei para Olavo para ver se estava bem, não esperava um agradecimento vindo nele, não seria o estilo dele, jamais. Em meio a tantos amigos ele me fitava ofegante, com um olhar de admiração, aquilo para mim foi o bastante, e  com isso deixei o local junto com meus amigos.

Fui para casa pensativo no que eu acabei de fazer, sabia que eu estava certo mas não sabia o por que de eu ter feito aquilo por alguém que me machucou poucos momentos antes. Heroísmo? Qual é, não é esse o mundo em que vivemos, talvez eu só seja bom demais para ele. 

Helder e Laisa fizeram questão de me levar até em casa, falei que não precisava mas pareciam bastante preocupados, com razão, eu acabei de me jogar na frente de um carro, na pior das hipótese eu podia até estar maluco.

Ao chegar em casa recebo uma mensagem no meu celular, achei estranho, os poucos amigos que eu tinha não eram muito de mandar mensagens para mim, eu que os mandava geralmente. Logo abro a mensagem.

Nela havia um endereço e em seguida escrito: 'Você é maior do que o mundo pensa. Venha ver.'










Continue Reading