Tudo de nós (DEGUSTAÇÃO)

By MoniCunha

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O LIVRO ESTÁ COM APENAS 5 CAPÍTULOS PARA DEGUSTAÇÃO Na vida de todos há aquele momento em que percebemos que... More

Prólogo
Aviso
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Aviso
Capítulo 11
Capítulo 12
AVISO IMPORTANTE
AVISO! FIM DAS PROVAS
Capítulo 13
Capítulo 14
Bônus Sophia
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Bônus Rafael
Capítulo 23
Capítulo 24
AVISO
IMPORTANTE!
Bônus Stella
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29 - Final
Epílogo
Livro novo

Capítulo 3

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By MoniCunha

           

Mais um capítulo, amores. Não se esqueçam das estrelinhas :)

Se puderem comentar, adoro saber o que estão achando <3 Indique o livro para seus amigos, isso me ajuda muito.

Seja meu amigo no facebook, lá temos spoilers e em breve sorteios <3
https://m.facebook.com/monicunha.autora?fref=ts

***

Dois meses se passaram desde o dia mais humilhante de toda minha vida. No dia seguinte meu pai fez questão de me levar até a rodoviária, e só saiu de lá quando o ônibus virou a esquina. Ele queria ter a absoluta certeza de que eu estava bem longe de seus olhos.

Só voltei a São Paulo para resolver algumas coisas do casamento. No começo, até quis me envolver em tudo, mas depois percebi o quanto isso estava me afetando. Devido as viagens, comecei a passar muito mal, os enjoos constantes começaram a incomodar e por isso acabei deixando tudo nas mãos de minha mãe.

Letícia, minha prima, cansou de dizer que eu deveria ir ao médico para fazer alguns exames, mas não julguei necessário, ir ao médico gastaria um dinheiro que não tenho.

Minha tia não ficou muito feliz quando soube o que aconteceu. Ela acha que não sei, mas percebo que ela sempre fica atrás das portas ouvindo as conversas quando estou com Letícia. Infelizmente minha tia pensa que posso influenciar sua filha a ter relações sexuais antes do casamento. Pobre mulher! Minha prima tem muito mais experiência que eu nesse assunto.

Estou agora sentada em frente ao espelho. Um cabeleireiro arruma meu cabelo, enquanto uma manicure tira incansáveis bifes da minha mão.

— Oh! Me desculpe. — diz após me fazer sangrar pela quarta vez no dia.

Não respondo. Meu pensamento está longe demais para me incomodar com algo tão banal.

É o dia do meu casamento, o dia que sempre esperei que fosse demorar para acontecer. Nada está como em meus sonhos. As lágrimas derramadas por mim durante esses meses não serviram de nada, elas apenas fizeram questão de esfregar em minha cara o quanto tenho sido deprimente.

— Até que você está bonitinha. — minha mãe sorri quando chegamos ao pequeno cômodo que fica nos fundos da igreja.

Eu não queria selar essa união em frente a Deus, não me parece certo fingir felicidade diante de seus olhos. No entanto, meus pais fizeram questão de me casar em uma das igrejas do bairro, apesar de não serem praticantes, eles julgaram necessário esfregar na cara dos vizinhos e do pastor o quanto sua filha é uma boa moça.

— Obrigada. — a empolgação está cada vez mais longe de mim.

Depois de alguns minutos, fico sozinha. Projeto de forma rápida em minha mente o meu futuro, talvez eu consiga ter tudo o que sonhei, o casamento não pode ter o poder de atrapalhar todo meu futuro. Rafael é um bom homem, tenho certeza de que ele me ajudará a realizar todos os meus sonhos.

— Posso entrar? — a voz calma e serena de Maria me arranca de meus pensamentos.

— Claro, Ma. — sorrio.

— Como você está?

Olho para o pequeno espelho pendurado na parede velha e descascada. O vestido escolhido por minha mãe, apesar de ser grande e exagerado, me agrada. Os sapatos maravilhosos fazem com que eu me sinta mais mulher. O lindo véu sobre minha cabeça traz à tona o que tanto me assusta: eu sou uma noiva.

— Estou bem. — minto.

— Lay, tem certeza de que quer mesmo fazer isso?

— Que pergunta é essa, Ma? A decisão já está tomada. Rafael me fará feliz, ele é um bom homem.

— Eu não deveria, mas preciso te contar uma coisa.

A ansiedade corre por seus olhos como fogo, posso sentir de longe seu temor em me dizer qualquer coisa.

— Pode falar.

— Rafael tem se divertido bastante desde que você foi para a casa de sua tia.

— O que tem de errado nisso?

Volto-me para o espelho para retocar o batom que sumira por causa da demora para o início da cerimônia.

— Ele tem estado com outras mulheres, Lay. Todo dia ele está com uma mulher diferente.

— Isso não pode ser verdade. Não

acredito que logo você está acreditando nas mentiras desse povo invejoso, Ma.

— Eu vi.

Por um pequeno lapso de tempo meu coração é arrancado de mim. Os segundos se passam sem que eu consiga ao menos abrir a boca. Maria continua parada em minha frente, nesse instante seu sorriso diário não está iluminando seu belo rosto.

Dona Vilma entra com certa resistência no pequeno cômodo, sua boca está prestes a se abrir para reclamar de algo que não é importante, mas ela para quando percebe que algo está acontecendo.

— O que aconteceu aqui? — pergunta. Seu vestido ridículo de plumas azuis é levemente puxado para baixo. — Essa droga de vestido não para no lugar.

Não me arrisco a dizer que seria impossível que um vestido quatro números abaixo do seu ficasse no lugar certo.

— Falem logo porque estão com essa cara de enterro.

— O Rafa me traiu. — desabafo.

Minha mãe parece não se abalar, na verdade, a notícia não parece pegá-la de surpresa.

— O que você veio colocar na cabeça da minha filha, sua invejosa? — dispara contra Maria.

— Só contei a verdade. Diz que é mentira! Todos aqui sabem muito bem que o Rafael tem levado todas as mulheres do bairro para casa.

O pequeno cômodo parece se apertar cada vez mais. A voz de minha mãe toma conta da pequena sala apenas para me dar a confirmação mais dolorosa.

— Ele é homem. Vocês não esperavam que ele ficasse dois meses sem mulher, não é? Agora vai logo para aquele altar e se casa. — ordena.

— Não. — grito.

— O que você disse?

— Eu disse que não vou. Mãe, ele está me traindo.

— Está feliz? — ele se olha para Maria com ódio. — Conseguiu estragar o casamento da minha filha.

— Ela não estragou nada. Apenas fez o que vocês deveriam ter feito.

Os gritos exaltados ficam cada vez mais altos na sala. Fecho os olhos em busca do ar que lentamente estou perdendo. O pastor, meu pai e Rafael logo aparecem para saber o que está acontecendo, tento andar até eles, mas caio antes de conseguir chegar ao meu destino.

***

Não é preciso fazer muita força para reconhecer o local onde estou, as paredes brancas e o cheiro característico logo me dizem que estou deitada em uma cama de hospital.

— Como está se sentindo? — a voz de uma enfermeira trata de trazer a realidade.

Esforço-me para lembrar o que houve para que eu viesse parar aqui. As lembranças preenchem violentamente minha mente com sarcasmo. Rafael me traiu, não apenas com uma mulher, com várias, na cama onde me entreguei para ele.

— Bem. O que aconteceu?

— Você teve uma queda de pressão, isso é normal nos primeiros meses.

— Primeiros meses? — questiono confusa.

— Primeiros meses de gravidez.

A notícia é recebida por mim como um tiro. Todo o ar restante em meu pulmão parece evaporar junto com meu último resquício de esperança em uma vida melhor.

— Estou grávida?

— Oh, você não sabia?

— Não. — murmuro, a voz sai com dificuldade. — Meus pais já sabem?

— Não disse nada a ninguém, pensei que soubessem.

— Pode por favor chamá-los para mim?

O quarto fica em um silêncio deprimente. As cortinas brancas dançam com o vento, mas não consigo admirá-las, nesse momento tudo parece zombar do meu futuro.

Sem que eu perceba minhas mãos viajam para meu ventre. O toque me faz arrepiar com ansiedade e medo. Como poderei cuidar de alguém se não consigo nem cuidar de mim? Fecho os olhos em busca de resposta, mas não as encontro, o que vejo é a minha vida passando diante de meus olhos. Ele não tem culpa. Preciso ser a melhor mãe possível para esse bebê, e para isso ele precisa ter o pai por perto, não posso me dar ao luxo de arrancá-lo da convivência do homem que o fez.

— Lay, você está melhor? — Maria é a primeira a entrar no quarto.

— Estou.

— O que aconteceu com você, garota? — minha mãe ajeita novamente o vestido. Sophia e meu pai permanecem ao seu lado, enquanto Rafael se aproxima de mim.

— Lay, você está bem? — não consigo distinguir a emoção em seus olhos. Na verdade, não há mais nada nesse homem que eu consiga distinguir.

— Preciso falar uma coisa para vocês. — anuncio.

— Amor, se vai terminar comigo por causa do que essa louca falou, fique sabendo que é tudo mentira.

Ignoro seu comentário. Maria nunca mentiria para mim, e minha mãe me deu a confirmação mesmo sem querer.

— Estou grávida. — falo.

Meu pai é o primeiro a sair do quarto sem dizer uma palavra, logo depois minha mãe e Sophia também passam pela porta.

— Que notícia maravilhosa, Lay! — Rafael sorri.

— Você está brincando, não é? — Maria parece não acreditar.

Sem que eu tenha que me expressar, ela percebe que estou falando a verdade. Suas mãos passam repetidas vezes por seus cabelos ruivos em busca de algo que possa amenizar a situação.

— O que você vai fazer agora?

— Me casar. Não tenho outra escolha.

Rafael anda de um lado para o outro no minúsculo quarto.

— Você não precisa ter essa criança. — Maria fica perto o suficiente para apenas sussurrar.

— Você ficou louca? — grito, sem me importar com a reação estranha de Rafael que não percebe o que está acontecendo. — Saia daqui, Maria.

— Só estou tentando ajudar. Nada será como antes, Lay. Sabe aqueles sonhos que você tem? Pode dar adeus a todos eles.

— Saia daqui. — repito calmamente dessa vez.

Sem hesitar, Maria se vira e desaparece do alcance de meus olhos. Rafael continua andando pelo quarto sem ao menos se preocupar em tentar arrumar algum tipo de explicação para o que Maria contara momentos antes.

— Temos um casamento para celebrar. — digo.

A tristeza escorre por cada sílaba emitida por mim.

— Acha que consegue se casar nessas condições? Você desmaiou há poucos minutos.

— Diga ao médico que quero sair daqui. — ignoro sua falsa preocupação.

Rafael faz exatamente o que peço. Em poucos segundos a enfermeira aparece no quarto pronta para me liberar. Seu semblante demonstra que ela não acha correto que eu saia do hospital, mas finjo não perceber isso.

***

As pessoas não conseguem esconder os olhares de questionamento quando atravesso lentamente o corredor central da igreja. Meu pai segura meu braço com relutância, seu olhar de decepção e desprezo são visíveis a qualquer pessoa que se sujeite a olhá-lo por mais de um segundo.

Minha mãe está ao lado do tio de Rafael, que sorri quando me aproximo. Sophia está ao lado de um homem que não conheço. E Maria não retornou à igreja.

Meu noivo sorri a cada palavra proferida pelo pastor. As pessoas fofocam sobre qualquer coisa que tenha relação com o casamento, enquanto eu apenas me afogo em meu mar particular de tristeza.

— Aceito. — digo.

Meu peito se dilacera com as palavras proferidas. Ao fundo vejo pessoas sorrindo com aquele momento tão esperado. Sou agarrada pela mão direita, e em menos de um minuto estou do lado de fora recebendo cumprimentos de pessoas que não fazem ideia do tamanho do meu sofrimento.

O fio de esperança que teci durante toda minha vida, vai se arrebentando lentamente dentro de mim. Os sonhos são arrancados de minha alma de forma cruel e violenta. Ninguém percebe que estou morrendo ali diante de seus olhos. Ninguém é capaz de tentar me salvar, nem eu mesma.

Fecho os olhos em forma de aceitação. Essa é minha nova vida. Minhas mãos tocam meu ventre pela segunda vez no dia. Me agarro a única coisa boa que tenho. Farei tudo por você, meu filho.

Um carro para e logo depois estamos dentro dele. Rafael fala milhares de coisas que não faço questão de entender. Depois de alguns minutos, estamos diante da casa do meu marido, casa que agora também é minha. Agora não tem mais volta, essa é minha nova vida.

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