Apenas Fique (Cophine)

By santaclaradiet

71.9K 5.8K 916

Passamos a vida colocando as nossas experiências em nossas bagagens. Algumas são boas e outras terrivelmente... More

Você terá o que merece
Srta. Niehaus
Por favor, não conte a ninguém.
Precisa de ajuda?
Sonhe Comigo
Ciúmes?
Você sabe o que eu quero
Eu aceito
Onde vou dormir?
Maldito telefonema
Eu não quero me sentir melhor
Ela não vai aceitar
Você não vai mais brincar comigo
Agora você pode me beijar
Rachel é apenas uma amiga
Ela teria ganhado
Eu também tenho orgulho
Me dê um beijo
Você é minha
Me deixe realizar seu sonho
Você gosta assim?
Lembre-se disso quando olhar no espelho
Me fale sobre você
Eu quero ela de volta
Quando a gente sabe que ama uma pessoa?
Aquela é Delphine Cormier
O lugar favorito
A ame por inteiro ou deixe-a ir
Você a quebrou
O último verso
Você é forte
Olhe para o céu
Você sabe como vencer o medo?
O verbo mais lindo
Você é um anjo?
Magoe Cosima e eu te caço
Charlotte está viva
Diga que entendeu
Proposta indecente
Cuida de mim
Eu não posso
Antes eu era completa, agora transbordo
Não posso perder Cosima
Ela precisa saber
Não me prometa ficar, apenas fique
Ela era a mina de ouro deles
Labirinto de emoções
Galaxy of Women - Final

Não vou me desculpar pelo meu coração

1.6K 123 8
By santaclaradiet


Uma voz vinda da porta alertou Cosima que era preciso separar os lábios dos de Delphine. A loira parecia tão tranquila, parecia não se importar por terem sido pegas se beijando, sabia que a amiga não faria nada para prejudicar Cosima.

– Já estamos indo – disse Alison –, se apresse. – olhou para Delphine e para Cosima e saiu.

– Droga Delphine, é por isso que não podemos fazer isso aqui.

– Tudo bem Cos, Alison não é a sua amiga?

– Sim, e é por isso que eu estou ferrada, eu não contei nada a ela.

– Me desculpe Cos, a partir de agora vou me manter afastada.

– Pare de mentir para mim – Delphine sorriu –, até mais tarde, Del...

– Divirta-se.

– Eu me sinto uma idiota por ter tentado trocar de cama com Delphine noite passada quando o que ela mais queria era estar na sua cama – Alison e Cosima voltavam com o grupo, já era quase hora do almoço e todos estavam famintos e ansiosos para chegar ao acampamento, as duas caminhavam muito atrás com passos lentos, Alison tentou falar com Cosima a manhã toda, mas aquele foi o único momento em que as duas puderam ficar afastadas do restante do grupo –, você deveria ter me contado.

– Me desculpe Ali, não é como se eu quisesse manter segredo, eu só estava esperando o momento certo para contar, nem eu sei direito o que está acontecendo...

– Ah, mas eu sou toda ouvidos, a senhorita vai me contar tudinho pois te conheço bem e sei que você não se envolveria com Delphine por motivos fúteis.

Cosima riu, sabia exatamente do que a amiga falava, Alison sabia sobre todos os rumores possíveis na faculdade, ela recebia as notícias e as repassava para o grupo, se não fosse sua amiga com certeza a chamaria de fofoqueira, mas Ali não era fofoqueira, ela apenas trazia às informações que recebia nos corredores daquela faculdade para seus amigos que eram muito alheios a tudo que acontecia ao redor, Cosima e Scott sempre estavam tão preocupados em fazer seus trabalhos, assistir seus filmes e jogar seus jogos que só conseguiam saber sobre os babados através de Ali, o momento das "fofocas" era o momento em que eles ficavam a parte do que acontecia ao redor e foram nesses momentos que Cosima começou a reparar pela primeira vez em sua professora. Quando Ali chegou dizendo que um dia ela foi vista com uma aluna em um restaurante e na outra semana com outra aluna dentro do carro, em outra vez estava de mãos dadas com outra entrando em uma sala qualquer, eram sempre alunas diferentes em situações diferentes, Cosima começou a criar certo interesse pela mulher linda que lecionava para ela, Scott parecia entrar no mundo da lua quando começavam a falar daquilo e quase nunca participava da conversa, Ali nunca confirmava se as fofocas eram verdadeiras e se Delphine e as alunas estavam realmente se pegando, os rumores diziam que sim, mas o que as pessoas realmente viam era Delphine com uma proximidade muito grande com suas alunas que dava uma grande margem para começar as fofocas, infelizmente (ou felizmente) Cosima teve essa informação confirmada, aliás por uma fonte de primeira mão, seus próprios olhos, era um pouco estranho que Cosima tenha começado a se interessar pela professora ao ouvir os rumores dela com outras alunas, antes disso ela era apenas uma ótima professora, com 0% de humor, muito direta e fria, que beleza Cosima poderia enxergar naquilo?

Cosima gostava de ver as pessoas com a alma e sinceramente ouvir que a professora saia por aí ficando com todas as alunas que dessem mole não era motivo para pensar que a alma de Delphine era bela, mas foi o suficiente para reparar que seu olhar até então distante era na verdade acolhedor e compreensivo, seu bom dia seco era acompanhado de um mínimo sorriso, tão pequeno e tão importante, o suficiente para Cosima perceber como era belo e como queria ser presenteada com mais, quando Delphine sorria automaticamente o cérebro de Cosima enviava uma mensagem ao resto do corpo, que fazia principalmente seu coração acelerar e seus lábios se fecharem em um sorriso tímido como resposta. Delphine fazia questão de saber o nome de todos os alunos desde o primeiro dia de aula e Cosima achava aquilo fantástico, era como se ela valorizasse o outro, saber o nome de todos os alunos tão rápido era sim uma forma de aproximação e de dizer "ei, você é único, você é importante", pensar naquilo fazia Cosima mudar de ideia sobre Delphine ser fria. Só começou a se irritar com aquela informação quando descobriu que talvez ela fosse a única aluna que Delphine não fazia questão de saber o nome. Como iria adivinhar que Delphine só fazia aquilo para vê-la nervosa?

– Pare de viajar na maionese e me conte – Ali interrompeu os devaneios de Cosima, estava ansiosa para saber o que acontecia na vida da amiga e furiosa por Cosima não ter confiado a ela aquela informação.

– Eu gosto dela. – Cosima disse sem olhar para a amiga, prestava atenção no caminho.

– Ah... não....

– Ela diz gostar de mim também...

– E você acreditou?

Alison queria muito acreditar, mas não conseguia, Cosima era sua amiga e estava se deixando levar, obviamente Delphine ficaria com ela naquela semana, mas e na próxima? Era papel de Alison abrir os olhos para a amiga, mas desistiu de continuar o seu discurso controlador quando viu o semblante de sua amiga mudar.

– Eu não vou me desculpar pelo meu coração, Ali.

As duas caminhavam lado a lado, apesar da trilha ser bem estreita, Ali parou segurando Cosima pelos braços para que ela também parasse e as duas pudessem ter pelo menos um segundo daquela conversa olhando uma nos olhos da outra.

– Me desculpe, Cos, é que eu fico preocupada... Delphine... você sabe...

– Eu acredito nela Ali – Cosima respirou fundo e fechou os olhos soltando o ar dos pulmões devagar –, não sei porque, tudo me diz que não devo acreditar, mas eu acredito.

– Você realmente está gostando dela...

– Ela me pediu em namoro – sorriu –, e logo em seguida Rachel entrou na sala dela e a beijou bem na minha frente.

Ali arregalou os olhos, não sabia o que dizer para a amiga.

– Eu não sei o que fazer Ali – continuou –, porque se eu disser não para Delphine é a mesma coisa de dizer para Rachel ou todas as outras raparigas daquela faculdade que elas podem beijar Delphine quando bem entenderem e eu não quero que isso aconteça.

– Cosima!

– Eu não quero que ninguém beije Delphine – continuou caminhando –, mas se namorarmos ninguém vai poder saber então elas vão continuar achando que podem beijá-la.

– Cosima, você não é mais criança, não é menor de idade, não precisará fazer nada escondido.

– Mas ela é minha professora e definitivamente vai se encrencar, é um relacionamento totalmente inapropriado... de novo.

– Cosima... – depois de alguns minutos em silêncio Ali voltou a falar – quem é Rachel?

– Rachel é uma das monitoras do outro curso – olhou para Ali –, a de cabelo curto – a amiga confirmou com a cabeça –, ela veio conversar comigo ontem pedindo desculpas por aquele beijo e pediu para ser minha amiga.

– Rachel... não fui com a cara dela desde o início, aquela narizinho empinado – Cosima riu –, você acha mesmo que ela quer ser sua amiguinha?

– Não sei... Delphine disse que não tinha nada com ela e Rachel disse a mesma coisa, inclusive disse que tinha alguém...

– A pessoa chega beijando sua "namorada" e pede para ser sua amiguinha depois? Tô fora hein, melhor não confiar. – Disse Ali – Agora me conte essa história desde o começo.


O dia passou rápido pois Cosima e seu grupo tinham muito trabalho a fazer, além da triagem dos bichos coletados já começavam a preparar os relatórios que seriam entregues posteriormente, Rachel cumpriu a sua promessa de se afastar de Delphine, em compensação estava dando atenção exagerada para Cosima, sempre que possível parava para puxar algum assunto, sempre que Alison via Rachel se aproximando dava uma cutucada em Cosima a fazendo rir, para Cosima, Ali estava com ciúmes da nova "amiga" que apenas tentava o tempo todo ser prestativa.

Delphine também cumpriu a sua promessa de se manter afastada, e Cosima se surpreendeu ao perceber como aquilo era difícil para ela, depois de tudo que aconteceu entre as duas, ser ignorada por Delphine (mesmo a pedido de Cosima) era a mesma coisa que levar um murro no estômago, doía e a deixava sem ar. Delphine a cumprimentava como fazia com todos os alunos, seu olhar não demorava em Cosima, se mantinha séria e distante como deveria ser, só assim as pessoas não desconfiariam delas, Alison tentava ignorar a atitude de Delphine, ainda não acreditava que ela realmente tinha algum sentimento pela amiga.

Já estava quase anoitecendo quando Cosima entrou no quarto e decidiu que a cama precisava voltar para seu lugar, provavelmente não choveria naquela noite e não tinha motivos para não fazer, Scott e Alison chegaram no momento em que Cosima terminava de arrumar sua cama.

– Acha mesmo que não vai chover mais? – Perguntou Scott.

– Você viu o tanto de estrelas que tem no céu? Acredito que não choverá – olhou para o amigo que estava sorridente – Me diga Scott, quem é aquela moça?

– Hum...Scott está apaixonado .– Alison brincou e Scott ficou vermelho.

– E a senhorita? – Cosima perguntou para Ali – Estão pensando que eu não notei que vocês dois me deixaram sozinha ontem?

– O nome dela Brie – Scott se levantou e foi em direção a porta, ficando parado lá como se estivesse vigiando para ninguém escutar a conversa deles –, ainda não aconteceu nada, mas nos demos bem.

– Ah Scott, você é muito lerdo! Se deram bem? Só falta a menina escrever na testa que está afim de você.

– Ali, não é assim que as coisas funcionam...

– Sei... sei – disse Cosima –, eu assisti a tudo de longe e acho que já posso ficar com medo de perder meus dois amigos.

– Ah e você dona Cosima? Onde está Delphine agora? – Perguntou Alison recebendo um belo olhar de reprovação da amiga – Sorry.

– Delphine? – Scott olhou para fora mais uma vez para certificar que ninguém estava escutando a conversa – Você está ficando com a professora?

– Não é bem assim Scott.

– Não? Ela já até dormiu na cama de Cosima! – Ali se levantou e começou a organizar sua mala, Cosima ficou vermelha de vergonha, demorou para se tocar de que a cama que ela se referia era a do acampamento, Cosima omitiu que Delphine dormiu em sua casa, especificamente em sua cama, abraçada a ela.

– Ela está me ignorando o dia inteiro, como eu pedi e eu não estou bem com isso.

– Oh – disse Scott – Então é sério?

– Você não sabe da missa um terço, meu querido. – disse Alison.

– Shiiuuuu Shiuuu. – Scott fez um barulho pedindo silêncio, alguém se aproximava do dormitório, Cosima viu o amigo sorrir e cumprimentar a pessoa com um aceno de cabeça, logo em seguida deu passagem para que Delphine entrasse.

Delphine entrou no quarto cumprimentando a todos, olhou para a sua cama e para a cama de Cosima e só depois olhou para Cosima.

– Acha que não vai chover hoje? – Fez a mesma pergunta de Scott e Cosima já se preparava para dar a mesma resposta, mas Ali foi mais rápida.

– Não se preocupe D-E-L-P-H-I-N-E – falou alto e pausadamente o nome da professora, tinha como objetivo intimidá-la, mostrar que Cosima podia ser boba, mas a amiga não era –, se chover, Cosima pode pular para a minha cama. – Delphine olhou para Alison mantendo toda a serenidade que conseguia e sorriu.

– Muito bem. – olhou para Cosima e pela primeira vez no dia desde o beijo que deram pela manhã pôde manter o olhar.

– Scott, é melhor irmos – Alison caminhou até a porta empurrando o amigo para fora –, comportem-se vocês duas.

Os dois saíram do quarto, mas não ficaram muito longe, Cosima e Delphine conseguiam ouvir a conversa dos dois muito próximo a porta, Delphine foi até a sua bolsa para pegar o notebook, sorriu para Cosima e ameaçou sair sem trocar uma palavra.

– HEY! – Delphine se virou com um sorriso provocador – Não esqueceu de nada?

– Estou dando aula Cosima e estou mantendo minha promessa, não podemos fazer mais nada.

– Você é inacreditável, sabia?

– Não me culpe – Delphine virou de costas e caminhou chegando até a porta para dar uma última olhada em Cosima –, foi você quem pediu.

Cosima se levantou e tentou acompanhar Delphine indo até a porta.

– Não disse para você não falar comigo, muito menos para fingir que minha existência está extinta.

Delphine se virou mostrando mais um sorriso de canto de boca, aquele bem provocador que Cosima odiava, foi embora caminhando pela passarela até chegar no laboratório onde entrou.

Cosima se aproximou dos amigos que a olhavam com expectativa.

– Estou frustrada comigo mesmo.

A atitude de Delphine não mudou no outro dia, continuou ignorando a existência de Cosima, mesmo sendo algo muito difícil, principalmente porque era o dia de dar aula para seu grupo, Delphine notou também o afastamento de Rachel, no fundo se sentiu um pouco aliviada, não queria que Cosima sentisse ciúmes à toa, Rachel era apenas uma amiga.

Cosima mais uma vez estava na solitária, sua turma fazia aquela aula com um outro grupo da florestal e tanto a paquera de Scott quanto de Alison eram desse grupo, Cosima pensava que o universo estava testando ela: sem amigos, com Rachel tentando puxar assunto, com Delphine a ignorando. Aquela era a pior aula de campo possível, Cosima nem gostava muito de plantas.

Chegaram ao acampamento a tarde e foram direto para o laboratório, Cosima sentia muita dor de cabeça e com isso conseguiu a aproximação de uma menina, que com muita educação lhe ofereceu remédio, esse foi o ponto alto do dia, era incrível pensar que o ponto mais interessante do dia de Cosima era justamente a sua dor de cabeça. Delphine a encarava muito enquanto Cosima conversava animadamente com a garota e fazia as atividades, a morena pensou que talvez essa fosse uma das meninas que Delphine disse estar de olho nela, para provocar ainda mais fez questão de chamar a professora para tirar dúvidas várias vezes, sentindo o olhar dela queimar toda vez que encontrava com o seu.

– Srta Niehaus, tudo bem? – Delphine se aproximou notando a moleza de Cosima.

– Sim – Cosima respondeu –, só estou com um pouco de dor de cabeça.

– Se você quiser tenho remédio. – disse Ali que estava próximo a elas.

– Ela já tomou. – respondeu a menina que estava ao lado de Cosima recebendo sem notar um olhar matador de sua professora.

– Se você não se sente bem fique a vontade para se retirar. – disse Delphine querendo que Cosima saísse o quanto antes de perto da moça que não parava de dar em cima dela.

– Posso te acompanhar se você quiser.

– Mud, acredito que você tenha muitas atividades para fazer e não veio aqui para descansar.

A menina engoliu em seco e Cosima se segurou para não rir.

– Vá descansar e conversaremos mais tarde Srta. Niehaus.

-– Tudo bem, posso ficar.

Cosima recebeu um último olhar matador de Delphine antes de ver a professora virar de costas e voltar para o seu posto.

Apesar dos remédios a dor de cabeça não diminuiu, Cosima decidiu sair do laboratório e ir para seu quarto, já estava começando a sentir tonturas de tanta dor, talvez não tivesse bebido água o suficiente, talvez não tivesse comido direito, talvez fosse o sol e o calor do dia, não sabia porque estava sentindo tanto aquela dor de cabeça, mas sabia que precisava deitar ou desmaiaria. Chegou no quarto zonza e com a roupa do corpo se jogou na cama, do jeito que caiu adormeceu acordando horas mais tarde com a perna dormente.

Abriu os olhos e levantou-se para tentar aliviar a dor que sentia por ter dormido de mau jeito, pegou seu cantil e saiu para enchê-lo no bebedouro, ainda estava meio desnorteada, talvez por causa dos remédios e da soneca, o acampamento estava silencioso como nunca, caminhou até a cozinha e percebeu que algumas pessoas lanchavam e o cheiro da janta que seria servida mais tarde fazia seu estômago roncar, começou a encher o seu cantil quando foi abordada por Rachel.

– Cosima? O que está fazendo aqui? – Cosima a olhou franzindo o cenho.

– Estou enchendo meu cantil. – sorriu.

– Estou vendo – Rachel sorriu em resposta –, mas não era para você estar na aula do professor Rudy?

– Ah, não, amanhã que minha turma terá aula com ele.

– Não Cosima, acho que você se enganou, a sua turma saiu deve ter uns 10 minutos...

– Tem certeza Rachel? – terminou de encher o cantil – Porque eu olhei aquele cronograma várias vezes e eu tenho quase certeza que é amanhã.

– Olha aqui – Rachel entregou um papel com as informações –, viu só? É melhor você se apressar, se for rápido logo encontrará eles.

– Não acredito Rachel, por que Alison não me acordou? Merda!

– Calma, eles acabaram de sair.

– Droga, preciso pegar minhas coisas.

– Ah, acho melhor ir logo, eles não iam muito longe, pegue a minha lanterna pois já está quase ficando de noite – tirou a perneira que vestia e entregou para Cosima –, pegue minha perneira, não esqueça de me devolver ainda hoje pois volto amanhã.

– Ah, obrigada Rachel! Você é demais! – deu dois passos e voltou – Você sabe por qual trilha eles foram?

– Sim, aquela que começa bem ali atrás da cozinha.

Cosima correu, correu muito para tentar alcançar o grupo, fazia uma nota mental de matar Scott e Alison por não tê-la acordado. A trilha estava mais suja do que as demais, Cosima tinha que tomar um cuidado maior para não tropeçar e cair, estava realmente difícil, mesmo assim tentava andar com uma rapidez enorme, conseguiu manter o ritmo por mais de meia hora, calculou ter andado mais de 3 quilômetros e isso em uma mata fechada com uma trilha suja era muita coisa, parou ao perceber que a trilha ficava tão suja que praticamente acabava, só então percebeu que jamais alcançaria os seus colegas pois como já sabia eles não estavam tendo aquela aula, mesmo se tivesse não seria naquela trilha, Rachel a enganou e Cosima caiu direitinho, agora estava no meio do mato, com um cantil e uma lanterna, sozinha em uma trilha suja. A noite caia e Cosima sabia que ia se complicar se isso acontecesse, então começou a correr de volta, mas dez minutos depois já observava tudo ficar mais escuro, ligou a lanterna e teve a maior decepção do dia ao perceber que simplesmente não funcionava.

– Rachel, sua desgraçada, filha da puta!

A noite caiu tão rápido que Cosima se assustou ao perceber que de repente não conseguia enxergar um palmo à sua frente, ficou paralisada pensando nas mil e uma formas de morrer ali. Estava aterrorizada com o que poderia acontecer com ela, aranhas, cobras, bichos maiores e formigas! Céus, se Cosima estivesse na passagem de um correição seria devorada viva por formigas, sim essa seria definitivamente a pior forma de morrer. Cosima não podia dar um passo a frente pois não enxergava nada. Ficou em silêncio tentando pensar em uma saída, só conseguia ouvir o barulho da mata e cada mínimo som a assustava, não sabia que o simples som de um galho se quebrando poderia ser tão assustador, agora era um momento perfeito para se arrepender de ter escutado as histórias de terror que os colegas contavam sobre pessoas em campo. A única coisa que restava para Cosima era torcer para que seus amigos sentissem falta dela. Em algum momento eles teriam que sentir, esperava que não demorassem pois além da escuridão e barulhos assustadores o frio também estava chegando e Cosima não estava preparada para ficar a noite toda naquele local, morrendo de medo e sem poder se mover.

O escuro e o silêncio assustador da mata, misturados ao frio e pavor de Cosima, facilitaram para que ela tivesse a pior noite de sua vida, tentava se lembrar de outro momento e não conseguia, nada que tivesse vivido antes poderia ajudar a descrever o que Cosima sentia, nem no assalto sofrido dias antes sentiu tanto medo, nem o fatídico dia em que foi parar no hostpital.

Cosima tinha medo e isso a fazia perder a razão, pensou em sair dali várias vezes, mas no escuro do que adiantaria? Não podia enxergar a trilha e poderia ficar mais perdida ainda. Para piorar, começou a ouvir barulho assustador das folhas se mexendo, às copas das árvores dançavam sob a luz da lua que rapidamente sumia entre as nuvens que se formavam no céu. Se uma árvore caísse em sua cabeça, essa seria entre às formas que Cosima pensou que morreria, a melhor. Então para aumentar o desespero de Cosima algumas horas depois a chuva caiu, como se a noite de Cosima não pudesse ficar pior. Naquela noite Cosima aprendeu que sempre tem como piorar. Fechou os olhos sentindo as primeiras gotas de água caindo em seu corpo e o tornando mais gelado a cada minuto.

Às pernas já doíam muito, seu rosto estava inchado de tanto chorar, Cosima estava perdida no meio da mata há muito tempo e ninguém veio ao seu resgate, não teve coragem de se sentar, mas sentia que não aguentaria ficar em pé por muito tempo. O que Scott e Alison estavam fazendo? E Rachel, não tinha nenhum um pingo de remorso? Delphine não notou sua ausência? O que eles estavam fazendo que não perceberam que a amiga não estava com eles?

Foi então que Cosima ouviu o som vindo de longe, na direção do acampamento, a buzina era realmente alta. Alison. Cosima começou a rir, sabia que eram eles, seus amigos estavam indo ao seu resgate, não passaria a noite inteira ali. Fez uma promessa para si de dar um soco na cara de Rachel assim que chegasse no acampamento.

Tentava se recompor controlando o choro e o tremor do corpo. Ouviu outro barulho e puxou o cordão que carregava em seu pescoço desde o primeiro dia de campo, nunca pensou que o exagero de Ali fosse ajudá-la e no seu desespero de ficar ali na mata fria e escura esqueceu-se completamente daquele objeto, pegou sua mini buzininha e a apertou ouvindo momentos depois o som da outra ainda distante. Poucos minutos se passaram e Cosima já ouvia os passos rápidos e conseguia ver um pouco de luz, seu resgate estava chegando e aquele inferno acabaria. Mais um som de buzina vindo do grupo e mais uma resposta de Cosima, eles também gritavam seu nome, faziam barulhos com a boca, mas Cosima não tinha voz para responder, sentiu a luz da lanterna sendo jogada em seu rosto, fazendo-a fechar os olhos e abri-los devagar se acostumando aos poucos com a claridade, conseguindo ver cinco pessoas paradas a sua frente e vestidos com capas de chuva. Alison, Scott e Shay estavam logo atrás, suas expressões eram de alívio ao encontrar a amiga bem, professor Rudy também estava com eles. Delphine sem pensar duas vezes a abraçou forte fazendo Cosima cair novamente no choro.

– Está tudo bem agora Cos – Delphine falou em seu ouvido, sentia o tremor do corpo de Cosima e a fraqueza que ele emanava –, está tudo bem.

– Del... – e voltou a soluçar de chorar, como se o abraço de Delphine fosse seu lugar mais seguro do mundo e ela pudesse ser frágil ali, dentro naquele abraço Cosima não precisava ser forte, podia chorar, podia externar todas as emoções, podia ser apenas uma garota que estava morrendo de medo do escuro, dentro daquele abraço Cosima podia ser o que quisesse pois sabia e sentia toda a proteção vinda da dona daqueles braços. Sua cavaleira de Atena. Sua salvadora.

– Eu não sei o que faria se algo tivesse acontecido a você – Delphine se soltou de Cosima, segurou com as duas mãos em seu rosto e deixou um beijo carregado de ternura em seus lábios pouco importando com a presença de Rudy ali –, vamos voltar para o acampamento, você precisa se aquecer.

Continue Reading

You'll Also Like

550K 16.7K 28
Você e sua mãe tinham acabado de se mudar para a casa do seu padrasto e foi então que você descobriu que teria um meio-irmão, você só não esperava sa...
38.9K 3.6K 46
Sofia é uma fera. Ela sabe. Afinal, depois de anos fazendo o que ela faz, quem iria gostar ao menos de se aproximar de uma aberração? Ela havia desis...
48.8K 3.6K 15
Líderes de torcida eram o ponto fraco de Eddie Munson e ele detestava a ideia de alguém lhe causar um efeito tão grande. 🕰️ [ iniciada em 6 de junho...
85.7K 5K 60
Ela é o sol que me aquece A minha melodia Minha paz e a minha alegria Ela é o meu sim e meu não Meu dia e minha noite Ela é Simplesmente Minha