A Garota da Pele Clara

By user0603

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Dois amantes do passado, duas lembranças no presente. Noah e Kayla possuem uma história por trás das investid... More

Apresentações
Notas da autora:
Prólogo
Embalos da noite
Rotina
Seria uma honra
A forma do desejo
Artimanhas
Culpada veredito
Royale Boston
A segurança anda ao lado do medo
Sem quem desejo
Breves na noite.
Romeu e Julieta
O pior cego é o que não quer ver
Nada de dor

"Boa noite, Noah"

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By user0603

1 de Janeiro, Segunda-feira, 18:27.

- Me deixe aqui, preciso resolver algumas coisas. - Anunciou calmamente Beca, apontando na direção do parque. A temperatura ainda se manifestava bruscamente, arrancando como resultado o suspiro gelado e a indisposição de todos que ali viviam. Kayla fez uma manobra com o carro, de modo que parasse no calçadão do lotado parque. Algumas crianças se balançavam nos brinquedos, permitindo o vento assoprar seus cabelos para longe. Conhecia suas expressões, eram de livre preocupações; vidas ganhas de bandeja onde a refeição era a exuberante felicidade e afeto. Mesmo reconhecendo o que nunca teve o prazer de expressar, se contentava em ver o que, tão pequenas, não se davam conta.

Beca abriu a porta com um movimento apressado, acenando logo que se pôs a correr em meio às árvores. Voltou a percorrer o trajeto até sua casa, e chegando lá notou o carro de sua mãe, estacionado familiarmente em frente a casa.

- Querida, você chegou cedo! Que surpresa. - Exclamou sua mãe da sala, ainda fora de alcance visual. Estranhou a súbita atitude, mas seus pensamentos foram interrompidos quando um vulto apareceu detrás de si, envolvendo sua cintura com as mãos.

- Estava esperando por você. - Com um pulo, Kayla se distanciou da familiar voz vinda de surpresa, e seu olhar se intensificou quando reconheceu Noah parado à sua frente. Em dúvida e com os olhos retorcidos de raiva, se afastou a passos pesados em direção a sala, preparando as palavras que seriam metralhadas.

- O que ele está fazendo aqui? Ao menos sabe quem ele é? - Gritou ao se colocar entre sua mãe e a TV, interrompendo sua atenção nos jornais da tarde. Sua mãe em resposta, ergueu o olhar para ela em repreensão.

- Não sei de onde surgiu esses seus modos, mas saiba que não aplicará no nosso convidado. - Se virou e adotou uma leve expressão no rosto. - Noah, meu querido, venha conhecer minha filha. - Falou, com a voz se voltando ao doce que sempre usava com os anfitriões. Noah que à pouco as observava encostado no batente da porta, se aproximou a passos lentos e descontraídos, com as mãos ao bolso. Kayla repreendeu uma risada quando notou o leve tom de corado sobre suas orelhas. Noah Westenin tímido?

- Já tive a honra de conhecer sua filha, Sra. Lorenson. - Falou Noah, enquanto acenava levemente com a cabeça - Kayla.

- Me chame de Susan, por favor. Sem formalidades. - Retrucou com uma risada. Kayla revirou os olhos, um gesto que Noah repetiu com um sorriso e os olhos desafiadores. Não havia falado nada até agora, perplexa demais com o fato de Noah Westenin, o alvo feminino, se encontrar em sua casa e criando um vínculo quase casual com sua mãe.

Ah, não, não, não!

- O que está fazendo aqui? - Repetiu a pergunta que fizera anteriormente, quebrando o angustiante silêncio instalado na sala. Ignorou o olhar de reprovação de sua mãe, continuando a encarar os olhos negros de Noah.

- Sua mãe me acolheu, já que acabei de me mudar para a casa ao lado e sou novo na vizinhança. Acredite, também foi uma surpresa para mim. - Falou, mantendo o tom casual - Não sabia que iria parar ao lado da minha parceira de espanhol.

- Oh, vocês formam parceria em espanhol? - Exclamou sua mãe, surpresa e ao mesmo tempo interessada. Mas acabou sendo ignorada em meio aos olhares fulminantes que cada um disparava.

- Então está mudando ao nosso lado? - Havia soado mais como uma afirmação para si mesma, incapaz de sair do transe para encarar a realidade.

- Minha família decidiu mudar para um lugar mais... - Uma pausa, e um sorriso discreto se formou em seus lábios -... reservado.

- Entendo. - Disse ainda com os olhos arregalados, e a mente em confusão. Seu rosto deveria estar queimando, pois sabia que seu interior estava a pouco segundos de expor chamas.

- Muito bem, - exclamou sua mãe, batendo as palmas em um único som alegre - Kayla poderia mostrar um pouco da vizinhança para você. Não seria incômodo, já que se conhecem. Não é mesmo, Kayla? - Voltou o olhar em sua direção. A expressão de Loren permanecia dura e firme, como se a alertasse da resposta certa a se falar.

- Não vejo problemas. - Forçou um sorriso, e voltou o olhar para Noah, que agora estava com o exuberante sorriso de satisfação em seu rosto.

- Posso dizer o mesmo.

Sua mãe os encarou aliviada, enquanto voltava em direção ao jornal e falava por fim:

- Trate-o bem, Kayla!

Do melhor jeito que for possível.


***

Noah dirigiu o olhar à ela, que agora permanecia circulando pela vizinhança a passos rápidos. Repreendeu uma risada que ameaçava escapar pelos acontecimentos que tinham vindo bruscamente para ambos. Conhecia o que ela estava sentindo. A aflição ao saber as brigas que seriam lançadas dia a dia, e os olhares de ódio que seriam metralhados.

- Você sabia sobre isso? - Perguntou ela quebrando o silêncio. Sim, sabia. Mas quando soube já era tarde demais para mudar quaisquer fosse as decisões de sua mãe.

A voz de Kayla mesmo tensa transbordava docura, e se perguntava se ela não se dava conta disso. Kayla poderia ser inteligente e mal vista, mas era sem dúvida atraente. Os cabelos de fogo caíam sobre seus ombros e destacavam seus olhos verdes; duas auréolas cintilantes sem pretensões. O corpo bem desenhado se ajustava perfeitamente nas roupas que usava, abraçando suas curvas.

- Sobre o que exatamente?

- Sobre se mudar para cá! - Exclamou, já sem paciência. Permaneceu calado por um momento, até avistar um privado parquinho. Meneou a cabeça para o lado, como um sinal para que ela o seguisse, e assim o fez. Se sentaram lado a lado, separados apenas pela distância de ambos os balanços onde se encontravam.

- Talvez. - Respondeu por fim, em um tom indiferente. Kayla se movimentou levemente, acompanhando os movimentos de vai e vêm do balanço.

- Desde quando?

- Desde ontem de noite.

###

Com a saída de Alison, se voltou para o quarto, pronto para adormecer no Sol da manhã, já que a noite não dera conta. O som do seu celular interrompeu seus passos e vibrou por todo o apartamento. Levou o aparelho ao ouvido ao ler a descrição da chamada.

- Oi, mãe. - Saudou, ainda com a voz cansada. Ouviu um suspiro do outro lado da linha e se preparou para o que viria a seguir.

- Noah, mais uma? Quando vai crescer e se dedicar à sua vida? - Exclamou Lilian Westenin, nitidamente irritada. - Chega de garotas e bebidas, Noah! Chega de desperdiçar seu tempo com coisas que não dará falta!

Noah esperou o silêncio se instalar entre ambos. Não queria começar uma discussão onde não poderia bater o pé e mostrar pelos seus olhos o quanto estava decidido a levar a vida como bem entendesse. Mas sua mãe não daria trégua, e ele sabia disso. Com a chamada em celular, Noah sabia que a palavra final era sempre de Lilian. E não podia protestar o que decidia.

- Está cedo para ter essa conversa, não acha mãe? - Retrucou, soltando um suspiro impaciente em seguida.

- Tenho certeza que já estava acordado. E se bem te conheço, aposto que a porta se fechou levando uma outra vagabunda para fora.

- Vá direto ao ponto. - Desviou o assunto que poderia começar.

- Comprei uma casa para nós em uma vizinhança. Mudará para lá antes de a noite aparecer, e lembre-se Noah, as pessoas se mostram tranquilas lá. Tente fingir pelo menos isso.

- Comprou uma casa?! Está ficando louca? - Exclamou irritado. O limite que nunca soubera existir, mas com certeza temia que viesse à tona, acabara de se mostrar ultrapassado. Vinha conquistando sua vida, sua moradia e sua alimentação desde os 19 anos. Agora, com uma compra vinda de sua mãe, teria que aceitar de boca selada o que batalhou para ter?

- Estou tendo algo que você não tem. Juízo. - Retrucou indiferente. - Tudo o que sua vida teve de início foi graças a mim, não se esqueça disso. Não pense que conquistou tudo por conta própria! Sua cabeça precisa amadurecer, meu filho.

- Eu agi por todos esses anos sozinho e vou continuar agindo. Não preciso de seu dinheiro para nada.

- Noah querido, acha mesmo que seu aluguel é esse valor que você paga todo o mês? Isto é só metade, sendo que o resto nós damos conta. - Falou por fim. As palavras de sua mãe vieram como um soco no estômago, desferido pela realidade de sua vida.

- Não é verdade.

- Seu apartamento está no nosso nome. - incitou. Estava, e ele sabia. Só agora se deu conta da presença de sua mãe em sua vida. - Bom, voltando ao assunto. Nada de mulheres para passar a noite, nada de festas e saídas noturnas. Entendeu bem?

- Não queria. - Falou por fim.

- Você não tem escolha. Sou sua mãe e estou fazendo o melhor para você, acredite. - E com isso desligou. Não podia acreditar, sua mãe estava tomando as rédeas de sua vida pessoal, mesmo estando com 21 anos! Como de início soubera, a palavra final reinava por Lilian, então se deu conta das mudanças que uma decisão de sua mãe iria causar. Todo o seu costume e diversão estavam prestes a acabar.

###

- E foi isso. - Falou após contar sua manhã que dera uma reviravolta em sua vida. Kayla o encarava ainda calada, sem expressão nenhuma no rosto, ainda analisando as palavras ditas por ele. Não fizera nem um comentário nem criticara nada enquanto contava, e sabia que as palavras eram grafites que se encaixavam na devida lapiseira. Noah era um homem que ainda não vivera.

Depois do que pareceu ser uma eternidade, Kayla ganhou em seu olhar um tom de revolta. Conhecia e provara aquele olhar.

- Está me dizendo que tudo isso foi pela sua vagabundagem? - Bravou. Seus olhos estavam marcados pela raiva, e seus lábios pressionados de leve demonstravam sua tensão.

- Se quiser colocar nessas palavras... - Sussurou. - Não quero e nem preciso de sermão. Já ouvi o bastante por hoje.

- Minhas palavras não iriam adiantar de nada. Não vou perder meu tempo com algo que você deveria perder. - Retrucou. Noah se voltou para ela com os olhos arregalados e a expressão confusa. Esperava que Kayla protestasse e desse continuidade às palavras já ditas pela sua mãe. Mas não. Estava permitindo que ele retomasse a uma vida por conta própria.

- O que foi? - Indagou. Só agora se dera conta que continuava a encarar aqueles reluzentes olhos. Direcionou o olhar para sua contornada boca, que tremeu em resposta. Noah foi tomado pela necessidade de tocar aqueles lábios com os seus, mas puxou o controle que restava de sua dignidade. Com um arranhar de garganta, virou a cabeça na direção oposta.

- Acho melhor nós voltarmos. - Concluiu à ela. Kayla acenou a cabeça em resposta, se erguendo do balanço e batendo para tirar a sujeira de sua roupa. Observou suas mãos baterem em sua coxa, e sufocou um gemido com a cena. Era demais, pelo amor de Deus, onde sua dignidade foi parar?

Voltaram pelo mesmo caminho que vieram, observando o Sol dar abertura à noite. As estrelas começavam a dar beleza no negro céu. Permaneceram em silêncio durante todo o trajeto, até Kayla parar sobre as escadas em frente a sua porta de casa.

- Bem, boa noite. Admito que passar esse tempo com você não foi tão ruim quanto eu esperava. - Sussurrou com o leve tom rosa sobre suas bochechas, se virando para poder entrar. Admirou seu rosto corar, e segurou seus pulsos para poder impedi-la de entrar. Kayla se voltou para ele, receosa.

- Acabei de escutar um elogio vindo de você? - Indagou ao envolver sua cintura e a puxar para si, aproximando suas bocas e misturando suas respirações. Estava quase dando sinal verde para o desejo que crescia incontrolavelmente dentro de si.

- Não faça eu me arrepender. - Retrucou, deixando rastros de um sorriso sufocado.

- Nunca pensaria em fazer isso.

- Então me solte e deixe eu dormir, ou irei me arrepender de não ter desferido meu joelho para o meio de suas pernas. - Como se recebesse um empurrão invisível, a largou com receio de poder dar resultado em suas palavras.

- Me convenceu.

- Boa noite, Noah. - Ao falar isso, Kayla entrou e desapareceu dentro da casa, deixando para trás um confuso Noah Westenin. O desejo e a necessidade que crescia e tomava seus sentidos estavam o deixando alarmado. Kayla estava em seu lugar, e lá permaneceria. Não poderia ocupar a vida, nem sequer as noites dela. E não pretendia.

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