Only God can judge you

بواسطة rakeool

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Um romance de faculdade. Nenhuma novidade. Acontece toda hora. Mas não com Lorena, cristã fervorosa que nunca... المزيد

Capítulo 1
Capítulo 2
Capitulo 3
Capítulo 4
Capitulo 5
Capítulo 6
Capítulo 8
Especial: They call you monster
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Epílogo
Agradecimentos

Capítulo 7

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بواسطة rakeool

POV Lorena

E estávamos ali no meio do corredor, ainda discutindo minha sexualidade. Jade era super legal na maior parte do tempo, mas tamém tinha habilidade de me tirar do sério com suas cantadas. Só que eu ainda estava confusa sobre tudo isso, eu não sabia se gostava ou não das investidas. Eu me sentia desrespeitada mas ao mesmo tempo um pouco tímida. Nunca havia sentido algo confuso assim por ninguém, muito menos por uma... Garota. E a cada segundo parecia que essa sensação piorava.

— Chega, ok? Eu sou hétero sim, homossexualidade é pecado, e eu não sou lésbica.— Respondi, fechando as mãos dessa vez, para evitar qualquer tipo de interpretação de linguagem corporal ou sei lá o quê.

— Ok, eu paro de dar em cima de você... —Começou ela, arrastando as palavras. - Mas com uma condição.

— Que condição? —Perguntei, cruzando os braços.

— Você vai ter que olhar nos meus olhos, e falar que você é hétero, e nunca vai ficar comigo. — "só isso? facinho então" pensei. — E quando falar, eu prometo que nunca mais vou dar em cima de você, e que a gente nunca vai ficar juntas.— Então Jade entrou na minha frente, e mais uma vez aquela sensação estranha percorreu meu corpo. —Caso a senhorita realmente seja hétero, ok, mas se você estiver mentido, e também estiver gostado de mim, você vai perder essa chance pra sempre e você vai ter que carregar esse fardo de que poderia ter dado certo pra sempre.

Eu estava assustada, nunca tinha ouvido uma coisa tão dramática em toda a minha vida. Mas ela continuou:

— Entao é isso, os critérios já estão estabelecidos, é agora ou nunca, lobinha. —Respirou fundo. —Eu vou te perguntar mais uma vez. Você é hétero?

Abri a boca para dizer que sim, mas por algum motivo, as palavras não sairam.

Naquele momento eu entrei em um desespero inexplicavel, eu não podia ficar com ela, essa pressão não deveria significar nada pra mim. Eu estava confusa, de um jeito que eu nunca tinha me sentido antes. "Sua religião não permite, vá logo, diga que sim" minha consciência gritava, mas eu estava hesitando. Novamente abri a boca pra dizer que sim, eu sabia que eu tinha que dizer sim, mas a palavra não saía.

— ...Foi o que eu pensei. — Ela abriu um sorriso vitorioso e virou as costas.

Entrei novamente em desespero, eu deveria ter dito que sim, isso não era certo, Deus abomina a prática homossexual, o que estava acontecendo comigo? Eu deveria ter dito que era hétero, eu precisava ter dito, mas eu não disse.

Qual. É. O. Meu. Problema.

Ela andou até o fim do corredor, a culpa corroía cada centímetro do meu corpo, ela estava quase entrando no quarto quando gritei:

— Jade, espera!

— O que foi? — Seu sorriso apareceu uma última vez.

Não era justo enchê-la de expectativas sem nenhuma intenção de... Ficar com ela, ou algo do tipo. Nem se eu quisesse eu ficaria com ela (afinal, eu não queria, claro que não) então, engoli em seco:

— Homossexuais são aberrações aos olhos do pai, e vão todos queimar no inferno. —Falei, por algum motivo, aquelas palavras pesaram dentro de mim.

— Ah... — Suspirou,fazendo uma cara pouco convencida.—Te vejo lá então.

Então ela abriu a porta, e sumiu dentro de seu dormitório.

Por um momento, eu fiquei em choque.

...Aquilo era um verdadeiro ABSURDO!

Como ela ousa falar que eu vou pro inferno!? Essa menina é uma Jezabel, pagã, promíscua! Vai queimar no inferno, e eu estarei longe dali! Não pude acreditar em tamanha audácia, só sai andando e procurei meu quarto.

Ainda estava indignada. Eu havia imaginado que essa faculdade seria cheia de hereges, mas nunca pensei que poderia acontecer uma calúnia como essa. Eu deveria nem ir àquela festa idiota, era um ultraje! Depois disso, eu nunca mais vou me envolver com essa garota, nem que minha vida dependa disso, não e pronto!

Tão imersa em meus pensamentos, me desfoquei do objetivo de achar meu dormitório, então comecei novamente a procurar. Passei o indicador pelos números marcados nas portas, até encontrar o 407. Conferi o chaveiro que recebi, mesmo número. Assim, coloquei a chave na fechadura, com expectativa.

• • •

Ao entrar, dei de cara com duas meninas. Uma era ruiva, magra, meio baixinha, sentada em cima da cama usando o celular com um olhar atento. A outra estava em uma escrivaninha, desenhando em alguns papéis. Essa usava um chale em volta da cabeça e dos cabelos, cobrindo o corpo inteiro com roupas longas. Provavelmente era uma muçulmana, ou alguma outra religião pagã do tipo.

A ruiva virou o rosto, e notou minha preseça ali.

— Oi novata! — Cumprimentou a ruiva, levantando com um salto. — Eu sou a Zoey, prazer! e aquela ali é a Diana.— Ela falava rápido e seu sorriso tomava boa parte do rosto salpicado de sardas, enquanto apontava a outra garota.

— Oi, seja bem vinda.—Levantou-se da cadeira, virando para mim.— Qual seu nome?

— ...Lorena, Lorena Leslie.— Respondi, receosa.

— Legal te conhecer. Nome bonito.— Diana me respondeu com um sorriso amigável.

— ...E nós somos suas novas colegas de quarto!— Disse a outra, dando pulinhos animados.

— É, aparentemente.— Meu tom seco fez com que ela parasse.

Cruzei o quarto e coloquei minha mochila na cama vaga, um silêncio tenso enchia o cômodo. Acho que eu não respondi ao entusiasmo delas do jeito que elas esperavam.

— ...Tá tudo bem com você?— Perguntou Diana, hesitante.

— Hã?— me virei confusa, olhando pra ela — Como assim?

— Você não tá com uma cara muito boa, sei lá... — ela me encarou —aconteceu alguma coisa?

— Não, tá tudo normal. —respondi, mentindo.

— Certeza?—Ela insistiu.

— É por causa do que tão falando por aí?—Zoey finalmente se pronunciou, se recuperando do corte que eu dei.

Engoli em seco.

— O que tão falando por aí...?— Virei, com medo da resposta.

— Que você tirou uma foto com flash da Jade no meio da aula. —Ela respondeu como se fosse óbvio.

— O que? Como que você tá sabendo disso?

— Ah, é que me falaram, todo mundo já tá sabendo disso. —Explicou, dando de ombros.—Eu postei sobre isso no meu blog

— Você fez o quê? —Minha voz saíu esganiçada.

— Postei no meu blog. —Ela não parecia ligar nem um pouco pra minha raiva iminente.

— Então quer dizer que você é tipo uma "Gossip girl" só que sem indentidade secreta?

— É, nessa vibe ai—Respondeu, indiferente. —Mas por que você estava tirando foto dela?

— Eu não acredito que você postou isso! Eu não estava tirando foto dela! Eu tentei tirar uma foto do quadro, só que sem querer eu errei a posição do celular. —Quantas vezes eu iria ter que explicar isso?

— Ah, não precisa mentir, eu também tiro fotos da Jade com flash as vezes. —Era pra ser um consolo?

— Mas eu não estava, é sério! —Insisti, ofendida.

— Mas então como que você tirou uma foto dela "sem querer"?

— Já falei que estava tentando tirar uma foto do quadro!

É, a ideia realmente soava péssima e Zoey não estava nem um pouco convencida.

— Não precisa inventar desculpas pra a gente, nós somos suas amigas agora! —Declarou, com uma animação irritante. —Só queremos saber o que foi.

— Eu já falei o que foi! Pelo amor de... —Protestei, logo sendo interrompida.

— Gente, chega. —Havia um sorriso escondido na voz de Diana. —Zoey, ela acabou de nos conhecer, ela não deve se sentir confortável em nós falar as coisas.

A ruiva cruzou os braços, com uma careta contrariada, deixando a outra continuar.

— Lorena, pode parecer estranho, mas ela faz o que faz em boas intenções. — explicou —Mesmo assim, você não precisa falar nada se você não se sentir confortável, ok?

— Ok... Obrigada. —Murmurei, surpresa com a reação dela.

Graças a Deus ela interferiu nisso, eu não ia ter mais pra onde correr. Eu deveria ter pensando em uma desculpa melhor antes, mas já que eu já falei, eu teria que insistir nessa ideia agora.

— Por nada. Mas, sim... —Diana puxou conversa —Você cursa o que?

— Biomedicina —Me forcei a ser simpática. —E vocês?

— Eu faço fotografia! —Zoey respondeu rapidamente, com orgulho.

— Eu faço moda. —Disse a outra.

— Como você faz moda sendo mulçumana? Você desenha burcas? —Não contive o ar de desdém a tempo.

Diana respirou fundo, revirando os olhos.

— Não, não é assim que funciona.— Falou com uma calma impressionante —Eu desenho roupas normais, não é por que minha religião não me permite usar roupas específicas, que eu não posso desenha-las pros outros.

— Ah, entendo... —Fiquei constrangida. Parecia ridículamente óbvio quando ela explicava. — Desculpa.

— Tudo bem, é um erro comum. —Respondeu, compreensiva. —Várias pessoas pensam assim, é realmente difícil pra alguma delas confiarem que eu posso ser uma boa esilista...

Ok, eu estava me sentindo cada vez mais culpada. E burra.

— Nossa, desculpa, sério.

— De boa. —Ela abriu um sorriso paciente. Uau, ela não se ofendia fácil.

De repente, ouvimos batidas na porta e Zoey foi abrir.

— CHLOE! —Gritou, pulando na recém chegada.

— E AÍ, PRIMA? —Berrou de volta, a abraçando mais forte.

Essa menina parecia uma versão da Zoey gordinha e mais alta. Seu cabelo estava enrolado em uma toalha e ela vestia uma blusa bizarramente colorida.

— Eu vou arrumar o campus agora, você vem?

— Vou sim! -Respondeu ela, entusiasmada. —Ah, Chloe, deixa eu te apresentar a novata—Virou. — Essa é Lorena

— Tudo em cima? —A menina se aproximou e fez um "toca aqui"—Então quer dizer que é você é que é a tão famosa Lorena. — seu tom de voz era malicioso

— "Tão famosa Lorena"...? —Repeti, confusa.

— Sim, minha amiga falou de você.

Meu Deus do céu.

— Que amiga é essa? É a Jade? O que ela falou de mim? —Disparei as perguntas, um pouco curiosa de mais.

— A própia! —Chloe deu um sorriso sugestivo.— Olha só, parece que o interesse é recíproco...

— O q-quê?— gaguegei, ai merda —Interesse? Claro que não! —Me apressei em responder, irritada.

— Relaxa, novata, todo mundo é meio afim dela mesmo. Afinal, é "A Jade". —Disse, passando o braço pelo meu ombro. —Mas parece que nós temos uma sortuda aqui, não é mesmo? Você tinha que ver, ela ficava besta só de lembrar de você...

Meu corpo voltou a sentir aquela sensação estranha com a menção ao ao nome dela. Sacodi a cabeça, afastando o pensameto.

— Ah, é realmente uma pena, por que eu não estou "afim" dela. —Cruzei meus braços.

— Uhum, sei...—Murmurou, com um sorriso malicioso.

— Eu não estou brincando! Eu sou hetero. Eu e minha religião abominamos homossexuais. —Declarei, com no que estava dizendo.

— Então quer dizer que a Jade meche com a super duper heterossexualidade da senhorita?—Perguntou.

— Obvio que não! Mulheres foram criadas para acompanhar os homens. Não fico com mulheres, jamais, dessa água não bebereis!— Recitei um trecho bíblico, falando ainda mais firme que antes.

— Aham, tá bom... —Ironizou, rindo. Ela não parecia muito convencida. —Mas vem cá, você vai na minha festa hoje, né?

— Ah, eu não sei... Eu não sou muito de ir pra festas e nem tenho uma fantasia.

— Ah, isso da pra resolver! —Fez um gesto vago no ar.—Diana, você pode ajudar com a roupa?

— Com prazer. —Disse a amiga, sentando em sua mesa —Eu tava costurando uns protótipos de fantasia agora a pouco, mas eles ficaram muito pequenos, acho que serviria em você.

Provavelmente serviria mesmo, eu não era muito alta nem nada do tipo.

— Tem três opções, uma de bruxa, uma de princesa e uma de marinheiro. —Citou, mexendo nos papéis.

Nesse momento Chloe arregalou os olhos, abafando uma risada. Ela sussurou alguma coisa no ouvido da Zoey, que mordeu o lábio inferior para esconder o sorriso. Então se aproximou da última, e contou o segredo também. Quando ela terminou, Diana falou, sorrindo:

— Bem, acho que a de marinheira ficaria melhor.

— É, foi a que eu mais gostei também... —Comentei, descofiada. —Do que que vocês estavam falando?

— Nada não. —Zoey respondeu rápido.

— Nos temos que ir arrumar o campus, tchau! —Chloe se apressou e saiu, arrastando a prima consigo. Ouvi gargalhadas do lado de fora.

Eu já ia perguntar o que era tão engraçado, mas Diana entrou no banheiro, me deixando sozinha. Me sentei em minha cama, pegando meu celular. Depois de enrolar um pouco, finalmente tomei coragem e abri minha galeria, procurando a foto que eu havia tirado na aula

Ela saiu bonita, mesmo em uma foto surpresa. Ela era realmente muito linda, de um jeito completamente diferente de qualquer outra pessoa que eu já tivesse visto.

Serio, qual meu problema?!

"Não, eu sou hétero!" Gritei mentalmente. "Eu só devo estar intrigada pelo jeito que ela se veste, ou o que ela faz com o cabelo." Tentei me convencer. Mas por que eu não conseguia parar de olhar pra aquela foto? Era como se eu estivesse hipnotizada, aquilo realmente não era normal, isso não faz o menor sentido.

Essa garota...

Ela mexeu comigo, de um jeito que nenhuma outra (ou até mesmo outro) tinha feito antes. Eu devia parar de ter esses pensamentos, Deus me reprimiria.

Sai do meu transe ao ver uma ligação na tela do meu celular. Era o André, eu não queria realmente atender, mas eu tinha que.

— Oi André... —Resmunguei, disfarçando meu tom aborrecido.

— Oi Lore! Estou sentindo tanto a sua falta! —Ele falou, melancolico.

— Ah, eu também...

— Ainda não caiu a ficha que você saiu da Yale! —Se exaltou. —Aqui é muito melhor que a Brown, e tem eu e a Débora!

— Eu já te disse que eu tinha inveja dela. Aqui eu vou conseguir me tornar a melhor aluna. —Expliquei meu plano pela milésima vez. Ok, não era exatamente verdade, mas ele não precisava saber disso.

— Ela também sente sua falta, sabia! —Ele parecia genuínamente chateado. —Ah! Eu tenho que ir, está na hora do chá da tarde... Depois eu te ligo, docinho, beijo, te amo!

— Eu também te amo amor... —Não hesitei em revirar os olhos. Ele desligou o telefone.

Larguei o celular, soltando um suspiro pesado. Então reparei em Diana, que já havia saído do banheiro e me olhava atentamente.

— Há quanto tempo você está parada aí? —Perguntei, receosa.

— Alguns segundos, só peguei o final da conversa. —Deu de ombros. —Você tem namorado?

— Sim...  

— Ah... —Ela parecia confusa —E você tipo... Gosta dele?

— O quê? Gosto, claro que gosto! —Soltei uma risada nervosa. Por quê eu não gostaria do meu namorado?

Ela me analisou antes de responder:

— Bem, você mente muito mal. Por que você não gosta dele?

— Eu gosto dele sim! Por que você acha isso? —Rebati, irritada.

As pessoas da Brown devem carregar um detector de mentiras interno, sério. Em toda minha vida, ninguém nunca desconfiou de que eu não gostava do André ou da Débora. Foi só eu chegar aqui pra todos conseguirem notar.

— Você fala que namora como se fosse o maior dos fardos do mundo. —Explicou. —Você realmente gosta dele?

— Gosto... —Murmurei, antes de perceber que não valeria a pena mentir, Diana perceberia de qualquer jeito. —Ok, talvez nem tanto...

— Por quê? —Ela se sentou ao meu lado

Resolvi começar meu discurso, eu já tinha contado pra Jade mesmo, não era mais exatamente um segredo.

— Ele é chato, mesquinho, mimado, e se acha melhor que todo mundo... —Explodi, farta daquilo. —Mas não é como se eu tivesse opção de não gostar dele. Nossos pais se conhecem a anos e é como se eles tivessem me "arranjado" pra ficar com ele.—Expliquei, revirando os olhos.

— Ah... — ela respondeu —e você nunca falou pra eles que não gosta dele?

— Não. Eles gostam muito dele, e a gente namora a muito tempo. Seria um choque gigante. —Me ajeitei na cama, desconfortável. —A mesma coisa com Débora, minha "melhor amiga". —Me senti enjoada só de falar aquilo. —Eu andava com os dois pela pressão dos meus pais. Eles achavam que era melhor eu ter "boas influências" e blá blá blá...

— Nossa, isso é péssimo... —Murmurou Diana, se sentando ao meu lado.

— Nós estudávamos juntos desde criança. —Continuei, feliz por ter alguém para ouvir sobre os meus problemas. —Quando terminamos o colegio, eles também passaram na mesma faculdade que eu, e as coisas ficaram piores ainda. — Expliquei —Eu não aguentava mais ver a cara deles, então eu resolvi pedir transferência pra Brown. E mesmo assim, as coisas não estão as melhores por aqui, eu já comecei o dia sendo zoada por uns caras.

— Quem? —  ela peguntou—Porque eles te zoaram?!

— Eu não sei, eram dois garotos aí —Fiz um gesto vago com as mãos. —Eles me zoaram porque eu tava de uniforme.

— Eu também reparei... —Admitiu, me olhando de cima a baixo. —Por que você usa uniforme?

— Bem — suspirei —Lá na Yale, a Débora não gostava do fato de que ninguém usava uniformes. Ela dizia que era como se quebrasse o "padrão" dos estudantes... —Respondi. —Então a mãe dela costurava uniformes personalizados, rosa pra mim, vermelho pra ela e azul pro André. Eu só esqueci que eu não precisava mais usar esse troço já que ela não estuda mais comigo.

— Ah, pelo menos é a última vez. —Deu de ombros.

— Pior que isso, quando Jade me perguntou o motivo de eu me vestir assim, eu acabei me estressando, e falei que gostava... —Comentei, com uma súbita vergonha. — Então acho que agora eu não tenho como voltar atrás, vou ter que usar uniforme pelo resto do ano.

— Bom... —Diana murmurou, pensativa. —Outro dia no curso de moda, teve uma tarefa de costurar uma linha de roupas infantis. Eu tenho várias saias e blusas que você poderia usar como uniforme, se você quisesse.

— Infantis? —Repeti, meio ofendida.

— Ah, não é por nada não... —Tentou se explicar, rindo. —É que você é pequenininha mesmo. Eu acho que as roupas serviriam em você.

— Ok, ok... —Bufei. —Você realmente me daria as roupas?

— Sim, por que não?

— Nossa, muito obrigada. —Abri um sorriso aliviado.

— Não tem de quê. —Riu 

— E não conte pra ninguém sobre o André, por favor. —Me adiantei. — Eu pretendo terminar com ele assim que eu tomar coragem, e eu não quero minhas lembranças da Yale me atormentando por aqui.

— Tudo bem, eu não conto pra ninguém.—Garantiu, com um tom de voz suave. —Jade sabe que você namora?

— Na verdade, não — Respondi, confusa — Eu não falei pra ela... 

— Por que não? Ela teria parado de dar em cima de você se você falasse que namorava.

— É que... —Comecei antes de me interromper.

Oi?

Eu poderia falar que eu não gostava de mencionar ele pras pessoas, já que eu não gostava dele. O que não é mentira, mas talvez, nesse caso o motivo fosse algo um pouco a mais que isso. E aqueles pensamentos nojentos e promíscuos voltavam a minha cabeça, pelo amor de Deus, o que foi que deu em mim?

— Ah, ok, eu imagino o porquê. —Murmurou, com um sorrisinho sujestivo.

Meu Deus, até ela reparou, eu tinha que parar com isso urgente.

— Mas ok, não precisamos falar sobre isso. —Ela cortou a própria fala. —É melhor você colocar a fantasia pra ver se fica boa.

Ela me entregou a roupa, e eu experimentei. Ficou muito legal, o caimento da roupa ficou perfeito, ela realmente tinha talento.

— Ficou ótimo em você! —Disse ela, com uma pontada de orgulho.

— Sim— respondi — você realmente é muito talentosa.

— Obrigada! —ela respondeu abrindo um sorriso, com seu tom de voz suave—É melhor eu ir terminando minha fantasia, não falta tanto tempo assim pra festa

— Ok, eu também tenho que estudar— falei

Ela voltou pra sua mesinha. Tirei a fantasia e peguei meus livros, eu estava feliz, ela era muito legal, não imaginei que teria gente tão legal por aqui. Na Yale era tudo bem diferente, aqui era tudo tão mais, agradável, o lugar tinha um clima bem melhor, as pessoas eram tão mais gentis, era tudo tão mais... Legal.

É, acho que eu vou gostar desse lugar.

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