A vida é uma puta barata!

By edercapobianco

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Os contos selecionados para esta coletânea transitam entre o nada e o lugar nenhum viajando por todos os espa... More

A pílula de amnésia [conto]
Bem-vindo à selva [conto]
Depois da merda no ventilador [conto]
Os homens do esgoto [conto]
O matadouro [conto]
Mosca morta em movimento linear uniforme
Expurgo
Memórias de um empurrador de árvore [conto]
O futuro vindo depois da curva [conto]
Rato condicionado perdido no labirinto de Skinner [conto]
O chamado [conto]
Queimando no inferno [conto]
O lá não existe [conto]
Dando duro [conto]
Diálogo [conto]
O ciclo [conto]
Besouro rola-bosta de barriga para cima [conto]
Descascando o abacaxi [conto]
O homem, a mulher e Matheus [conto]
Nadando numa piscina de bolinhas [conto]
Experiência n°67 [conto]
O fim do mês e a conta na mercearia [conto]
The good times [conto]
Os freelancers [conto]
A inevitável mediocridade da vida [conto]
Bate-papo [conto]
10 coisas que você precisa saber sobre a Marcie [conto]
O segredo de Marygold [conto]
Depois do sonho [conto]
O estupro [conto]
Fatos Cotidianos 15 - Zé Ninguém [conto]
Elucidações elucidativas sobre os elucidados [conto]
O fim do resto
Tiros, carros e explosões [conto]
Stairway to heaven
O surto
A esquina e o fim
O gordo contra o mundo
A luta da batalha perdida
Almoço fast-food
Nem a lua nem a Ásia existem
A vida no inferno
E se....?
A era da reprodutibilidade técnica avançada
A true love story
A conta
Paradoxo da vida perdida
O suicídio do covarde Manuel
A batalha pela rota do oeste
A luta do Peito de Aço contra o destino implacável
Fábrica de chocolate verde
Novela mexicana
O aborto
Bruno, Maira em uma tarde qualquer
Tirando a sorte grande
Mundo girando
Rotina do cão
A dura
Bebida, diversão e balé
Como mandar dois quarteirões para o espaço
Exprovado
Um encontro furtivo com Deus
Rolê de terça a noite
Fatos Cotidianos 19 - Vítimas e culpados
As taças quebradas e o vinho derramado
História para boi dormir
De cara para o mar
Os abutres e a carne seca
It's only rock'n roll
Dias de glória
Fatos Cotidianos 5 - Promiscuidades
Palatins
Crise psicológica permanente
Felicidade para cretinos e desesperados esquecidos por Deus
O elefante, o armário e a mulher do padre
Cotidiano porção única
As últimas 24h de Vitória
A nobre arte de fazer dinheiro
Fatos Cotidianos 17 - A vida dói
Dupla dinâmica e uma noite de sexta
Toda felicidade da tristeza
"O" de otário
Quem procura acha
All Star #37
Cu-Sujo
Formigas trabalhado em nome do amor
Fatos Cotidianos 10 - Trabalhando em telemarketing
Vivendo a emoção de cada dia
Sra. Pimenta e as pepitas de ouro
Gafanhotos pastando no mar de lama
Fatos Cotidianos 27 - Nova perspectiva, os pés no chão!
Seis [conto]
O instante eterno [conto]
Dançando com o demônio a luz do luar [conto]
Cordeiro pastando em campo aberto [conto]
O fim do mundo [conto]
O passo e a linha [conto]
A batalha permanente [conto]

Arroz com feijão [conto]

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By edercapobianco

Rafael estava com um problema com seus pais: eles descobriram que ele fumava maconha. O jovem vacilou com uma ponta no carro, e depois que sua mãe abriu o carregador de 12V para plugar o celular, e se deparou com aquele celofane do diabo, o garoto especial já não era tão especial assim. Na verdade era um problema. Aliás, vários problemas. "Quem pois aquela porcaria na boca dele?" "Será que ele está só nisso?" "Onde nós erramos?" Dr. Sampaio e a Sra. Sampaio estavam apavorados. Em estado de choque. A sujeira tinha chegado em casa. Era o primeiro sinal do fim dos tempos.

Estava tudo abalado. Admiração. Confiança. Futuro. Quando eles chegaram em casa, colocaram aquela ponta na mesa da sala e olharam para Rafael, seu pai foi eloquente: "Não me venha com esse papo de é de um amigo." "Você fumou isso no carro?" Foi o primeiro questionamento da chorosa Sra. Sampaio. Rafael estava sendo crucificado, e assim como Jesus parecia querer aquilo. Ele olhava para uma e para o outro com o desdém com que Pôncio Pilatos lavou as mãos. Como quem não tem nada para dizer.

A postura era ultrajante. Inaceitável. "Também não é nenhuma novidade. Olha só para você." "Depois que começou a faculdade você virou outra pessoa." Era uma mistura de negação com raiva. "Você não tem nada para dizer?" Que tinha sido um erro. Que estava arrependido. Que não ia acontecer de novo. Que aquela droga maldita tinha pegado ele num momento de fraqueza e com a ajuda de Deus ele ia se livrar daquele terrível mau. Os dois topavam escutar qualquer coisa que soasse como um mea culpa. Assumir é sempre o primeiro passo.

"Como assim não significa nada?" Significou muita coisa quando Césinha, o primo da Sra. Sampaio, foi preso com dezoito anos fumando maconha na praça. Foram cinco anos de cana. Nunca mais ele se recuperou. Significou muito para o Tio Joe, que começou assim e hoje é viciado em crack. "Que mané planta. Que outros tempos coisa nenhuma." Vai pra cadeia sim. Não tem essa. É crime. Contra a lei. Vicia. Mata. "A única coisa que mudou aqui é que você está metido com essa merda." É coisa de vagabundo. Ninguém nunca viu alguém de bem envolvido com isso. Era como se o apresentador no jornal da noite estivesse narrando a verdade mais verdade de todos os tempos.

Estupefata era o verbete que melhor definia a Sra. Sampaio. "Me diz que você não vai fazer mais isso, por favor." Rafael olhou para o outro lado. O Sr. Sampaio bufou. "Conversa com a gente." Implorou a mãe. E ele dizia: "Eu não deixo de fazer nada por causa disso." Era um dos primeiros da XXVIV Turma de Biologia da faculdade, tinha um bom estágio, planos. Isso era só diversão, no fim do dia, como uma cerveja. "Como assim?" Não é simples assim. "Você vai precisar de mais, e mais e mais." Não dá para controlar. É droga. "Em muitos lugares já é legalizado." "Mas aqui não."

Conversa vai, conversa vem. "Meu filho, você não precisa disso." Agora já parecia possível que o garoto especial fosse um especial com asterisco. "Como eu vou poder ficar tranquilo sabendo que você está por aí com drogas?" O Sr. Sampaio apelava e demonstrava amor ao seu jeito tosco. "Onde você vai para comprar essa porcaria? Olha o tipo de gente que você está se envolvendo." Se as leis não servem aos interesses da sociedade, ou se as políticas públicas favorecem confrontos sociais, "não são assuntos para serem debatidos em casa", entre uma família que tenta salvar sua cria. "Isso não é problema seu. Você tem que trabalhar," finalizou o patriarca.

Minutos de silêncio. Agonia. Choramingos. "Isso é só uma fase" era a frase que piscava em um luminoso de neon que brilhava dentro da cabeça da Sra. Sampaio. "E enquanto você tiver nessa fase vai ter que se virar sozinho" era a reação que parecia óbvia para um pai, segundo as convicções do Dr. Sampaio. "Tudo bem", era a forma mais rápida que Rafael via de acabar com a contenda.

Uma pulga saltou de trás da orelha da Sra. Sampaio gritando: "ele vai embora de casa, ele vai embora de casa." Dr. Sampaio não se oporia. "Tome um banho que vou arrumar o jantar", disse a matriarca na esperança de restaurar a harmonia e a família. Rafael levantou e foi para o quarto. O pai olhou para mãe com cara de preocupação, depois ligou a TV. Ela foi para cozinha preparar o jantar.

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