O dia passou mais rápido do que o esperado. A euforia ainda se instalava por todo castelo e todos já estavam praticamente prontos para o grande baile. Menos o aniversariante.
Já faz mais de meia hora que estou deitado em minha cama. Deveria estar pronto? Deveria. Mas não consigo me levantar.
– Ben! – Ouço uma batida na porta – Está pronto?
Dou um pulo da cama ao ouvir a voz do meu pai.
– Eu... – Antes que eu pudesse dizer algo, ele abre a porta e entra.
– O que houve? – Ele me olha de cima a baixo.
– Não é nada. – Passo a mão em meus cabelos – Estou só um pouco cansado.
– Ben! – Ele se senta sobre a cama – Te conheço há dezoito anos e eu sei muito bem quando tem algo de errado.
– Você não entenderia. – Me sento ao seu lado – É uma coisa boba.
Ele assente vagarosamente.
– Posso tentar entender. – Ele propõe.
– Acho que nunca vou ter o que você e a mamãe tem. – Suspiro baixo – Sabe, vocês dois se amam de verdade.
– Você ainda é novo, Ben. – Ele sorrir – Conheci sua mãe com dezoito anos, mas isso não quer dizer que você também tenha que conhecer o seu amor com a mesma idade. O amor não tem idade, não tem hora e nem lugar certo para acontecer. Sei que pode ser impossível de se acreditar, mas quando chegar a hora, você irá saber.
– E se eu não souber? – Questiono – Pai, tenho medo de nunca conhecer ninguém, e você sabe que as chances de conhecer alguém quando se é príncipe, são mínimas.
Ele solta uma pequena risada.
– Concordo com você. Mas isso não significa que possa ser impossível! Hoje você conhecerá algumas princesas, e talvez, a sua garota esteja entre elas. – Ele sorrir e se levanta – Vou deixar você se aprontar. Te vejo lá embaixo.
Ele tem razão. Não posso simplesmente ficar aqui de braços cruzados. Preciso agir e preciso fazer isso agora mesmo.
* * *
O salão principal estava divino. O espaço já estava completamente cheio e as pessoas pareciam estar se divertindo. Já havia mais de uma hora que o baile começou e eu já estava cansado de tanto sorrir e dançar com diversas princesas. Todas eram muito lindas e educadas, mas havia algumas que estavam praticamente se jogando para cima de mim.
– Príncipe Benjamin! – Detenho meus passos – Quero lhe desejar um feliz aniversário. – Uma jovem de cabelos vermelhos diz, esboçando um enorme sorriso.
– Muito obrigada! – Retribuo o sorriso – Fico contente que tenha aceitado o convite, princesa Ellen.
– A honra foi minha, príncipe Benjamin. – Suas íris verdes me analisam de cima a baixo – Permita-me dizer que estás muito elegante.
– Obrigada, princesa Ellen. – Digo, educadamente – Como estão os negócios em seu país?
– Os negócios na Espanha só melhoram a cada dia que passa. – Ela exibe seu melhor sorriso – Espero lhe receber em meu país qualquer dia. Será uma honra para mim e para a minha família.
– Agradeço o convite, princesa. – Abro um meio sorriso – Creio que, devido ao fato de eu estar completamente dezoito anos, não poderei fazer tantas visitas. – Seu sorriso se desfaz, deixando claro o seu desapontamento – Mas, tentarei ao máximo lhe fazer uma visita.
Desvio meu olhar para o centro do salão, onde se encontravam alguns casais dançando.
– Me agrada muito ouvir isso, príncipe Ben. – Ela me olha com divertimento.
– Fico feliz com isso. – Digo e sorrio – Me concede está dança? – Pergunto, esticando minha mão.
– Será uma honra! – Ela responde entusiasmada e segura em minha mão.
Acompanho ela até o centro do salão e repouso minhas mãos em sua cintura. Ela solta um pequeno suspiro com o meu toque, mas logo se recompõe. Esboço um pequeno sorriso para ela e começo a me movimentar lentamente, de um lado para o outro.
– Pretende ficar um tempo na Inglaterra? – Seu olhar se enche de esperança.
– Ainda não sei. – Ela diz, enquanto imita os meus movimentos – Seria do seu agrado?
– Sim! – Repondo, e a ansiedade era nítida em seus olhos . – Sua presença me agrada.
– Permita-me dizer o mesmo. – Ela sorrir tímida e se afasta, após a música terminar.
– Vejo-a em breve, princesa Ellen. – Beijo sua mão delicadamente e sorrio.
– Mal posso esperar. – Ela se inclina em uma reverência e se vira, sumindo entre as pessoas.
Até agora, ela foi a única que se comportou de forma agradável. Ela é bonita, educada e gentil. Talvez, nem todas sejam princesas interesseiras, que só querem uma boa aliança com a Inglaterra.
– Ben! Pode me fazer um favor? – Ian pergunta, após se aproximar de mim.
– Claro. O que houve? – Pergunto.
– A Manu está dançando com aquele príncipe já tem um tempo. – Ele resmunga, enquanto encara os dois discaradamente – Eu não posso fazer nada, mas você pode.
– Está me pedindo para atrapalhar a dança dos dois? – Deixo uma risada escapar – Você precisa assumir ela. Ou então, nunca terá o direito de impedir qualquer um que se aproxime dela.
– Ben! – Ele lança um olhar de súplica – Estou lhe implorando. Por favor, me ajude.
– Tudo bem! – Digo, fazendo ele suspirar de alívio – Está me devendo uma corrida na floresta!
– Combinado! – Respondeu Ian.
Visualizo melhor o centro do salão e logo de cara vejo minha prima e o príncipe da Síria. Me aproximo dos dois e sorrio ao ter a atenção de ambos.
– Príncipe George! – Ele me cumprimenta com um aceno – Será que eu poderia? – Estico minha mão em direção a Manu.
– Ah! Claro! – Ele sorrir gentilmente.
– Obrigado. Aproveite o baile! – Digo e posiciono minhas mãos na cintura dela.
– Tenho quase certeza de que meu namorado pediu para que você interrompesse a dança. – Ela levanta suas sobrancelhas, enquanto imita meus passos.
– Digamos que seu namorado é muito ciumento. – Solto uma risada baixa.
– Eu sei disso. – Ela desvia seu olhar para o Ian – Eu o amo muito e acredite, ter que evitá-lo durante as festas é a coisa mais terrível que já tenho que fazer.
– Quando vocês assumirem o namoro de vocês, isso será possível. Tudo será bem mais fácil, Manu. – Dou de ombros – Acho que deveriam tentar.
– É muito complicado, Ben. – Suas íris castanhas voltam a me encarar – Queria poder assumir o nosso namoro, sabe? Sei que muito podem pensar que isso é um erro, mas não é. Eu me apaixonei. Ian é o amor da minha vida.
– Sinto muito por isso. – Suspiro baixo – Ian é o meu melhor amigo, e você, é da minha família Manu. É bem mais que uma prima. Eu quero o melhor para ambos e acredito que vocês só serão felizes quando assumirem.
– Já pensamos nessa hipótese um milhão de vezes... – Ela abaixa o olhar – Porém, sempre chegamos a conclusão de que os meus pais não vão aceitar isso. Tenho medo de dizer a eles, e por uma questão de honra, eles me mandarem para outra país.
– Eles não teriam coragem de fazer isso. Manu, eles são seus pais e irão te apoiar em qualquer decisão que você tomar.
Desvio meu olhar por um pequeno momento, e então, o mundo parece congelar por completo. Não posso dizer o que senti no momento em que a vi. Mas era algo bom.
A bela jovem que passou pela porta dupla de madeira, tinha um olhar repleto de brilho e curiosidade. Seus cabelos louros caiam sobre seus ombros, formando perfeitos cachos nas pontas. Seu vestido era de uma tonalidade azul, o que a deixava ainda mais bonita.
Ela era perfeita. Parecia uma boneca.
Ela era totalmente estranha para mim, mas algo em suas íris azuis, me atraia. Como se fôssemos dois imãs. Eu poderia dizer que aquilo não era nada, mas não posso mentir para mim mesmo. E pude ter a certeza que isso não era normal, no momento em que nossos olhos se cruzaram.
* * *
Olá meus amores!
O que acharam do capítulo?
Gostaram? Estão ansiosos para conhecer essa garota tão misteriosa? Pois eu estou haha ❤