O Labirinto dos Elfos

بواسطة GabyOmetto

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Quatro amigos faziam trilha, quando decidem sair dele e se embrenhar na mata e busca de uma aventura, mal sab... المزيد

Imaginação
PREFÁCIO
PARTE UM 1. - A GRUTA
2. - RECONHECIMENTO
3. - DESCOBERTAS NA CASA DA AVÓ
4. - PRIMEIRO DIA NO LABIRINTO
5. - NOCTE VERMES
6. - MURBULG
7. - SEPARADOS
8. - CYAN
9. - ATAQUES
10. - DAMES BLANCHES
11. - IGNIS
12. - O FINAL DO LABIRINTO
13. - A BATALHA CONTRA UZURG
SEGUNDA PARTE -14. - O REINO ÉLFICO
15. - TREINO
16. - O BEIJO
17. - PLANOS DE FUGA
18. - FLASHAVAL, O DRAGÃO DO AR
19. - GRIFO
20. - O REINO D'ÁGUA
21. - O FESTIVAL
22. - DARGAR, O DRAGÃO D'ÁGUA
23. - O REINO DA FLORESTA
24. - GUERRA NA COZINHA
25. - AO REDOR DA FOGUEIRA
26. - UM ERRO
27. - RUSHOX, O DRAGÃO DE METAL
28. - O REINO DE FOGO
29. - DIA DE PRINCESA
30. - TRESSRI, O DRAGÃO DE FOGO
31. - O BAILE
32. - O REINO DO ESPÍRITO
33. - CHRYSUL, O DRAGÃO DO ESPIRITO
34. - O RETORNO DA ESCURIDÃO
35. - ESTRATÉGIAS DE GUERRA
36. - O ATAQUE FINAL
37. - O RETORNO
EPÍLOGO
Como foi escrever o labirinto dos Elfos
PRIMEIRO ENCONTRO
Outras histórias
AGRADECIMENTOS

VALE DOS PEGASUS

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بواسطة GabyOmetto


Parei na metade do caminho, ela não tinha mais tempo pra mim, parecia estar se divertindo lutando com o príncipe chatolino. Eu não gostava dele, mas é claro que nunca iria dizer isso para Krystal, que parecia confiar e gostar dele mais do que devia. Sempre soube que ela não sabia escolher homens para namorar, ignorou o pobre Will que tem sentimentos verdadeiros, mas caia de amores pelo principezinho fajuto!

Dei meia volta, não queria que ela me visse, não queria atrapalhar. Ela estava descobrindo outra faceta de si mesma, descobrindo um lado mágico de si que nunca imaginou ter.

Não poderia tirar isso dela, mas ignorar os amigos era um pouco demais, fazia cinco dias que quase não dirigia a palavras a ninguém, ela era bem aceita nesse mundo, mesmo sendo meia humana, mas os meninos e eu não. Conseguia perceber que aquele povo não gostava de humanos, pouquíssimos se diriam a nós, geralmente era por obrigação.

Will teve a audácia de pedir para o rei que alguns guardas nos treinassem, o rei acatou, mas vendo o treinamento da Krystal, vi que o tratamento era muito diferente, dá até um certo desânimo.

Desviei do caminho que seguia até um grande arbusto, ele era longe o suficiente para que ninguém do treino ouvisse, mas ainda era possível ver o que estava acontecendo.

Desabei na grama fofa dando um longo suspiro, fazendo com que Will pulasse de susto, ele me olhasse assustado querendo uma explicação que eu não iria dar. Desde que Krystal começou a treinar o príncipe de caráter duvidoso, Will se escondia e via um pouco do treino dela, para ter certeza que estava tudo bem. Por mais que se ela precisasse de ajuda, nunca conseguiria salva-la, as habilidades dos elfos era superior à nossa.

— O que faz aqui? — Perguntou ele ainda um pouco assustado. — Como me achou?

— Você está num arbusto, não é o melhor lugar para se esconder. — Respondo um pouco ríspida, meu humor não estava tão bom assim. — Ia convidar Krystal para um passeio, mas acho melhor não.

— Ela se afastou de todos... — Lamentou Will deixando a frase morrer.

— Não se preocupe, daqui a pouco ela vai se tocar que o elfo é um bosta e vai vir correndo pra você — Consolei com meu melhor sorriso de "tudo vai dar certo".

— Você sempre diz isso quando ela começa a gostar de alguém, sempre estou ao seu lado quando seu coração é quebrado, recolho e colo os pedaços, mas ela nunca olha para mim. — Disse Will com pesar. — Não sei por que ainda se faz de positiva.

— Uma hora eu vou acertar, só é questão de tempo, ela vai ver que o cara ideal sempre esteve ao lado dela. — Falei tentado parecer confiante em minhas palavras.

— Tomara... — Disse Will esperançoso. — Só uma dúvida, você iria chamar a Krys pra ir onde?

— Estava ouvindo alguns elfos dizendo que existe um vale muito bonito, onde há vários pegasus, queria ir. — Disse um pouco sonhadora.

— Já vimos pegasus, eles estão em todo lugar!

— Parece que o Vale é um local de reprodução, é onde eles vão para encontrar um parceiro e criar os filhos, sabia que ele tem apenas um parceiro por toda a vida? — Digo um pouco animada demais, uma das coisas que me mais amei nesse mundo, foram os pegasus, uma criatura mitológica bem na minha frente, é um sonho se tornando realidade.

— Eu não sabia de nada disso, eles não são tão legais assim, são apenas cavalos com asas! — Satirizou Will.

— Você acabou de dizer um dos motivos que eles são tão legais! — Retruquei. — Mas não importa, não vou sozinha.

— Por que não tenta achar alguém pra ir com você? — Perguntou Will dando uma olhada entre as folhas verdejantes.

Se estivéssemos num desenho animado, uma lâmpada acesa iria aparecer na minha cabeça, ou um cristal, já que aqui não existe lâmpadas. As vezes até que Will era inteligente.

— Que tal irmos você, Lian e eu? — Perguntei animada esperando uma resposta positiva, ou iria quebrar a cara dele.

Ele ponderou um pouco antes de responder.

— Não vou perder meu tempo pra ver um bando de cavalos com penas, mas aposto que Lian iria adorar conhecer o vale.

— Você é tão chato, é bom que seu primo queira ir comigo, senão minha fúria recairá sobre você! — Ameacei me levantando e limpando o vestido de seda azul claro.

— Estou morrendo de medo de você! — Retrucou num tom satírico um pouco alto demais.

— Fale mais alto, quem sabe os dois ali treinando te ouçam. — Disse me divertindo com o desespero que tomou sua expressão.

Ele não falou alto suficiente para que ouvisse, mas não iria revelar esse pequeno detalhe. Will mereceu por não ter aceitado ir comigo ver o Vale dos Pegasus. Com um sorriso idiota no rosto, saí em busca de Lian para obriga-lo a ir comigo.

(...)

Procurei Lian em todo lugar, fui no seu quarto, jardim, até dei uma olhada na parte da cidade que rodeia o castelo, mas nada, nem sinal do meu nerd preferido. Estava ficando um pouco preocupada, ele não é muito forte, pode estar numa enrascada; em perigo, sem saber se defender...

Ouço lâminas se chocando, mais especificamente duas espadas, estava passando perto de onde treinávamos, se não era eu, ou Will, só poderia ser Lian.

Me aproximei lentamente sem fazer muito barulho, lá estava ele, estava lutando com afinco, mesmo a distância conseguia ouvir sua respiração ofegante e o rosto brilhando de suor. Ele estava dando tudo de si nesse treino, vendo-o assim tão centrado, ele não parecia tão indefeso.

Seria uma pena interromper seu treino por uma trivialidade minha, mas o conheço muito bem, sei que seu corpo está implorando por uma pausa, mas sua mente não vai dar descanso tão cedo.

— Hey, tente não morrer de exaustão durante o treino! — Disse alto demais fazendo com que ele acabasse perdendo a concentração e consequentemente sua espada voou longe.

— Você poderia tentar não me matar de susto. — Disse se atrapalhando todo com as palavras, estava mal conseguindo respirar.

Me apressei e peguei a espada antes dele, sem nenhum cuidado joguei para o elfo que lutava com Lian. Percebendo que não teria mais treino, ele saiu rapidamente, eles passavam o mínimo de tempo possível na nossa presença. Esse comportamento era irritante.

Assim que estávamos sozinhos, o peguei pelo o braço e o levei até um banco próximo. Lian simplesmente desabou, parecia não ter força para nada, olhei em volta em busca de algo, achei sua garrafa e alguns biscoitos. Peguei tudo e levei para ele, que quase arrancou da minha mão.

— Geralmente você é mais educado. — Observei com um sorriso brincalhão do rosto.

— Estou exausto e faminto. — Explicou entre mordidas no biscoito. — Aliás, o que veio fazer aqui?

— Estava de procurando!

Ele começou a engasgar com o biscoito, seu rosto ficou rapidamente vermelho, fiquei preocupada e comecei a dar tapas em suas costas, acho que exagerei na força, já que ele quase caiu do banco, mas desengasgou!

— Meu Deus, que delicadeza. — Ironizou Lian ainda um pouco vermelho. — Mas porque estava me procurando?

Parei um minuto para pensar em como chama-lo para vir junto comigo, mas não encontrava uma maneira legal, somos amigos, isso não devia acontecer, deveria só dizer vamos e o local que quero ir!

— Vamos ver os pegasus? — Perguntei na lata.

— Mas... eles estão em todos os lugares! — Disse Lian fazendo uma careta estranha.

Revirei os olhos, se ele falar mal dos pegasus e chamá-los de cavalos com penas, como seu primo, vou chutar muito a bunda dele. Respirei fundo para conter minha raiva, só iria dizer algo quando estivesse mais calma.

— Ouvi alguns elfos dizendo que existe um vale onde os pegasus vão para achar um parceiro ou procriar. Achei que seria legal conhecer um lugar como esse. — Disse agora mais calma.

— Mas por que eu? — Questionou um pouco incrédulo, apontando para o próprio peito.

— Krystal não está falando comigo, sabe se lá porque, Will está observando-a, então achei que seria legal só nós dois irmos.

— Ou seja, sou sua última opção!? — Perguntou ele triste.

Me senti um pouco mal, mas não era verdade, não totalmente, ele não era minha última opção, o Will era.

— Krystal era minha primeira opção, você era a segunda, mas Will estava mais perto, então...

— Entendi. — Disse com um sorrisinho que não consegui interpretar. — Vou com você, aposto que esse lugar tem paisagens incríveis, mas antes tenho que tomar um banho. Enquanto isso você pode buscar saber se é seguro ir até lá, animais tendem a ficar perigosos quando estão com filhotes, além do fato de não termos um meio de transporte.

— Vou falar com o rei, enquanto isso você pode tomar um banho, está fedendo! — Disse colocando a mão no nariz da forma mais dramática possível.

— Eu sei que você fica cheirando a perfume depois de um bom treino. — Brincou Lian se levantando.

— Eu sou uma dama, não faço essas coisas, tipo suar. — Retruco fazendo careta, com a mão ainda no nariz.

— Damas não falam tipo! — Disse ele rindo, mostrei o dedo do meio. — Vá fazer o que deve ser feito!

— Vai tomar banho, garoto chato. — Digo indo em direção a sala do trono. — Literalmente! — Grito antes de sumir da vista dele.

(...)

Tudo pronto, o universo conspirou para que tudo fosse perfeito nesse dia, assim que falei o que queria ao rei, ele me disse que um grupo de guardas iriam para um vilarejo próximo ao vale, poderíamos ir com eles, depois seguir caminhos separados, o rei também me deu várias moedas, para o caso de eu gostar de alguma coisa na aldeia.

Enquanto ele falava várias coisas inúteis sobre o vilarejo, tive a brilhante ideia de fazer um piquenique, seria ótimo comer e aproveitar uma paisagem que deveria ser maravilhosa, o que mais eu poderia pedir.

O rei aprovou minha ida e me mandou ir à cozinha pegar algo para levar. Ele se ofereceu para me guiar até lá, já que não sabia o caminho, mas não aceitei, mal sabia ele que toda noite ia assaltar a geladei... o armário! Sabia o caminho de cor e salteado. Não precisei pedir muito para que me dessem comida. Havia uma elfa idosa, muito boa que se voluntariou para arrumar as coisas, ela era muito boazinha, pareceu que não desprezava minha existência. Ela pegou muita comida e bebida e colocou numa cesta, igual à dos filmes, também tinha uma toalha azulada feita de um material que eu não conhecia.

Como estava tudo organizado, decidi tomar um belo banho, não me demorei muito, estava ansiosa demais.

Acho que a ansiedade estava afetando a minha cabeça, por livre espontânea vontade coloquei um vestido, um belo modelo de alças finas, sua cor pendia entre um azul claro e um lilás, ele era de um tecido fino, mas muito gostoso de usar, era isso que importava, coloquei minhas botas de caminhada, não combina, mas ela é tão confortável... fiz uma trança no meu cabelo e estava pronta.

Estava quase na hora de irmos, algo me dizia que os elfos não nos iriam esperar muito tempo. Liam e eu não havíamos combinado um lugar de encontro, muito inteligente da minha parte, não fazia ideia de onde encontra-lo, quer dizer, tinha algumas suposições de onde ele poderia estar.

Sem me importar com quem poderia estar por perto, entrei em seu quarto, o que vi me fez rir e estranhamente corar. Ele estava jogado na cama de qualquer jeito, aparentemente em sono profundo, me aproximei cuidadosamente para não o acordar.

Ele adormeceu assim que saiu do banho, já que ainda estava de roupão, algumas gotinhas de água ainda permaneciam em seu peito que estava totalmente descoberto, ele não tinha um corpo cheio de músculos como os homens que eu costumava sair, mas estranhamente seu corpo me agradava. Principalmente seu rosto sereno, ele parecia um anjinho dormindo.

Com um pouco de pena sacudi de leve seu ombro para não o assustar, suas pálpebras tremularam antes de revelar seus belos olhos claros. Ele piscou por alguns segundos, talvez assimilando o que acontecia ao seu redor, até que focaram em mim.

— Ma-ma-kenna!? — Disse surpreso, com a voz levemente esganiçada.

Lian estava assustado, se levantou correndo para longe de mim, como se eu fosse uma leprosa. Ele olhou para baixo, vendo sua nudez parcial, corando como um pimentão, fechou o roupão com violência. Ele olhava para todo lado, menos para mim, até parecia que nunca vi um peitoral de um homem.

— Você está bem? — Perguntei preocupada.

— E-estou... o-o que es-está fa-fa-zendo aqui? — Perguntou se confundindo com as palavras, ele estava tão constrangido, ficava tão fofo.

— Vim te chamar, já arrumei para irmos ao vale, vamos juntos com alguns guardas, eles vão partir em breve, é melhor se apressa e vestir algo! — Informei rapidamente, não queria perder essa viagem por nada.

Lian ficou olhando para minha cara, esperando por algo que não soube dizer muito bem, estávamos estáticos, um olhado para cara do outro, era um tanto quanto constrangedor.

— Não vai se vestir? — Perguntei vendo que ele iria continuar feito estátua se eu não dissesse nada.

— Você vai ficar aqui? — Lian quase gritou, sua expressão era de pavor.

Segurei a risada, ele estava engraçado com essas reações exageradas, mas também era bonitinho, dava vontade de abraçá-lo e nunca mais soltar.

— Não, já estou de saída, vou estar de esperando no pátio, não se atrase. — Disse indo em direção a porta. Assim que a fechei atrás de mim, um pensamento me vem à cabeça, o que me faz abrir a porta novamente e por minha cabeça dentro do quarto. — Acho muito fofo sua preocupação com a minha inocência, mas não precisa!

— Eu sei que não, você é quase tão pervertida quanto meu primo, agora me deixe vestir algo! — Disse ele vermelho.

— Se me irritar te dou de comida para os pegasus! — Ameacei fechando a porta novamente.

— Eles são vegetarianos! — Ouço Lian gritar enquanto me afasto, não posso conter uma boa gargalhada.

Os guardas já estavam todos montados em seus pegasus, eu ainda não estava acreditando que iriamos voando, mal posso esperar. Isso se formos, todos os elfos estão me olhando com cara de mal, só esperando que Lian aparecesse. Ele estava atrasado.

Eu vou mata-lo quando resolver aparecer! Se os elfos partirem sem mim eu vou mata-lo duas vezes! Não sei como, mas deu um jeito.

Quando achei que eles iriam sem mim, as pesadas portas do castelo se abriram revelando um ofegante Lian correndo na minha direção, ele estava vestindo uma calça jeans e uma blusa branca élfica, e sua mochila nas costas, estava bonito com os cabelos bagunçados e os óculos tordo pela corrida. Eu quase esqueci de brigar com ele e mata-lo.

Quase.

— É melhor subir naquele pegasus antes que eu te impossibilite de construir uma família! — Gritei com ele assim que se aproxima de mim.

Ele olha para mim com um misto de assustado com surpreso, provavelmente esperando que eu diga que estou brincando, que na verdade vamos de algo seguro, como bicicletas. Não disse nada a ele, continuei olhando com minha cara mortal, se não movesse sua bunda até um dos dois pegasus vazios, minha ameaça iria ser comprida, e eu não estava falando de um chute, mas de algo um pouco mais sangrento e irreversível!

— Vamos vo-vo-ando? — Perguntou assustando, percebendo que não estava brincando.

— Sim, agora vamos logo! — Ordenei subindo no cavalo alado que tinha guardado minhas coisas, ele era tão fofo, seu pelo era castanho avermelhado que brilhava com a luz dos cristais, já as asas iam do castanho até o preto.

Vendo que sua vida corria risco, finalmente Lian tomou alguma providência, subindo no único animal restante, um belo pegasus forte com uma pelagem branca como a neve, assim como suas penas. Ele combinava com Lina, parecia ser um animal que um belo príncipe cavalgaria, ou voaria.

Com apenas duas instruções, "diga para o seu pegasus o que ele tem que fazer" e "não caia, começamos nossa pequena viagem.

Confesso que estava com muito medo, apostava que se eu caísse, nenhum elfo iria me salvar. Porém, não conseguia conter meu entusiasmo, eu iria voar, iria sentir a brisa no meu rosto, a única coisa que faltava para completar esse sonho seria um céu azul, mas não poderia ter tudo o que queria.

O capitão élfico deu um comando, todos os pegasus começaram a trotar como se fosse apenas cavalos normais, mais aos poucos, suas asas foram se agitando, até que seus cascos começaram a sair do chão. Tive que conter um grito, olhei para Lian, ele estava olhando para mim num misto de assustado com maravilhado, provavelmente a minha expressão era a mesma.

Aproximei ao máximo que podia da orelha do animal, e sussurrei com a voz mais doce que eu podia:

— Imite o que os outros da sua espécie estão fazendo, siga o mesmo caminho que e eles e por favor, não me deixe cair.

Ouvi um pequeno relincho, acreditava que aquilo era um sim.

Avistamos a pequena e charmosa vila depois de algumas horas, os edifícios eram todos feitos de pedras claras, havia muito verde, pelo que conseguia ver, todas as janelas tinham jardineiras repletas de flores coloridas, alguns prédios tinha trepadeiras enfeitando as pedras lisas, dando um toque mágico a tudo.

Quase morri do coração, num minuto estava voando tranquilamente deslizando pelo ar, no outro o pegasus estava mergulhando ruma ao chão, me agarrei ao seu pescoço como se minha vida dependesse disso, e dependia. Eu não conseguia falar com ele ou gritar, só pensava nas chances do meu pegasus ter tendências suicidas.

Quando achei que iria partir dessa para melhor, ele parou. Abri meus olhos, que nem reparei que tinha fechado, provavelmente devido ao vento, ou observar a morte chegando era horrível demais pra mim. Mas em vez de ver muitas nuvens e o portão do céu eu vi algo muito melhor, terra firme.

Me aprecei em descer daquele animal suicida, minhas pernas estavam bambas, mas evitei chegar perto daquele animal louco. Respirei fundo diversas vezes afim de me acalmar.

— Você está bem? — Perguntou Lian atrás de mim.

— Estou! — Disse fazendo esforço para não mostrar o quanto aquilo me assustou. Me virei para ele, meus olhos se arregalaram, seu cabelo estava todo para cima, de um jeito muito engraçado, e sua pele estava um pouco esverdeada. — E você está bem? Parece que vai vomitar a qualquer momento.

— Estou bem, só preciso respirar um pouco e ficar em terra firme bom um bom tempo! — Informou ele com calma. — Nunca imaginei que animais tão magníficos fossem tão terríveis numa aterrissagem.

— Seu pegasus também tem tendências suicidas? — Perguntei alarmada, os elfos não poderia deixar os animais assim, será que existe um psicólogo para cavalos alados?

Uma gargalhada vinda de Lian cortou minha linha de raciocínio, sua pele antes esverdeada estava ficando um pouco avermelhada, sua gargalha estava tão gostosa que quase o acompanhei, mesmo sem saber do motivo.

— O que é tão engraçado? — Perguntei curiosa, se ele não parece de rir logo, em pouco tempo estaria rolando no chão.

— Você!

— Garoto... não brinca comigo, eu não tenho cara de palhaça! — Disse brava.

— Calma, bravinha! — Disse ele parando um pouco a risada. Arquei minhas sobrancelhas um pouco surpresa, bravinha? — Os pegasus não são suicidas... não consigo imaginar de onde você tirou isso, esse jeito meio louco de aterrissar é deles mesmo, todos descerem do mesmo jeito.

— Ah... — Resmunguei um pouco constrangida.

— Esquece isso, vamos conhecer a aldeia! — Disse Lian recuperando a postura. — Quero dar uma olhada aqui antes de irmos para o vale, vamos!

Ele pegou na minha mão e foi me puxando em direção à vila, estávamos há uma distância de uns sete metros dela. Talvez fosse preciso espaço para aterrissar com segurança.

Estávamos andando há uns dez minutos, Lian ainda segurava minha mão, era estranho estar assim com ele, mas não queria que ele soltasse, deixei que ele me puxasse para onde ele quisesse, a não ser que eu visse alguma barraca com algo interessante, então eu dava um leve puxão e seguíamos para onde eu queria.

No momento estávamos indo em direção à uma pequena barraca feita de madeira, com flores ao redor, eram tantas que quase não conseguia ver a madeira. Me aproximei curiosa, no balcão havia diversos colores, tudo lindo e colorido. Meus olhos deveriam estar brilhando, pois um elfo de cabelos pretos um pouco grisalhos sorriu com ternura pra mim. Talvez não tivesse reparado que era humana.

— Gostou de alguma coisa, jovem moça? — Perguntou com uma voz doce. — Gostaria de levar algum?

— Na verdade gostei de todos — Digo maravilhada. — Acho que não posso escolher apenas um! São todos tão lindos...

— Deixe-me ajuda-la. — Disse o elfo como se estivesse falando com um ente querido.

Aquilo aqueceu meu coração. Ser trada sem ser "a humana".

— Tenho a coisa perfeita para você! — Disse pegando um colar entre tantos. Não pude deixar de sorrir, embora não fosse tão colorido era lindo, era um pingente com a cabeça de um pegasus branco e suas asas, nas pontas das penas era levemente dourado, que brilhava conforme se movimentava. — É o ideal para os jovens enamorados! — Explicou ao dividir o pingente em dois.

Ele me entregou para que eu pudesse ver melhor, juntei as partes, nem pareciam ter sino repartidas, ele era tão ricamente detalhado, um delicado cordão prateado estava ligado a cada parte.

— Desculpe, mas não so...

— Eu vou levar! — Interrompi Lian, queria muito aquele colar, não sabia ao certo o que fazer com a outra metade, provavelmente daria pra Krystal. Fui pegar a sacola de moedas, foi quando me lembrei, tinha deixado no pegasus louco. — Lian, vai pegar as moedas que deixei no pegasus! — Disse ficando desesperada, e se não conseguisse os colares?

— Calma moça, não iria cobrar, não é sempre que temos um casal de humanos no nosso humilde vilarejo, meu filho vai ficar louco quando contar que um dos meus melhores colares vai para outro mundo. — Disse o Elfo com um sorriso no rosto.

— Obrigada, nem sei o que dizer! — Falei totalmente constrangida, senti minhas bochechas vermelhas.

Ele ofereceu um saquinho marrom, e coloquei os colares lá, me despedi do elfo bondoso e saí em busca de algum elfo da guarda, precisava saber quando me levariam para o vale, não poderia me demorar muito, não queria que anoitecesse. Sai puxando Lian com certa violência, ainda estávamos de mãos dadas, mas ele pareceu não se importar.

Estava há um bom tempo andando pela cidade, me espremendo entre os elfos de tecidos coloridos, eles deveriam ter alguma religião que os proibisse de usar um pretinho básico.

Quando estava quase desistindo, avistei uma parte da armadura prateada que os elfos da guarda usavam, segurei com força a mão de Lian e o puxei o mais rápido possível, consegui desviar da maioria das pessoas, sem querer derrubei uma cesta de ovos que um elfa estava segurando, ela me olhou como se me matar. Mas não dei importância.

— Hey, guarda! — Gritei quando achei que não iria alcança-lo.

Ele se virou lentamente com uma cara de tédio, que se intensificou quando viu que era eu. Pelo que havia entendido das apresentações que o rei havia feito, ele era o segundo do comando, o que era bom, provavelmente sabia do nosso itinerário.

— O que deseja? — Disse o elfo com a voz cheia de desprezo.

Que vontade de dar uns bons socos naquele rostinho perfeito.

— Quando vão nos levar para o vale dos pegasus? — Perguntei com uma voz altiva.

Ele deu uma breve risada cheia de indiferença, o que serviu apenas para me deixar com ainda mais raiva, senti um leve aperto na mão, Lian estava me dizendo silenciosamente que era para manter a calma.

— Ninguém vai leva-los, peguem seus pegasus, digam onde querem ir e vão logo de uma vez. — Informou o elfo cheio de tédio dando as costas para mim.

— Verme medíocre! — Resmunguei alto o bastante para que aquele um ouvisse, sem esperar sua reação, puxei Lian indo em direção onde aterrissamos. Nada iria estragar meu passeio.

(...)

Não perdi tempo, apenas montei no pegasus e pedi que me levasse para o vale com cuidado. Já estávamos voando há meia hora, Lian parecia estar se divertindo, já que não parava no lugar, seus pegasus voavas as vezes mais alto, outra vezes mais baixo, só faltou dar loops.

Estava olhando para ele, estava com uma cara de criança no natal, tão fofo, dava vontade de abraçar e soltar nunca mais. Balancei a cabeça com agressividade, pensamentos estranhos como esse começaram a rondar na minha cabeça desde que nos separamos de Krystal e Will, ainda no labirinto.

"Tenho que tirar esses pensamentos da minha mente. " Pensei voltando a olhar para o horizonte.

Meu sorriso se abriu quando vi o que estava diante há mim, era uma grande campina, a grama parecia alta e verdejante, havia diversas arvores pequenas e arbustos coloridos, o que mais me chamou a atenção foi um grande lago de água azul, cintilava como se tivessem jogado glitter. E é claro, havia pegasus em todo lugar de todos os jeitos, era lindo, digno de um quadro.

— Desça com cuidado! — Pedi mal contendo a minha animação.

Mesmo com meu pedido, ele desceu da mesma forma louca e suicida de antes, porém desta vez sabia que ele não queria minha morte, então simplesmente grudei em seu pescoço macio e fechei os olhos para não ver o chão se aproximando. Só os abri quando senti que estava em terra firme.

Mal podia acreditar que estava ali, era como um sonho, tudo bem que estar em um reino élfico é mágico, mas perde um pouco a graça quando sua maioria de despreza.

Sem perder tempo pensando em quem não gosta de mim, começo a me organizar, quer dizer só tenho uma coisa, então é simples.

— Lian você está com fome? — Perguntei olhando em volta à sua procura.

— Por enquanto não, quero explorar o local, ele é incrível! — Disse ele se aproximando, seus olhos estavam brilhantes e tinha um sorrisinho bobo em seus lábios, sorri em saber que indiretamente, eu era a responsável por aquele sorriso meigo.

Assenti em resposta com meu sorriso ainda maior. Lentamente Lian se aproximou e pegou a cesta das minhas mãos, agarrou minha mão e direcionou para uma pequena arvore com flores rosas.

Passamos um bom tempo correndo de mãos dadas pela campina, experimentamos frutas, acariciamos pegasus, até mesmo um filhote, tudo registrado pela câmera de Lian. Estava ofegante, mas não queria parar de explorar o local, só faltava um, eu o deixei por último por ter sido o que me encantou mais.

O lago estava a poucos metros de mim, puxei a mão de Lian para que ele fosse mais rápido. O brilho dos cristais estava esmaecendo, deixando o lago ainda mais belo, dando um clima misterioso.

Cheguei até a beirada, se movesse um pouco mais os pés, minhas botas encontrariam as águas cristalinas, me abaixei e molhei as pontas do meu dedo, era refrescante. Olhei a imensidão do lago, ele era enorme, mas apenas em alguns pontos era fundo. Conseguia ver várias pedras, além de diversos peixinhos e outros habitantes.

Um pensamento passou pela minha cabeça, fazendo com que sorrisse. Provavelmente Lian surtaria, mas quem se importa, dei alguns passos para trás me apressando em tirar as botas e as meias, desamarrei o laço da cintura do meu vestido depois tirei as alças, deixando que o tecido deslizasse pelo meu corpo, ficando somente de lingerie, chutando para trás com o pé. A passos lentei, fui em direção ao lago, a água fresca tocou o meu pé, causando um arrepio.

— O-o que está fazendo? — Perguntou Lian com as bochechas avermelhadas. Ele estava evitando a todo custo olha para mim.

— Indo nadar. — Disse sorrindo.

— Assim? — Perguntou aumentando um pouco a voz, enquanto sinalizava todo o meu corpo.

— Você já me viu de biquíni diversas vezes, e a mesma coisa, a única coisa que muda é o nome. — Informei entrando um pouco mais na água.

— Pode ser perigoso!

— Conto com você para me salvar!

— Não vou mover um músculo! — Disse bravo cruzando os braços.

Segurei o riso, ele ficava fofo assim. Acho que ele ficava fofo de qualquer maneira.

— Então peço que diga para Krystal que ela foi a melhor amiga que eu poderia ter dito. Ao Will diga que por mais que seja difícil, nunca desista de quem você ama, pois ela vai perceber quem realmente ama sempre esteve ao seu lado, e terão o mais belo romance que poderiam imaginar! — Dramatizo entrando na brincadeira.

— E eu? — Perguntou ofendido, como seu eu não o considerasse um amigo.

— Você foi o responsável pela minha morte!

Ele bufou e sentou no chão, cruzou as pernas e me ficou olhado com ódio, mas via em seus olhos que era mentira.

Andei mais um pouco, agora já estava com a água na minha coxa, era refrescante. Continuei indo ao fundo, tomando cuidado onde pisava, não queria escorregar, não tinha certeza se Lian realmente iria cumprir suas palavras e me deixar morrer. Vez ou outra eu olhava para ele sorrindo, o que servia só para deixa-lo mais bravo.

— Você deveria vir também, é uma oportunidade única, não pode deixa-la passar, daqui alguns anos vai remoer o que você poderia ter feito se tivesse entrado nesse lago! — Digo cruzando os braços.

— Morrer afogando não me parece uma boa forma de morrer!! — Disse com uma grama nos lábios.

— Não vamos no fundo! Vamos ficar bem, prometo!

— Você se esqueceu que não tenho roupa de banho! — Disse na defensiva.

— Usa as roupas de baixo, não tem nada de mais!

— NÃO! — Gritou. — Não vou ficar assim perto de você!

— Já vi homens pelados. — Informei como se fosse a coisa mais natura do mundo. — Vários! — Acrescentei sorrindo.

— Informação demais Makenna!

— Se você não entrar vou ser um pouco mais detalhista! — Ameacei com um sorriso maliciosa.

— Já disse que não vou entrar!

— Okay, se você quer ir por esse caminho, por mim tudo bem! — Informei pensando nas melhores histórias. — Teve uma festa que você e Krystal não foram por algum motivo, então fui com Will, bebemos um pouco, inventamos quem pegaria mais até o fim da festa, quem perdesse teria que fazer um corte de cabelo ridículo.

— Espera! Aquele cabelo do Will que todo mundo zombou dele...

— Sim essa vez! — Confirmei interrompendo. — Devo acrescentar que eu ganhei com uma boa vantagem. Teve um cara chamado...

— Ok! Eu entro. — Disse Lian cedendo finalmente. — Só pare de falar e não olhe!

— Tudo bem. — Concordei rindo.

Me virei de costas para ele e andei mais para o fundo, até a água ficar no meu quadril, fiquei olhando para os peixinhos que se aproximavam timidamente, a água do lago estava meio arroxeado, por algum motivo que não fazia ideia, se tornou ainda mais belo.

— Lian se você fugir vou atrás de você e o arrasto nu para dentro do lago! — Gritei já que não sabia onde ele poderia estar.

— Não vou fugir, não quero terminar de ouvir aquela história! — Disse num tom baixo, parecia estar envergonhado. — E não se vire!

— Ok. — Resmunguei baixinho sem prestar muita atenção ao meu redor. Meu pensamento divagava, minha mente estava em outro planeta.

Observava os peixinhos coloridos ao meu redor, vez ou outra me tocavam minhas pernas, fazendo cocegas. Tive que me controlar para não mexer minha perna bruscamente e espantá-los. Olho para eles se divertindo, até que se afastam rapidamente, como se houvesse algo perigoso nas proximidades.

Senti duas mãos na minha cintura, fazendo com que soltasse um grito assustada. Comecei a me virar para me defender. Porém antes que me mexesse, as mãos se enlaçaram com força na minha cintura me prendendo. Me esperneei na água enquanto ameaçava o indivíduo de morte.

— De guarda baixa Makenna? — Sussurrou Lian no meu ouvido. Sua respiração quente na minha pele fez com que eu me arrepiasse.

— Me solta Lian, eu vou te matar! — Gritei furiosa. — Que brincadeira de mal gosto.

— Calma. — Pediu ele me soltando. — Só queria fazer uma brincadeirinha.

— Mas não teve graça! — Disse brava.

Não entendi ao certo o motivo de ter ficado tão brava, já havia assustado ele diversas vezes. Talvez o fato de estarmos dentro de um lago que fica num reino mágico me deixou um pouco assustada de mais. Ouvia Lian pedindo desculpas, mas não prestava atenção, queria ficar sozinha, esfriar a cabeça para não o afogar.

Sem pensar duas vezes mergulhei indo em direção a parte mais funda. Arrisquei abrir os olhos, quase abri a boca de tão lindo que era, tudo era colorindo e cintilante, havia algas, corais, peixes, estrelas e algumas coisas que não sabia o que eram. Continuei indo mais explorando o fundo, só subia para respirar e logo voltava a mergulhar, ignorando totalmente a existência de Lian.

Não sei ao certo quanto tempo passou, mas escureceu, meus músculos estavam doloridos, mas não queria parar de nadar. Não dava para ver muito bem o que estava ao meu redor, conseguia ver tudo o que poderia representar um risco de me acidentar, mas as belezas do fundo do lado já estavam apagadas.

Senti um puxão na minha mão, não me surpreendi ao ver Lian, ele fez sinal para que subíssemos. Não querendo contrariar e causar algum desentendimento grave, fiz o que ele pediu.

— Quanto tempo vai continua com essa birra? — Questionou ele assim que submergimos.

— Não estou fazendo birra, apenas nadando. — Respondo dando ombros.

Ele não fala nada, apenas leva a mão em concha para o rosto, cobrindo a boca e o nariz, significava que ele estava à beira de ter um ataque de raiva, mas ainda tentava manter a calma. Na grande maioria das vezes era eu a responsável por esse gesto.

— Vamos conversar no raso, vai ser mais confortável num lugar onde podem tocamos tocar o chão e respirar ao mesmo tempo. — Disse Lian por fim, me dando as costas e nadando para o mais raso.

Ele não esperou por mim, significava que a escolha era minha, poderia continuar nadando ou ir até ele. Com movimentos rápidos fui em direção a ele, não estava mais brava, o único sentimento que tinha dentro do meu coração era fome.

O encontrei de pé encostado numa pedra, que não tinha reparado antes, olhei em volta, só então percebi que estávamos do outro lado do lago. Dei ombros e fui até seu encontro. Estava escuro, mas ainda conseguia ver cada traço do rosto dele, parecia preocupado, o que pesou no meu coração.

— Olha eu sinto muito, não queria assusta-la. — Disse ele parecendo envergonhado e nervoso. — Você estava distraída, a água deixava sua pele ainda mais brilhante, ainda mais linda do que já é, eu não resisti, sinto muito.

— Tudo bem, não estou mais brava, já passou. — Disse sorrindo.

— Jura, que bom! — Disse me puxando, passando os braços na minha cintura num abraço apertado. — Vou fazer o possível para que você nunca fique brava comigo. — Disse beijando minha testa de leve, senti minhas bochechas ficarem vermelhas, um pouco decepcionada, ele poderia ter me beijado um pouco mais para baixo.

Esperei que me soltasse, mas seus braços estavam firmes e fortes em volta da minha cintura, tentei me afastar, mas ele estreitou os braços, fazendo com que continuasse em seus braços. Se eu quisesse poderia sair facilmente de seu aperto, mas a questão era que não queria, então deitei minha cabeça em seu ombro

Já estava escuro e ainda não nos soltamos, não conseguia enxergar um palmo na frente do meu rosto, mas isso não me preocupava, estar nos braços de Lian era tão aconchegante, eu me sentia protegida.

— Olha aquilo! — Disse Lian de repente quebrando o clima e me soltando, fazendo com que eu quase reclamasse. Ele me direcionou onde teria visto algo suspeito.

Num primeiro momento, eu não vi nada, mas aos poucos vi vários pontos de luzes coloridos voando, não sabia o que eram, mas onde passavam iam deixando a luz, arvores, arbustos e a grama todos luminosos e coloridos.

— Nós viemos parar no mundo do Avatar, só pode. — Disse maravilhada.

Ouvi Lian rindo, mas não dei muita importância, estava fascinada pelas luzes, percebi que elas se aproximavam do lago. Assim que sobrevoaram as águas, as plantas, os peixes e as outras criaturas começaram a brilhar, deixando todo o lago colorido.

As luzes se aproximaram de mim, pude ver que na verdade era algo muito parecido com vagalumes, porém com muitas cores. Alguns voaram ao meu redor, tive esperanças de ficar brilhando, mas ao que pareceu eu não tinha essa habilidade.

— Isso é tão lindo! — Murmurou Lian para si mesmo. — Imagino tantas explicações científicas para explicar isso.

— Lian, estamos num mundo mágico, esquece a ciência! — Retruquei olhando para o chão, estava tão bonito.

— Que tal saímos do lago? — Perguntou Lian.

— Eu não quero sair nunca mais! — Respondi virando-me para ele.

— Precisamos voltar...

— Não! — Falei exasperada. — Quero fazer um piquenique debaixo de uma árvore com flores caindo, e talvez pois correr pela grama verde cintilante! — Fiz uma pausa. — Não quero que quando eu estiver à beira da morte, me lembre que eu poderia ter corrido por um lugar desses, não me faça levar arrependimentos para o céu!

— Precisamos ir! — Insistiu.

— Se você me obrigar, vou nadar até o outro lado nua, sempre quis fazer isso. — Disse em tom de ameaça.

— Você não teria... — Ele começou, mas o encarei com minha melhor cara de descrença. — Você teria coragem. — Concluiu por fim.

— Claro que teria! Agora vem, trouxe muita comida! — Digo mergulhando de volta a outra margem.

Vou o caminho inteiro de olhos abertos, embaixo do lago é ainda mais maravilhoso há, há tanta cor e luz, vejo minha sombra ondulando por onde passo. Ainda não consigo imaginar que isso é real, esse é o lugar mais belo de todo o mundo, não vejo como esse passeio não possa ficar melhor.

A travessia desta vez foi mais rápida, já que não fiquei boa parte do tempo dando voltas. Mal havia saído e já sentia falta dela contra a minha pele, resisti a tentação de dar meia volta, provavelmente Lian me afogaria se eu voltasse.

— Podemos fazer piquenique debaixo daquela árvore, como você quis, tem até flores caindo. — Disse Lian apontando para uma árvore não muito grande, ela era um pouco arroxeada com muitas flores rosas, que estavam de fato caindo.

— É perfeito! — Murmurei.

— É mesmo, vista-se e então podemos comer.

Ia fazer o que ele mandou, mas pensei melhor, uma ideia acabou surgindo, o que fez com que eu abrisse eu sorriso malvado, rapidamente pequei meus sapados e o vestido perto da árvore, Lian me olhou de forma estranha.

— O que...

— Não vou me vestir agora, estou toda molhada, não vai ficar uma coisa bonita. — Expliquei como se fosse a coisa mais lógica do mundo.

— Então, o que vai fazer?

— Correr, rolar pela grama, essas coisas!

— Deixa eu adivinhar, você realmente tem um sonho de correr por aí nua? — Questionou com deboche.

— Na verdade eu tenho, mas em respeito a você, me contendo em fazer isso de lingerie.

— Meu deus, o que eu fiz para merecer uma amiga dessas? — Lamentou passando as mãos nos cabelos.

— Talvez você tenha cometido um pecado nerd, tipo achar que o nome do Link era na verdade Zelda. — Caçoei rindo do seu olha mortal.

— Se continuar me irritando vou te perseguir com minha câmera e tirar fotos do seu pior ângulo! — Ameaçou bravo.

— Certo, não zombe do jogo preferido do amiguinho. — Disse na defensiva. — Não vamos tomar medidas drásticas.

Lian não disse nada, apenas abriu sua bolsa, que estava ao lado da cesta e tirou sua amada câmera de dentro, ele estava com um sorriso malvado no rosto, mas ainda continuava fofo. Como ele conseguia essa proeza?

— Você não vai fazer isso! — Desafiei cruzando os braços.

Ele não disse nada só devolveu o meu olhar, o que significava que ele estava falando muito sério. Continuamos a nos encarar, não me atrevia a desviar o olhar, era como um animal fofo e perigoso, ele sentia o cheiro do meu medo, se eu corresse, iria me atacar.

Alguns segundos se passaram, percebi que ele se cansou do joguinho, vi ele ligando a câmera e a ajustando sem olhar, esperando que eu não percebesse.

— Vai ter que me pegar primeiro! — Gritei começando a correr.

Não sei quando tempo corri, tentei de todo jeito despistar Lian, o que não foi algo que consegui, na verdade me diverti muito, corri entre árvores, pulei arbustos, quase atropelei alguns pegasus que estava descansando deitados no chão. Vez ou outra olhava para trás rindo para ver se ele ainda me perseguia.

Estava ficando cansada, meu estômago doía de fome, parei de correr perto de uma descida, pensando no que fazer. A cesta de piquenique estava há uns quinze metros do fim da descida. Concretizando minha vontade, deitei e sai rolando e gritando como uma retardada.

A descida não durou muito, mas foi o bastante para me fazer feliz, me levantei limpando a sujeira do meu corpo. Ouvi os passos pesados de Lian vindo na minha direção, me virei vendo ele correndo com uma cara preocupada.

— Você está bem?

— Por que não estaria? — Perguntei confusa.

— Ouvi você gritando, achei que tinha caído e se machucado! — Explicou-se com as bochechas ruborizadas.

— Você se preocupa demais, só estava rolando pela grama! — Disse indiferente.

— Claro, por que não pensei nisso antes. — Disse envergonhado. — Tem mais alguma loucura para realizar? Preciso me preparar psicologicamente.

— Não, só vou me vestir para comer! — Informei indo até onde estava minhas roupas.

Sem perder muito tempo me aprontei, com toda a correria a água tinha dado lugar a uma fina camada de suor. Dei uma olhada em Lian, que ainda vestia as roupas. Me apressei em arrumar a comida. Estendi a toalha e foi colocando as guloseimas espalhadas no centro, no meio da arrumação Lian me ajudou. Em pouco tempo estávamos com um tudo perfeito, um pelo piquenique debaixo de uma árvore.

Fiz menção de prender o cabelo, devia estar muito armado e bagunçado, em algum momento do dia minha trança se soltou, mas não percebi, com a correria não deveria estar muito comportado. Comecei a juntar meu cabelo para fazer um coque, ou algo parecido.

— Não prende, está bonito! — Disse Lian tirando minhas mãos do meu cabelo, deixando que ele caísse solto sobre meus ombros.

— Bonito? — Perguntei descrente. — Eu devo estar parecendo um leão!

— Leões são bonitos, logo você também está!

— Não faz sentido! — Disse voltando a prender meu cabelo, mas novamente não consegui, já que Lian me atrapalhou, de novo.

— Você tem duas opções: você deixa solto e nós comemos, ou você vai tentar e eu vou ficar te impedindo, então não vamos comer. — Disse Lian sério.

— Certo seu chato, vamos comer. — Cedi pegando um biscoito azulado.

Ficamos em silêncio enquanto comemos, estava perdida em pensamentos. As pequenas flores rosas caiam ao meu redor, observava elas perdendo o brilho conforme se aproximando do chão, deixando de ser um rosa brilhante e vivo para um rosa pálido.

Isso me deixou melancólica, mostrava que a vida era curta e bela, embora os humanos durem mais que as flores, a cada dia que se passa, o brilho da humanidade se apaga um pouco. O meu brilho está se apagando, ficando a dúvida pertinente: será que vou realizar tudo que eu sempre quis? Será que quanto for velha, vou ficar feliz com o que construí ao longo da minha vida, ou ficarei presa a lembranças, remoendo-as, pensando no que eu poderia ter feito diferente, aproveitado a chance que tive.

Um toque no meu ombro, me faz retornar ao presente, olho para Lian, que estava segurando sua câmera com a lente virada para mim, dei um sorrisinho, provavelmente ele tirou foto enquanto pensava na vida e na morte.

Me sinto estranha esse lugar, é como se eu desse valor nas pequenas coisas, como correr por uma campina, eu nunca quis isso, até ver a grama com brilho verde, nunca quis um piquenique debaixo da árvore, mas de repente, tudo está tão maravilhoso, em seus pequenos detalhes, é como se eu visse pele primeira vez a importância das coisas pequenas.

— Você está bem. — Perguntou Lian ligeiramente preocupado.

— Estou, só estava pensando... na vida. — Respondi não sabendo muito bem como falar.

Lian deu uma risada leve, quase forçada, como se ele tivesse achado graça de algo que não deveria ser engraçado, mas ainda sim queria dar risada.

— Pensei que você fosse a garota impulsiva que só pensava e a aproveitava o momento, não que refletisse as coisas da vida.

— Posso ser os dois. — Disse pensativa, não sei como algumas flores mataram o meu bom humor, porém não vou me deixar abalar. — Mas você tem razão em dizer que eu aproveito o momento! — Digo voltando ao meu tom normalmente animado.

Me inclinei até o embrulho que estava jogado de lado, esquecido num canto, eu iria dar a Krystal, mas acho que ela não vai sentir falta disso, já que ela nunca o teve, nem soube da sua existência. Abri o pacotinho revelando a dupla de pingentes, com delicadeza dividi o pegasus, abrindo o fecho e colocando o meu sozinha.

Com a outra parte em mãos, engatinhei até a outra ponta da toalha, onde Lian estava, eu não sabia exatamente o motivo de estar fazendo isso, mas meu peito se aquecia a cada centímetro percorrido.

— Sabe, hoje mais cedo, eu disse que não queria deixar de fazer coisas que eu desejo e... — Disse meio gaguejando, minha frase não teve muito sentido, eu estava com o coração a mil, minha garganta parecia ter uma bola de cabelo, mas isso não iria me parar. — O que quero dizer, é que não quero ser atormentado pelo "e se", acho que de tanto que a Krystal me falou dele, virou meu maior medo. Não quero me atormentar pensando no que poderia acontecer ser tivesse aproveitado uma chance.

— O que você quer dizer? — Perguntou Lian curioso, ele tentava parecer com uma expressão neutra, mas conseguia ver um início de um sorriso no canto de sua boca, sem falar que seus olhos estavam brilhando.

— Acho que não sei ao certo o que quero dizer! — Me expliquei confusa. — Que tal começarmos do simples, quero que você tenha a segunda metade do colar, você melhor que ninguém o merece, foi ao seu lado que eu passei o dia mais incrível da minha vida.

Sem esperar pela resposta me inclinei em direção a ele para pôr o colar, mas ele me deteve segurando meus pulsos com gentileza ele estava vermelho, e já não conseguia esconder seu sorriso, embora ainda tentasse disfarça-lo.

— O elfo disse que são pingente para serem usados por casais de namorados, nós somos apenas amigos. — Disse Lian sem emoção na voz, seu sorriso diminuiu, isso partiu meu coração.

— Seu bobo, podemos mudar isso agora mesmo.

Sem dizer mais nenhuma palavra, fui em direção aos seus lábios, iniciando um beijo lento, que foi correspondido com felicidade, consegui sentir que estava com um sorriso do tamanho do mundo. Ele soltou meus pulsos e eu aproveitei para colocar o em seu pescoço.

É quase loucura pensar que passei num lugar cheio de pegasus, que se tornou mágico quando brilhou, melancólico quando se apagou, e romântico quando finalmente eu o beijei.

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