Imortais - O segredo dos deus...

Da mariiafada

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PLÁGIO É CRIME - Todos os direitos reservados a Maria Augusta Andrade © Não autorizo qualquer reprodução ou u... Altro

PRÓLOGO
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Booktrailer especial 💙
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(28)
(29)
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(31), parte I
(31), parte II
(31), parte III
(32)
(33)
(34)
(35)
SOBRE PLÁGIO.
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(47) - Último Capítulo.
EPÍLOGO
• AVISO •

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Da mariiafada


  Talvez fosse alguma vibração no ar, ou um sentimento dentro dele que o dizia que uma guerra estava por vir. Rollo podia sentir isso, como uma certeza impregnada sobre a pele, inerente à sua carne.

 Depois das batalhas que presenciou nas ilhas britânicas, e do tempo em que foi refém dos ingleses, alguma coisa mudou dentro dele. Se antes era um garoto imprudente, agora ele era um guerreiro experiente que agia à sangue frio. Por isso, sua experiência o dizia que um embate se aproximava, e poderia muito bem ter começado na noite passada, se Brynja tivesse ferido gravemente o sobrinho da rainha.

Por sorte, ele conseguiu convencer a amiga a não tomar aquela atitude. Enquanto guiava Liv pela floresta de volta para casa, ele repetia aquele momento em sua cabeça: O salão em silêncio, homens armados, a tensão que fazia do ar pesado e rarefeito. Sua melhor amiga, no auge da revolta, tentando não dilacerar Erik naquele exato instante.

A rainha Ebbe, com seus olhos de gato, observando de longe com uma calma inabalável. Em dado momento, enquanto Rollo se aproximava de Brynja, para lentamente tirar a espada de suas mãos, ele teve a certeza de que a atenção da rainha estava sobre ele.

- Isso, me entregue a espada – sussurrou para a amiga, que tremia de frustração. Brynja engoliu em seco e balançou a cabeça, inconformada:

- Não posso deixar que ele passe por isso impune.

- Ele não vai – Rollo prometeu a ela, e a certeza na voz dele fez Erik se contorcer em um pouco de medo, querendo se afastar o máximo possível daquele dois. Ele respirou fundo e aliviado quando Rollo conseguiu fazer Brynja se afastar.

- Obrigada – a guerreira deixou a palavra escapar em um fiapo de voz, mas não era medo que a deixava tão fragilizada, era a raiva, e Rollo sabia disso.

O viking levantou o olhar, encarando a rainha de volta de uma maneira séria, e ganhou um sorriso dela, os olhos brilhando com um interesse palpável. A esposa do rei era uma mulher jovem e muito bonita, e, na concepção de Rollo, perigosa, extremamente perigosa, muito mais letal que o seu marido, um detalhe do qual poucos tinham conhecimento.

Prova disso era a presença dela ali no salão como uma representante do rei. A vontade de permanecer no salão era dela, mas a rainha aprendeu a ser esperta o suficiente com as palavras para plantar a ideia na cabeça do marido e assim fazê-lo pensar que era uma vontade dele em primeiro lugar, e que sua esposa só cumpria ordens. Ebbe podia enganar a muitos, mas não enganava a Rollo, e ela também sabia disso, pelo olhar ambíguo em seus olhos felinos.

A mulher fez um mínimo aceno com a cabeça, ergueu o queixo e deixou o salão. Erik aproveitou a deixa e seguiu a tia, com um sorriso idiota de alívio estampado no rosto. Brynja respirou fundo e massageou as têmporas:

- Eu quase fiz uma besteira... Nós precisamos ir embora, ficar é perigoso demais depois de toda essa tensão.

Rollo assentiu, sua mente já trabalhando rápido e formando um plano. Devolveu a arma de Brynja a ela e se aprumou: seria uma longa e interminável noite.

- Vá sem mim. Eu preciso resolver um assunto – ele murmurou.

Rollo já estava se afastando quando Brynja o alcançou, insistente:

- Assunto? Que assunto?

- Na verdade, são dois assuntos. Eu preciso encontrar a sua irmã e... – o homem olhou para a porta no exato momento em que a cabeleira ruiva da rainha saia por ela. Parou de andar. – Preciso falar com uma pessoa. Encontro você em casa, Brynja.

- Eu vou com você! – Brynja gritou, começando a segui-lo.

Rollo balançou a cabeça em negativa, virando-se para ela.

- Você precisa acompanhar o seu pai e o restante dos nossos. Não pode ir e deixar sua família, sabe disso. Um de nós dois precisa ficar. Deixe-me lidar com isso. Prometo que vou levar as garotas em segurança para Skiringuissal.

À contra gosto, a mulher cedeu, reconhecendo que não era esperto os dois deixarem a cidade ao mesmo tempo.

- Muito bem, mas não demore. Eu... Eu preciso de você lá – Brynja admitiu baixinho, as palavras saindo enferrujadas enquanto ela encarava o chão. Não era muito boa em expor seus sentimentos.

Dito isso, Rollo correu para fora do salão até alcançar a rainha e mais um grupo de mulheres que a seguia.

- Minha senhora – ele a chamou alto o suficiente para que a esposa do rei o ouvisse por cima das risadas e conversa do seu grupo.

A mulher automaticamente parou, virando-se de lado para ver quem a chamava. Como a estrada estava escura, a rainha estreitou os olhos e abriu um sorriso preguiçoso para Rollo ao reconhecê-lo. A sensação que ele tinha era de estar cara a cara com uma cobra peçonhenta. Precisava manter a calma e observar os movimentos dela.

- Podem ir sem mim – a mulher instruiu às outras, que seguiram o caminho sem protestar. Ebbe esperou até que suas acompanhantes estivessem longe para se aproximar do viking.

- E então? – ela questionou com um encolher de ombros curioso – Em que posso ajudá-lo, Rollo?

- Por que não fez nada? – ele foi direto ao ponto, já que pretendia ser rápido. Não via Erik em lugar algum e temia que ele fosse atrás de Anneke e Lívia. A inglesa. Mais um assunto do qual ele precisava cuidar. Lívia poderia muito bem estar fugindo naquele exato momento. Rollo esqueceu as outras preocupações e se concentrou na conversa com a mulher do rei – Por que não se posicionou contra o que aconteceu no salão?

A rainha Ebbe ergueu as sobrancelhas, surpresa, o sorriso ainda congelado no rosto. O seu modo gracioso de andar lembrava muito ao de Erik.

- Meu sobrinho é um idiota – cuspiu a senhora – não vou gastar o meu tempo protegendo um homem como ele. Também não era do meu interesse interferir.

Rollo grunhiu.

- Não era do seu interesse? Por acaso seu interesse é criar uma guerra? Porque era isso que iria acontecer. É isso que vai acontecer se Erik continuar provocando Brynja.

- Os meus interesses só dizem respeito a mim – inferiu a mulher, ficando um pouco irritada com o modo julgador em que Rollo a encarava. Ele não entendia, como poderia? Ele era um homem. A esposa do rei trocou o peso de perna, mirando-o com os olhos estreitos: – Você não tem conhecimento dos meus planos, então não me julgue, rapaz.

- E quais são seus planos?

Ebbe riu, aproximando-se suavemente do viking, a cabeça um pouco inclinada, fazendo um cacho ruivo perfeito cair sobre o bochecha da mulher.

- Por favor, Rollo... – ela ecoou em um tom de voz baixo e sensual - Você não pode ser bonito, sei que também é inteligente – a rainha colocou a mão sobre o braço dele, alisando-o devagar com as unhas. – Sabe que não vou revelar nada a você... A não ser que esteja disposto a pagar um preço.

Rollo respirou fundo e afastou a mão dela, mas segurou-a no ar. Aproximou-se, inclinando um pouco do corpo, e perguntou:

- Que tipo de preço?

A rainha Ebbe franziu os lábios, mas não se afastou. Fincou os dedos no queixo de Rollo e o trouxe para perto, os narizes quase se tocando.

- Não me trate feito idiota, rapaz. Você é fiel à Brynja, não é um traidor. Então, não perca o meu tempo achando que vai me enganar. Quando estiver realmente interessado em negociar, me procure, saberá a hora certa. Estamos de acordo? – ao ganhar apenas o silêncio de Rollo, Ebbe o segurou pelo pescoço e o encarou bem, estalando a língua: - Por que eu sinto que você ainda vai me causar muitos problemas, meu jovem guerreiro?

O homem permaneceu estático como uma estátua. A única coisa que a rainha sentiu ao colar o corpo no dele foi o coração de Rollo batendo calmamente, de uma maneira tão lenta e controlada que chegava a ser irritante. Isso fez com que o seu precioso orgulho fraquejasse: Ebbe queria causar um impacto, desejava mexer com a cabeça do homem. No entanto, pela expressão em branco no rosto dele, os ombros relaxados... Rollo não parecia nem ao menos preocupado que alguém os flagrasse ali, no meio da rua deserta e escura, onde qualquer um poderia aparecer. 

Vamos ver até onde você aguenta, pensou a esposa do rei.

Na intenção de desestabilizá-lo, a rainha puxou-o pelo pescoço e o beijou do jeito mais intenso que conseguiu. Rollo deixou que ela prosseguisse por alguns segundos, mas não reagiu positivamente a investida da mulher. Simplesmente a afastou pelos ombros, deixando-a um pouco furiosa pela sua frieza, quando, na verdade, estava acostumada a receber outro tipo de tratamento dos homens.

- Era esse o preço que eu precisava pagar? – Rollo perguntou, mais calmo do que nunca, uma dureza gelada na sua voz.

Ebbe ajeitou a roupa e o cabelo, forçando um sorriso​ para camuflar o orgulho ferido. Queria arranhá-lo, estapeá-lo, arrancar sua cabeça fora com as próprias mãos pela ousadia. Rollo nunca entenderia como era ser uma mulher, nunca saberia por tudo que Ebbe passou até um dia resolver tomar as rédeas da própria vida e conquistar a atenção do rei. Conquistar o mundo, ou pelo menos era isso que ela pretendia. O último homem que a tratou com tanta frieza morreu com uma estaca atravessando seu peito, e era exatamente o que a rainha queria fazer com Rollo.

Controlando o ódio possesso por baixo da sua pose de austeridade, Ebbe resolveu não matá-lo. Ela poderia gritar, arranhar o próprio rosto e rasgar seu vestido, acusar Rollo de tentar assediar a rainha, fazer um verdadeiro escândalo ensaiado e ninguém jamais veria uma atuação tão impecável quanto a dela. Seu marido com certeza faria com que Rollo recebesse a pena máxima. Ele se arrependeria de ter rejeitado-a. 

No entanto, Ebbe foi misericordiosa. Não seria naquele dia a morte de Rollo, ela precisava dele vivo, ou a inglesa provavelmente não sobreviveria.

- Não, meu rapaz, esse não é o preço – a rainha respondeu. Rollo pôde jurar que tinha veneno escorrendo do canto dos seus lábios vermelhos. A mulher fez um floreio com a mão, virando-se de costas para ir embora - Volte correndo para Brynja, você ainda não me tem nenhuma utilidade – os olhos dela passearam pelos ombros largos do viking. Ebbe suspirou cheia de lástima: – O que é realmente uma pena...

- Você também quer Skiringuissal, não quer? – Rollo perguntou, fazendo-a parar no meio do movimento – Por isso uma guerra seria perfeita para você. Enfraqueceria a cidade, e contra o Rei o seu sobrinho não tem a menor chance. Tudo o que você precisa fazer é simplesmente convencer o seu marido...

- Você pensa pequeno demais, querido – a rainha o interrompeu. Ela se virou e colocou o indicador no queixo – Oh! Estava quase me esquecendo: Por favor, cuide bem da estrangeira por mim. Não a perca de vista, porque Brynja estava certa: Lívia é uma passagem direta para as negociações com os ingleses, ela é alguém de importância. Nenhuma escrava ou pessoa pobre teria aquela aparência e saúde.

- Eu não teria tanta certeza assim – Rollo rebateu, revirando os olhos internamente. Estão apostando tudo na beleza da garota. Isso não é ridículo?, ele pensou.

Ebbe sorriu.

- Eu nunca me engano, meu querido. Soube quem era ela no momento em que repousei meus olhos na garota pela primeira vez.

- E quem é ela ? – o homem perguntou, deixando a pergunta sair em um sopro de ar enraivecido.

Rollo estava farto daquele mistério.

A rainha ignorou a pergunta e continuou, devaneando em voz alta como se falasse consigo mesma:

- Mas ter Lívia comigo seria perigoso demais, por isso dei a ideia ao Rei de deixá-la com vocês.

Rollo se lembrava do exato momento em que Ebbe se inclinara ao ouvido do marido, no dia em que Liv foi encontrada no bosque sagrado de Uppsala. Ele deveria ter percebido os planos da rainha desde aquele momento.

Ebbe abriu os braços, dando sua tacada final.

- Já pensou o que aconteceria se a relevância dessa mulher se espalhasse? Já pensou o que seria da sua pequena e próspera cidade se os outros descobrissem que está guardando uma tesouro bem embaixo dos narizes dele? Se eu fosse você, Rollo, reforçaria as muralhas de Skiringuissal, sabe-se lá o que pode acontecer... São tempos de guerra e morte, esses em que nós vivemos, meu guerreiro. São​ tempos ferozes.

Rollo ficou parado no lugar enquanto a rainha se afastava, suas saias fazendo um leve farfalhar pela noite, como o chocalho de uma cobra venenosa.
Como ele suspeitava, a mulher era perigosa e articulista. No entanto, depois daquela ameaça velada à sua cidade e à inglesa, ele sabia o que precisava fazer: tirar Lívia do país o mais rápido possível. Para a segurança de Skiringuissal, da sua família e até mesmo da própria Liv.

Ela precisava partir.  



Liv estava divagando sobre o as coisas que mais sentia falta do século XXI quando a voz de Rollo, em um tom meio rude, trouxe-a de volta para o século nove:

- Por que você tinha de ter a aparência tão bonita? – o viking estava dizendo, olhando sobre o ombro com uma carranca estampada no rosto. Ele não parecia irritado com a inglesa, no entanto. 

Liv tropeçou em uma pedra, ocupada demais tentando entender o que aquilo significava para desviar dos pedregulhos no caminho. Ela rapidamente se recuperou, o cenho franzido em confusão.

- Desculpe. Eu acho que não entendi. Está dizendo que eu sou bonita?

Rollo balançou a cabeça, dando uma risada seca.

- Não foi um elogio, Lívia – ele ficou em silêncio, pensando em como explicar a situação - Por causa da sua beleza, tem pessoas interessadas em você. Acham que por ser tão bonita, ter a pele em perfeito estado e tudo o mais, é uma pessoa de berço. Tem uma família rica e quem sabe muito influente. Ou até mesmo... Uma família nobre. 

- Isso é ruim – Liv sussurrou para si mesma, começando a ficar preocupada. Não precisava de mais pessoas interessadas na sua existência. Primeiro de tudo, Lívia não deveria estar ali. Em segundo, esse fato só colocava a vida dela mais em perigo do que antes, quando era uma estrangeira suspeita – Ah, isso é muito ruim. E se eu não tiver nada disso, Rollo? O que acontece? Mas por que ser uma pessoa de berço é tão importante?
Rollo continuou andando na frente em silêncio, sua cabeça baixa e pendendo no queixo enquanto ele cortava a mata com a espada, abrindo caminho.
- Isso faz de você uma barganha – admitiu o nórdico – Uma negociação lucrativa. Se você valer o que parece... Se não, bem, então eles vão simplesmente ficar irritados e se descartar de você.

Liv sentiu o medo congelar seu estômago como um sopro gelado. O que Rollo estava contando era extremamente importante e crucial. Era mais um problema com o qual ela precisava lidar. Como se ser jogada em um século milhares de anos antes do seu já não fosse problema o suficiente.

- A grande dúvida aqui é: Você é da nobreza ou não? Seu pai é um homem importante, alguém que esteja disposto a fazer qualquer coisa pra ter você de volta? – Rollo quis saber, olhando para ela de relance, diminuindo o passo para analisar a reação da inglesa.
O coração de Liv falhou uma batida, mas ela sorriu de leve.  Meu pai é apenas um advogado aposentado.

- Pensei que você já tivesse tirado suas conclusões de quem eu era. E pensei que nós já tínhamos passado por isso. Eu só sou alguém que quer voltar para casa.

Rollo grunhiu e não se viu satisfeito com aquela resposta.

- Só responda a pergunta, por favor.

Liv suspirou ruidosamente, desviando o olhar. Ali, no século IX, quem era ela afinal? Teoricamente, Liv não existia.

- Eu não sou ninguém – sussurrou tão baixo que Rollo pensou ter sido a sua imaginação. Ele parou de andar. A inglesa complementou: - Eu não tenho nada.

Rollo ergueu a sobrancelha. Que tipo de resposta era aquela?

- Você usa sapatos muito bons, os melhores que já vi. Não tem calos nas mãos, cicatrizes, nem nada do tipo. É magra, mas parece perfeitamente saudável. Você não me parece alguém que não tem nada, Lívia, parece alguém que tem tudo. E se você quer a minha ajuda, precisa ser sincera. Eu não posso ajudá-la se continuar mentindo para mim.

Liv prendeu a respiração e não foi capaz de sustentar o olhar dele. Ela estava cansada de inventar desculpas para explicar a sua situação suspeita. Não existia uma razão plausível, porque o que tinha acontecido com ela não era algo que se pode explicar com facilidade. Nem a própria mulher conseguia entender.

- Você não acreditaria em mim se eu dissesse.

- Nunca vai saber se não tentar – Rollo deu alguns passos na direção da estrangeira, completamente intrigado: - Quem é você?

Lívia não sentia o menor incentivo para ser sincera com o viking. Então apenas replicou:

- Eu não sou ninguém, Rollo.

Frustrado, o homem balançou a cabeça e gritou:

- Isso não é uma resposta!

- É a única resposta que eu tenho! – ela se atreveu a responder, empinando o queixo e gritando de volta.

- Escute-me bem, eu concordei em ajudá-la a fugir porque me disse que era só uma garota tentando voltar para casa. Sabe disso, não sabe?

Liv assentiu em silêncio, irritada demais para responder com palavras.

- Se eu descobrir que você mentiu para mim... – Rollo rosnou, erguendo o indicador e aproximando o rosto do dela.

- Vai me matar? – ela o interrompeu, o olhar fixo na longa espada de Rollo.

O homem se calou. Não havia medo naquela pergunta, pelo contrário, a voz dela saiu suave como uma brisa de verão. Deu um passo para perto dele, o indicador do viking roçando no pescoço dela: - Vai me estripar com a sua espada, assim como fez com tantos outros ingleses? Como...

- Talvez eu vá – Rollo rebateu – Se tentar me fazer de idiota, usar a ajuda que estou te dando de má fé...

- Poupe as ameaças, Rollo. Eu não tenho medo de você. E, só para constar, você precisa de mim tanto quanto eu preciso de você – Liv balançou a cabeça. – Por favor, acredite em mim quando eu digo que tudo o que eu desejo é voltar para casa.

Os olhos de Liv e a sinceridade neles desarmaram o viking. Ela não parecia alguém empenhada em sustentar uma mentira.

Os ombros dele relaxaram.

- Eu não acredito em você – ele pontuou – Por mais que pareça não estar mentindo, eu não consigo confiar em você.

- Quantas pessoas você já matou, Rollo?
O viking suspirou e balançou a cabeça, dando as costas para a inglesa. Não via sentido naquela pergunta aleatória. 

- Eu nunca me preocupei em contar, Lívia.

- Exatamente. E eu sei disso, mas cá estou eu. Não ache que confio em você, no entanto, porque toda vez que empunha essa espada alto demais meu coração falha uma batida. Mas eu não tenho outra escolha, e você também não.

- E aonde quer chegar me dizendo isso?

- Supere – ordenou Liv – Supere sua desconfiança, da mesma maneira que estou superando a minha. Ou um de nós dois vai acabar morto.

E como eu sei que você não vai morrer, porque um dia seu bisneto conquistará o trono inglês, a única que corre perigo aqui sou eu
, Liv complementou em sua mente, sentindo um calafrio.

Rollo apenas assentiu, pensativo. Nunca admitiria em voz alta, mas Lívia o tinha feito ficar sem palavras, expondo sua opinião daquela maneira tão decisiva.

- Muito bem então – ele murmurou, sem ver motivos para prolongar aquela conversa.

Mas Liv claramente pensava diferente:

- Brynja acha que eu sou uma barganha, não é?

- Lívia...

- Por isso ela me protege tanto. O que Brynja vai fazer quando descobrir que eu não sou nada do que ela espera? O que você vai fazer? Vai contar a ela?

- Deixe que eu lido com a Brynja – Rollo garantiu erguendo uma das mãos para silenciá-la.


Quando ele virou o rosto na direção de Liv, ela percebeu que o seu lábio inferior estava ferido.

- Tem mais alguma coisa que eu deva saber, Rollo? Algo que não está me contando?

- Você tem algo que não está me contando, Lívia?

Ela ignorou a pergunta dele:

- Você sabe quem são as pessoas interessadas em mim, não sabe?

- E o seu colar de metal precioso? Onde conseguiu? Foi um presente da sua família pobre? Aquela que não tem nada?

Liv engoliu em seco e guardou o colar dentro do decote do vestido.

- Tudo bem, eu entendi onde quer chegar. Você tem os seus segredos, eu tenho os meus. Vou ficar calada.

- Ótimo – Rollo respondeu, dando um sorriso satisfeito. Suas mãos puxaram a mata para o lado, revelando uma vista surpreendente e de tirar o fôlego.  – Porque acabamos de chegar. Bem-vinda à Skiringuissal, Lívia.



***




Oláaaa, maravilhosos! Como vocês estão? 

Eu sei que deve estar muito chato acompanhar essa história com essas atualizações meia boca, mas a tia além de estar meio doente está com um pequeno bloqueio de escrita terrível. Eu deveria ter escrito um conto especial para TRP do dia nos namorados mas não tô conseguindo. Tá muito chato isso. 

Enfim, espero que o capítulo tenha sido legal, apesar de não ter acontecido muito coisa... Mal posso esperar pela parte que isso começa  a dar uma agitada. Já já tá chegando, especialmente porque a rainha já apareceu. Me digam o que acharam dela!!! Ebbe é daquelas personagens que a gente ama odiar, sabe? Pelo menos comigo é assim.  Ela vai aparecer mais vezes, e perto dela Erik é um bebê.

E sim, ela roubou um beijo do Rollo, que safadinha, mas quem pode culpá-la, né? O homem é um pecado, só a Liv não percebe hahaha. 

Por hoje é isso, meus amores. Perdoem a tia vacilona que promete as coisas e não cumpre, ela não faz por mal kkkk. Para os leitores de Tudo Pela Reportagem, eu juro que vou me esforçar pra escrever o capítulo bônus, nem que saia atrasado! Beleza? Beleza. Falou. É nóis. Amo vocês <3

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