O Herdeiro

By Liv_Vieira

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Livro 2. Após uma gravidez difícil e complicada, Marlee finalmente dá à luz ao príncipe Benjamin Tames Armst... More

Capítulo 1
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13

Capítulo 2

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By Liv_Vieira


Após o café da manhã, acompanho meu pai até a sala de reuniões. Ele havia combinado de me ensinar algumas coisas sobre como deixar o reino em perfeito estado - o que ele e a minha mãe faziam muito bem - e em como seria a partir do momento em que eu governasse.

Confesso que a ideia de governar sozinho não era tão agradável. Mas meu pai sempre diz que eu sou inseguro, pelo fato de não ter ninguém para compartilhar esse sentimento e que quando eu encontrar a pessoa certa - se é que ela exista -, eu irei me sentir mais seguro com a ideia.

– Benjamin? – Saio dos meus devaneios.

– Sim? – Endireito a postura.

– Acho que por hoje chega. – Ele se levanta e mesmo longe, poderia notar seus ombros tensos e seu rosto abatido. Talvez ser rei não fosse algo tão divertido como eu havia imaginado. – O que acha de cavalgar? Ainda temos um tempo livre antes de almoço.

Cavalgar estava no meu sangue. Desde pequeno sempre tive uma afeição muito forte por cavalos e desde que aprendi a montar um, não pude me controlar e é por esse motivo que cavalgava sempre que era possível.

E se tem uma coisa que eu nunca nego é cavalgar e modéstia parte, eu sou muito bom nisso.

– Você ainda pergunta? – Sorrio e me levanto – O tio Christopher vem com a gente?

– Dessa vez ele não vai poder. – Sigo ele para fora da sala – Parece que ele tem outros compromissos.

– Então seremos apenas eu e você?

– Não exatamente. – Ele sorrir.

Decido ficar em silêncio e apenas o seguir. Se eu conhecia bem o meu pai, diria que a nossa convidada seria a minha mãe, a julgar pelo modo de como seus olhos brilhavam e seu sorriso se intensificava a cada passo dado em direção ao estábulo. De longe qualquer um poderia perceber a força do amor dos dois, algo puro e verdadeiro, capaz de vencer qualquer obstáculo.

E era esse tipo de amor que eu desejava para mim. Claro que não seria com as mesmas dificuldades e nem por meio de uma aliança - pelo menos foi o que eles me prometeram -, mas não tenho pressa, creio que esse amor chegará no momento certo.

– Pensei que não viriam! – Vibro por dentro ao ver que minha suspeita estava correta.

– Ben e eu estávamos tendo uma conversa de adulto, não é mesmo filho? – Assinto e sorrio – Mas agora estamos aqui... – Ele diz, enquanto se aproxima dela.

Eu amo os dois, mas não consigo aguentar tanta melação. Por isso, na primeira oportunidade que tenho, me afasto dos dois e vou até o meu cavalo favorito. Trovão.

– Como você tem passado, amigo? – Pergunto ao animal – Parece que estamos de vela, não é mesmo?

Sorrio ao ouvir o rincho do bichano.

– Como andam as coisas? – Ouço a voz da minha mãe soar bem próxima, me viro e encontro seus olhos postos em mim – Digo, em relação aos ensinamentos que você anda tendo com o seu pai?

– Está tudo bem, mãe. – Digo, enquanto acaricio os pelos do trovão – E quanto aos preparativos para baile? Está tudo certo para amanhã?

Não devia estar nervoso, mas estava. Só de pensar que terei de dançar com todas as princesas, podia sentir meu corpo ligeiramente alvoroçado.

– Sim, está tudo certo. – Ela se aproxima – Mas não vamos falar sobre isso, tudo bem? Esses assuntos são bem estressantes as vezes, acredite, sei exatamente como está se sentindo. – Apenas sorrio enquanto a encaro.

– Talvez podemos parar de falar sobre bailes por um tempo e apenas cavalgarmos, o que acham? – Meu pai pergunta, após ele mesmo selar os três cavalos.

– Pensei que cavalgaria no mesmo cavalo que você, amor. – Minha mãe balbuciou, formando em seus lábios um pequeno bico.

Era incrível o jeito que ela o convencia de fazer qualquer coisa.

– Me desculpe, pensei que queria seu próprio cavalo... – Ele sorrir confuso – Enfim, sabe que será muito melhor para mim se você vier comigo. – Ele lhe dar aquele olhar que só ela entendia.

Desvio o olhar dos dois e subo em meu cavalo. Trovão era um dos cavalos mais antigos do reino e pertencia ao meu pai, mas depois de tanto implorar, ele finalmente me deu de presente. Desde então, o bichano se tornou um grande amigo.

– Preparado? – Meu pai pergunta, após se acomodar em seu cavalo e ajudar minha mãe a subir no mesmo.

– Ainda pergunta? – Arqueio minhas sobrancelhas – Pensei que tivesse o convencido quando ganhei de você ontem na corrida.

Ele rir divertidamente.

– Pra deixar claro, eu que deixei você ganhar. – Agarro as rédeas com firmeza enquanto esboço um sorriso um tanto malicioso.

– Claro que deixou. – Digo sinicamente.

– Quer apostar mais uma vez? – Ele propõe.

– Tem certeza, pai? – O encaro com divertimento – Não quero que vossa majestade chore, pelo menos não na frente de sua amada.

Dessa vez, até minha mãe rir.

– O que acha disso, Marlee? – Ele pergunta à minha mãe, entrando no meu jogo – Acha que sou capaz de vencê-lo?

– Sou incapaz de opinar... Não posso escolher entre você e o nosso filho. – Ela sorrir – Sinto muito. Vocês terão que resolver sozinhos.

– Bom, tudo bem, eu aguento se perder. Mas e você? – Ele provoca.

– Vou ficar bem quando finalmente ganhar. – Deixo uma risada escapar – Pronto ou não?

– Já nasci pronto! – Ele diz com um olhar desafiador.

– Fui treinado pelo melhor, então, devo dizer que está no meu sangue. – Respondo com o mesmo tom desafiador e olho para a entrada à nossa frente.

Fecho os olhos por alguns segundos e logo volto a abri-los, me concentro na estrada e sem perder tempo, cutuco o trovão com a minha bota e sem pestanejar, o animal dispara em alta velocidade pela estrada de terra. Porém, o meu adversário não estava tão longe assim. Mesmo um pouco distante e com o barulho das patas do trovão soando contra a terra, eu podia ouvir as risadas da minha mãe.

– Se quiser ganhar, tem que ser mais rápido. – Grito alto o suficiente para que ele possa ouvir e aumento ainda mais o ritmo das cavalgadas.

A sensação era divina. O vento gelado batendo em seu rosto, o poder de liberdade, a sensação de estar no controle de algo... Era algo realmente maravilhoso.

– Está se distraindo? – Fico surpreso ao encontrar meu adversário ao meu lado.

– Jamais. Apenas lhe dando o gostinho da vitória. – Dou uma piscadela para minha mãe e me viro, correndo ainda mais rápido que ele.

E a sensação de vitória me preenche assim que ultrapasso os limites do castelo, grito vitorioso e vou diminuindo o ritmo aos pouco. Passo a mão contra a minha testa limpando qualquer requisito de suor e me viro, encontrando meu pai e minha mãe me observando.

– Algo de errado? – Pergunto com a respiração ainda descontrolada.

– Nenhum. – Minha mãe sorrir – Só estou admirando o homem que se tornou.

– Isso tudo só foi possível graças a vocês dois. – Digo olhando para ambos – Aliás, os meus avós chegaram hoje!

– Estamos cientes disso. – Meu pai responde. – Vamos voltar para o castelo? Acho que já fui derrotado demais por hoje.

Acabo por rir em divertimento.

– Irei lhe dar mais uma chance. – Meu pai arqueia sua sobrancelha – Sei o quão perigoso é cavalgar com alguém no mesmo cavalo. Por isso, não acabamos. – Lanço um olhar desafiador para ele.

– Com certeza não. Amanhã tem mais. – Respondeu com o mesmo olhar desafiador – Talvez podemos chamar seu avô e seu tio, o que acha?

– Ainda tem dúvidas? – Ele rir e assente.

– Olhe! Eles acabaram de chegar! – Avisa minha mãe eufórica.

Olho para a entrada do palácio e vejo os dois descerem da carruagem, cutuco o bichano com a minha bota e cavalgo até chegar neles.

– Oh, Ben, como você cresceu! – Minha avó diz. Desço do cavalo e ando até ela, e sem pestanejar, ela envolve seus braços em meu corpo e me abraça fortemente.

– Pai! – Ouço a voz da minha mãe o chamar, antes de se jogar em seus braços.

– Foram apenas um mês desde a última visita, vovó. – Deixo uma risada escapar e me afasto dela.

– Para nós, foi muito mais que um mês. – Disse meu avô soltando minha mãe e vindo em minha direção – Sempre teremos saudades. – Dito isto, ele me puxa para um abraço aconchegante.

– Compreendo perfeitamente. – Sorrio enquanto retribuo ao abraço. – Vamos entrar?

Todos concordam e começam a andar em direção a entrada do castelo. Me viro e entrego as rédeas para um criado e peço que ele os leve até o estábulo. Passo a mão nos fios de cabelo um tanto bagunçado e apresso os passos, logo alcanço eles.

–... vocês iriam adorar a praia. – Me aproximo deles e sorrio ao ouvir o comentário da minha avó.. – Ben, devia passar um tempo comigo e com seu avô, o que acha?

Olho receioso para os meus pais.

– Não tenho certeza, vó... – Volto a encará-la, enquanto caminhamos sem pressa para a sala de jantar – Tenho tantas coisas para aprender, não sei se teria tempo para uns dias de folga.

– Eu te disse, Amélia! – Meu avô sorriu – Está no sangue, nós não fugimos das obrigações.

– Tenho que concordar. – Ela resmunga algo – Mas, me diga, como andam os preparativos para o dia de amanhã?

Reviro os olhos discretamente. Aquele assunto parecia não ter fim e falar tanto sobre o baile, não me ajudava a ficar calmo.

– Podemos falar sobre isso depois? – Peço e logo me apresso a me sentar em meu lugar na mesa, onde todos se encontravam presentes.

– Vovó! Vovô! Pensei que não iriam chegar nunca. – Observo a Manu abraçar os dois.

Depois de um tempo, todos já se encontram em seus devidos lugares. A mesa estava bastante cheia e a conversa era bem agradável. Pelo menos nenhum assunto se refiria ao dia de amanhã.

– Majestades! – Um guarda se aproxima e sem pestanejar, ele se inclina em uma reverência. – Tem um senhor lá fora que afirma ser da família real. Nós tentamos pedir para que ele se retirasse, mas ele negou e disse que só sairá de lá, quando um membro da família real falar com ele.

Meu pai observa o guarda com atenção.

– Deixe que entre! – Meu pai solta um longo suspiro, antes de dispensar o guarda.

O guarda some através das portas e não demora muito para que ele retorne com um senhor e um rapaz do qual parecia ter a minha idade.

– Vossas majestades! – O homem de barba pós feita se inclina em uma reverência seguida pelo rapaz mais novo – Não sabe a honra que é para mim e meu filho, conhecê-los.

– Como o senhor se chama? – Meu pai pergunta, indo direto ao ponto – Me desculpe por ser direto.

– Me chamo Gaspar Campbell e esse é o meu filho, Heitor Campbell.

Como era possível ter o mesmo sobrenome?

– Qual parentesco o senhor afirma ter conosco? – Dessa vez, minha mãe questiona.

Gaspar se vira para ela e diz:

– Sou um irmão perdido de Augustus, o seu pai. – Ele diz e todos ficam chocados com a afirmação do senhor.

– Com licença, senhor Campbell. – Meu avô se levanta e se aproxima dele – Me chamo Augustus Campbell Edward e até onde eu sei, eu não tenho nenhum irmão. Sempre fui filho único.

– Não espero que você acredite em mim, Augustus. – Observo ele retirar um diário de dentro da sua bolsa – Mas, espero que pelo menos possa ler o que está escrito neste diário. Creio que sua opinião possa mudar.

Meu avô encara o caderno receioso, antes de ceder e pegar em suas mãos.

– Irei dar uma olhada no diário, enquanto isso, providenciarei uma vaga na pensão para que vocês possam ficar. – Meu avô diz.

– Agradeço sua paciência. – O modo como Gaspar olhava para meu avô, era um tanto sombrio – Como irá me avisar que já leu o diário?

– Não se preocupe com isso. Irei mandar uma carruagem para buscar ambos para uma reunião. – Gaspar assente e se inclina em uma reverência.

– Até mais ver, querido irmão! – O clima fica tenso. Os dois se olham por um longo tempo antes do Gaspar se virar e sair da sala de jantar com o seu filho.

Todos permanecem em silêncio, até que meu pai fala:

– Isso nos trará problemas! – Ele diz, perdido em seus pensamentos.

– Problemas? Que tipo de problemas? – Pergunto.

– Se essa história for verídica, ele terá direito a tudo o que nós temos. – Respondeu minha mãe.

– Não exatamente. – Meu avô se pronuncia logo atrás dela com os olhos focados no caderno – Ele só terá direito se ele for mais velho que eu, isso se a história for verdadeira. E se for, ele ou o seu filho, assumirá o trono da Inglaterra.

Meu coração começa a bater rapidamente.

– O que? Mas eu sou o próximo na linha de sucessão. – Questiono.

– Filho, se esse homem for realmente irmão do seu avô e ele for mais velho, nós perdemos todo o direito de estar aqui nesse castelo. – Respondeu meu pai.

– Então o que faremos? – Pergunto.

– A única alternativa é ler esse diário e ver se essa história é realmente verídica. – Meu avô diz.

– E se for? – Pergunto, temendo a resposta que ele me daria.

– Teremos um grande problema, Ben.

* * *

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