Meu nome é Lorena

LizaSV_

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🏆 Vencedor do Wattys 2017 na categoria Originais🏆 Uma porta, uma chave, uma missão. Lorena tem apenas seis... Еще

Capítulo 1 - A Casa de Madeira
Capítulo 2 - A Salvadora de Ella
Capítulo 3 - Os sapatos
Capítulo 4 - A caixinha de música
Capítulo 5 - A moeda
Capítulo 6 - O pão
Capítulo 7 - O frio
Capítulo 8 - O ursinho
Capítulo 9 - A pedra
Capítulo 10 - A flor
Capítulo 11 - O bosque
Capítulo 13 - O Menino Azul e a Rainha do Bosque
Capítulo 14 - A criança
Capítulo 15 - Jim em perigo
Epílogo
Agradecimentos e avisos
Segundo volume - ''O Bosque da Rainha''
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Capítulo 12 - A espada

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LizaSV_


Varias casinhas de formato arredondado podiam ser vistas ao longo do campo. Cavalos pastavam na relva verde e cachorros corriam atrás de crianças enquanto os adultos transitavam pela área. Alguns deles tinham o corpo pintado de azul e carregavam espadas.

Lorena olhou para a trilha que descia até a pequena aldeia e começou a caminhar. O pássaro azul saiu de seu ombro e voou na frente. Quando chegou à aldeia, todos os olhos se voltaram para ela. Homens, mulheres e crianças pararam e fitaram a menina e a espada que carregava.

Ela parou no meio do caminho enquanto era rodeada por pessoas. Todos olhavam, mas ninguém se aproximava. Até que uma mulher ruiva e alta, com um colete de pele branca, calças de couro e uma espada abainhada na cintura veio em sua direção. Seu rosto era sério e seus cabelos alaranjados estavam presos.

Lorena queria sair correndo, mas sabia que não podia fazer isso. Então, ela apenas observou o rosto da mulher – sério, porém bonito –, esticando o rosto para cima à medida que ela se aproximava.

A ruiva parou em frente à criança, seus olhos passando pelo rosto dela e pela espada dourada.

- Você deve ser a Portadora. – a mulher disse. – Seja bem-vinda. Sou a irmã do rei.

- Seu irmão precisa da Espada Dourada? – Lorena perguntou, observando a expressão da mulher.

Ela sorriu e respondeu calmamente:

- Um espírito das águas um dia nos disse que nossa salvação dependia da Portadora da Espada. Ela apenas apareceria se cumprisse as missões que lhe foram dadas. Bem, parece que você conseguiu.

- Acho que sim. – Lorena deu de ombros.

A mulher sorriu novamente e estendeu a mão.

- Venha. Vou levá-la até o meu irmão.

A menina então acompanhou a mulher, passando por diversas casinhas da aldeia. Uma delas, com um cavalo baio pastando ao lado, era maior e cercada com troncos. Um homem ruivo estava parado na porta, observando atentamente as duas se aproximarem.

O rei também vestia um casaco de peles, calçava botas e levava uma espada na cintura. Seus olhos esverdeados brilharam ao ver Lorena.

- Uma criança... – a menina o ouviu dizer.

Lorena parou, e o rei deu três longos passos para frente. Em seguida se agachou, ficando mais ou menos da altura da menina. Ela viu uma pequena cicatriz em sua bochecha e sua barba ruiva já com tufos brancos. Espalhados pelos braços havia várias tatuagens azuis com linhas, espirais e desenho de animais.

- Você é o rei da tribo? – a menina perguntou, já sabendo a resposta. Mesmo se ninguém dissesse, ela saberia que aquele homem se tratava de um rei.

- Sim. – ele disse. – Sou o rei Brenus. Seja bem-vinda a minha tribo, pequena guerreira.

Lorena deu um sorrisinho e lhe estendeu a espada.

- A moça brilhante do Lago disse para entregar essa espada a você. – ela disse.

O rei Brenus pegou a espada com ambas as mãos, admirado e ao mesmo tempo assustado.

- É tão bonita. – ele sorriu, ficando de pé novamente. – Obrigado, menina. Você foi corajosa.

- Não foi tão ruim. – a menina disse. – O que essa espada faz?

Brenus a tirou da bainha, fazendo um ruído metálico.

- Diz a lenda que, qualquer líder que a tenha em mãos, sendo guerreiro ou não, torna-se invencível. – o rei explicou. – Mas ela não pode pertencer a ninguém. Poderei usá-la apenas por um dia, durante o ataque contra nossos inimigos.

- É por isso que ela é guardada no Lago Escuro – a irmã do rei disse, sentando-se confortavelmente em um dos troncos. – O espírito que a mantinha sob proteção sabe identificar a maldade e a impureza dos corações humanos. Meu irmão agora é o Portador. Ele devolverá ao Lago quando a batalha for vencida.

- Que assim seja, irmã. – ele sorriu, guardando a espada na bainha. – Agora, que tal comemorarmos a chegada da nossa salvadora?

O rei então passou os braços em volta dos ombros da menina e a guiou até à multidão que os observava. Todos olhavam Lorena como se fosse uma pequena deusa milagrosa.

Os mais jovens levantaram Lorena e a colocaram sobre os ombros, carregando-a até a fogueira que haviam acendido. Eles a fizeram sentar em um dos troncos em volta do fogaréu e a ofereceu frutinhas – amoras roxas e doces que deixavam sua boca e sua língua da mesma cor.

O povo da tribo cantava, comia e dançava; todos felizes pela chegada da pequena salvadora. Mais tarde, o sol começou a se pôr e a agitação diminuiu.

- Dizem que, quando o sol se põe, as almas dos mortos visitam o mundo dos vivos. – disse-lhe um menino mais velho.

- Dizem que as estrelas são anjos que protegem as crianças. – Lorena contou.

- Anjos? – a outra criança a perguntou. – Como os deuses da natureza?

- É. – a menina concordou, comendo mais amoras. – As flores também são poderosas. Elas não deixam coisas más acontecerem.

A outra criança pareceu impressionada, mas logo desistiu da conversa quando outro grupo de meninos e meninas passou correndo por eles. O menino foi atrás, seguindo os amigos.

Lorena observou as crianças se distanciarem. Sua atenção então foi desviada para o pássaro azul, que pousou bem em cima de seu joelho. Agora que estava mais próximo, a menina pôde observá-lo com mais atenção. O pequeno pássaro não era apenas azul – parte de suas asinhas eram negras e seu peito tinha uma mancha branca.

- Que bonitinho. – ela murmurou, e o pássaro respondeu com um piado ansioso. – O que foi?

A ave voou para cima, piando sem parar. Como na última vez, começou a fazer círculos no ar, chamando a atenção da menina. Lorena se levantou de onde estava sentada, e o pássaro voou para longe.

Lorena correu para alcançá-lo, percebendo que ele voava em direção a um bosque. Quando percebeu, Lorena tinha deixado a aldeia para trás e corria por um campo extenso e verde, aproximando-se cada vez mais da entrada do bosque.

O pássaro pousou em um galho para esperar Lorena; e, quando ela o alcançou, ele voou para dentro do bosque. A menina diminuiu os passos, sem tirar os olhos da pequena ave. Não olhou para trás para se despedir da tribo que a recebeu tão bem. Ela sabia que sua missão ali havia terminado.

●●●

No bosque, Lorena parou de caminhar ao se deparar com um rio a sua frente. O pássaro voou para o outro lado da margem e pousou em uma pedra, chamando-a com piados insistentes.

- Ei, eu não tenho asas! – a menina reclamou, observando a água correr lentamente para a direta. Era possível ver o fundo do lago, cheio de pedras e peixes prateados.

Então, ela viu algo mais. Os peixes e as pedras cinzentas começaram a se agitar dentro do rio, formando pequenas marolas na superfície da água. Em segundos, as marolas começaram a aumentar e dar lugar a um pequeno redemoinho.

Lorena se agachou para ver melhor. Bem no centro do pequeno redemoinho, ela começou a ver imagens. A menina viu a irmã do rei brandindo uma espada sangrenta, com vários guerreiros mortos abaixo dela. Depois, viu o rei Brenus lutando com a Espada Dourada, imponente e violento. Viu as pessoas da tribo do rei comemorando a vitória, enquanto o rei erguia a espada como se fosse um troféu. A arma brilhava, mas poderosa e bonita que a menina se lembrava.

Eles venceram graças a você, uma voz feminina soou em sua mente. Agora continue, minha querida. Falta apenas uma chave.

O pequeno redemoinho parou abruptamente, e os peixes voltaram a nadar como se nada tivesse acontecido.

- Uma chave. – Lorena repetiu, colocando a mão no peito para sentir a última chave dourada que havia achado.

Ela olhou para o outro lado. Então, percebeu que sua bolsa de viagem com todas as chaves estava lá, na rocha que o pássaro havia pousado. Lorena teria que atravessar nadando.

A menina então entrou no rio e mergulhou, batendo as pernas para chegar do outro lado. Bem no fundo do rio, um belo espírito das águas observou a criança e sorriu.

Lorena não viu a outra moça-brilhante, mas sentiu que alguém a protegia.


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