A Babá Fantástica |REVISADO|

By annagabirezende

236K 15.1K 2.6K

Dália é uma mulher de 29 anos e se considera em eterno conflito. Se mudou e ganhou sua própria independência... More

[AVISO]
PRÓLOGO
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 24
CAPÍTULO 25
CAPÍTULO 26
CAPÍTULO 27
CAPÍTULO 28
CAPÍTULO 29
CAPÍTULO 30
CAPÍTULO 31
CAPÍTULO 32
CAPÍTULO 33
CAPÍTULO 34
CAPÍTULO 35
CAPÍTULO 36
CAPÍTULO 37
CAPÍTULO 38 - PARTE 1
CAPÍTULO 38 - PARTE 2
CAPÍTULO 39
Bônus
CAPÍTULO 40
CAPÍTULO 41
EPÍLOGO
[AVISO 2]

CAPÍTULO 17

5.3K 346 44
By annagabirezende

Dália Menezes

Continuo olhando no quarto escuro de Eduardo e não há nada com que eu possa me defender, então a única alternativa, é sair. Corro nas pontas dos pés até a porta e paro no corredor até entrar no quarto da frente, o de Vinicius. Ao chegar lá, sigo psra seu quartinho, porque um quarto de criança só tem brinquedos e é no estúdio que vou achar minha salvação, tenho confiança!

Mas também, o que eu tinha que inventar! Minha mãe cansou de dizer que eu ia apanhar na rua por conta da minha impulsividade e teimosia, parece que ela estava certa! Já dentro do lugar, começo a procurar entre as bagunças de Vinicius e quando bato os olhos em um emaranhado de fios, daqueles bem resistentes, tenho uma epifania e mesmo louca, é a única idéia que tive! É isso ou a morte, porque com certeza Eduardo me mata se me ver, pra ele fui eu que compactuei para ser pego, não vou arriscar uma conversa se não sei sua estabilidade mental no momento.

Pego os fios e os soltos em poucos segundos, seguro o ferro de passar roupa que encontrei ao lado e sigo de volta para o quarto, a ponto de poder ouvir os passos grosseiros de Eduardo pelo corredor e entrar em seu quarto, batendo a porta, engulo em seco com muito medo, não quero morrer agora, ainda sou tão jovem e tenho tanto pra fazer!

Não tenho outra escolha, é agora!

Me viro para a janela com um parapeito e logo abaixo um pouco pra esquerda, o teto da garagem, não é tão alto. Me movo ainda em silêncio, jogo a roupa de cama, almofadas e travesseiro no chão, pego o pequeno colchão e com toda a minha força, empurro janela abaixo até cair em cima da garagem, sorrio que meu plano está funcionando. Não perco tempo, começo amarrar e dar nó em uma das pontas dos fios em uma grade perto da janela, ela era bem inútil até eu transformá-la em um utensílio de fuga, pode ser que ela esteja bamba, mas, me dá uma certa altura para pular no colchão.

Começo a prender meus cabelos em um rabo de cavalo, quando escuto algo sendo quebrado no quarto de Eduardo, pulo de susto e coloco a mão no coração numa falha tentativa de me acalmar.

— Tem alguém aqui! — Os gritos recomeçam em seguida e meu coração dispara, tento controlar a respiração, estou perdendo minha coragem, fecho os olhos e tento respirar. — É melhor aparecer, intruso de merda! — Eduardo grita uma última vez antes de empurrar a porta, ela bate com força na parede e volta sendo parada com um soco quando ele me nota, parada ali perto da janela. — Você! Sua desgraçada!

— Desgraçada? Eu? — Exclamo sem me controlar e sorrio friamente, acabei de lembrar das cartas. — Tá falando com quem? Tem um espelho aqui? — Dou uma risada irônica, disfarçando meu nervoso. — Se enxerga, Eduardo! A vida não é só xingamentos e insultos!

— Vou fazer bem pior que te insultar! Vai se arrepender de tudo que fez! — Eduardo começa a vir em minha direção e toda a minha coragem parece voltar em peso. — Vou colocar a minha mão em você e te fazer em picadinho, Dália! — Seu sorriso monstruoso me assusta um pouquinho mas não vou pagar pra ver. — Já adianto, vai doer muito! — Misericórdia! Dou um passo para trás e o ferro em minha mão bate na parede.

— Tenho algo também! — Aperto firmemente o ferro entre os dedos e eu espero que os anos treinando na academia e jogando bola na escola tenha válido à pena. — Também vai doer! E eu espero que doa bastante! — Eduardo para a alguns passos de mim e me olha com curiosidade, deve estar confuso e eu não espero por outro momento.

Arremesso o ferro pesado, bem quando ele abre um sorriso para debochar do que eu disse, o ferro gira somente uma vez e atinge seu rosto. Faço uma careta pela dor que ele deve estar sentindo e pelo enorme impacto que fez com que Eduardo caia de uma só vez e bate com as costas no chão. Ele geme de dor e eu me arrependo por um segundo, até lembrar do mal que ele fez para os filhos, não sorrio porque não sou tão ruim assim mas pelo menos me sinto vingada! 

Me abaixo, pego o fio e enrolo em minha mão esquerda, com ajuda de uma cadeira, subo na janela e antes de pular para o parapeito, vejo Eduardo se mexer e tentar levantar, a marca em seu rosto denuncia que ele foi atingido e sua boca sangrando me dá a ideia de que acabei quebrando seus dentes, faço uma careta, acho que vou para a cadeia. Mesmo com a consciência pesada, pulo para o parapeito, tomo impulso e coragem e acabo demorando demais pois o ruivo aparece na janela e me pega belo rabo de cavalo, dou um grito de dor.

— Sua, vaca! — Grita e ergo minha mão, seguro em seu pulso e cravo minhas unhas em sua pele, Eduardo não desiste fácil, fica balançando o braço e minha cabeça vai junto, finco ainda mais forte e então ele tenta se livrar com a ajuda da outra mão e aproveito, viro rápido e abocanho sua mão, feito um cachorro louco, seus dedos ficam presos entre meus dentes até eu sentir o gosto de sangue. — Me solta sua louca sanguinária! — Começa a puxar as mãos e eu o solto pulando logo de uma vez, em um só impulso.

No curto tempo em que despenco quase um metro, fecho os olhos sentindo o ar ricochotear meu corpo e engulo o ar para não gritar e então, eu paro, levo alguns para perceber que estou pendurada até meu pulso começar a latejar.

— Sua maldita! — De tudo o que Eduardo pode fazer, ele prefere me xingar e tentar desamarrar os fios. — Que vontade de estapear!

Ergo minha mão direita e desenrolo os fios, caio de uma só vez, com os dois joelhos no colchão, a minha bolsa bate em minhas costas mas o impacto imediato dos joelhos é que me faz sentir dor, aperto minhas pálpebras e estico meus braços e pernas pra frente com um pouco de dificuldade, porém só de conseguir dobrar minhas articulações já me alivia, não foi nada demais!

— Você não é trapezista pra ficar pulando assim, sua ridícula! — Eduardo continua reclamando e então meu celular começa a tocar em péssima hora! — Já sei seu ponto fraco! Vou te atingir onde mais dói! Pode esperar!

— Ninguém espera por algo assim, Eduardo! — Explico levantando e jogando o colchão na frente da garagem, minhas costas doem e gemo de dor, não consigo estalar nenhuma parte do meu corpo, estou ficando velha para ficar me metendo em confusão.

Olho pra cima e Eduardo está em um impasse, andando de um lado à outro e bagunçando seus fios ruivos. Coitado, deve ser muita coisa pra ele conseguir assimilar, deve estar em conflito. Vou sair sem provocar.

Me preparo pra pular e salto, a distância agora é menor mas estou dolorida, pulo assim mesmo e meu treinador estaria revoltado comigo, não sei mas pular sem me machucar. No momento em que pisei no colchão, me distraí com o telefone tocando de novo e virei meu pé, caindo pra fora do colchão e arrastando meu braço esquerdo no cimento.

— Aí! — Gemo de dor, olho para o meu cotovelo e vejo o sangue no arranhado, e meu braço cortado, que saco! Tudo arde e dói! — Que dor! — Gemo mexendo meu tornozelo e fechando os olhos, espero que seja só uma luxação.

Ergo a cabeça e vejo meu carro parado não tão longe, faço uma força e sigo como um saci, pulando em um só pé, até o automóvel. Assim que entro e fecho a porta, Eduardo dispara porta à fora e para em frente o carro, as mãos espalmadas no capô, reviro os olhos, mais essa! Travo as portas e giro a chave na ignição, o carro ganha vida e ele nem se move, aperto a ré e o carro sai sem barulho, nego ainda o encarando, ele soca o ar.

— Isso não vai ficar assim! — Eduardo aponta e eu faço um joinha acelerando e passando ao seu lado mas ainda posso ouvir sua ameaça! — Eu vou te matar, Dália! — Sinto um calafrio me tomar e acelero ainda mais.

Meu celular volta a tocar em alguns metros à frente, paro em frente a uma casa e tiro o celular da bolsa, a foto de Christopher brilha na tela. Entro no aplicativo para mandar uma mensagem.

Eu: Chris? É urgente?

Chris♡: Sim ou claro? Óbvio né, Dália!

Eu: Te ligo em alguns minutos!

Chris♡: Não demora!

Saio de sua conversa e entro na de Fernando. De todos os telefonemas, sete telefonemas perdidos, quatro de Chris,  duas de Fernando e uma de Daniel. Fernando está online, começo a digitar.

Eu: Me ligou?

Alguns segundos depois, ele me manda a resposta.

Fernando☆: Sim

Eu: O quê quer?

Fernando☆: Falar com você, né!

Reviro os olhos, não tenho tempo pra isso, estamos morando na mesma casa e ele quer falar por telefone? Me poupe!

Eu: "Fernando, estou ocupada agora e vou me atrasar, pega o Vinicius na escola.

E não liga para o que a Talita te falar, é pura fofoca."

Saio de sua conversa e entro na de meu irmão.

Eu: Fala, Danny!

Saio do aplicativo pois não recebo uma resposta, conecto o celular no carro e ligo para Christopher.

Por meia hora, converso com meu amigo e fico sabendo de tudo que aconteceu no México e ele fica sabendo tudo que me aconteceu em uma hora. Me despeço e paro o carro no estacionamento do pronto socorro que o gps me mandou e saio do carro, mais esfolada que saco de pancada antigo. Eu decidi que é melhor vir ver meus ferimentos por especialistas e chegar em casa mais tarde, prioridades existe e estou me apoiando nelas.


ßāßā


Fecho a porta em minhas costas e solto um suspiro, estou cansada, odeio hospitais, pensei que seria uma atendimento rápido e sem mais dor. Agora estou com uma luxação no pé esquerdo e um monte de arranhões e escoriações pelos braços, o joelho dolorido e… Sou surpreendida por um abraço, me afasto brevemente pra ter certeza que é Fernando, acaricio seu braço para ele me soltar sem que eu precise reclamar de dor, mesmo medicada sinto dor ao tocar, principalmente o braço que segundo a enfermeira, "Você teve sorte, não foi um corte profundo. Não vai precisar levar ponto!", só que na minha opinião, estar sangrando num corte de quase todo o comprimento do antebraço, tomar antitetânica não é o suficiente!

— Nossa! Como você demorou, Dália! — Diz ao se afastar, passa a mão no cabelo escuro e me encara sério, engulo em seco, será que ele descobriu? — Preciso te dar uma péssima notícia! Mas onde você foi que demorou tanto? — Explica e logo depois questiona coçando a nuca.

Abro a boca pra lhe dizer que estava em uma luta entre Eduardo e que em uma disputa entre salvar a sua vida e atender o telefone, você prefere viver! Porém…

— Estava ocupada! — Digo sentindo seu perfume quando ele flexiona o braço pra tentar arrumar seu cabelo, aspiro a fragrância relaxante.

— Tá, depois você me conta. — Murmura e estica a mão tirando uns fios de cabelo do meu rosto, olha pra trás, acho que para garantir que Vinicius não está ouvindo e diz. — Você precisa saber que Eduardo conseguiu fugir, do hospício! — Sua voz se torna mais baixa e grave, solto minha respiração, que susto pensei que ele tinha pego meu Vini. — Você não parece surpresa.

— Eu já imaginava, né? — Comento para disfarçar, porque na verdade eu não imaginava nada, se soubesse dessa possibilidade nem tinha ido na mansão! — Eduardo é um homem esperto, afinal de contas me contratou e tudo mais.

Fernando sorri achando que estou levando isso numa boa e não estou! Se estou toda ferrada assim, não foi pela desculpa que dei no hospital, na qual eu havia tropeçado numa pedra enquanto descia uma escadaria e cai, é pelo irmão louco e problemático dele que estou assim!

— Pois é, Eduardo tem conseguido se safar sempre que está encurralado! É impressionante! — Aceno em concordância e ele me encara sério de novo, agora ele sabe que estive com ele. — É pra sua segurança entender também, que Eduardo está super agressivo e até matou um enfermeiro para conseguir fugir! — Arregalo os olhos, fiz bem em fugir dele como uma desvairada, se ele matou um enfermeiro, me matar ia ser fácil! Não que ele não tenha tentado, eu é que sou uma oponente à altura! — Agora você se surpreende?

— Claro! — Exclamo quase num grito. — Fernando? Ele MATOU, uma pessoa, pelo amor! Isso não é normal! — Estou surtando, estive ao lado dele não tem poucas horas, em contato com um assassino a sangue frio!

— Não, não é mesmo normal por isso ele estava lá. — Comenta baixo, sei que estou falando do irmão dele mas estou correndo perigo real aqui!

— Parece que não foi o suficiente! — Reclamo impacientemente, olho para Fernando e sei que meu ataque não está ajudando. — Desculpa…

— Tá bom, cada um assimila de um jeito. — Concordo sentindo minhas dores voltarem e troco o peso da perna me arrependendo imediatamente, Fernando franze a testa vendo minha careta de dor. — Porém, eu tive que tomar uma decisão para nossa proteção. Bom… Pelo menos por agora e…

— E o quê? — Explodo, estou começando a acreditar em Chris quando ele diz que essa família só tem bomba radioativa. — Meu Deus! Por que essa família está nesse caos? Não é possível que ninguém tome uma atitude descente!

— Por isso eu decidi que vamos viajar! — Fernando me interrompe também bravo, ah eu não tenho culpa, tinham que ter começado a tratar o irmão dele a tempos!

— Viajar? — Pergunto e desisto de ficar em pé, meu pé dói, meus joelhos doem, minhas costas doem, meu braço dói, tudo dói! Ergo o braço pra tirar a alça da bolsa atravessada em meu corpo e só aí, Fernando vê o ferimento e se espanta.

— O que foi isso em seu braço? — Pergunta e começo a andar até o sofá, o moreno também vê meu andar capengo, fecho os olhos até conseguir sentar, preciso tomar meu remédio. — Meu Deus, Dália! Por que você está mancando? O que foi que aconteceu?

— Não é nada demais. — Não contei de Eduardo antes e não vou contar agora, eu sou a errada por ter ido em sua casa e mexido em suas coisas, até meu advogado chegar no Brasil, já estou no presídio com meus pais conseguindo comprovar que sou um desastre! — Eu cai na escada, nada demais! — Fernando continua me encarando, querendo mais detalhes. — Eu dei um mal jeito no pé e cortei o braço, fui no médico e já estou pronta pra outra. — Brinco abrindo um sorriso que esconde meu medo, não estou pronta e nem quero que algo assim aconteça de novo. Não sou nem louca! — Mas que história é essa de viajar? Viajar pra onde? 

— Ah, é! — Fernando dá de ombros, acreditando em minha lorota e senta do meu lado no sofá. — Dália, enquanto Eduardo não aparece, vamos ficar o mais longe possível! Não sabemos o que ele pretende!

"Eu vou te matar, Dália!" Ainda posso escutar sua ameaça.

— É. Parece uma boa ideia. — Murmuro rapidamente e seguro em sua mão quente. — Sair da cidade, né? — Pareço uma louca fugitiva mas estou é apavorada.

— Não precisa se apavorar. — Fernando parece ler minha mente mas não vai adiantar, sou eu que estou na mira. — Pode escolher o local, minha flor! — Sua voz sai carinhosa e acredito que o apelido seja por meu nome, sorrio e ele acaricia minha mão os dedos e me sinto mais protegida.

"Eu vou te matar!" A voz descontrolada volta e balanço a cabeça, tentando afastar o pensamento e o medo de morrer.

— Seu passaporte está em dia? — Fernando pergunta empolgado, pisco voltando a realidade. — Temos vários lugares. Tem o Reino Unido, — Fernando começa a pontuar e contar nos dedos os nomes que lembra, me olhando com expectativa. — Canadá, Havaí e…

— México! — Digo com vontade de ver meus pais, mesmo eu indo embora ainda os visito quando posso e agora, mas do que nunca quero ver minha mãe. — Vamos pro México!

— Pode ser. — Sorri e arruma meu cabelo, preciso de um banho, ele se inclina em minha direção e beija meus lábios, sorrio, nisso ele é bom, em beijar. — Vinicius vai ver, Fernando.

— Deixa. — Sussurra passando o braço por minha cintura, me encolho em seu braço, não de uma forma boa já que a dor passa por meu corpo me fazendo tremer.

— Ai, Fernando! — Murmuro me afastando. — Não é um bom momento.

— Desculpe, não foi minha intenção te machucar. — Diz e aceno, sei disso mas dói de qualquer forma. Ele se vira para o corredor e grita. — Vinicius!

Aperto sua mão e ele se vira pra mim.

— Não chama ele, agora. — Digo mostrando meu estado lastimável. — O menino vai ficar preocupado!

Escutamos a porta bater como sempre e Vinicius correndo em seguida, Fernando dá de ombros.

— Agora já era. — Murmura e olhamos Vinicius contornar a poltrona e parar em nossa frente.

— Oi! — Cumprimenta o tio e me olha. — Oi, Dália! — Pula em minha direção me abraçando, seguro o gemido de dor e a careta. — Por que você não foi me buscar na escola? — Vinicius se afasta e então parece ver meu braço ferido. — Você se machucou?

— Caí da escada e fui no médico, então pedi para Fernando te pegar. — Explico contando a mentira agora com tanta facilidade que já estou acreditando e esquecendo a verdade. Vinicius acena parecendo preocupado e sorrio para acalmá-lo.

— Mas você precisa saber que a minha professora não gosta de você! — Me explica em tom de segredo, estreito os olhos, aquela mulher só pode estar de brincadeira!

— Como você sabe? Ela te disse? — Fernando pergunta confuso, não está sabendo da briga de hoje cedo.

— Eu fui no banheiro e ouvi a tia Talita falar com a tia Patrícia. — Me explica. Não sei porque as crianças ainda tem essa mania de chamar as professoras de tia, quando era meus alunos eu não deixava.

— E o quê você ouviu, Vini? — Pergunto pra ter certeza do que vou fazer.

— Ela disse, "Não gosto daquela mulher que truxe o Vinicius" — Explica tentando imitar a voz e quase sorrio.

— É trouxe, Vinicius. — Fernando corrige o sobrinho, ele não demonstra nenhuma emoção sobre o assunto.

— Tá! Aí depois a tia Patrícia disse, "Até o nome dela é ridículo!" mas eu não acho não! Seu nome é bem bonito! — Vinicius explica e sorrio, gosto de saber que ele acha meu nome bonito, beijo seu rosto.

— Obrigada por nos contar, Vini. Não precisa se preocupar, meu amor, vou resolver isso, tá bom? — Ele acena e aperto sua bochecha, depois beijo. Olho para Fernando e ele está sério, sinto raiva daquelas duas por nos fazer passar por essa situação, podia ter sido evitado, minha vontade é ir naquela escola e fazer um barraco mas nós vamos viajar e eu posso fazer isso na volta. Aperto a mão de Fernando e ele solta a mandíbula e me encara. — Agora, eu e o seu tio temos algo pra te contar, não é Fernando?

— Vinicius. — Fernando o chama parecendo sair de pensamentos profundos, o garoto o olha sem muita vontade. — Vamos viajar. — Mais seco e sem ânimo acho que é impossível dele conseguir. Reviro os olhos e sorrio pra um Vinicius bem confuso.

— Não é legal? — Pergunto tentando animar e Vini franze a testa.

— E minha escola? — Me pergunta. — Mas por que a gente vai viajar?

— Vamos ir pro, México, não é legal? — Exclamo repetindo a pergunta, dou um chute na perna de Fernando e ele me olha alarmado. — É muito legal, não é, Fernando Magalhães?!

— É! Nem precisa se preocupar com a escola, você é esperto e logo recupera a matéria perdida. — Fernando explica.

— Mas eu não quero nem perder a matéria! — Vinicius exclama de braços cruzados e então parece se lembrar de algo e me olha. — Ah… Pro México? — Questiona piscando. — Aceno ainda empolgada. — Não é onde você nasceu?

— É lá mesmo!

— Vamos ver seus pais? Eles são mexicanos como você? — Pergunta e olho para Fernando, quero confirmar antes de concordar. Ele afirma com um aceno e eu e Vini sorrimos fazendo com que ele sorria. — Que legal! Vou virar mexicano!

— Pois é, não é?! — Exclamo o abraçando e não contando que visitar não é nascer mas deixa ele sonhar, pois vou ver Daniel e colocar a limpo essa história de noivado.

— Agora eu vou pro meu quarto! — Vinicius se apressa e seguro sua mão antes que ele corra.

— Por que a pressa? — Fernando questiona de volta a si, já estava me irritando.

— É, que eu vou montar o controle! — Explica tranquilamente, Fernando o olha em advertência. — É que…

— Você ficou curioso? — Pergunto e ele assente.

— Com a luzinha vermelha! — Ele me explica e depois olha para o tio. — Eu sei que não posso, tio!

— E mesmo assim, você faz! Não sei mais o que falar pra você… — Fernando começa.

— Não vou fazer mais. — A criança explica e eu não falo nada, isso é entre eles. — Mas quero assistir pokémon, posso ir?

— Toma banho primeiro. — Aviso enfim me metendo, Vinicius acena e corre para o quarto com a mochila de rodinhas arrastando logo atrás. Ele tem três mochilas, uma de alças do pokémon e duas de rodinhas, uma do Ben 10 e a outra da patrulha canina. Cada semana ele vai com uma do gosto dele. Viro-me para Fernando e ele está me encarando com um sorriso e os olhos em luxúria. — Quê foi? Por que está me olhando assim?

— Porque vou te convidar pra comer tacos, vai aceitar? — Fernando se aproxima e beija meu pescoço, sorrio, o perfume dele é inebriante e seguro em seus braços para não cair no sofá.

— Não posso recusar. — Sorrio e beijo o canto de sua boca, subindo a mão para seus cabelos macios e pensando que amo tacos. — Eu escolho o lugar, que tal?

— Gosto da ideia de aproveitarmos todos os momentos que estamos juntos. — Fernando sobe a mão por minha coxa enquanto desce os lábios até os meus. — Principalmente os picantes e particulares!

Nossas bocas se encontram e meu coração dispara, sinto que estou começando a me apegar a Fernando e não sei a proporção dos meus sentimentos porém sei que Fernando me enche paixão e desejo, como há muito tempo não ficava e isso só me fez deslizar entre seus braços fortes com mais convicção, sem ver mal ou dor durante à noite!

Continue Reading

You'll Also Like

158K 6.4K 60
@𝑡𝑟𝑎𝑝𝑙𝑎𝑢𝑑𝑜 𝑐𝑜𝑚𝑒𝑐̧𝑜𝑢 𝑎 𝑠𝑒𝑔𝑢𝑖𝑟 𝑣𝑜𝑐𝑒̂
84.9K 7.1K 29
🏇 Ele é um fazendeiro solitário que vivi sua vida apenas com um propósito, esquecer seu passado. 👩 Ela é uma mocinha do interior que após uma temp...
3.1K 76 17
Mel. E UMA JOVEM DE 17 ANOS MORA COM OS PAIS E SEU IRMÃO MAIS VELHO ,ELA AVIA SE MUDADO DE PAIS MAS RETORNA PRO PAIS E PRA MESMA ESCOLA ,ASSIM REENCO...
1.3M 138K 172
Paola. Personalidade forte, instinto feroz e um olhar devastador. Dona de um belo sorriso e uma boa lábia. Forte, intocável e verdadeiramente sensata...