Xeque-Mate

By SheWantsCamila

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Um jogo perigoso, repleto de armadilhas. Uma disputa de poder, dinheiro e desejo. De um lado do tabuleiro, a... More

Inicio do Jogo.
Capitulo 2 - Welcome to New York.
Capítulo 3 - Collins Enterprises
Capitulo 4 - Alerta Vermelho
Capítulo 5 - Novas peças.
Capítulo 6 - Fraquezas
Capítulo 7 - Intromissões
Capítulo 8 - Punição
Capítulo - 9 Exposição.
Capítulo 10 - Rendição.
Capítulo 11 - Lados ocultos.
Capítulo 12 - Hacker Attack!
Capítulo 13 - Novas sensações
Capítulo 14 - Suspeitos.
Capítulo 15 - Suíça part. 1
Capítulo 16 - Suíça part. 2
Capítulo 17 - Fim de jogo?
Capítulo 18 - Surpresa.
Capítulo 19 - Xeque
Capítulo 20 - Q&A de Xeque-Mate.
Capítulo 21 - Resgate
Capítulo 22 - Cuidados
Capítulo 23 - Fugindo da realidade
Capítulo 24 - Desentendimento.
Capítulo 25 - Descontrole
Capítulo 26 - Consequência
Capítulo 27 - O troco
Capítulo 28 - Novos elos.
Capítulo 29 - Premonição?
Capítulo 30 - Mate
Capítulo 32 - Flagrante
Capitulo 33 - Do passado ao presente.
Capítulo 34 - Confissões
Capítulo 35 - Duas rainhas.
Capítulo 36 - Obsessão
Capítulo 37 - Sentença
Capítulo 38 - "Castigo."
Capítulo 39 - Fim do reinado.
Capítulo 40 - A perda.
Capítulo 41 - Katherine Cooper.
Capítulo 42 - A rainha.
AVISO - 2023

Capítulo 31 - Depoimento

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By SheWantsCamila

OLÁ, MEUS AMORES.

VOLTAMOS.

E dessa vez, é com capitulo sim! 

Obrigada pela paciência de vocês em esperar, eu tive alguns bloqueios, seguido pelo lançamento das coisas da Camila, e por isso demorei. Mas enfim, aqui estamos.  Queria agradecer a todo mundo que participou do projetinho no domingo. Eu amei muito a força de vocês. 

Agora vamos ao que interessa. 

Queria avisar que as explicações vão acontecer em forma de flashback, mas não está tudo nesse capitulo. Tem muito momentos para serem explicados, por isso vamos dividir a cada atualização, ok? 

Agora sim, vamos lá. 

Camila Collin's point of view.


Depois de algumas horas, eu estava acomodada no interior do rollsroyce preto, a apenas uma quadra do departamento de polícia de Nova Iorque. Era a primeira vez que eu iria comparecer diante as autoridades depois da prisão de meu marido no dia anterior. A notícia do ocorrido se alastrou como um vírus;há essa hora, toda a imprensa mundial noticiava a prisão do magnata do petróleo, Christopher Collins. Mantive-me atenta ao movimento do lado de fora, enquanto degustava de uma taça de champagne, um dos mais caros, comprado exclusivamente para aquela situação.

- Senhora, há muitos jornalistas em frente à delegacia. – Carlos murmurou ao diminuir a velocidade, agora que estávamos em frente ao prédio.

Um sorriso nasceu no canto de meus lábios quase que automaticamente. Ergui a cabeça e fitei o aglomerado de repórteres e fotógrafos mais a frente. Levei a taça até meus lábios, tomando mais um gole do álcool ali presente, antes de repousá-la sobre o suporte oferecido no banco de trás do carro luxuoso.

- Não há problema, Carlos. Pare em frente à delegacia, eu vou descer.

O homem me fitou pelo espelho retrovisor e assentiu, acatando minha ordem de forma precisa. Quanto mais o carro se aproximava da área frontal do prédio, mais fotógrafos nos rodeavam. A gritaria, acompanhada da movimentação exagerada ao lado de fora, me fazia perceber como aquela notícia estava sendo bombástica. Não era para menos, as indústrias Collins estavam no olho do furacão de um escândalo.

"É Camila Collins! Esposa dele."

"Camila! Camila!"

Eles gritavam, enquanto eu me mantinha na mesma posição, cabeça erguida e olhar fixo à frente.

- Eu vou chamar alguns policiais para abrir caminho. – disse Carlos antes de deixar o veículo.

Puxei minha bolsa repousada sobre o banco, de onde retirei meu batom, tinha uma tonalidade avermelhada, quase como sangue, mesma cor presente em minhas unhas grandes, contrastando perfeitamente com o vestido tubinho preto que cobria meu corpo. Deslizei-o sobre meus lábios suavemente, antes de encarar meu reflexo no pequeno espelho presente no banco da frente. Meus olhos tinham um leve contorno em preto, destacando minhas pupilas castanhas e agora brilhantes. Sorri satisfeita com o que via, e fechei o espelho, guardando o batom no interior da bolsa. Vi Carlos parar ao lado da porta, e rapidamente coloquei meus óculos escuros, precisava de uma imagem abalada para tantos olhares sobre mim. A porta foi aberta e meu corpo foi banhado com flashes de todas as câmeras ali presente.

"Camila! Você sabia de tudo sobre o seu marido?"

"Conhece a pessoa que ele matou?"

"Por favor, responda!"

"Sra. Collins, você faz parte de tudo?"

Carlos e mais alguns policiais me conduziram em meio aquela multidão tumultuada de fotógrafos e repórteres que dariam a vida por uma informação privilegiada. Eu nem sequer os fitei, não poderia abrir margem para qualquer erro, o plano havia sido executado, mas me exigia certos cuidados.

- Se afastem! – gritou um dos oficiais, enquanto éramos bombardeados com tantos flashes.

Assim que subimos as escadarias em frente à delegacia, ergui a cabeça e encarei aquele par de olhos verdes que me observavam na entrada da delegacia. Lauren estava parada a minha espera, maravilhosa como sempre, com um ar imponentee desafiador. Hoje ela parecia ainda mais bonita, usava uma calça branca, justa, uma blusa de seda vermelha, e sua típica jaqueta de couro preta, sem esquecer o scarpinnegro em seus pés.

- Obrigada, soldados. – disse ela para os policiais que tão logo se afastaram. – Bom dia, senhora Collins.

- Bom dia, agente Jauregui.

Ela se manteve séria e eu não fiquei para trás. Ambas sabíamos que disfarçar era o ponto principal naquela situação. Assim que adentrei o interior mais calmo da delegacia, me deparei com John. O rapaz tinha um semblante exausto, provavelmente estava em trabalho pesado desde o momento em que Christopher fora preso.

- Sra. Collins! Que bom que apareceu! Preciso falar com você, em particular. – disse ele, lançando um breve olhar para Lauren.

- Não demorem muito, vamos precisar acelerar o processo de recolha de depoimento. – ordenou Lauren.

- Sim, agente.

A mulher me fitou mais uma vez e tão logo se afastou ao lado de outro oficial, fazendo-me observar o movimento de seu corpo, mais especificamente seu quadril com aquela calça branca.

Gostosa.

- Senhora?

- Sim?

- Preciso preparar você para depor, não podemos falar qualquer coisa. Não queremos que Collins saia prejudicado.

- Veja bem, John... – murmurei pausadamente, enquanto arrumava os óculos escuros em meu rosto. – eu não tenho sequer uma informação sobre tudo isso. Você sabe que Christopher não gosta de dividir qualquer assunto comigo, não há nada que eu possa falar.

- Ele acha que você sabe além do que deveria. Durante todas nossas conversas, Christopher a culpou. – disse ele com um olhar minucioso. – disse que você está contra ele.

- Acha que eu seria capaz disso? Como eu teria poder para fazer qualquer coisa contra meu próprio marido? Meu próprio patrimônio? Às vezes tenho a sensação que ele está enlouquecendo com tantos problemas. – abusei de um tom de voz melancólico.

- Eu sei, penso o mesmo. Ele está muito atordoado desde ontem.

- Isso não é de hoje, eu estou sinceramente muito preocupada. – falei ao tocar em seu braço suavemente.

- Vai ficar tudo bem, Camila. – tentou me tranqüilizar.

- Assim espero, isso é demais para mim. Estou muito abalada com toda essa situação.

- Eu consigo imaginar. Vou acompanhar o processo de depoimento para que não façam perguntas descabidas, sei que não tem nada a ver com tudo isso.

- Obrigada, você é sempre muito gentil.

- Não há de quê.

Nós ficamos por mais um determinado tempo naquela recepção, à espera da ordem que nos conduziria a uma das salas. Estava ficando impaciente, aquela demora deixava-me cada vez mais ansiosa e farta de ter que bancar a esposa idiota.

- Sra. Collins, John! – chamou Lauren ao fundo. – me acompanhem, por favor.

Lancei um sorriso disfarçado para Lauren, que retribuiu da mesma forma. Depois de tamanha descoberta com o caso, a agente ganhou certo destaque e importância, agora sendo uma das principais agentes daquele departamento.

- Me deixe fazer apenas uma ligação. – John solicitou, recebendo um aceno positivo da mulher a nossa frente.

O rapaz se afastou nos deixando sozinhas naquele corredor extenso e vazio. Lauren olhou para ambos os lados e logo voltou seus olhos em minha direção.

- Como está? – indagou em um sussurro.

- Estou ótima, só um pouco ansiosa.

- Está dando tudo certo, não se preocupe. Estou cuidando de tudo por aqui.

- Sei que sim, estou apenas eufórica com tudo isso.

Lauren suspirou e assentiu, antes de olhar novamente para ambos os lados, certificando-se que estávamos sozinhas.

- Prometo que te faço relaxar depois disso tudo. – disse ao dar um passo a frente, ficando a poucos centímetros do meu corpo.

Encarei seu olhar provocador, fazendo-me arfar em desejo. Lauren gostava de me instigar, desafiar, deixando-me à beira de cometer uma loucura. Eu respirei fundo, diante de seu corpo tão próximo, com tamanho perigo de sermos pegas.

- Quer ser pega por alguém aqui? – indaguei nervosa. – Imagina o que iriam dizer? A oficial dando em cima da esposa de um acusado.

Lauren sorriu.

- Iria dizer que estava apenas consolando a pobre esposa, tão inocente. – seu tom de voz era de puro cinismo. Ela estava pegando isso de mim?

- Cachorra.

- Talvez. – sussurrou ao me roubar um beijo.

Arfei em surpresa, mas ela se afastou rapidamente com aquele maldito sorriso cínico. Segundos depois ouvimos a voz de John ao fundo, ele ainda falava ao telefone, totalmente irritado, nem sequer notando a tensão entre a agente e eu. Afastei-me alguns passos, tomando a postura para meu papel novamente. Depois de alguns minutos, adentramos a sala, em seu interior havia alguns policiais, sendo um investigador e um escrivão.

- Bom dia, Sra. Collins. Me chamoTravis Levy, sou investigador criminal. – ele estendeu a mão em minha direção, em um cumprimento gentil. – pode se sentar, por gentileza.

Lauren caminhou até o outro lado da mesa, ficando de frente para mim, ao lado de Verônica que faria o relatório de meu depoimento. O clima naquele lugar era pesado, intenso, mas de nada me acanhou. Eu tinha todos os olhares sobre mim e nem de longe aquilo me afetaria. Acomodei-me tranquilamente sobre a cadeira em frente à mesa e retirei meus óculos escuros, para encarar o investigador com um dos olhares mais inocentes e exaustos que eu poderia oferecer. O agente Levy parecia estar na faixa de seus trinta e cinco anos; carregava linhas faciais cansadas, como se estivesse trabalhando por longos e exaustivos dias. Era um homem aparentemente bem cuidado, tinha cabelos escuros, curtos e uma barba bem feita. Usava um conjunto de terno cinza, dando ênfase a seu distintivo sobre o peito.

- Sei que deve estar muito cansada com tudo isso, mas vamos começar o depoimento, certo? – murmurou ao arrumar um pequeno bloco de papeis sobre a mesa. – Quero que comece dizendo seu nome, idade e relação com o nosso acusado. E lembre-se, diga somente a verdade.

- Sim, agente Travis, eu direi somente a verdade.

Lauren Jauregui's point of view.

Era inacreditável o poder daquela mulher. Camila chegou sob todos os olhares da imprensa, mostrando seu estado tão "abalado" pelo acontecimento com seu até então marido e agora fazia o mesmo para o investigador criminal. Estava sentada de frente para mim, perfeitamente arrumada como de costume, mas diferente do habitual, não esbanjava poder, pelo contrário, se mostrava tão indefesa como uma criança. Seus olhos se faziam perdidos, em meio a suspiros desapontados e melancólicos. Ninguém naquela sala, além de mim, sabia de seu teatro tão perfeitamente calculado por longos anos.

- Me chamo Karla Camila Collins Estrabao, tenho trinta e um anos, sou esposa de Christopher Collins.

Confesso que em outra ocasião, aquilo iria me parecer surreal. No entanto, meus longos anos como delegada policial me afirmavam o poder de algumas pessoas para mentir de forma tão convincente. Era certo que alguns não tinham tamanha habilidade, outros poderiam se esforçar e conseguir com dificuldade, mas apenas uma seria totalmente perfeita, e esta seria Camila.

- Certo, Sra. Collins. Me diga, como soube do ocorrido?

Ela suspirou, deixando sua bolsa de lado, para então voltar os olhos na direção do investigador próximo a mim.

- Eu estava na galeria com minha melhor amiga, Dinah Jane, quando ligamos a televisão e vimos a coberturaao vivo do protesto dos ambientalistas em frente a Collins Enterprise. Lembro-me de ter ficado extremamente nervosa, pois havia muitas pessoas e todas estavam tão furiosas. Senti receio por meu marido, não queria que ele se machucasse. Tentei ligar diversas vezes, mas ninguém atendia minhas ligações, nem ele e muito menos a secretária. Logo pensei que algo de ruim teria acontecido e acabei me sentindo muito mal. – ela deu uma breve pausa, como se buscasse forças para falar. Mentirosa. – Acho que minha pressão baixou, eu não sei! Dinah me ajudou e me pediu calma.

O investigador me fitou com um olhar atento, mas nada falou.

- Eu liguei para John, mas ele também não atendeu. E compreendo, tudo estava caótico demais para falar ao telefone. Depois de me sentir um pouco melhor, tive vontade de ir ao encontro de meu marido, mas Dinah julgou melhor esperar, não queria me ver no meio daquela confusão. Foi quando vimos pela televisão, o momento da prisão. Aquilo sinceramente me tirou o chão.

- Então viu tudo pela televisão?

- Sim, havia muitos jornalistas, em todos os canais se falava disso. Foi devastador, eu nem sei como dizer. Fiquei simplesmente abismada com aquela situação. Estou com Christopher há cinco anos e jamais poderia imaginar tais atrocidades. – ela murmurou enquanto enxugava uma das lágrimas que desciam por sua face.

Uma atriz. Uma perfeita e inigualável atriz. Camila Collins estava ali, em meio às lágrimas, falando o quão devastador era saber que seu marido não passava de um criminoso. Nada, absolutamente nada em suas ações dava margem para outro pensamento. Tudo nela agora indicava decepção e surpresa.

- De início não acreditei. – ela respirou fundo, e deixou que outras lágrimas caíssem. – eu achei que a agente Jauregui estava equivocada, mas recebi a ligação de John, informando sobre todas as acusações e provas contra Collins. Passei o restante do dia trancada em minha casa, sozinha, pois havia dispensado todos os empregados. Eu não queria ver ninguém, depois minha melhor amiga se juntou a mim, ela estava realmente preocupada. Nós ficamos juntas a madrugada inteira, onde eu só sabia chorar.

- Essa sua melhor amiga, é Dinah Jane?

- Sim, ela mesma.

- Certo. – ele suspirou. – deve saber que temos provas suficientes para colocar seu marido atrás das grades por muitos anos, não é? Acha que ele seria capaz de fazer tudo isso pelo que está sendo acusado?

Camila desviou o olhar e os voltou para John, que parecia nervoso. Ele não queria que ela falasse nada para prejudicar seu cliente, mas para infelicidade dele, Camila era a peça principal para a derrubada do rei.

- Se sente acuada com a presença do advogado de defesa, Sra. Collins? Se quiser, podemos retira-lo.

- Não! – exclamou, remexendo-se devagar sobre a cadeira. – eu falo.

- Pois bem, continue.

- Agente Travis, eu poderia muito bem dizer que essa acusação é infundada, que meu marido jamais seria capaz de cometer tais atrocidades. Maseu sei que não ficaria em paz com minha própria consciência. Eu não suporto mentiras e agora só quero a verdade. – uma pausa dramática. – eu acredito sim que ele seria capaz disso. Collins sempre foi um homem ambicioso, com gana de poder. Eu nunca soube sobre seus negócios dentro da Collins Enterprise, mas ouvi muitos murmúrios com a quebra de sociedade com seu até então parceiro, Heitor Martinez.

- Seu marido nunca falou sobre os negócios com você? – indagou em um tom desacreditado.

- Apenas coisas básicas, nada muito aprofundado. Collins nunca gostou de me inserir nesse campo. Por muitas vezes me senti deixada de lado, eu queria saber, queria participar mais da vida de meu marido, mas ele nunca quis. – ela murmurou em meios às lágrimas. – talvez porque tinha coisas demais para esconder.

Reprimi um sorriso e estendi a mão até uma caixa de lenços, no qual levei até a latina sentada mais a frente.

- Pegue um, Sra. Collins. – murmurei ao encará-la.

Camila voltou seus olhos marejados em minha direção, mas apenas agradeceu.

- Muitas coisas, Sra. Collins, seu marido tinha muitas coisas para esconder. – afirmou o investigador.

- Eu não sei o que fazer, queria vê-lo fora daqui, mas sei que a justiça precisa ser feita.

- E será. Graças à agente Jauregui, que não desistiu do caso, estamos realizando tudo da maneira adequada, não se preocupe.

- Sempre confiei em você, agente Jauregui. – disse ela.

- Estava apenas fazendo meu trabalho.

- Sra. Collins, você conhecia Charlie Cooper?

Camila se calou e voltou seus olhos ao investigador. Naquele instante, senti certo receio por ela, a latina não poderia perder a linha de pensamento, e eu sabia que aquele determinado assunto era delicado demais.

- Não, nunca conheci. – respondeu seca.

- Nem ouviu falar?

- Apenas depois da prisão de meu marido.

- Engraçado, porque seu marido disse que você o conhecia. Na verdade, ele anda falando muitas coisas sobre você. – o tom de voz usado pelo investigador, indicava que Camila era uma verdadeira suspeita.

- Posso saber o que ele anda falando?

- Que você é a verdadeira culpada. Que está por trás de tudo, dos roubos, do protesto e de tudo que o colocou aqui. Para ser sincero, seu marido está colocando toda a culpa sobre suas costas.

Ela abaixou a cabeça, e meneou negativamente. Ergueu o lenço até o olho direito, enxugando algumas lágrimas.

- Eu não o conheço, apenas sei que era um empresário importante no ramo das indústrias petrolíferase que foi morto de forma tão fria. Eu soube também que Collins o conhecia, cheguei a perguntar sobre, mas ele pareceu irritado e não me respondeu. No dia eu julguei ser pelo estresse de um dia cheio de trabalho, e não insisti.

- Não sabe mesmo de nada? Devo lembrar que se estiver mentindo, será pior, sra. Collins.

- Não estou, agente. Eu não mentiria para livrar um homem que merece passar pela justiça, mesmo ele sendo meu companheiro por cinco longos anos. Mas imagino o porquê de ele estar me acusando dessa forma e me surpreendo mais ainda com um ato tão sujo. Céus!

- E por que seria?

- Nosso casamento ficou muito desgastado nos últimos meses. Permanecíamos em brigas constantes e nas últimas semanas descobri que ele estava me traindo com a agente Issartel. Por pura casualidade, vi uma mensagem de texto em seu celular, acho que iriam se encontrar, eu não sei. Ele passou a chegar mais tarde em casa, o celular vivia desligado.

Como era possível? Ela conseguia encaixar tudo a seu favor, sem deixar um furo sequer. Aquela mulher não podia ser real.

- Está me dizendo que seu marido está lhe acusando por ser um elo fraco? Por não ter mais interesse no casamento de vocês?

- É única coisa que me vem à cabeça, infelizmente. – ela murmurou baixinho, permitindo-se chorar. – Não há nada contra mim, agente. Eu nunca fiz nada para receber tais acusações, eu imagino que ele deve estar desesperado para sair daqui. Christopher nunca se importou em sacrificar pessoas próximas para se livrar de problemas.

- Isso explica muita coisa. – ponderou o investigador, dando uma breve pausa. – então você me afirma que não tem nada a ver com as acusações de seu marido? Que tudo que ele está falando é mentira?

Camila poderia negar friamente para todos naquela sala e os convenceria de que nada tinha a ver com tais crimes, mas eu sabia que ela estava envolvida até os fios de cabelo naquele caso. Desde aquela maldita noite, eu tive conhecimento de um outro lado daquela mulher tão misteriosa. E foi justamente ali, que tudo mudou para nós.

Flashback on

- Nem parece a toda poderosa de sempre... – sussurrei ao repousar minha mão sobre a dela.

Entrelacei nossos dedos, deixando que meu polegar deslizasse sobre a pele macia de sua mão; Camila respirou fundo, apertando seus dedos juntos aos meus como se quisesse prolongar aquele instante e assim permiti. Depois de mais alguns minutos, chegamos à galeria. Nós nos despedimos e eu a acompanhei de meu carro até chegar a sua casa. Já estava anoitecendo quando ela entrou nos cômodos da mansão Collins, e só então eu me retirei. No caminho para casa, parei na delegacia para buscar Verônica que encheu meu celular com mensagens.

- Pensei que não viria, cachorra. – disse ela ao sair da delegacia.

- Estou na minha folga, será que pode me deixar descansar?

- Eu poderia, mas sei que descansando era a última coisa que estava fazendo. Com essa cara de otária felizinha, estava com a patroa, não é safada?

Ela rolou os olhos de forma impaciente, me fazendo rir. Verônica sabia me ler como ninguém, nada passava despercebido por minha melhor amiga. Nós caminhamos juntas em direção ao meu carro e ao descer pela escadaria da delegacia, acabei esbarrando em alguém que parecia distraído demais.

- Me desculpe! – disse uma voz feminina.

Ergui a cabeça e encarei a mulher, tendo um súbito choque em surpresa.

- Keana!

- Oh, Deus, ferrou. – foi o que ouvi de Vero ao fundo.

Ficamos a conversar por poucos minutos, nada de muito profundo. Apenas soube que a agente policial havia sido transferida e que agora trabalharia na mesma delegacia que eu, que destino, não?! Voltamos para casa, deixando a mulher para o trabalho que tinha a fazer. Passei o caminho ouvindo Vero zombar sobre o que Camila teria a dizer sobre isso, e se ela aceitaria um novo ménage.

- Ai, chega. Me deixa quieta. – resmunguei ao entrarmos em casa.

Vero adentrou seu quarto, enquanto eu retirava minhas botas pela sala. Sentei no sofá, deixando que meu corpo relaxasse. Foi quando encarei a tela de meu computador, havia uma mensagem piscando sem parar. Aproximei-me do aparelho, colocando-o sobre minhas pernas e assim que cliquei sobre o ícone na tela do computador, meu celular tocou estridente, fazendo-me largar o objeto de lado. Caminhei até a cômoda, capturando o aparelho, vendo um número desconhecido.

- Alô?

- Lauren?

- Sim, quem fala?

- É a Keana! Eu fui liberada cedo e pensei se não gostaria de dar uma volta.

Eu respirei fundo, não vendo mal em sua proposta.

- Claro, te encontro em meia hora.

Depois de um jantar casual com Keana, eu voltei para casa. Não estava em meus planos prolongar a noite com a oficial, mesmo quando ela se mostrou interessada, havia tido um dia maravilhoso ao lado de Camilae me sentia satisfeita assim. Nos últimos tempos, minha aproximação com a latina se intensificou, e não de uma maneira sexual que sempre tivemos. Havia algo mais agora, eu sentia isso e ela também.

Sentei no sofá macio da sala em meu apartamento, permitindo que meu corpo relaxasse por alguns instantes. Havia sido um dia cheio, não de forma ruim, ter uma folga ao lado de Camila Collins poderia ser muito proveitoso. Passamos a manhã inteira em um passeio animado, com direito a banho de riacho e muitos carinhos. Foi inevitável o sorriso que estampou meus lábios, quando aquelas lembranças invadiram meus pensamentos. Talvez eu estivesse começando a aceitar que algo mais forte estava surgindo entre nós.

- Camila, Camila...

Respirei fundo, quando meus olhos se voltaram ao notebook sobre a mesa. De imediato, lembrei da mensagem que havia deixado de lado, antes da ligação de Keana. Com tamanha pressa, acabei largando o notebook e corri ao seu encontro. Ergui meu corpo do sofá e puxei o aparelho eletrônico para mais perto. Assim que o monitor se ascendeu, encarei a janela aberta. Era um dos programas do departamento de polícia, mais precisamente um programa de escutas. Franzi o cenho de forma confusa, quando me recordei do momento em que o utilizei. Levei o mouse suavemente até o ícone de novas gravações, quando cliquei sobre a primeira.

Não havia nada.

Segunda, nada de importante.

E na terceira enfim ouvi a voz de Camila, e de outra pessoa que julguei ser Dinah.

- Alô? – iniciou Camila.

- Finalmente!

Dinah exclamou em um suspiro.

- O que aconteceu?

- Quero saber se vai vir à galeria, tenho um assunto importante para tratar com você.

- Pode me adiantar? Eu não sei se vou, estou exausta. – resmungou ela, com uma voz sonolenta.

- Consegui o queríamos do peão. Depois de alguns métodos um tanto brutos, ele liberou o material sobre a empresa.

Estreitei os olhos e aumentei o volume do áudio. Por alguma razão, meu coração disparou quase como um alerta do que estava por vir.

- O que? Não combinamos que ele iria me esperar? – perguntou incrédula. – Droga, Dinah!

- Estou com o que precisamos, Camila. Não precisamos mais do Heitor.

- Deveria ter me esperado! Enfim, nos encontramos daqui a uma hora.

Fim do áudio.

Tudo que eu conseguia ouvir naquele momento era o barulho de minha respiração pesada, acompanhada de meus batimentos cardíacos tão violentos. As imagens de Camila se formaram em meus pensamentos como uma sequência de flashes, desde o primeiro instante até o último. Minha cabeça trabalhou em todos os nossos momentos, absolutamente todos, em uma fração mínima de segundos. Como uma explosão catastrófica, desmanchando toda imagem que construí da mulher.

Maldita.

Era ela.

Aquele áudio foi como a última peça do quebra-cabeça. Aquela que nos dá a imagem perfeita de todo um trabalho.

A peça principal.

Afastei o notebook em um solavanco, enquanto puxava o ar com forças para dentro de meus pulmões. Existia uma fusão de sentimentos que tomavam conta de mim agora, e nenhum deles era bom. Encontrava-me surpresa, desapontada, enfurecida e, principalmente, decepcionada.

- Não, você não podia ter feito isso comigo...

Fechei os olhos, sentindo o ar me faltar. Levantei do sofá lentamente, enquanto aquele áudio se repetia ao fundo. A voz de Camila se espalhava pelo ambiente, seguidas vezes, provocando-me uma sensação inexplicável dentro do peito. Eu caminhei até a mesa no canto da sala, onde apoiei ambas as mãos. Meu estômago se revirava, provocando-me um desconforto, seguido pela vontade de vomitar. Abaixei a cabeça e respirei fundo diversas vezes em uma tentativa de me tranquilizar, mas nada surtia efeito imediato. A voz dela ainda repetia as mesmas frases, como eco maldito no fundo do meu subconsciente que gritava em alto e bom tom que eu havia sido enganada. Erguia cabeça e me deparei com a foto de Camila no pequeno organograma exposto em minha parede. Seu olhar superior e sua postura condiziam perfeitamente com sua nova imagem. Era poderosa, imponente e, sobretudo, misteriosa.

- Você me seduziu tão bem a ponto de me cegar. Me enganou esse tempo todo, o tempo todo.

Camila Collins era diferente, ou melhor, ela era única. Nenhuma outra mulher possuía tamanha habilidade de sedução e persuasão como tal. Era natural, quase como respirar. Tudo naquela latina poderia ser atrativo, desde seu olhar intenso, seu corpo sinuoso, suas expressões instigantes e até mesmo sua forma provocadora de falar. Ela poderia ser o que você quisesse, bastava desejar.

Ela tinha poder para isso.

- Maldita. – esbravejei, antes de bater com força sobre a mesa.

Tudo que eu sentia naquele momento estava se convertendo em raiva. Absolutamente tudo. Saber que durante todo esse tempo, fui apenas uma peça de seu jogo manipulador, me destruía, mas ao mesmo tempo me dava forças para continuar.

- Isso não vai ficar assim, eu também posso jogar, Karla. – murmurei entre dentes, antes de arrancar a foto dela presa a parede.

[...]

Talvez eu tenha perdido mais tempo do que deveria, ainda me encontrava nervosa demais pelos acontecimentos da noite anterior. Descobrir que Camila era uma das criminosas havia me acertado em cheio, mesmo quando eu já havia considerado tal hipótese. Desconfiar era muito diferente de ter certeza, ainda mais quando se tratava de alguém tão próximo. Permaneci com a cabeça encostada no banco do carro, enquanto uma respiração pesada deixava meus pulmões. Já passavam das sete e daqui à uma hora Camila estaria chegando a seu local de trabalho. Eu estava em frente à galeria Cabello, em uma preparação psicológica parar mergulhar naquele jogo em busca de uma resolução precisa e certeira.

- Vamos lá, Lauren. Se ela mentiu tão bem, você também consegue. – suspirei. – entre no jogo, e vença.

Respirei fundo mais algumas vezes antes de sair do interior de meu carro. Caminhei em passos apressados até a entrada da galeria, enquanto calculava em minha cabeça tudo que eu precisava fazer. Na entrada principal, um dos seguranças me encarou e logo me lançou um sorriso gentil, eu o retribui da mesma forma antes de adentrar o salão extenso no interior da galeria. Com a ordem de Camila, eu tinha livre acesso na entrada, podendo circular quando necessário pelo ambiente. Cumprimentei mais alguns funcionários pelo caminho e segui até o segundo andar, com todo cuidado para não tornar a situação suspeita.

- Finalmente. – sussurrei para mim mesma assim que entrei a sala presidencial.

Olhei para o escritório bem arrumado, recordando quase que automaticamente as imagens de Camila em seu interior. Afastei tais pensamentos rapidamente, antes de me aproximar de sua mesa. Tudo perfeitamente organizado, bem como ela gostava. Com cuidado, vasculhei tudo, desde sua mesa, armários, documentos e até mesmo seu computador, não havia nada. Caminhei até a janela atrás da mesa, certificando-me de que eu não teria presenças indesejadas naquele momento, eu não poderia me dar ao luxo de ser pega colocando pontos de áudios no interior da sala de Camila, certo?

Após colocar duas escutas no interior da sala, me retirei da mesma e segui para a sala do outro lado do corredor, era a de Dinah, e estava completamente vazia. Fiz o mesmo trabalho da sala anterior, e tão logo me adiantei a sair para não ser pega em flagrante. Desci as escadarias em passos rápidos, enquanto procurava por meu telefone celular nos bolsos de meu casaco, quando ao fundo ouvi a voz me chamar.

- Lauren!

Arregalei os olhos em puro susto, e me voltei à loira que adentrava o salão com um sorriso simpático, enquanto retirava seus óculos de sol tão charmosos. Dinah parou a minha frente e sorriu antes de guardar o aparelho celular no interior de sua bolsa. Tudo que eu conseguia pensar naquele instante, era em como ela reagiria quando eu a colocasse atrás das grades.

- Ei, bom dia! – cumprimentei.

- Bom dia, que surpresa ver você aqui agora.

- Eu estou atrás de Camila. Liguei hoje mais cedo, mas só caiu na caixa de mensageme na casa dela ninguém atende. – dei uma breve pausa. - Passei por aqui primeiro porque fica no caminho, mas acho que é melhor eu seguir até a casa dela.

Dinah assentiu sutilmente. Não parecia desconfiar de nada, pelo contrário. Eu tinha certeza que a melhor amiga de Camila tinha total conhecimento sobre nosso caso, dessa maneira, deixando minha presença completamente habitual, fora que eu trabalhava como segurança particular, é claro.

- Ela não chega tão cedo, mas não se preocupe. Venha daqui à uma hora e meia, talvez ela já tenha chegado.

- Tudo bem, eu vou fazer isso sim. Obrigada, Dinah.

- Não precisa agradecer, até logo.

- Até logo. – murmurei com um sorriso.

Saí da galeria Cabello com um ar confiante, afinal, eu havia avançado a primeira casa rumo ao outro lado do tabuleiro. Não havia escapatória naquele jogo, agora ganharia quem possuísse as melhores estratégias e, naquele momento, eu tinha a melhor delas.

- Você vai ter o que merece, Camila. 

Primeira parte de como tudo aconteceu! O flashback continua! Até o próximo!

Ah! Queria pedir uma coisa para vocês, prometo que se ajudarem, eu recompenso bem kkk

Vamos fazer stream de Crying In The Club no Spotify! É muito fácil, e nem da tanto trabalho. Basta baixar um programa pra mudar o IP no computador, eu conheço o "Zenmate" e ele é muito bom. Com ele você muda o IP para US. Em seguida você só precisa criar uma conta US no Spotify, (como seu IP vai estar mudado, o spotify automaticamente vai te dar uma conta US) Depois de criada a conta, é só colocar uma playlist com Crying in the club, e deixar tocando por quanto tempo quiser.  ( se quiserem uma playlist, é só me pedir no twitter)

Lembrem que não podem colocar no mute, sendo o spotify ou computador. Deixem tocando baixinho, ou coloquem os fones de ouvido. 

E antes que perguntem, vamos fazer essa divulgação com Fifth harmony também, como sempre. Por enquanto, o momento é de Camila Cabello. :) - Evelin.

Então gente, me tira uma duvida aqui.. Existe musica nova de Fifth Harmony pra fazer stream? Não. A unica é a da Camila. E antes que venham perguntar ironicamente se vamos fazer o mesmo para as meninas.. A resposta esta nas notas iniciais e finais de alguns capítulos, que por sinal, usamos pra divulgar votações para FIFTH HARMONY , se quiserem insistir nisso, fiquem a vontade. Mas sabemos o que fazemos, e não é ninguém que vai dizer isso a nós. - Sindy.

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Fanfiction

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