O Prêmio do Sofrimento

By DanieleCristinah

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Em um passado não muito distante Kaliny Campbell havia convivido com a violência dentro da sua própria casa... More

......... Prólogo ...........
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15

Capítulo 6

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By DanieleCristinah


Acordou com o sol que adentrava pela janela, varando a trama da cortina e refletindo nos pêlos do gato cinza encolhido à seus pés. Kaliny correu para o banheiro. Um banho escaldante sempre a relaxava sendo responsável por acordá-la de imediato das angústias e receios dos dias anteriores. Já experimentara o poder da água quente antes. Só precisava de vinte minutos!

Após o banho pôs-se a repensar os eventos da tarde anterior.

Houve aquela tentativa de investida de Richard;ela havia se negado a corresponder e num impulso havia voltado correndo pela estrada até a Mansão Campbell, enquanto a chuva encharcava-lhe os cabelos e o vestido vermelho. Havia encontrado com Jully no jardim que logo se assustara com seu estado,segundo a amiga ela estava parecendo uma galinha molhada no suco de morango. Seus joelhos tinham voltado a sangrar durante a corrida e como não estava certa de não precisar de ajuda,resignou-se a insistência de Jully .
Não demorou para a ouvir batidas na porta.

Era a amiga.

Kaliny expressou que preferia não descer para o desjejum.

Um dos copeiros trouxe uma bandeja colorida de frutas,xícaras de café,leite,pãezinhos e ovos. Jully especulou o que houve entre ela e Richard e sua resposta foi evasiva,acompanhada de um olhar distante fingindo entretida com as sombras das árvores que dançavam na parede do quarto. A informação que recebera afirmava que Richard dormira na casa junto com o pai que ajudava o avô de Jully em alguns negócios do rancho.

Sentia um misto de angústia,e agora com os pensamentos assentados não tinha certeza se Richard tivera a intenção de lhe causar mal. Talvez o mal estivesse com ela;enraizado em seu coração.

O sol já se punha.

Desceu as escadas e deparou-se somente com o silêncio na sala de estar. Sentiu de imediato o frescor da brisa soprar-lhe o rosto assim que abriu a porta. Avançou pelo jardim seguindo o mesmo caminho que fizera com Richard na tarde anterior. Enquanto caminhava puxou um punhado de folhas de alfavaca macerando-as entre os dedos, aproximando as mãos das narinas sorveu-lhe o cheiro delicioso. Ainda de olhos fechados voltou-se em devaneios para uma conversa que tivera em dias passados. Talvez devesse aceitar o conselho da amiga de que seria bom que procurasse uma psicóloga e expusesse seus anseios no divã.

Titubeava entre a sugestão de Jully e sua relutância em falar para os outros de si mesma.

__Mas você não estaria confessando à um "outro qualquer" Kaliny! Trata-se de um médico,especializado em ouvir angústias sem julgar os seus portadores.

Prometera-lhe que pensaria sobre sua sugestão.

Jully assentira.__demonstrando contentamento.

Seguiu,parando vez ou outra para apreciar o trabalho das abelhas e o entretenimento artístico das borboletas com as flores.

Não era o tipo de pessoa que vivia se expondo com auto-fotografias por tempo integral nas redes sociais;mas aquele pôr do sol cujo o brilho dourado ultrapassava seus fios de cabelo dando lhes um tom irreal a instigou. Escolheu as roseiras vermelhas como fundo e clicou no exato momento em que uma borboleta pousou em sua cabeça. Momento perfeito!

Não é todo dia que ganha a confiança de borboleta.__ refletiu Kaliny,ao esboçar um sorriso. Caminhou mais,por longos minutos só se ouvia os próprios passos sobre as pedrinhas miúdas ,ora essa sintonia era quebrada por canto de pássaros ou o relinchar de cavalos. Avistou um automóvel na lateral da estrada na traseira uma pilha de toras roliças de madeira.

De repente um homem surgiu;estava sem camisa e carregava nas costas uma daquelas toras.

__Ahh não; Richard!__sentiu o coração acelerar,mas constatou que não gostava daquela sensação,não esperava e nem queria encontrá-lo tão cedo depois daquele fatídico episódio. Ela fugira de um homem que aparentemente só queria lhe beijar;fugira como uma gata borralheira em dia de chuva.

E agora ele estava ali novamente a sua frente.

Sem camisa não parecia tão magro,e os músculos se mostravam bem definidos com o esforço físico que ele fazia ao depositar a madeira. Ela entendeu que não dava para fingir-se entretida com algo alheio desta vez,teria de falar com ele.

Saiu um Oi Richard bem discreto,baixinho,quase inaudível.

Ele respondeu de imediato. A expressão séria acompanhada de um olhar indecifrável.

Ela interpretou uma falta de receptividade na resposta dele;talvez um indício de mágoa.

__Lógico que devia tê-lo magoado com sua recusa em beijá-lo. __se pegou pensando__tal atitude feria o ego masculino. E o ato de fuga só agravara a situação.

Desconfortável ali,Kaliny resmungou baixinho um pedido de desculpas e afastou-se continuando a caminhar.

Um barulho de jorro constante em meio a vegetação na lateral da estrada revelou ser uma fonte de água fresca. O sol já se despedia,mas a tarde se mantinha morna e ela não perdeu a oportunidade de se refrescar. Molhou o rosto e os cabelos,sorvendo longos goles.
Decidindo que iria postar aquela selfie ajeitou-se numa pedra,abriu a tela do celular e clicou enviar.
__ Nããão!!! __ havia um engano naquele clic ,havia enviado para.... __ Ah não!
Richard não!!!
De imediato sentiu uma ardência nas narinas e ela conhecia bem aquele sintoma,um sinal de que as lágrimas estavam vindo. Simplesmente aceitou;e chorou copiosamente por alguns minutos. Os sacolejões de seu corpo tendo apenas como testemunhas os pássaros nas copas das árvores.
Talvez ela fosse uma esponja sugadora de problemas. __ se pegou pensando. Desde criança caía em situações que não sabia como submergir delas. Iria marcar a psicóloga.__ decidiu-se.__ Aceitaria aquele conselho amigo de Jully;quem sabe uma terapia não a ajudasse lidar melhor com as bifurcações dos inúmeros caminhos que surgiam diariamente; por vezes não se sentia tão forte e consciente para fazer as escolhas que considerava certas.
Lavou o rosto novamente,sentindo a água na pele paralisar suas angústias por um momento. Só queria ficar ali; sentindo o jorro gélido no rosto, e por ora observando os barrigudinhos que nadavam no pequeno lago que se formava abaixo.
Mas já começava a ficar escuro e teria de voltar para a mansão.
Respirou fundo;uma,duas, três vezes.

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Olá Leitores queridos <3 !!!

Espero que estejam curtindo a história de Kaliny.

Aos novos leitores,obrigada...pretendo trazer mais desta história frequentemente,vamos acompanhando o desenrolar :) Podem deixar mensagens que eu irei curtir e se estiverem gostando,votem. Até...

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