Todos havíamos terminado nossas refeições, mas continuávamos na mesa enquanto conversávamos. As meninas puxaram conversa com o Felipe e eu apenas os observava.
- Querida, já que o motivo da celebração é a sua audição na Julliard, o que acha de tocar um pouco? - minha mãe dá a ideia, chamando a atenção de todos.
- Ótima ideia, tia. Vou pegar a câmera. - Louisa se pronuncia animada e sai da mesa. Todos começam a me incentivar para que eu mostre para eles o meu talento. Aceito ainda receosa e me dirijo até o piano, logo todos me acompanham indo para a sala. Vasculho o bloco de notas em cima do instrumento até achar alguma música que me agrade. Acabo por escolher A Thousand Years da Christina Perri. Estico meus dedos sobre as teclas e respiro antes de começar a tocar. Canto baixo para acompanhar as notas e não me perder, fecho meus olhos e deixo que meus dedos façam o que sabem fazer. Alguns minutos após, a música acaba na última nota. Abro meus olhos enquanto todos batem palmas e assobiam. Sorrio timidamente mostrando meu constrangimento.
- Querida, isto foi incrível - meu pai é o primeiro de todos a falar. Agradeço todos os elogios e me sento ao lado do Alec na escada, ele parece surpreso com minha atitude.
- Toquei tão mal assim? - pergunto em meio a uma careta quando noto que foi o único que permaneceu quieto, ele sorri.
- Você estava perfeita. Deveria ver como toca, é algo incrível. - responde e sinto meu rosto corar.
- Por que está tão distante desde o almoço? - não contenho minha curiosidade.
- Eu estou normal - dá de ombros enquanto desvia o olhar.
- Eu sei quando está mentindo, Alec. Por favor, me conta. - peço pondo a mão em seu braço.
- Não é nada. Só acho que deveria dar mais atenção ao seu amigo de infância, pois faz anos que não o vê.
- Se você não fosse meu melhor amigo, diria que está com ciúmes - brinco, dando uma gargalhada enquanto ele sorri fracamente, desviando seu olhar. As pessoas começam a se despedir aos poucos, primeiro meu pai e o Dr. Fernando levando a Emily consigo. Depois o Felipe e, por fim, o Alec. As meninas continuaram aqui porque iremos fazer uma festa do pijama para comemorar minha audição.
(...)
Tínhamos assistido alguns filmes e estávamos em um grande tédio.
- Você poderia nos contar como conheceu o Alec - Atena sugere com um sorriso enquanto se apoia em um dos meus travesseiros. Olho para Louisa que sorri para o telefone enquanto digita algo. Atena me lança um olhar cúmplice e pula em cima da Louisa, eu trato de agarrar seu celular e tirar de perto dela. Abro sua última aba e me deparo com o seu Whatsapp aberto.
- Vamos ver quem é o gato da vez com quem você está conversando - digo em um tom malicioso enquanto abro a última conversa. Meu sorriso some ao ver a foto e o número do Felipe.
- Você está pegando o Felipe? - Atena grita ao meu lado quando mostro o celular a ela.
- Não sejam idiotas. Ele pediu meu número para eu ensinar aonde fica alguns lugares, porque ele não lembra muito do bairro.
- Não acredito que você caiu nessa, Louisa! O Felipe sabe andar pelo bairro e pela cidade de olhos fechados. Nada mudou, praticamente, e ele está ciente disso. Isso não passou de uma desculpa para ele pedir seu número, ele está afim de você. - explico a tática usada por meu amigo.
- Acha mesmo? - pergunta em meio a um suspiro.
- E, pelo visto, você dele - Atena repara e revira os olhos - Ótimo, sou a única encalhada do trio.
- E eu não estou? - pergunto tomando um gole de meu refrigerante.
- Até parece que o papo de melhores amigos cola com a gente, Júpiter - Louisa ironiza.
- Todo mundo percebeu o olhar dele, apaixonado, quando observa você - Atena finaliza o pensamento da Louisa e eu me engasgo com o refrigerante.