Quase, sem querer

Par JssikaSoares

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Anne é uma garota de temperamento forte, que após perder a mãe muito nova, se revolta com a vida a ponto de s... Plus

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Epílogo_(FINAL)
Agradecimentos
Saiu livro físico ❤

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Par JssikaSoares

Mark passou por mim, sentou no sofá mais perto, enquanto eu tentava não me atrapalhar tanto com as muletas. Ele parecia relaxado, me observando contornar os moveis com cuidado.

-Você quer beber alguma coisa?- minha educação falou mais alto.

Ele me deu um sorriso torto, que em outro momento me faria suspirar em meu interior, mas que por algum motivo não mexeu comigo como deveria.

-Relaxa okay, só vim ver você.

Me sentei na poltrona do meu pai, do outro lado da sala, de onde poderíamos conversar frente a frente de forma mais fácil.

-Meu pai me deu bons modos, apesar de não parecer.

Ele sorriu mais uma vez.

Meus olhos se desviaram para a tatuagem nova que ele tinha no pescoço, era uma espécie de cruz delicada, que deixava sua aparência ainda mais confiante. Sempre adorei tatuagens, ainda mais quando elas eram bem feitas, e em lugares de destaque como aquela.

-Como estão indo as coisas?- perguntou ele, me fazendo tirar os olhos das linhas pretas no seu pescoço.

-É um saco andar de muletas, mas as coisas vão bem. Meu equilíbrio esta melhor do que nunca, e segundo o medico é a ultima semana de gesso.- levantei as mãos, olhando para o tato, louvando a Deus por aquele dia finalmente estar chegando.

-Que ótima noticia Mcgregor!

Eu podia ver o entusiasmo na voz dele, mas estava desconfiada ao mesmo tempo. A gente trocava algumas palavras na academia, e durante uma das minhas piores noites já vivida, tínhamos trocado um beijo despretensioso, mas nunca nada além daquilo. Não parecia natural pra mim aquela visita do nada, como sempre, eu estava com um pé atrás.

-Sabe, eu não acreditei quando me contaram que o Nathan estava cuidando de você.- disse ele.

Provavelmente aquele deveria ser o motivo daquela visita. Era só uma forma de obter informações, mas mesmo assim não me incomodei. Estava curiosa para descobrir o que as pessoas falavam, para me preparar pra quando pudesse voltar. Não que eu devesse explicações para alguém, eu só não gostava de confusões quando o assunto era a academia.

-Ele tem sido bem legal comigo.- dei de ombros, como se aquilo não fosse nada de mais.- Mas para ser sincera não esperava por isso.

Ele juntou as mãos, entrelaçou os dedos, e os posicionou na frente dos lábios, como se estivesse refletindo sobre o que eu dizia. Ficou naquela posição por alguns segundos, depois sorriu ao dizer.

-Não querendo fazer fofocas, mas quando fiquei sabendo disso, também fiquei bastante surpreso.- ele arqueou as sobrancelhas, e acabei imitando sua reação por pura curiosidade.- Geralmente ele não fala muitas coisas boas de você.

Eu estava indecisa entre cair naquela armadilha ou não, mas a verdade é que era importante para mim saber o que ele pensava.

-E o que ele costuma falar?

Ele sorriu outra vez, com certo deboche daquela vez.

-Que você é insuportável.

Revirei os olhos com um sorriso preguiçoso nos lábios.

-Não que ele não tenha razão, mas não é legal de se dizer isso de alguém.

Mark deu de ombros, como se não tivesse uma real opinião formada sobre o assunto.

-Talvez ele esteja aqui só pela cama confortável do meu pai, e a minha cafeteira tecnológica.- disse sem emoção.

-Duvido muito, caso contrário ele estaria na própria casa.

Naquele segundo Mark ganhou a minha total atenção. Eu não sabia quase nada da vida pessoal de Nathan, nem os motivos que fizeram ele escolher aquela vida. Claro que cheguei a cogitar diversas historias diferentes, mas nunca tinha tido nenhum sinal que confirmasse qualquer daquelas teorias.
E querendo ou não sempre achei que ele fugia de alguma coisa, que tinha deixando algo no seu passado, impossível para ele de se lidar.
Mas o que seria? E porque Mark parecia saber, e eu não?

-Você já conhecia o Nathan antes?- eu não queria parecer interessada, então fui sutil na minha pergunta. Tentei ser a mais educada possível, mas sem aparentar estar desesperada por informação.

Ele confirmou com um gesto de cabeça, o que me fez pensar que não falaria mais nada, me obrigando a perguntar outra vez. Mas então ele sorriu, e perdeu o foco, estava lembrando de alguma coisa que eu não podia ver.

-A gente se conheceu em uma viajem que fizemos para o Brasil. Estávamos disputando um campeonato brasileiro, mas nenhum dos dois conseguiu ganhar deles.

-Dizem que os brasileiros são foda.- eu não precisava ser uma lady com ele, a maioria dos garotos já estavam acostumados a me ver falar palavrões e interromper as pessoas em suas conversas. O jiu jitsu tinha me ajudado a equilibrar meu temperamento, mas não minha indelicadeza com as pessoas. Quando eu não estava sendo grossa para afastar as pessoas, era indelicada com a minha curiosidade. Eles já estavam acostumados com isso, mesmo assim Alexander esperava mudar aquilo em mim também.

-Sim, na maioria das vezes eles sempre ganham tudo que competem. -disse ele frustrado.- Inclusive esse é um dos motivos para não ter se tornado esporte olímpico ainda, já que a maioria dos países mal poderia competir com eles.

Como sempre o Jiu jitsu havia me distraído, me fazendo perder o foco principal.

-Então vocês só começaram a treinar juntos quando voltaram do Brasil?- outra vez eu era sutil.

Ele se ajeitou na cadeira, parecia feliz por ver nossa conversa fluir civilizadamente. Eu realmente deveria ser um monstro, já que as pessoas tinham medo de conversarem comigo e serem repreendidas.
Só que eu gostava daquilo em mim, é melhor ser respeitada do que subestimada.

-Na verdade não, a gente treinava juntos em New Jersey, antes do Nathan se mudar para cá.

-New Jersey? Sério?- disse com um sorriso contido.

Ele deu de ombros.

-Qual o problema?- perguntou ele confuso.

Balancei a cabeça de um lado a outro, sinalizando não haver problema nenhum naquilo.

-Só não esperava que vocês fossem meninos do interior.

Mark deu uma gargalhada, gostando da forma como eu colocava as coisas.

-Eu até posso ser considerado do interior, mas o Nathan nunca.

-E por que não, se ele morava no mesmo lugar que você?- uma ruga surgiu entre as minhas sobrancelhas.

-Você não sabe nada sobre ele, não é mesmo?- ele ficou impressionado quando me viu dar de ombros.- Como você deixa um desconhecido dormir de baixo do seu teto?

Revirei os olhos.

-Ele não me deu muita opção.

Mark levantou de onde estava, e sentou no sofá mais próximo a mim, como se fosse me contar um grande segredo. Eu já estava perdendo a paciência com ele, odiava aquela enrolação que ele estava fazendo, mas não parava de me perguntar o que havia de tão inesperado no passado de Nathan.

-A família do Nathan tem muito dinheiro, mas muito dinheiro mesmo.- ele sorria ao falar aquilo, feliz em ver a surpresa estampada na minha cara.- Eles são fazendeiros, e a maioria dos parentes do Nathan são envolvidos com algum cargo politico. O cara nasceu em berço de ouro, foi por pura coincidência que acabamos nos conhecendo.

Tudo bem, aquilo eu realmente não esperava.

Por causa de todas as escolhas que ele fazia, ou as que já tinha feito, sempre pensei que ele viesse de família humilde, como eu. Mas descobrir que ele tinha deixado um berço de ouro para trás, me deixava inquieta por muitos motivos.
Nathan não precisava morar na academia, e nem passar qualquer tipo de trabalho, principalmente aqueles que envolviam Mag.
Aquele tempo todo achei que ele tinha ficado com ela por causa de patrocínio, quando na verdade ele nunca realmente precisou de um.

-Não sabia disso, sinceramente nunca imaginei isso dele.

Mark olhou para baixo, entretido com um fio solto da almofada ao seu lado. Ele falava sem me olhar, completamente absorto em seus pensamentos.

-Eu também não entendia no começo, achei que ele fosse só mais um mauricinho que gosta de bancar o necessitado, mas depois de conhecer bem ele, descobri que ele tem uma grande necessidade de conquistar as coisas sozinho.

Revirei os olhos ao pensar sobre o que ele dizia.

-Se fosse por isso, ele não ficaria com Mag interessado em patrocínio.- disse de mal humor, não conseguindo esconder o quanto aquilo nele me desapontava.

Mark parou de brincar com a linha solta, e olhou para mim surpreso. Parecia que eu tinha dito algo errado.

-Quem disse que ele ficou com ela só por patrocínio?- a sobrancelha dele se ergueu.

Dei de ombros.

-Acho que ele mesmo.- disse sem emoção nenhuma, tentando disfarçar o quanto aquela historia me incomodava.

Mark sorriu, quase como se debochasse da minha cara.

-Mag não é o tipo de garota que se dispensa Anne.

Claro que eu sabia que ela era extremamente bonita, ainda que completamente superficial. Ela tinha um temperamento infantil, egoísta e mimado, e me irritava saber que Nathan gostava dela mesmo assim.

-Não acho que ela seja grande coisa.- disse sem olhar para ele, dando de ombros, como se o assunto não importasse muito para mim.

-Bom, mas o Nathan sempre achou.- ele declarou com um sorriso malicioso, o que embrulhou meu estomago e acabou com a minha tarde.

Por que mesmo eu tinha aberto aquela porta, e o convidado a entrar?
Eu e as minhas grandes sacadas.

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