Além do Inevitável

Von katyauthor

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Ao ser sequestrada e torturada, Holly finalmente é resgatada por Jack - como já era de ser esperado. O que el... Mehr

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48 ◈ f a m i l y
49 ◈ b u d d y
50 ◈ the end.
thank you, folks!

0 3 ◈ where is valentino?

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Von katyauthor

J A C K


          Isaac havia uma pista.

          Valentino recebia altas quantias em uma conta e normalmente depositava metade deles em outra conta. E ele tinha um galpão. Porém, ele não era o único que suspeitávamos. Isaac conseguiu reconhecer todos daquele vídeo – aquele que descobrimos que Luke estava por trás de todas aqueles assassinatos em série.

          Isaac também descobriu que haviam treze homens que possuíam um galpão espalhados por Chicago. Passei dois dias caçando cada um, encontrei dez – dois deles estavam mortos - e os interroguei. Havia homens que já havia revelado tudo o que sabia no meu primeiro soco. Tucker e eu sempre juramos que, independente da dor e sofrimento, lealdade até o fim.

          Eu estava ainda mais com raiva. Não havia uma única pista que ligasse a algum galpão. Estava começando a achar que minha teoria estava errada, mas meus instintos alertavam que a chave principal era Valentino.

          Afinal, Valentino era padrinho de Luke. E só havia descoberto isso porque Isaac pesquisou pelos documentos de Luke e encontrou essa informação. O que é estranho já que Boggs nunca havia dito. Talvez ele esteja apenas protegendo seu próprio filho.

— Então o plano era sequestrar a garota para eu depositar um milhão e meio de dólares? — perguntei para Shaw Hideo, um dos homens do vídeo.

          Hideo estava em uma sala pequena de uma casa abandonada e estava com os braços amarrados atrás da cadeira enquanto seu rosto suava e os cortes em seu rosto pareciam ter parado de sangrar. Shaw era um japonês que morava ilegalmente no país e quando Boggs descobriu isso, o obrigou a trabalhar com ele já que o ameaçou denunciar por tal infração.

— Estou lhe dizendo — ele diz, seu sotaque japonês destacando no final. — Senhor Luke prometeu o dinheiro, mas quando sequestrou a garota, ele abortou a missão, mas pagou do mesmo jeito.

          Ele gemia de dor e se contorcia quando eu me aproximava.

— Ok, vou comprar essa — falei. — Agora, onde está Valentino?

          Hideo havia se calado, mas também havia ficado branco ao citar Valentino.

— Não sei de seu paradeiro há um mês — disse. — Eu juro!

— Você se aliou a Luke porque ele ameaçou lhe denunciar, não é?

          Hideo gemeu e sua face virou uma mistura de dor com raiva:

— Senhor Luke me fez trair senhor Horsley. É um homem mau, quer destruir o próprio pai por causa de uma... de uma das Damas!

          Franzi a testa.

— Está falando de Uriah?

Si, si — concordou furiosamente com a cabeça. — E eu preciso da grana, senhor Backer. Meu filho quer vir para cá, quer fazer faculdade...

          Paro de frente para Shaw e suspiro.

— Ok, Hideo, a proposta é a seguinte: me diga onde está Valentino e eu pago toda a passagem do seu filho junto com o green card e ainda pago a faculdade dele — falei, apoiando as mãos nos joelhos pra ficar cara a cara.

— Por que o senhor faria isso? — seus olhos brilhavam pela proposta tentadora.

— Porque Luke está com a minha garota e eu sei que ele não contou pra ninguém o endereço que está pois ele sabe que eu iria fazer isso — falei entre dentes. — Se me disser onde está, você tem o seu filho e sossego. O que me diz?

          Hideo respirava com dificuldades e engoliu a seco. Soltando um suspiro pesado, ele diz:

— Um dia escutei senhor Luke e senhor Valentino conversarem sobre uma doca... o Navy Pier, mas eles também falaram sobre se encontrar hoje no Chicago Riverwalk.

— Sabe dizer quando? — perguntei, apreensivo.

— Eles disseram, eles disseram... quarta feira ao meio dia — ele diz, pensativo.

— Hoje é quarta feira, Hideo! Eles vão se encontrar... — olhei para o relógio e logo peguei meu celular. — Em quarenta minutos.

          Isaac atende no segundo toque.

— Isaac falando!

— Isaac, preciso de uma localização — falei apressadamente. — Consegue localizar o número de Valentino?

— Ahn... — ele tecla ferozmente. — Não, preciso do número!

— Do nu... — olho para Hideo e avanço para achar o celular em seus bolsos. Ao encontrar no bolso esquerdo, eu procuro pelo nome e passo para Isaac.

          Enquanto Isaac tenta localizar, eu viro para Hideo.

— Anotei meu número, quando eu encontrar Valentino, falarei para minha assistente ligar para você e acertar tudo — falei enquanto o soltava.

— Jack! Ele está indo pro Chicago Riverwalk, acabou de colocar no GPS do celular.

          Saio da casa e vou até meu carro estacionado, ligo o carro e vejo no painel que as horas marcavam onze e quarenta. Dei a ré e voltei para a estrada que levava até o rio e não me importei em levar multa. Dirigi em alta velocidade e gritava para as pessoas andarem mais rápido.

          Onze e cinquenta.

          Consigo chegar na Michigan Avenue em tempo recorde, já indo na direção do rio. Ao estacionar em uma rua paralela à Michigan, eu corro até a passarela do rio. Olho para o relógio no meu pulso e falta menos de dois minutos.

          Deus, as escadas. Subo as escadas na maior pressa e tento não dar pistas de que estava lá. Valentino estava vindo para o ponto de encontro. Usava roupas de couro como sempre gostou, estava mais forte, seu cabelo caía agora perto do nariz e usava óculos escuros. Ele retira o óculos e pega o celular que toca.

          Aproximo um pouco, mas só escuto um resmungo. Enfio a mão dentro do casaco e sinto o que precisava. Valentino começa a se afastar, andando naturalmente. Ao acompanhar seus movimentos, ele caminha para uma área mais deserta e eu puxo minha pistola de mansinho, apontando para suas costas. De repente, ele para e escuto sua voz grossa:

— Olá, Jack. Quanto tempo. Veio dar uma visita ao seu velho amigo?

— Onde ela está, Valentino?

          Ele então ri, virando-se lentamente. Seus olhos possuía tensão e sorriam. Ele ergue ambas as mãos e sorri.

— Qual é, isso são modos?

— Eu não estou pra brincadeiras, Cruz — grito para ele.

          Mas Valentino apenas ri. Ficando com mais raiva, eu atiro para o alto e ele fica sério.

— Aquela garota deve ter muito mel pra te ter desse jeito — ele rosna. — O que ela tem, hein, Jack? Ela tem mel na boce...?

          Avanço em Valentino, atingindo vários socos em seu rosto e costelas. Quando ele reage, a arma cai para a calçada e ele consegue me acertar um soco no maxilar. Caio no chão para trás, mas consigo reerguer e, antes que ele consiga pegar a arma, eu pulo até ele, agarrando-o e o levando ao chão. Eu tinha adrenalina e muita raiva, ele tentava desvencilhar de meus socos, mas eu apenas aplicava um soco atrás do outro. Até que, por fim, ele acaba desmaiando.

          Levanto do chão, limpo com as costas da mão o suor da testa e respiro ofegante, quando olho para o lado: há duas mulheres encolhidas próximo de nós. Uma delas olhava pra mim com espanto.

— Ele só desmaiou, vai ficar tudo bem — falei com naturalidade.

          Vendo que elas continuavam ali, eu suspirei e disfarcei para elas não verem a arma.

— Ele não aceitou bem o nosso término — bufei.

          Vendo que elas não acreditaram muito, eu as ignoro quando voltam a caminhar normalmente. Peguei Valentino do chão, carregando-o até o carro que estava distante. Colocando-o no porta-malas, eu usei uma pequena corda que tinha e o amarrei nas pernas e mãos. Aproveitei ainda pra colocar um pano que havia achado e o enfiei na boca para caso quisesse gritar. Olhei em seus bolsos a procura de celular e, por maldito azar, ele não estava mais com o celular que atendeu. Franzi a testa e relembro a cena devagar... alguém informou pra ele que eu estava ali. Mas... como? Ele jogou o celular no rio!

          Gemendo de frustração, eu fecho o porta-malas e vou para o banco do motorista, dirigindo em alta velocidade até a casa abandonada onde havia posto Hideo.

          Valentino diria por bem ou por mal.

✕✕✕

          Hideo foi inteligente em ter saído correndo. O local estava novamente deserto e Valentino devidamente preso na cadeira, ele permanecia desmaiado então peguei uma garrafa d'água e despejei em sua cabeça e dando tapas em seu rosto até ele acordar. Percebo que ele começa a piscar devagar.

— Hora de acordar, Valentino.

          Sento na cadeira perto da mesa que continha no cômodo. Cruz começou a focar na sua situação ao redor, tentou se soltar dando pulos mas estava completamente imobilizado. Ao olhar para mim, seus olhos eram de raiva.

— Que merda, Jack!

          Em cima da mesa havia uma única bala de calibre 44. O revolver estava sendo limpo por mim e eu podia escutar as bufadas de Valentino. Ele estava furioso e isso era bom, se tem uma coisa que Valentino sempre odiou foi de roleta-russa.

— Você sabe o porquê está aqui, Cruz? — pergunto ao limpar, calmamente, a arma.

— Porque você é patético, Backer — ele rosna.

          Eu sorrio de lado.

— Bem, não é o que dizem.

— Você era ótimo no que fazia anos atrás, você era realmente bom. Mas do que adiantou aquilo tudo? Saiu daqui e foi embora pra ser um engomadinho — disse ele, rosnando cada palavra. — Você, Jack, é patético.

          Continuo com o meu sorriso enquanto limpo a arma, meus olhos estavam vidrados em Valentino, enquanto ele me olhava com fúria e arquejava, eu estava agindo tranquilamente. Acho que anos fora da Máfia me fez ter mais paciência, mas depois que Holly havia sido sequestrada... minha paciência só aparecia quando realmente necessário.

— Sabe, eu nunca entendi esse teu fascínio por Luke... desde pequeno você sempre carregou aquele menino. O cuidava, o protegia quando Boggs o chamava atenção... você gosta de... homens? Porque, acredite, eu sou um grande defensor da liberdade e creio que qualquer um pode gostar do que quiser...

          Valentino riu.

— Oh, Jack... você é engraçado! Uau. Acho que havia me esquecido disso.

          Eu sorrio para ele.

— É. É bom saber que você está dando boas gargalhadas — digo sério. — Aliás, eu gostaria de dar umas boas gargalhadas também.

          Ao dizer isso, coloco a única bala no revólver e levanto bruscamente. O rosto de Valentino desmancha o sorriso e substitui sua feição para tensão e medo. Eu sorrio pra mim mesmo, gostaria de fotografar tal cena.

— O que? — Olho pra arma e depois volto a encarar Valentino. — Sem mais risadas? Qual é, achei que estava se divertindo. Achei que eu era o patético.

          Pela primeira vez desde que acordou, Cruz não diz nada.

— Ok, eu vou ser breve. Você lembra... que você foi o primeiro a me ensinar a como torturar alguém pra contar informações, lembra? — Perguntei, puxando sua cabeça para trás e colocando a arma em sua garganta. Valentino engole seco. — Você dizia pra achar o medo do seu adversário. E eu sei o seu. E é exatamente o que faremos caso não responder o que eu quero.

— Então vai ter que me matar porque eu não direi nada.

          Eu solto uma risada curta.

— Eu esperava que dissesse isso... mas eu estou me sentindo de bom humor hoje, por isso eu espero que você dê uma ajudinha — falei, agachando-me pra ficar na sua altura. — Onde está Luke?

          Valentino volta a sorrir.

— Você acha que eu direi? Acho melhor você puxar logo esse gatilho.

          Mas eu apenas sorrio ironicamente.

— Vou tentar mais uma vez... onde ela está, Valentino?

— Eu espero que esteja morta neste instante — disse ele com astúcia.

          Ergo rapidamente do chão batendo a arma em seu rosto com força. Ao ouvi-lo gemer, vejo o corte no supercilio e quando ele volta a olhar pra mim, eu apoio as mãos nos braços da cadeira para ficar próximo quando rosno:

— Eu espero que ele não tenha cometido esse erro! O maior erro dele foi ter mexido com ela e eu juro pra você, Valentino, eu mato vocês dois da pior maneira possível! É melhor você torcer por isso porque não vai ser uma simples bala que irá te matar, vai ser a dor que vai te fazer implorar para que eu lhe mate logo!

          Valentino treme o lábio inferior, mas permanece em silêncio. Ao afastar dele, fico de pé e repito friamente:

— Onde ela está?

— Eu preciso perguntar algo antes... por quê de tudo isso por uma única garota? Você é um bilionário, pode comer qualquer garota por aí! Pode foder com todas de Nova York, pra quê se preocupar com uma vadia qualquer como ela?

          Minha paciência se esvai e eu soco seu rosto com toda minha força, jogando toda sua cabeça para trás e escutando seu grito de dor enquanto seu nariz jorra sangue. Valentino grita de dor:

— Você quebrou meu nariz! Meu Deus, que dor! Oh, Deus!

          Guardo a arma atrás da calça jeans e caminho para a porta.

— Ela não é uma vadia e nem uma qualquer. Aproveite a sua dor.

          Saio do cômodo e deixo seus gritos para trás quando eu fecho a porta atrás de mim. Suspiro de nervoso e pego a garrafa de Bourbon que trouxe, apenas retiro o lacre pois bebo direto da garrafa.

            Pego meu celular e ligo para Isaac.

— Acho que Holly nunca me ligou tanto quanto você, Backer — ele brinca.

— Por favor, repita pra mim as informações dos homens que encontrei — resmungo.

— Ok — disse lentamente enquanto procurava. — Você encontrou Shaw Hideo...

— Sim, ele me disse sobre Chicago Riverwalk, ele não tem um galpão como disse, próximo.

— Hmm... Franco Dellewere, ex-presidiário por porte de drogas e armas ilícitas. Permaneceu preso por quase dez anos. Ele foi preso bem novo então levou uns cinco anos para ele limpar o nome. Mas já foi multado e quase preso por não pagar a pensão — disse Isaac. — Mas em 2013 ele comprou um galpão em seu nome perto de Chicago.

          Franzi a testa.

— Ele não está nos arredores de Chicago?

— Não, ele saiu de Chicago um ano atrás, está em Portland e trabalha como mecânico, aparentemente é apenas um disfarce, mas isso é só o que penso — diz em resmungo. — Ele parece muito com um criminoso, ainda mais essa cruz perto dos olhos...

— Foco, Isaac — alerto.

— Desculpa. O próximo é o Newt Olsen, ele tem um galpão há mais de dez anos, é onde ele mora... ele fez parte do assalto ao banco em 2004 e foi preso. Atualmente o galpão está fechado por ordem judicial.

— Descarta esse. Newt detestava Luke, deve ter se juntado com ele em troca da sua saída da prisão — comentei, dando um gole na garrafa.

— Está certo. Ele saiu pouco antes do primeiro dos comparsas de Boggs morrer. Há muita coisa que não compreendo. Metade desses homens detestavam trabalhar com ambos e mesmo assim escolheram trabalhar contra Boggs de qualquer maneira — Isaac parecia ter raciocinado sozinho e sem querer esbanjou pensamentos aleatórios.

— Você não sabe como esse sistema funciona, Isaac. Boggs sempre recruta homens bons e os suborna para trabalhar com ele, mas Luke tem um podre pior e sua maior vitória é achar que poderia superar o próprio pai, colocando seus próprios homens contra ele. Às vezes eu também não entendo ou talvez eu não queira saber.

          Isaac fica em silêncio e depois de uns minutos, ele volta a teclar.

— Oh, tem Doug Stuart, ele é um verdadeiro bobão. Mede quase dois metros, filho de ex-militares, sabe como atirar mas tem o cérebro de uma criança de três anos — disse Isaac. — Ele tirou 1,3 em um teste. Meu Deus, ele é muito burro!

— Ele tem um galpão?

— Sim! Ele herdou dos pais quando morreram, ele alugou por um bom tempo para uma senhora que faleceu há menos de um ano e tem uns meses que ele começou a alugar para uma senhora chamada Moira Lane e...

— Espere, espere, espere — o parei, levantando do sofá. — Moira Lane?

— Sim, por quê? A conhece?

— Talvez — eu digo, uma leve faísca de esperança me preenche. — Pesquisa sobre essa tal de Moira, Isaac.

— Pode me dizer o que está acontecendo? — ele pergunta enquanto tecla rapidamente.

— Acho que achamos o galpão.

— Não tenho o endereço.

— Como assim não tem endereço? — franzi a testa.

— Está em um arquivo confidencial... está cheio de vírus, se eu entrar posso perder tudo, Jack. Não posso fazer isso, me desculpe.

          Suspiro.

— Tudo bem, Isaac, apenas pesquise sobre Moira Lane e tentamos trabalhar com essa linha de raciocínio.

— Se você diz.

✕✕✕

          Volto para o cômodo onde está Valentino e vejo que o seu rosto estava sujo por sangue seco, além de vários respingos em sua roupa. Ele havia pego no sono e sua cabeça pendia para o lado. Quando decido deixa-lo novamente, escuto sua voz rouca e grave:

— Quem te deu o dinheiro pra entrar na aposta?

— O que? — pergunto, franzindo a testa.

          Valentino ergue a cabeça e me olha de lado.

— A aposta de um milhão. Precisava de mil dólares pra entrar, Boggs não pagava vocês. Então, quem deu?

— Isso não é bem da sua conta, Cruz. E quem faz as perguntas sou eu. Por isso vou perguntar novamente — falei, caminhando até ficar na sua frente. — Onde ela está?

          Valentino ri.

— Tão patético — o escuto sussurrar. — Eu queria saber o que essa garota tem pra ter te deixado deste jeito.

— Foi isso que pensou sobre Boggs quando Moira Lane fugiu?

          Ele ergue a cabeça de imediato, seu semblante sério e abalado.

— Como sabe sobre Moira? — pergunta, sua voz quase um sussurro.

— Boggs me contou que ela era mais velha, carregava um filho e acabou o conhecendo... foi daí que Boggs o adotou como seu próprio filho — contei, caminhando ao redor do pequeno cômodo.

— Bem, Boggs mentiu sobre uma coisa — diz, soltando uma bufada. — Ele a amava, sim. Ele a colheu de braços abertos quando o menino nasceu. Mas ela foi embora com um outro cara, deixando a criança e um bilhete. É por esse motivo que, por todos esses anos, Boggs trata Luke com ignorância, ele é um lembrete da decepção que sua mãe causou ao Boggs. Ele ficou uma bagunça depois que Moira foi embora.

          Franzi a testa.

— Você a conhecia?

— Claro que sim, ela era minha irmã — diz Valentino. — Moira se casou muito cedo e fugia de um relacionamento conturbado quando conheceu Boggs. Mas ele era ciumento, queria ela somente para si. Quando o conheceu, já estava grávida.

— Como ele nunca disse isso antes? — pergunto, parando na sua frente.

          Valentino olha para mim, seu rosto ainda sujo e sua testa suada.

— Como eu disse, ele ficou uma bagunça. É por isso que ele criou o sistema das Damas, ele detesta ficar sozinho! Luke sempre soube que eu era seu tio e sempre se aperfeiçoou a mim, assim como eu ao garoto.

          Balanço a cabeça e cruzo os braços, apoiando-me logo em seguida na parede. Seus cabelos estavam molhados de suor e me encarava com dúvidas.

— Preciso saber onde ela está, Valentino. E você sabe onde ela está.

          Ele revirou os olhos.

— Já disse pra me matar logo.

— Eu não estou brincando, Cruz! — grito.

— E acha que eu estou? — ele grita de volta. — Eu não estou nem aí pra ela, Jack. E acho, - não -, eu torço para que ele já a tenha matado neste momento.

          Pego o revólver de trás e puxo o gatilho em seu pé, mas a bala não estava nesse. Valentino havia soltado um grito antes disso e parou rapidamente, me encarando de olhos arregalados e arfando.

— Você... você puxou o gatilho — ele balança na sua cadeira que se remexe em alguns minutos. — Urgh! Eu vou te matar, Backer!

          Aproximo o rosto do seu e sussurro:

Onde... ela... está? — pergunto lentamente.

— Eu torço para que ela já esteja morta!

           Puxo novamente o gatilho, mas a arma novamente só dá um estalo e não sai uma única bala. Valentino geme de agonia e respira fundo, tentando normalizar.

— Eu volto daqui a pouco com um tiro na tua cabeça — falei, saindo do cômodo e torcendo para um plano aparecer na minha mente e colocá-lo em prática.

✕✕✕

          Acordo assustado quando meu celular toca sem parar. Ao ver que Isaac deixou uma mensagem de voz, eu o ignoro de primeira e vou para o banheiro tomar um banho gelado. Fazia quase três dias que eu estava acordado direto, hoje foi a primeira vez que consegui apagar durante duas horas sem ter pesadelos.

          Na maior parte deles, Luke era meu pai. E ele maltratava Holly. Era uma cena agonizante pois eu não podia fazer nada, eu apenas observava e isso me matava. Eram os gritos dela que ecoavam em minha mente. E eu não conseguia dormir novamente.

          Ao terminar o banho, saio do box e enrolo a toalha envolta do quadril e jogo o cabelo molhado para trás. Saio do banheiro e deito na cama, pegando o celular e colocando pra ouvir a mensagem de voz do Isaac.

Jack, caramba! Eu acho que achei uma pista onde podemos rastrear Holly. Você não está atendendo o celular, mas vou tentar dizer rápido... há um site que se chama seetodie.com, é um site onde as pessoas fazem vídeos em somente transmissão reais, tem desde roleta russa até gente fazendo sexo ao vivo. É um site bloqueado por muitos países e que precisa ser convidado pra participar...

           Quando a mensagem acaba, atendo a próxima mensagem de voz:

Droga, tinha cortado! — Diz Isaac. — Como estava dizendo: precisa ser convidado para participar, então eu pedi o login de um amigo pra dar uma chegada básica e adivinhe só? Doug Stuart tem uma conta e ele tem transferido quase toda a trajetória de Holly...

          Sento rapidamente na cama.

Ele é tão burro que vem gravando online. Não tão burro porque cada hora gravada, você ganha cem dólares — Isaac dá uma curta risada. — De qualquer forma...

          A ligação cai e eu toco a última mensagem de voz de Isaac.

Cacete, odeio mensagem de voz! Jack, temos uma pista... estou caçando por localização já tem uma hora, mas acho que Luke utilizou um decodificador de sinais, é por isso que não sabemos de onde ele liga e recebemos vários pontos distintos... Ele está a mantendo friamente fraca e usando tortura sem ela fazer nada, pelo o que pude passar online. Aparentemente, Luke desconhece dessa transmissões pois a câmera está escondida. A transmissão parou já tem quase um dia, talvez ele tenha descoberto ou ele mudou de local. Aperte mais Valentino, ele definitivamente sabe onde ela está.

          Meu corpo ficou todo cheio de adrenalina quando a mensagem terminou. Tínhamos uma pista e eu sabia o que fazer naquela hora. Peguei novamente o revolver, girei o tambor duas vezes e caminhei em direção ao cômodo em que Valentino estava.

          Ele ergue a cabeça e olha para mim com o rosto fechado e olha para a arma.

— Cansei de joguinhos, Valentino. Vamos conversar feito homens agora.

    ▪ o b s 
 

Hey, hey, hey! Não é uma quinta-feira mas tá tendo capítulo, não é mesmo? kakaka

Vou explicar o porquê dessa pequena surpresa: estou em semana de provas e eu quero me dedicar ao máximo então estou postando antes pra vocês porque sei que eu vou acabar esquecendo. 

Por isso irei fazer a aposta com vocês: se esse capítulo chegar aos 30 votos e 25 comentários até quinta, eu posto o próximo capítulo na quinta quando chegar da prova. Topam? Então acelera isso aí, galera!

Minhas redes sociais para quem quiser ficar conectado comigo:

Instagram: katyrezende || Snapchat: katyrezende || Twitter: pleasehaynes

Espero que gostem do capítulo, pois está começando a ferver <3 

Uma boa semana a todos, muaw!

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