Senhor Perigoso - DEGUSTAÇÃO...

By ThaisBZanin

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Após ficar um longo tempo disponível aqui, ele foi retirado e se encontra APENAS NO AMAZON. Uma professora ... More

Sr. Perigoso
Prólogo
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capitulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capitulo 8
Capítulo 9
Capitulo 10
Repostagem do livro
Capitulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Carta para as leitores
Informações
Disponivel no Amazon

Capítulo 1

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By ThaisBZanin

25 de maio de 2015

Querido Edmund,

Estou com saudades, você já não responde mais minhas cartas. Acho que está me ignorando, porém tudo que quero é não o deixar sozinho.
Mamãe está muito mal, em todo momento toca em seu nome e chora. Eu nunca entendi seus motivos para fazer aquilo, sempre vou até aquele posto, fico imaginando o que aconteceu. Não consigo acreditar nas palavras do jornalista, nem da promotoria.
Você como um ótimo irmão e filho, ficamos assustados ao ver que passaria os próximos anos na cadeia.

Como não responde minhas cartas, pararei de escrever, mas saiba, que sempre pensarei e acreditarei em você.

A esperança é a poesia da dor, é a promessa eternamente suspensa diante dos olhos que choram e do coração que padece. — Paolo Mantegazza.

Com amor, Maya, sua querida Irmã.

Peguei o envelope e escrevi o remetente e o destinatário.

Destinatário:

Edmund Johnson, preso 279 - Cela C-66
CP94964 - Penitenciária Estadual de San Quentin

Eu adorava me comunicar por cartas, apesar de hoje em dia, ninguém mais escrevê-las. Após colar a carta, fui ao correio, enviá-la o quanto antes. Eu não queria que fosse a última carta, amava meu irmão e queria resposta, assim saberia que estava tudo bem na prisão.

Nunca imaginamos que isso aconteceria com nossa família. Papai sendo um policial, mamãe professora, Edmund um ótimo jogador de futebol americano e eu a oradora da turma. Éramos a família perfeita, com ótimos pais.

As coisas para Edmund começaram a desmanchar, logo após seu acidente. Acabou machucando o joelho e isso o impediu de entrar na faculdade com bolsa de futebol. Então, ele achou que o jeito mais fácil de ganhar dinheiro, era roubando daqueles que trabalharam o mês inteiro.

Começou com pequenos furtos e então, começou a roubar lojas e naquela fatídica noite, ele roubou um posto, um homem reagiu ao assalto, em um ato de desespero, acabou atirando no homem. Isso o condenou em regime fechado na penitenciária Estadual de San Quentin, próximo a nossa cidade.

Eu queria visitá-lo, mas papai nos proibiu, dizendo que ele não merecia a nossa visita, mandava cartas escondidas de meu pai.

Edmund, sendo dois anos mais velho, sempre cuidou de mim, como sua irmã mais nova, me protegia dos "pretendentes".

Alcancei meu casaco no armário, quando ouvi meu nome sendo chamado.

— Maya. — Coloquei o casaco e me virei, para encará-lo.

— Sim, papai.

— Aonde você vai?

— Eu estava indo para a casa de Lauren. Temos um trabalho para terminar. — Ele ficou alguns segundos me analisando.

— Bom, estou saindo para o meu turno, posso deixá-la na casa de Lauren.

— Não. — Ressaltei, precisava ir ao correio, não a casa dela. — Não há necessidade, a casa dela é na rua de trás e você está indo para o outro lado.

— Mas está nevando, Maya. Tenho receio que posso escorregar nesta neve.

— Não há necessidade, papai.

— Tudo bem, então me ligue ao chegar lá. — Após depositar um beijo em minha testa, pegou seu casaco e saiu.

Estava no fim do inverno, apesar de não ter sido tão rigoroso, havia neve e eu não podia correr, andei devagar até o correio. Ao entrar, fui tomada pelo calor do ambiente. Esperei meu número ser chamado e enviei a carta.

Quando eu votava para casa, fiquei pensando em como ele estava passando neste inverno. O presídio cuida bem o suficiente dos presos? Eu deveria estar pensando nas outras pessoas mais pobres? Aquelas que vivem embaixo do viaduto? Ao invés de pensar naqueles que mataram, roubaram outras pessoas? Bom, queria que o meu irmão estivesse no melhor lugar possível.

Voltei para casa, quase congelando. Tirei a neve do meu casaco e entrei, mamãe estava na cozinha, preparando o jantar, o cheiro estava maravilhoso. Deixei o casaco no armário e fui até ela, que estava preparando macarrão com almôndegas.

— Querida, já voltou da Lauren?

— Lauren?

— Sim, ouvi você dizendo para seu pai, que ia visitá-la. — Pulei no banco do balcão da cozinha, para assistir mamãe.

— Sim, mas ela não estava lá.

— Você poderá fazer o trabalho outro dia?

— Com certeza, lá fora está muito frio.

— Oh, sim. Fico pensando em seu irmão, coitado dele. — apesar de ter sido declarado culpado, mamãe não aceitava que seu gracioso filho fosse um assassino.

— Bom, espero que esteja sendo bem cuidado. — Após o jantar, subi para o meu quarto, havia lição de casa. Meu telefone tocou, peguei-o e atendi a ligação de Lauren.

— Oie, May.

— Oi, Lauren.

— Você não sabe quem me ligou! — Ela estava muito entusiasmada, provavelmente, recebeu uma ligação do seu novo paquera.

— Deixe eu adivinhar, foi o Clarke?

— Sim, foi ele. Me convidou para um encontro duplo.

— Encontro duplo? — me joguei na cama, assim poderia ter aquela conversa tediosa sobre o nome do amor dela.

— Sim, eu, Clarke, Michael e... Você.

— Oh, não. Pode desmarcar, nem pense que irei em um encontro duplo.

— Você está se negando, pois nunca foi em um encontro, quanto mais um encontro duplo. — Apesar da nossa forte e grande amizade, éramos o oposto, Lauren era mais alegre e social, já eu era introvertida e antissocial.

— Exatamente, não vou a um encontro, muito menos com o Michael.

— Não sei o porquê... Ele gosta de você e até o ano passado, você também gostava dele.

— Lauren, eu te peço, não me force a ir. — Quando Lauren colocava algo na cabeça, não havia como pará-la.

— Na sexta, às 19 horas, esteja pronta. Adeus. — Então desligou, não me dando mais tempo de negar aquele pedido.

Terminei minhas lições de casa e fui tomar banho, após me deitar, fiquei pensando na carta e esperando para haver uma resposta.

{...}
Quatro dias depois

Penitenciária Estadual de San Quentin
Cela C-66.

Luke Petkovic

Estou nessa merda há exatos 3.650 dias. Odeio esse cheiro de esgoto, suor e medo. As celas são escuras e vazias, mesmo que haja prisioneiros, parece que falta a alma deles. Meu "colega de quarto" não me deixava dormir, ele se movia muito e isso fazia o velho beliche grunhir. Sai da minha cama e o peguei pela blusa, estava estressado suficiente para matá-lo com as minhas próprias mãos, minhas noites de sono são sagradas.

— Da para parar? Não consigo dormir e quando eu não durmo, não fico feliz.

— Des... Desculpa. Tem uma mola no meu colchão, não consigo dormir.

— Ah, tem uma mola no seu colchão? — Ele só podia estar brincando comigo, eu resolveria o problema dele. — Então, durma no chão. — O puxei pela camisa e o tirei da cama, joguei seu corpo no chão, ele resmungou, mas não disse nem uma palavra. — Pronto, agora não tem mais mola no seu colchão.

Voltei a deitar na minha cama e dormi tranquilamente, até as cinco da madrugada. Os guardas passaram, batendo o cassetete nas grades e anunciando a hora do banho.

Eu não tinha muitos amigos, na verdade, eu não tinha nenhum. Sai do meu beliche e quase que esmago a cabeça do merda do meu companheiro, com o pé.

— Você não ouviu, hora do banho. — nunca pisava descalço neste chão imundo, imagina dormir.

As celas foram abertas e eu segui o fluxo, na minha mão tinha meu sabonete, uma muda de roupa limpa e toalha. Assim que entrei no banheiro, passei pela fila e entrei no primeiro chuveiro vago. Eu nunca pegava fila, dificilmente alguém me encarava. Após tomar meu banho frio, vou para o refeitório, passo pelo meu colega de cela, seu rosto estava sujo do chão e seu cabelo loiro precisava ser lavado.

Meu café da manhã foi tranquilo, apesar daquela comida de merda. Segui até a biblioteca, onde leria meus livros e ficaria em paz.

Um tempo depois, foi nossa hora de se recolher, logo seria o almoço. O guarda, passou nas celas entregando cartas, eu não tinha família, então eu não tinha cartas. Meu colega de quarto, Edmund, sempre recebia cartas, mas nunca as lia e desta vez não foi diferente.

— Quem te manda cartas? — Revolvi puxar assunto, às vezes o silêncio e a escuridão me tomam por inteiro.

— Minha Irmã. — Ele olha fixamente para a carta, passando o dedo pela letra curvilínea.

— Por que não a responde?

— Não que seja da sua conta, mas eu não a respondo, pois não quero mentir. — Ele parecia amargurado, se eu tivesse alguém, importante o bastante para mandar cartas, ficaria muito feliz em respondê-las.

Tomei a carta de sua mão, puxei a carta para fora e recitei em voz alta.

— Querido Edmund... — ao terminar de ler a carta, me senti vazio. Aquela menina adorava o irmão, que não respondia. Ela afirmava ser a última carta, pois como não havia resposta, era como escrever a um morto.

A esperança é a poesia da dor, é a promessa eternamente suspensa diante dos olhos que choram e do coração que padece. — Paolo Mantegazza.

Eu conhecia essa citação de um poema, passava horas na biblioteca lendo poesias, já que era os únicos livros para ler.

— Você deveria respondê-la.

— Não, ela não precisa de contato comigo.

— Então, por que continua a receber as cartas? Poderia muito bem tirar o nome dela da lista.

— Eu não respondo, mas gosto de recebê-las, me ajuda a seguir em frente.

— Bom, neste corredor, não adianta seguir em frente. É um lugar sem saída. — Ele confirmou com a cabeça e subiu para sua cama.

—Pois é...Vou dormir um pouco e tentar esquecê-la. — A carta ainda estava comigo e eu não consegui largá-la, aquela menina precisava de uma resposta. Coloquei a carta com as outras e percebi que havia uma foto, quando eu puxei a carta. Demorei um tempo, para analisar a sua família. Eu sabia que ele era novo, talvez uns dezenove, vinte e nove anos, mas ele tinha uma irmã mais nova. Ela era linda, com o cabelo loiro ondulado é um grande sorriso no rosto, tão alegre, tão inocente.

Ao seu lado, estava uma mulher mais velha. Como sua filha, também muito bonita, tinham os mesmos cabelos dourados, sorrisos alegres e ar de inocência. O homem, que provavelmente deveria ser o pai e marido, era um policial, e eu odiava os policiais.

— Essa era a família feliz, até que eu vim para a prisão. — Comenta Edmund, olhando para o teto.

— Bom, pelo menos você tem família.

— E você? Não tem uma?

— Não, sou só eu e eu. — Eu até tinha uma irmã e um primo, mas ambos não mantiveram contato. Guardo a foto e vou para minha cama, passamos os próximos minutos em silêncio, esperando a hora do almoço.

Tic tac... tic tac...

Eu odiava quando em minha cabeça, ouvia o som do relógio imaginário. Tantos tic tac, mas parece que o tempo não passa, cada dia aqui, parece ser mais longo e tedioso.

Fomos chamados para o almoço, fui para o refeitório lotado, eu odiava toda aquela merda, mas depois de anos, já havia me acostumado. Entrei na filha com a bandeja na mão, purê de batata, carne moída, pão duro e suco, o almoço de hoje, ou melhor, de sempre.

Sentei-me sozinho, para minha surpresa e total desgosto, o Edmund veio atrás de mim e se sentou ao meu lado.

— Oi, cara. — Eu olhei para ele e fechei a cara.

— Não é porque perguntei de sua família, que viramos amigos.

— Eu pensei que queria companhia. — Ele se levantou, com medo.

— Não quero. — Ele rapidamente se afastou, voltei a comer a merda da comida devagar, assim mataria o tempo.

Após o almoço, fomos para o pátio, eu jogava basquete com os caras, mas estava muito frio e eu com muita preguiça. Passei o resto do intervalo, formulando um texto para escrever a irmã de Edmund. Podia parecer loucura, mas eu não queria que ela ficasse sem resposta e eu precisava de algo para ocupar a mente.

Voltando para nossas celas, peguei com um guarda caneta, papel e envelope, em troca de 50 dólares. Há muito tempo não escrevia nada, então quando comecei, não quis mais parar.


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