Distante Demais

By KianeBert

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Riley Uchoa é uma jovem publicitária, cheia de sonhos e desejos. Em uma viagem de férias para o Texas ela con... More

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By KianeBert




Aquela era uma tarde chuvosa de sábado. Estávamos na casa de Suzan, comemorando o aniversário de um mês de namoro dela com Jack, amigo de Moke. Foi simplesmente impressionante esse encontro inesperado dos dois. Suzan, no começo, havia me dito que Jack não era muito o que ela esperava, que ele não tomava a iniciativa e que a deixava indecisa.

Foi surpreendente saber que mesmo depois dessas palavras, ela conseguiu fazer Jack se comprometer com ela. Eles pareciam felizes e bem resolvidos um com o outro. Principalmente Suzan, que não largava um minuto se quer do seu mais novo amor.

Moke como sempre, estava atrasado. Ele havia começado a trabalhar na polícia e andava sempre muito ocupado. Ele até me ajudou com a mudança há quase dois meses, mas mesmo assim, era difícil consolidar nossos planos de sair para beber e comer alguma coisa juntos, já que ele havia trocado a farra por uma arma e algemas. Não foi apenas a farra que ele trocou pelas armas e algemas...

Quando eu abro o congelador para apanhar uma cerveja, o telefone resolve tocar e eu atendo rapidamente.

- Riley – era a voz inconfundível de Moke.

A voz de Moke era como uma melodia bem afinada que eu poderia ouvir sem parar durante dias e noites.

- Está atrasado!

- Não estou mais. Abra a porta.

A campainha da porta principal é tocada e eu vou em direção à porta para abri-la. Como imaginei. Era Moke. Ele estava parado do lado de fora com o telefone no ouvido sendo segurado pelo ombro dele e em suas mãos, uma caixa de cerveja quase escorregando.

- Dá pra você pegar isso pra mim? – Moke quase derruba a caixa no chão, mas eu a ajunto antes que isso aconteça. – Obrigado – ele respira fundo de alívio e depois desliga o celular e guarda em seu bolso.

- Ainda está atrasado – pigarreio e aponto para o relógio em meu pulso.

- O que importa é que estou aqui... – ele dá alguns passos para dentro da casa e depois toma a caixa pesada de minhas mãos e apoia sobre a primeira mesa que encontra pela casa. – Cheguei, pessoal. – Moke grita próximo aos meus ouvidos de propósito, já que sabia que detesto isso. Ele fazia coisas parecidas só para me irritar. Como sempre.

Moke estava muito feliz trabalhando na polícia de Los Angeles, mas para mim era um pouco ruim. Ele vivia fazendo plantões, com perseguição de bandidos e tudo mais. Aquilo era perigoso, mas eu não podia fazê-lo parar, era o que ele mais gostava de fazer na vida.

Fizemos um jantar magnifico para quatro. O jantar teve direito até a vela sobre a mesa e taças mais caras que conseguimos encontrar. Apesar de ser apenas o jantar de um mês de namoro, nós já estávamos nos programando para os próximos. Bom, Moke e eu estávamos programando tudo.

Pegamos um calendário e marcamos nele todas as datas comemorativas de meses de namoro que eles fariam durante todo o ano. Eram dose jantares ao todo e mesmo que o dia importante caísse numa segunda-feira, não deixaríamos de comemorar.

Depois do jantar, Suzan ainda pediu uma pizza para que pudéssemos comer enquanto assistíamos a luta na televisão. Jogamos dominó e brincamos com a sua boneca anatômica que Suzan havia ganhado de natal, aos sete anos. A boneca ainda estava intacta e guardada na caixa. Quando Suzan disse aos pais que queria ser médica, a primeira coisa que sua mãe fez foi comprar essa bonequinha. Suzan me contou que era apaixonada por medicina e sempre assistia a cirurgias e plantões médicos no YouTube. O tempo foi passando e ela percebeu que tinha medo de sangue. Medo de agulhas e medo de qualquer coisa que fosse furar a pele das pessoas.

Hoje Suzan é publicitária. Graças a mim.

Tentamos madrugar na casa de Suzan, mas ela e Jack acabaram pegando no sono no sofá da sala. Moke e eu fizemos uma guerra de pipoca pouco antes das três horas da manhã e passamos chantili em Suzan e Jack que dormiam profundamente.

- Você não acha que é perigoso demais fazer esses plantões? – pergunto a ele, enquanto estamos deitados sobre um cobertor no chão da sala de Suzan, assistindo a um filme de terror que não prestamos atenção.

- É claro que é perigoso, Riley. Sempre vai ser... – Ele responde rapidamente.

- Então porque fica se expondo assim?

- Eu amo fazer o que faço – Moke se vira de frente para mim e me faz olhar em seus olhos. – Você não sabe o quão realizador é saber que no final do dia prendemos os bandidos que estão tacando o terror na cidade. Ou salvar alguém de um assalto, ajudar velhinhas a atravessa a rua...

Hã?

- Você fala sério quando diz que ajudam velhinhas a atravessarem a rua?

Moke confirma com a cabeça e sorri.

- É bem gratificante – Moke retira o distintivo de seu bolso traseiro e me entrega. – Olhe para isso.

- Que foto horrenda – dou uma gargalhada alta e tapo minha boca com a mão para que Suzan e Jack não acordem.

- Não é a foto, sua tola, estou falando do que está escrito aí.

- Agente Carter, Departamento de Polícia de Los Angeles... – eu repito as escritas. – Humm, isso é interessantíssimo.

- Atrás, leia atrás.

- Servir e proteger.

- Isso mesmo. Fizemos um juramento antes de entrar na polícia e eu honro essa frase com toda a minha vida.

Faço uma pausa e logo respondo:

- Eu entendo você...

- Sim, você precisa entender. Tudo o que fazemos é pelo bem e proteção de todos vocês. Não é só colocar bandidos na cadeia ou desvendar crimes, mas também é ajudar pessoas a atravessarem a rua, salvar gatos de àrvores... ou pensa que só os bombeiros podem fazer isso?

Eu não seguro a gargalhada e rio profundamente da situação. Mesmo sendo algo sério, não deixei de rir, pois eu admirava Moke por essas coisas que havia me dito. Coisas tão simples que não paramos para pensar a respeito.

- Vamos embora, porque os dois devem estar cansados de ouvir nossas risadas aqui – me levanto do chão e apanho o cobertor para dobrá-lo.

- Quer carona para casa?

Moke foi rápido no convite. Apesar de eu estar de carro, ele estava na garagem de Suzan e eu precisaria acordá-la para poder tirar ele de lá. Eu não queria acordá-la, então sem rodeios, aceitei a corona oferecida por Moke.

- Meu carro pode ficar sem mim até amanhã – organizo o que falta da casa e apanho minha bolsa para sairmos. Moke abre a porta do carro para mim e nós dois vamos em direção ao meu novo apartamento.

Moke estaciona em frente ao prédio e liga o som do carro a todo volume, depois começa a cantarolar do lado de fora da janela. Eu sou rápida e desligo a música assim que ela completa um minuto.

- Está louco? São cinco da manhã, Moke – observo pela janela do carro se alguém acordou com o barulho.

- Cadê o seu senso de humor, menina? – Moke acerta um peteleco em minha bochecha, que acaba deixando-a vermelha.

- Menina? – rio enquanto esfrego com a mão o local que ele atingiu. – Desse jeito vou ser expulsa do condomínio.

- Isso seria ótimo, menina...

- Pare de me chamar de menina – tento acertar um tapa em seu braço, mas ele se esquiva. – Isso não é ótimo, coisa nenhuma.

- Se você for expulsa, pode ir morar comigo.

Eu engulo a seco. Vejo o sorriso de orelha a orelha de Moke se desfazer e seus olhos fixarem nos meus. Seu ímã estava ligado novamente, me prendendo ainda mais.

- Você gostaria que eu morasse com você? – Baixo minha cabeça e rezo para que meu rosto não tenha ficado vermelho.

- Mas é claro.

Moke levanta meu rosto com as pontas dos dedos e aproxima seu rosto do meu. Eu nunca imaginaria que ele estaria pensando em me beijar e, depois daquela cena, eu com certeza imaginava.

O Moke me beijou. De novo. Sem que eu pudesse fazer o mínimo esforço.

Me esquivo rapidamente de seu beijo e ficou meio perdida sem saber o que fazer ou falar.

- Hã, bom... você quer subir?

Moke sorri e abre a porta do carro.

- Acho que eu iria gostar... – Ele responde, sem graça.

Ainda estou sem graça pelo que aconteceu, mas Moke fez parecer tudo tão natural e normal. Ele jogou seu braço em cima de meus ombros e ficou afagando o topo da minha cabeça até chegarmos no meu andar.

- Você precisa de um elevador, essas escadas são cansativas. – Moke toma as chaves de minhas mãos e abre a porta para mim.

- O dono já foi prontificado sobre isso – dou um riso breve.

- Primeiro as damas – Moke dá espaço para que eu passe.

- Óh, muito obrigada, gentil cavalheiro.

Adentramos o apartamento e Moke se direcionou à poltrona marrom. Eu apareci depressa na sala, com uma cerveja nas mãos e o alcancei. Ficamos em silêncio por quase meia hora, bebendo e olhando um para a cara do outro. Sem dizer uma palavra se quer.

- Preciso ir.

Moke levanta da poltrona pouco depois e veste sua jaqueta que ele havia deixado no cabide ao lado da porta quando entrou.

- Fique – tento insistir, mas a única coisa que ele faz é sorrir para mim.

Eu o acompanho até a porta enquanto permanecemos em silêncio. Pouco antes de eu fechar a porta em minha frente, ele retorna e me beija. Foi num piscar de olhos. A porta é fechada atrás de nós com a ajuda do pé de Moke, que logo me conduz até um pequeno corredor.

Moke encostou-me na parede ao lado da porta que dava acesso à cozinha e me guiou no escuro até onde conseguiu. Estamos parados na cozinha. Ele afasta seu rosto do meu e as luzes que ainda estavam acessas se apagam.

Ficamos num escuro total. Moke me beija novamente e me deita sobre algo liso. A mesa da cozinha. Eu sabia o que poderia acontecer e mesmo com medo, fechei meus olhos e o desejei com toda a minha alma.

***

Eram nove horas da manhã quando eu despertei assustada. Eu estava em minha cama, coberta apenas por um lençol branco. Tentei me lembrar o que havia acontecido comigo e com Moke e meu rosto começou a corar. Olhei para o lado na esperança de ver Moke e levei um susto.

Moke não estava mais ali. O travesseiro amassado onde supostamente ele havia deitado, estava vazio. Apenas encontrei um bilhete sobre o criado mudo que com certeza era de Moke.

"Bom dia para a melhor amiga do mundo. Estou um pouco confuso pelo que aconteceu e te peço desculpas. Deixei seu café prontinho sobre a mesa da cozinha."

Moke havia ido embora e deixado um bilhete de desculpas pela noite maravilhosa que tivemos. Na minha cabeça passavam muitas lembranças da noite passada, mas eu estava com dor de cabeça pela quantidade de bebidas que bebemos antes disso acontecer.

Acredito que Moke estava muito alcoolizado e não se deu conta de que estava fazendo amor comigo. Sentiu-se envergonhado quando acordou e se deparou comigo, que resolveu ir embora antes de eu acordar e deixou um bilhete.

O que mais mexeu comigo foi ler "sobre a mesa da cozinha", onde ele escreveu de um jeito diferente, como se fosse um trocadilho sobre nosso lugar de amor na noite passada. Eu estava com medo do que pudesse acontecer depois disso. Eu estava me apaixonando ainda mais por ele. E isso não era nada bom.

Naquele momento percebi que tudo havia mudado, inclusive nosso relacionamento entre amigos. Éramos mais do que isso.

Fui em direção ao banheiro para tomar um banho e só conseguia pensar nele. Sentei-me no chão do banheiro e juntei os joelhos. Fiquei quase uma hora relembrando tudo e tentando entender porque Moke não tinha ficado.

Chamei Suzan para passar a tarde comigo para poder trazer meu carro e para conversar a respeito da noite passada. Eu precisava de uma amiga para desabafar e contar o que havia acontecido. Suzan sempre foi a melhor pessoa para dar conselhos e eu precisava ouvir algo dela que me fizesse bem.

- Riley, tenha calma – ela disse. - Se isso aconteceu por vocês estarem bêbados, que acredito ser o mais provavel, espere até que ele a procure para conversar. Tenho certeza que vocês vão se entender.

- Não é tão simples... – ando de um lado para o outro, tentando afastar o nervosismo. – Você sabe que eu gosto dele e depois disso, eu fico um pouco constrangida por pensar que ele dormiu comigo apenas por estar bêbado.

- Olha, acredite em mim, ele não dormiu com você apenas porque estava bêbado. Claro, isso pode acontecer sim, mas se nenhum dos dois queria, não iria acontecer.

Eu paro de andar e me sento na poltrona onde ele havia sentado na noite anterior. Eu gostaria que o que Suzan havia me dito, fosse verdade. Me sentia mal por não procurar Moke para me explicar, mas também meu coração disparava só de imaginar em fazer isso.

Estava me apegando demais a Moke e tinha medo que ele não correspondesse ao meu amor.

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