Into The Dead

By control5h

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Em um mundo em meio ao caos os mortos-vivos vagam sobre a terra. Não existe Governo. Não existem leis. N... More

Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29 - Prólogo - Segunda Temporada
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45
Capítulo 46
Capítulo 47
Capítulo 48
Capítulo 49
Capítulo 50
Capítulo 51
Capítulo 52
Capítulo 53
Capítulo 54
Capítulo 55
Capítulo 56
Capítulo 57
Capítulo 58
Capítulo 59
Capítulo 60
Capítulo 61
Capítulo 62
Capítulo 63
Capítulo 64
Capítulo 65
Capítulo 66
Capítulo 67
Capítulo 68
Capítulo 69
Capítulo 70
Capítulo 71
Capítulo 72
Epílogo

Capítulo 14

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By control5h



CAMILA PDV

Eu sempre fui uma pessoa muito simpática. Pelo menos era o que minha mãe dizia sobre mim.

Dona Sinu costumava dizer que eu mudava constantemente de humor. De alegre à triste, grossa à simpática, amorosa à raivosa. E isso poderia ser dito como bipolaridade, mas minha mãe dizia que isso era minha alma reagindo às pessoas.

Eu era muito sensível às situações.

Por isso tive que aprender a controlar minhas expressões e minhas emoções. Não ser impulsiva, mas não ser lenta. Ser instintiva, mas não ser idiota. Não ser fechada, mas ser desconfiada.

Se eu não tivesse me adaptado provavelmente estaria morta. Ou vagando por aí...

Mas, mesmo com todo meu esforço, meu lado instintivo ainda falava mais alto às vezes. Como por exemplo, quando decidi ser bondosa com o casal na rodovia.

Eu tenho esse enorme carinho por grávidas. Quando minha mãe engravidou de Sofia eu tinha onze anos. Foi maravilhoso, mesmo com todas as adversidades da gestação. Eu e meu pai mimávamos tanto Dona Sinu que ela dizia que arriscaria engravidar mais uma vez apenas para receber tais carinhos.

Claro que ela não faria essa loucura.

Eu olhava barriga sinuosa de minha mãe e adorava manter a minha mão em cima da pele apenas para sentir os chutes da minha irmãzinha. Quando soube que seria uma menina eu fiquei radiante, pois teria alguém para dividir meu segredos íntimos e além claro, precisar ser responsável por educá-la do jeito que só uma irmã pode fazer.

Eu já amava Sofia Cabello antes mesmo de vê-la.

E quando eu vi a barriga daquela mulher da rodovia meu lado materno se aflorou fortemente. Se ela precisasse de comida, eu daria a minha. Se ela precisasse de uma cama, eu oferecia a minha.

A gestação é um presente, não um castigo.

E até esse sentimento doce esse mundo tirou de mim.

Mostrou-me que esse presente poderia ser uma armadilha. Uma mulher atraindo pessoas para mãos de monstros como aqueles dois irmãos. Eu não sabia a relação da mulher e seu real marido com os irmãos e nem me interessava em saber, mas ela deveria ter um senso de julgamento.

Por quê?

Diante de tudo que aconteceu senti-me indefesa e precisava de um toque carinhoso.

Essa a justificativa que eu repetia em eterno looping em minha mente. Senti-me indefesa e precisava de um toque carinhoso, por isso entreguei-me novamente à Lauren na noite passada.

Eu esperava pelo menos um pouco de compreensão por parte dela. Não esperava que ela fosse o tipo de garota que, no dia seguinte, esperava algo além de uma conversa casual. Não esperava que Lauren fosse sentimental. Até porque ela raramente demonstrava sentimentos além de raiva e um pouquinho de empatia.

Mas... ao mesmo tempo em que eu queria acreditar em tais mentiras, o meu lado racional tentava me corrigir. Eu não deixei Lauren falar, eu não deixei que ela se explicasse. Se isso fora uma estratégia de defesa? Certamente. Como eu disse, minha alma era sensível demais e, para sobreviver, eu havia me adaptado. E, por mais que minhas ações fossem confusas, contraditórias e até perigosas... eram as únicas maneiras que havia encontrado, sem apoio psicológico de um profissional de tal área, para sobreviver à anarquia da sociedade atual.

E, aparentemente depois de tudo o que aconteceu, meu emocional estava abalado demais.

***

Então quando coloquei os olhos em cima de Keana Issartel eu automaticamente senti algo negativo. Aquele típico "O Santo não bateu com o dela"? Sim, poderia dizer que sim. Ao contrário de Harry que parecia ser um amor de pessoa.

Enquanto arrumávamos um almoço, com a grande quantidade de comida que agora tínhamos, eu e Lauren explicávamos para todos o que acontecera no condomínio – claro, omitindo as partes em que estávamos nuas.

A palavra estava com Lauren enquanto ela retirava os espinhos de alguns peixes. Ao mesmo tempo em que eu a ajudava, eu analisava por cima do ombro Keana e Harry do outro lado da cozinha.

De acordo com Chris eles estavam ali desde o dia que saímos para o condomínio. Saímos no final da manhã e eles chegaram no meio da tarde cobertos por barro, machucados e arranhões abertos, famintos e tremendo de frio. Eles eram amigos e fizeram parte de um pequeno grupo que residia na cidade. Seu grupo fora atacado por uma horda de zumbis e eles escaparam por pouco.

Harry não hesitou em entregar as armas que ambos tinham. Um facão, que era dele, e um canivete antigo que era de Keana. Chris disse que era uma ação apenas para que o restante de nós sentíssemos seguros com a presença de ambos.

Ambos concordaram com sorrisos amistosos. Se era isso que queríamos em troca de comida, abrigo e roupas... eles não hesitariam mesmo.

E por mais que Keana – que falava pouco, mas falava – estivesse ganhando a simpatia de Taylor e Dinah aos poucos... a minha ela estava longe de conquistar.

Talvez fosse o fato que eu e o grupo de Chris estivéssemos um tempo relativamente grande juntos e que pessoas novas trouxessem desconforto. Talvez fosse isso...

Ou talvez fosse os olhares lascivos que ela constantemente lançava para Lauren.

Poderia ser coisa da minha cabeça? Provavelmente. Não tive mais que poucas horas para estudá-la de longe, mas algo instintivo dentro de mim gritava isso. Christopher e Taylor, e até o restante do pessoal, provavelmente havia comentado sobre quem eu e Lauren éramos. Então ela meio que tinha vantagem e por isso a analisava tanto, com curiosidade.

- Acalme-se, garota! – Dinah sussurrou em meu ouvido esquerdo enquanto eu tirava, com uma força talvez excessiva, alguns espinhos de dentro de um peixe. – Vai acabar se espetando!

- Eu vou é espetar outra pessoa. – rosno baixo para que apenas eu soubesse, mas infelizmente Dinah Jane escutou.

- Quem?! – ela ergueu uma sobrancelha e se sentou em um banco ao meu lado.

Eu estava em pé diante do balcão da cozinha enquanto Lauren agora estava ajudando Keana e Taylor a acender o nosso fogão. Chris e Harry estavam do lado de fora conversando do que me parecia ser Super Bowl – antes talvez de todos os times se tornarem zumbis, mas relevei o comentário. Normani estava com as crianças na varanda e Ally e Troy arrumavam mais coisas para o almoço. Austin estava de vigia sentado em um banco no jardim.

- Ninguém! – bufo entredentes.

- Sabe uma coisa que eu percebi? – Dinah cantarolou limpando a garganta para começar um discurso e eu já fecho os olhos sabendo que coisa boa não viria. – Você e Lauren não olharam uma para outra depois daquele pequeno desentendimento no jardim. Sim, eu percebi por mais que estivesse longe! Então são... hãm... – ela pega meu pulso à força para olhar o relógio e eu lanço um olhar mortal para a loira. – São duas horas da tarde. Matematicamente falando são três horas de total tensão entre vocês duas. Nunca ficaram tanto tempo sem conversar desde a primeira semana que estávamos aqui. Dá pra me explicar o que aconteceu? Porque, se eu interpretar pelo jeito que contaram, Lauren salvou sua vida e você deveria estar feliz por isso, e não com uma cara de quem deu a amiguinha aí de baixo e não gostou.

Largo a faca em cima do balcão com uma calma excessiva que só poderia sinalizar que eu estava realmente nervosa. Apoio-me na pedra e encaro friamente Dinah Jane.

- Estou esperando... – ela cantarolou sem dar bola para minha expressão fechada.

Inspiro fundo e mando um "foda-se" para tudo.

- Eu gostei... – sussurro pegando a faca novamente.

- Como é que é? – Dinah estica então o pescoço para tentar olhar nos meus olhos. – Eu não escutei... sério. Repete.

- Eu gostei! – repito, dessa vez virando o rosto para ela.

- Eu estava zoando contigo, garota. Eu escutei sim pela primeira vez, só precisava ter certeza que não estava escutando vozes do além. – sua expressão estava petrificada. E então ela arregalou os olhos ao perceber que eu não estava mentindo. – VOCÊS TRANS...

Não espero o grito cruzar sua garganta e tampo sua boca com minha mão cheirando a peixe. Ela rapidamente a tirou com um tapa rápido e uma careta de nojo.

- Tira essa porcaria fedida da minha boca! – Dinah rosnou, mas voltou a me encarar e apontou um dedo na minha cara. – Você transou com a Lauren? – sussurrou baixo.

Eu abro a boca para responder, mas penso melhor e apenas sinalizo positivamente com a cabeça.

- Eu aqui achando que tinha virado comida de zumbi e você levando linguada da Lauren! Sua vagaba!

- Fala baixo!

Olho por cima do ombro e vejo que Lauren ainda continuava a conversar com Keana. Elas, visivelmente, gostaram uma da outra. A francesa tinha uma personalidade parecida com a da mulher de olhos verdes e elas estavam se conectado muito rápido para o meu gosto.

- Prometemos não contar a ninguém, ok? – eu me viro novamente para a loira alta. – Vamos embora amanhã. Não há necessidade de ninguém saber!

- Eu sempre desconfiei que você jogava para o outro time, mas nunca soube realmente. Pelo visto a sementinha da dúvida que plantei na cabeça da Lauren ajudou. – Dinah se exibe um pouquinho, jogando as mechas do cabelo louro para trás.

- Você o quê? – semicerro os olhos para ela.

- Digamos que nas horas vagas trabalho como cupido. – Dinah provocou, dando uma risadinha. – Vai, me diz, foi bom?

- Eu não vou ter esse tipo de conversa com você! – balbucio, voltando a agora cortar o peixe.

- Ah, qual é?! – ela bufa, esticando o pescoço e encarando o teto por alguns segundos. – Quero saber como é um sexo lésbico!

- Por quê? Quer colocar em prática depois? – dessa vez sou eu quem revida na mesma moeda.

Dinah ruboriza no mesmo instante e abriu a boca, pasma. Eu ergo uma sobrancelha com uma expressão de "Ora, ora, o que temos por aqui?!".

- N-não! – ela gagueja, fazendo uma carranca logo em seguida.

- Huuum... Quem sabe com Normani, huh? Dizem que o ódio é vizinho de porta do amor, sabia?

Eu tinha noção que estava pegando pesado, mas fora ela quem começou com a brincadeirinha sem graça. Logo a carranca de Dinah se tornou uma expressão raivosa.

- Não venha virar o assunto da conversa para mim, ok?! – sua voz estava firme e sem nenhum tom de brincadeira. – Falando sério agora, é melhor você não abrir as pernas de novo para a Jauregui mais velha. E nem que o Austin fique sabendo disso. Vamos embora amanhã e não quero brigas no grupo.

Minha boca entreabriu, surpresa. O homem que se denominava policial não tinha nada a ver com a minha vida sexual. Eu transava com quem eu bem entendesse. Mas vejo a expressão da minha melhor amiga, eu entendia também o que ela quis dizer. Ultimamente Austin se encontrava instável demais e era extremamente perigoso fazê-lo explodir. Poderá, até, sobrar para a Lauren.

- DJ... – eu sussurro seu apelido ao ver que a loira havia ficado irritada. Dinah se levantou arrastando o banco para trás. – Eu não quis te deixar com raiva, ok?

- Tudo bem, eu comecei com o assunto... – ela suspirou. – Mas falei sério! Não deixe Austin ficar sabendo, porque isso agora é um caminho sem volta.

- O que você quer dizer com isso? – pergunto a ela, erguendo uma sobrancelha.

Dinah suavizou sua expressão ao ver a inocência na minha fala. A minha amiga loira colocou as mãos dentro dos bolsos traseiros da calça jeans, mais calma agora.

- Vocês se entregaram uma para a outra, Camila. – Dinah murmurou e ladeou a cabeça, com uma expressão de ternura no rosto. Quase com pena de mim. – Mesmo que tenha sido uma transa, mesmo que tenha sido hipoteticamente apenas carnal. Vocês ainda assim se entregaram uma para outra. Se isso não tivesse acontecido iríamos embora e em pouco tempo vocês se esqueceriam da existência uma da outra. Mas agora? Depois de vocês, querendo ou não, terem se entregado... Mesmo com o fato de estarmos indo embora amanhã... isso muda bastante coisa. Vocês vão lembrar uma da outra agora, oh, com certeza vão.

- Mas... mas não teve nenhum sentimentalismo... – eu tento retrucar, mas Dinah retirou uma mão do bolso e sinalizou com ela para que eu parasse de falar.

Aquilo era uma mentira tão absurda que nem mesmo eu acreditava mais. Muito menos Dinah Jane.

- Camila, não tente mentir! – a loira alta ordenou e franziu o cenho completamente séria. – Eu te conheço há mais de um ano. É praticamente minha irmã há mais de um ano! Conheci as mais diversas versões de suas emoções. Você é sentimental até a ponta do último fio de cabelo. – ela diz e coloca a mão em meu ombro, amigavelmente. – Só tenha cuidado com esses tipos de sentimentos, ok? Eles vêm do nada. É como... se você fosse uma poça de gasolina e basta uma pessoa vir com um fósforo. Acontece rapidamente e acontece intensamente. Esse mundo... – ela usa a mão livre para apontar ao redor. – Esse mundo faz emoções estranhas aflorarem. Só tome cuidado para não ser pega por elas.

Ao terminar Dinah caminhou para fora da cozinha até a varanda da casa de campo. Me mantive em silêncio e petrificada no mesmo lugar. Um aperto em meu peito sinalizava que por mais que não quisesse as palavras de Dinah tinham certo peso de verdade.

Eu sequer tinha parado para pensar naquilo até que minha amiga deixou claro para mim.

- ANDARILHOS! – ouço então o grito de Austin do lado de fora.

Meu coração apertou e eu parei de fazer tudo no mesmo instante. Os segundos que demoraram até que meu cérebro interpretasse o grito e respondesse com estímulos motores pareceram uma eternidade. Mesmo assim, em menos de dez segundos, eu já corria para fora da casa de campo sendo acompanhada por uma Lauren que segurava sua Beretta em mãos.

Quatro zumbis restantes cercavam o jardim. Dinah já tomava conta de uma andarilha baixinha e ruiva que usava um vestido branco rasgado e manchado. Christopher já tinha sua faca dentro do crânio de um zumbi alto e magrelo, que pingava gosma negra da boca rasgada. Austin retirava a lâmina de uma tesoura de jardinagem de dentro da cavidade ocular de uma andarilha idosa e caquética.

Corro então em direção de um zumbi mediano sem dois braços e coxo. Aproveitando a falta dos membros eu simplesmente agarro um tufo branco de cabelo no alto de sua cabeça e enfio minha faca na lateral de seu crânio com a gosma escorrendo entre meus dedos.

Christopher aproveitou para eliminar mais um zumbi lento que vinha em minha direção.

Viro-me buscando ajudar Lauren e cena que vejo faz meu coração parar de bater por alguns segundos.

A jovem, no gramado fofo, estava concentrada demais arrebentando a cabeça de uma andarilha loira com o cano de sua Beretta. Ela não escutava os grunhidos e passos de um andarilho vindo por trás, que tinha sua mandíbula batendo de ansiedade por uma mordida.

Não daria tempo de eu chegar até ela e minha pistola havia ficado em cima do balcão.

- LAUREN! – eu grito por ela colocando as mãos na frente da boca por causa do espanto.

A jovem levantou o olhar para mim e franziu o cenho, provavelmente confusa: 1) Por eu estar falando com ela. 2) Por eu ter gritado tão desesperada.

E então como se uma lâmpada acendesse em sua mente ela virou-se para trás a tempo de sentir as mãos esqueléticas da andarilha agarrarem sua jaqueta pelos ombros e ter a visão demoníaca do fundo da garganta escancarada da mesma.

Fecho os olhos e então só escuto o barulho aquoso de um coco sendo rachado ao meio.

- Oh meu Deus! – ouço a voz de Lauren, completamente atordoada.

Abro os olhos rapidamente e vejo um facão preso na metade do crânio da zumbi que agora caía lentamente ao chão.

Keana a salvara.

Lauren estava com os olhos arregalados e ainda de joelhos, provavelmente petrificada por ter estado tão perto da morte. Keana estava ofegante, mas tinha um sorriso aberto nos lábios. Andou até o corpo da andarilha e retirou seu facão de dentro da cabeça dela.

A jovem ofereceu então a mão para a de olhos verdes e Lauren a estudou por alguns segundos hesitando em aceitar a ajuda.

Ela não vai aceitar, pensei. É orgulhosa demais.

Mas mais uma vez eu estava errada.

Lauren abriu também um sorriso e aceitou a mão, entrelaçando seus dedos aos de Keana e levantando-se com ajuda da mulher.

- Obrigada! Se você não tivesse aparecido... – Lauren suspirou quando já estava de pé, passando as mãos pelas madeixas negras nervosamente. – Eu provavelmente estaria morta agora.

- De nada! Estamos aqui uma pelo outra. – Keana respondeu e ladeou a cabeça enquanto encarava, de um jeito exageradamente excessivo, o rosto de Lauren.

- Obrigada por salvar minha irmã. – Christopher apareceu balançando os braços para retirar os resquícios de sangue negro.

O rapaz ofereceu a mão em sinal de cumprimento e Keana rapidamente aceitou, apertando-a.

- Estamos aqui para ajudar. – Harry caminhou até perto da amiga e colocou a mão no ombro de Keana, gentilmente. – Somos nós que temos que agradecer a hospitalidade. Mas, sem querer ofender... não acham que aqui, por ser um lugar tão aberto, não se torna perigoso?

Dinah, sorrateiramente, caminhou até o meu lado. Eu sabia que a loira alta me lançava olhares sugestivos por eu estar encarando aquela cena de longe como uma boa "maníaca" faria.

- Não era... – Lauren respondeu agachando-se para pegar sua arma que estava no meio de tecidos podres de meninges da zumbi imóvel no chão. – Mas ultimamente eles estão aparecendo com muita frequência.

- Provavelmente os mortos estão sem comida na cidade. – Keana falou com um muxoxo.

- Por isso vamos embora amanhã. – Dinah interrompeu a conversa entre os quatro.

Eles, ao escutarem a voz da loira, viraram-se para nós.

- Vão todos para o mesmo destino? – Harry perguntou, franzindo o cenho.

- Não. Nós vamos para a Georgia. – eu e Lauren falamos exatamente ao mesmo tempo.

E então ao ouvir aquilo saindo por seus lábios carnudos eu petrifiquei. Lauren me encarou como se eu tivesse falado a maior blasfêmia do século.

- O quê? – novamente falamos ao mesmo tempo, aterrorizadas.

Seus olhos verdes estavam arregalados e eu engolia seco, tentando me acalmar. Só poderia ser brincadeira.

Ela deve ter escutado eu comentar com Dinah o nosso destino e agora estava zoando com a minha cara.

É possível a Lauren ficar mais branca que já é? Porque ela estava.

- Vão para o CDC também? – Christopher perguntou surpreso.

- Sim. – Dinah respondeu ao meu lado, também atordoada, mas menos expressiva que eu.

- Isso é ótimo! – o rapaz comemorou abrindo um sorriso completamente animado e sincero. – Vamos todos para o mesmo lugar então!

- Ótimo?! – Lauren finalmente saiu do transe que estava. Ela piscava rapidamente para recobrar a completa consciência. – Como isso pode ser ótimo?! – seu tom estava desesperado.

- Porque já nos conhecemos há um bom tempo...? – Christopher ergueu uma sobrancelha, provavelmente curioso por saber o porquê da reação tão defensiva da irmã. – E somos amigos...?!

- NÃO SOMOS AMIGOS! – Austin ralhou do outro lado do jardim.

Até aquele momento eu me encontrava em um estado meio letárgico. Mas, ao ouvir o tom enraivecido do policial percebi que alguma coisa estava errada e eu finalmente consegui sair parcialmente do meu transe.

Austin deu passos rápidos pela grama fofa, já com a mão no coldre fixo em seu cinto. Os dedos apertavam a pistola ali pousada.

- Vocês vão é nos seguir! Eu sabia! – ele rosnou parando centímetros longe de Christopher que se mantinha impassível como na maioria das vezes. Austin olha então para mim e aponta um dedo na minha direção. – Você contou para eles, não foi?! Já deveria saber que você cairia nos braços da comodidade! Tudo bem que tínhamos duas pirralhas e uma maldita enfermeira doente...

- VAI A MERDA, AUSTIN! – Dinah gritou antes mesmo que eu pudesse processar aquilo.

Ele chamou minha irmã de pirralha? Ally de maldita?

Dinah cruzou todo o jardim até estar perto suficiente do policial e lhe empurrar fortemente pelos ombros, fazendo-o cambalear para trás.

- Você não tem o direito de falar assim das garotas e da Ally, seu desgraçado!

Dinah já estava pronta para desferir um murro na cara de Austin quando Lauren rapidamente apartou a briga, empurrando a loira alta, gentilmente, para trás. Enquanto isso Harry estava na frente de Austin servido de barreira caso o homem ousasse em ir em direção de Dinah.

- Eu salvei sua vida um milhão de vezes, sua ingrata, e é assim que você me agradece?! – Austin bradou atrás de Harry.

- Salvou minha vida?! – Dinah ralhou de volta. – Você só sabe dar crises de infantilidade. Eu salvei sua vida várias vezes! Aliás, salvei sua vida, porque você só sabia querer conquistar a Camila!

- CALEM A BOCA! – eu grito com todas as forças do meu pulmão.

Com os olhos apertados e os punhos fechados, eu estava cabisbaixa e ofegante. O silêncio se apoderou do lugar e apenas os barulhos da natureza e das respirações descompassadas eram ouvidos. Eu tentava, realmente tentava, controlar minha raiva naquele momento, por isso me mantive daquele jeito por mais alguns segundos repetindo mentalmente a ordem de não cruzar aquele jardim e esmurrar Austin até que ele ficasse inconsciente.

Elevo a cabeça e abro os olhos encontrando todos me encarando. Dinah já havia se livrado dos braços de Lauren e a dona dos olhos verdes me estudava com uma expressão que eu não sabia decifrar.

Pena? Compaixão? Compreensão?

Inspiro fundo e mudo meu foco de visão para Austin que me lançava um olhar mortal. Não estava nem um pouco satisfeito com o que acontecia.

Ele já havia saído de perto de Harry, mas continuava a uma distância segura, sem se aproximar de mim.

Esperto.

- Eu só tenho uma coisa para te dizer, Austin. – falo com uma voz tão firme e normal que eu até me surpreendi. – Você. Não. É. O. Líder. – pronunciei palavra por palavra e ponto um dedo em sua direção. – Você não toma as decisões aqui! Nosso grupo é uma democracia! Fazemos o que é melhor para a maioria! Então... se você está se sentindo incomodado vá embora. Eu sou eternamente grata pelo que fez por minha irmã, quer dizer, na sua visão, uma pirralha, mas ainda assim minha irmã. Então se você acha que não há mais espaço para você nesse grupo, vá. Eu sei, ou melhor tenho certeza, que vai sobreviver lá fora, porque eu conheço você e sei que não é assim. Eu sei que é melhor do que isso. Mas se você acha que pode voltar a ser quem era antes, então fique. Eu preciso do meu amigo de volta.

Os punhos do policial lentamente foram se abrindo. Sua expressão era uma mistura de surpresa, raiva e incredibilidade. Os olhos claros me encaravam e buscavam algum indício que o que eu havia dito fosse uma brincadeira.

Mas não era.

Então sua expressão mudou para uma culpada, seus ombros caíram e ele suspirou tremendamente exausto. Passou as mãos pelos cabelos castanhos, tentando se acalmar.

- Lauren, vamos entrar... – Christopher murmurou colocando uma mão no ombro da irmã.

O Jauregui havia percebido que aquele seria um momento mais particular do meu grupo. Não era da conta dele o que iríamos conversar agora, então ele fez o melhor que pôde: tentou conduzir sua irmã que alternava o olhar entre Austin e eu.

Lauren esperava por alguma coisa ou analisava arduamente alguma coisa.

O irmão forçou o ombro da irmã mais velha para trás, fazendo-a cambalear contra vontade em direção da varanda. Lauren ainda me encarava com uma sobrancelha erguida. Como se ela me questionasse silenciosamente o que tudo aquilo significava.

Por fim quando eu abaixei a cabeça, sem coragem suficiente para lidar com nossos problemas e um possível ciúmes naquele momento, ela desistiu. Virou-se de costas e subiu os degraus da varanda.

Keana, me olhando meio desconfiada, também seguiu a de olhos verdes. Harry foi logo atrás, com uma carranca enorme para o policial, provavelmente temendo ele ousasse fazer alguma merda.

- Me desculpe... – Austin sussurrou coçando o alto da cabeça. – Eu não queria ter dito aquelas coisas...

O policial mal esperou o restante do pessoal entrar levando para dentro da casa a Ally, Normani e Taylor, as quais analisavam tudo da porta com as crianças. Austin, arrependido, deu um passo à frente tentando se aproximar de nós duas. Uma aversão começava a crescer no meu interior, uma vez que xingar a minha irmã era inaceitável. Pouco me importava se a masculinidade frágil dele estava sendo atacada... ele não descontaria em Sofia.

Dinah, com os braços cruzados na frente do corpo e uma expressão furiosa, ainda estava do meu lado, provavelmente me protegendo. Eu confiava minha vida a ela e tinha plena noção de que ela não deixaria Austin fazer nada estúpido. Sua insegurança em relação ao homem também aumentava cada vez mais.

- É sério! – ele continuou olhando agora para a loira alta. – Me desculpe, DJ! Eu honestamente não sei o que está acontecendo comigo! Nem eu me reconheço mais! Eu sei que deveria estar acostumado com pressão, porque sou praticamente um policial! Mas... eu não consigo controlar às vezes. Não ter o controle está me matando! Eu sempre fui dono da minha vida, sempre ditei as regras e não o contrário! Isso sempre me levou aos locais certos, eu tenho sorte! E meus instintos não param de gritar que estamos tomando uma decisão errada!

Os olhos de Austin imploravam compreensão, buscando que apoiássemos seus argumentos. Ele tentou dar outro passo em direção da jovem, mas Dinah sinalizou com a mão para que ele parasse. Ela balançou então a cabeça negativamente, deixando claro que não importaria o que dissesse... ela não iria perdoá-lo pelos adjetivos utilizados em seu acesso de raiva.

- Você é um idiota! Se não sabe conversar como um adulto, o problema não é meu! Nossas decisões estão tomadas! – Dinah disse com uma calma surpreendente, mas sua expressão estava fechada. – Se você outra vez falar mal das crianças, da Allyson, ou de qualquer outra pessoa que nos faz bem... não iremos mais convidá-lo a se retirar. Você simplesmente irá!

Analisando Austin abaixar a cabeça, rendido, a loira alta virou o rosto para mim e me lançou um olhar de "É por sua conta!" antes de ir em direção da varanda. Subiu os degraus e sumiu no interior da casa de campo, sendo amparada pelas outras pessoas que lá estavam.

Ela havia dito exatamente tudo o que eu sentia.

Volto a olhar para Austin que estava com uma expressão arrependida no rosto. As sobrancelhas grossas unidas, expressivas.

- Camila... – ele tentou, já usando um tom de lamentação.

- Você vai aceitar ou não? – eu sou direta, fechando novamente os punhos.

A raiva ainda ardia e eu não sucumbiria aos seus olhos pidões. Minha mãe havia me criado melhor do que uma versão que abaixaria a cabeça para um homem nervosinho.

- Então você vai para o CDC com eles? – Austin franziu o cenho ao perceber minha atitude.

Ele passou as mãos pelos cabelos e mudou o peso do corpo para a outra perna, apoiando as mãos na cintura.

- Pare de ser ciumento! – falo entredentes, controlando-me para não gritar. – Isso é ridículo! Sabe... – sou eu agora quem coloca as mãos na cintura, completamente indignada. – Não sei quantas vezes, apenas hoje, já me questionei a razão das pessoas complicam tanto as coisas. Estamos em um maldito apocalipse! As coisas já são naturalmente mais complicadas e remexer em sentimentos e idealizações de relacionamentos aparenta ser impossível. E não, eu não sei se vamos todos juntos para o CDC, mas provavelmente sim! Sabe por quê?! Porque pessoas importam, Austin! Talvez... talvez seja tão difícil em cogitar a ideia de criar uma relação com alguém exatamente por esse motivo! Porque no final pode ser o diferencial! Pessoas, no final de tudo, ainda podem ser a resposta! Elas significam mais proteção! Mais meios de conseguir comida! Não acha que teríamos morrido de fome ou morrido por causa das malditas hordas se não estivéssemos junto a eles em um maior número?!

- Mas... – Austin começou a retrucar.

- Nós teríamos morrido dentro daquele supermercado, para começo de conversa!

- Aquilo tudo só começou porque eles gritaram! – Austin replicou, abrindo os braços indignado.

- Ah, sério? – eu pergunto, sarcástica. – Então me explique como voltaríamos para o apartamento se toda a rua estava bloqueada? Como arrebentaríamos a cerca a tempo de não sermos mordidos? Como entraríamos no apartamento sem ajuda para vigiar o bloco e o beco? Na melhor das hipóteses estaríamos presos dentro daquele apartamento até morrermos de fome!

Austin inspirou fundo para tentar se acalmar e coçou a barba em seu queixo. O homem vestia uma blusa preta e jeans apertados, marcando seus músculos.

- Eles são a nossa melhor opção! – completo convicta.

Deixei o homem encarando o nada e caminho de volta em direção da casa. Passo pela varanda e adentro pela porta da cozinha. Christopher e Lauren estavam escorados à geladeira, esperando por algo. Pelos barulhos de conversas o restante do pessoal estava na sala de estar.

Pelo visto os dois se mantiveram ali por medo de Austin fazer alguma coisa.

- Me desculpe por isso, Chris... – sussurro, acariciando minhas têmporas doloridas por causa da dor de cabeça forte que começou a me atormentar.

- Tudo bem. – o rapaz dá então um meio sorriso. Ele coloca-se ereto e seu sorriso abre ainda mais. – Então vocês virão conosco?

Sutilmente meu olhar correu para Lauren, que ainda continuava a me encarar esperando a resposta. Minha cabeça rodava por causa de tudo o que havia acontecido apenas naquele dia, sem contar com os ocorridos anteriores. Eu precisava pensar sozinha. E eu simplesmente odiava quando a jovem ficava com a expressão neutra, com as íris verdes intensas me estudando. Ela poderia estar me odiando ou implorando por ajuda que eu não saberia.

- Eu... hãm... – balbucio, voltando a olhar para Chris. – Tenho que conversar com Dinah e Ally primeiro.

- Claro, tome o tempo que precisar. – Christopher fez um movimento positivo com a cabeça.

- Até o jantar já terei a decisão. – digo.

Ele ergueu o braço e nós apertamos nossas mãos, selando a decisão. Christopher então dá as costas e caminha até a sala de estar.

* Music On * (Without Fear – Dermot Kennedy)

Eu e Lauren ficamos sozinhas na cozinha, em um silêncio muito constrangedor. Ela continuava com os braços cruzados na frente do corpo e escorada à geladeira, me olhando sem nenhuma sutileza. Provavelmente pensava o mesmo que eu: que estávamos em uma situação muito mais complicada agora, uma vez que havíamos feito o que havíamos feito no condomínio exatamente pelo motivo de que pensávamos em nunca mais nos ver.

- Você está bem?

Uma bola de choro queria se formar na minha garganta. Não, eu não estava bem. Estava tudo muito confuso para mim, principalmente a mistura de alívio e revolta pela informação recente de que ela não sairia da minha vida. E, o pior: o alívio ganhava por muito.

Decidindo omitir, apenas afirmo que sim com a cabeça e elevo o olhar, achando suas esmeraldas verdes.

- Então... você e o policial, huh? – Lauren torceu o canto esquerdo dos lábios. – Eu bem que já desconfiava.

Eu suspiro, fechando os olhos por alguns segundos. Viro-me de costas para ela e começo simplesmente encarar o porcelanato da pia.

- Lauren... – eu falo, séria. – Eu e o Austin nunca tivemos nada!

- Mas ele quer ter. – seu tom saiu acusatório e eu agradeci por ela não conseguir ver minha expressão ansiosa.

- Eu não me importo se ele criou sentimentos no momento errado. – eu retruco, dando de ombros. – Não tenho tempo para romances agora!

- E isso vale para nós duas, pelo visto. Vale para o que aconteceu entre nós.

Eu engulo seco sem saber o que falar. Meu corpo havia travado com aquela fala repentina.

Viro-me devagar para a jovem e vejo que encarava o teto, como se estivesse perdida em pensamentos.

Eu queria falar algo.

Eu queria dizer que com ela as coisas eram diferentes.

Eram? E se sim, por quê?

- É, talvez eu esteja errada. – sua expressão era quase uma chorosa. – Talvez a certa na história é você e eu fui uma idiota por ter pensado que talvez... apenas talvez... você também me queria em seus braços da mesma forma que te quis.

- Lauren... – eu chamo por seu nome, mas ela simplesmente balançou a cabeça colocando-se ereta e direcionando seu olhar para mim.

- Não, Camila, não faça isso! Não tente mentir ou se justificar. O erro foi meu! Eu não deveria ter lhe tocado e nem lhe induzido àquilo, porque por causa de tudo o que aconteceu nós arruinamos qualquer chance de nos tornamos amigas. E agora vamos para o mesmo lugar com o mesmo grupo! Eu não quero um romance, eu sequer acredito em amor! Mas eu quero uma pessoa com quem contar! E eu não posso fazer isso com você... porque eu não sei o que aconteceu entre a gente. Foi... – ela hesitou, tentando organizar seus pensamentos. – Foi algo... diferente. Principalmente na segunda noite... Aquilo não foi apenas sexo, por mais que você e eu tenhamos repetido isso milhares de vezes! E eu não consigo processar mais coisas diferentes agora. Já estamos em um Apocalipse, pelo amor de Deus! Eu não tenho tempo para tentar entender minhas emoções, por isso pensei que poderíamos fazer tudo aquilo ser só carnal. Mas nós só pioramos tudo! Então eu vou fazer um favor para nós duas... – Lauren diz e inspira profundamente, procurando talvez coragem. – Eu vou te ignorar. Eu não vou conversar com você. Porque do mesmo jeito que você não quer um romance... Eu não quero lidar com as minhas emoções!

Aquilo fez um desespero inédito nascer dentro de mim. Meu coração dava solavancos a cada palavra dita por seus lábios e o bolo de choro em minha garganta triplicou de tamanho. Não, por favor, não.

- Espera... espera.. – eu praticamente implorei, assustada com suas palavras. – Lauren! Você não tem que fazer isso! Nós somos adultas!

A mulher franziu o cenho. Era possível ver a indignação em seu olhar, tais como os sinais de lágrimas se acumulando.

- Adultas?! – ela umidificou os lábios, pressionando-os. – Sério?! Você apenas conversa comigo quando estamos sozinhas! Não sei se isso é algum tipo de insegurança sobre quem você é ou sobre a sua orientação sexual ou sabe-se lá o quê... mas estou cansada! Eu estou cansada de ir e voltar em suas emoções! Eu já tenho as minhas para lidar!

- Não tem nada a ver com minha orientação sexual! – eu balanço a cabeça freneticamente, quase ofendida. – Foda-se o que as pessoas acham! Se eu quiser namorar uma mulher... eu irei!

- Então é pior! É hipocrisia! – Lauren abriu os braços, mas manteve o tom de voz baixo visto que estávamos dentro da casa. – Porque eu ouvi o que você disse lá fora para o desgraçado! Você disse que "pessoas importam" e cá está me bloqueando, me distanciando! O que?! Não sou boa o suficiente para você?! Eu apenas sirvo para proteger quem você ama, como uma boa guarda-costas?! Eu apenas sirvo como um corpo quente para você foder por algumas noites e depois tudo voltar ao "normal"? É assim que você me enxerga?! – a mágoa estava presente em seus olhos. – Pois eu não sou assim! E eu não quero estar perto de uma pessoa que está confusa sobre isso! Então não, não facilitarei para você tomar a decisão de me querer por perto. Você está esperando eu fazer alguma merda, tomar alguma decisão errada para usar como argumento. Mas eu não farei isso! Logo, vou me distanciar, vou fingir que você não existe por motivos óbvios: porque não temos a eternidade. E podemos estar mortas quando pararmos de girar ao redor do seu umbigo.

O murro imaginário no meu estômago veio com tanta força que eu jurava querer vomitar outra vez.

- P-por que você está sendo tão cruel?! – gaguejei, com os olhos arregalados.

Lauren ladeou a cabeça com um semblante triste.

- Não, Camila... eu não estou sendo cruel. – ela disse, com um suspiro cansado. – Eu apenas estou jogando a verdade na sua cara, coisa que está evitando ver. Apenas... – Lauren então balançou a cabeça e mais uma vez olhou para o teto, buscando controlar as próprias lágrimas. – Apenas não tome sua decisão tarde demais. Eu não sou um objeto para ser esquecido dentro de uma gaveta e relembrado tempos depois.

As palavras morreram na minha garganta e isso deu tempo suficiente para que Lauren pudesse sair da cozinha. Continuei encarando o porcelanato da pia, buscando tentar compreender o porquê de eu me sentir tão mal com aquilo tudo. O porquê de sentir um aperto tão grande no peito. O porquê de apenas querer que o tempo voltasse e que eu pudesse estar na casa do condomínio de novo... com ela.

Eu gostava da companhia de Lauren e não queria que ela me ignorasse. Eu a queria perto.

"Esse mundo faz emoções estranhas aflorarem. Só tome cuidado para não ser pega por elas."

Não. Eu não poderia estar sendo pega por esse tipo de sentimento. É praticamente impossível, certo?

O medo deveria limitar qualquer chance de ter qualquer outro sentimento!

Por que eu estava necessitando tanto desse sentimento então?

Longos minutos se passaram enquanto permaneci naquela cozinha, lacônica como os monstros que combatia. Nenhuma lágrima se derramou, mas meu coração parecia trincado e dolorido com todas as palavras que Lauren havia utilizado. Eu me sentia mal porque, aos poucos, tinha plena noção da babaquice que vinha fazendo.

Realmente eu era uma hipócrita. Cobrava de pessoas atitudes que eu mesma não fazia.

E para tal, eu precisava de tempo. Eu precisava de tranquilidade e segurança para colocar meus pensamentos em ordem e só conseguiria fazer isso quando estivéssemos no CDC.

***

Caminhei para fora da casa em uma tentativa inútil de clarear meus pensamentos. Talvez ar fresco e um pouco de silêncio ajudasse.

Ando pela varanda e vejo que Austin já não se encontrava mais ali.

Na verdade, era Allyson quem estava sentada em uma rede na lateral esquerda da varanda. A loirinha ninava uma Claire adormecida nos braços.

Sento-me em um banco de madeira perto das duas e me permito sentir um pouco do cheiro da relva bailando ali. A chuva havia trazido o vento frio de novo.

- Pelo visto ela gostou dos teus braços. – comento, olhando a criança linda dormindo como um bebê coala contra Ally.

- Essa é a beleza de crianças. Elas não são desconfiadas e demoram ser influenciadas por esse mundo. Percebem a bondade nas pessoas de longe e não hesitam em usufruir disso. – Ally diz, acariciando a testa de Claire.

Dou um sorriso fraco ao perceber o quanto a criança era parecida com a enfermeira. Poderia facilmente dizer que Allyson era a mãe de Claire. O rosto, o cabelo loiro, o nariz delicado, olhar expressivo.

- Eu sei que você tem que tomar uma decisão. – Ally murmurou minutos depois.

Desvio meu olhar da criança para seu rosto.

- Que decisão?

- Se vamos ou não com eles para o CDC. – responde sem ao menos perceber que continuara a brincar com as pequenas madeixas da loirinha.

- Eu não tenho que tomar decisão alguma. Não me nomeei líder, Allyson. – retruco séria.

- Você de não ter se nomeado líder, Camila, mas eu e Dinah, principalmente ela, confiamos em seus instintos. – um sorriso cheio de ternura estava em seu rosto. – Para onde você for... nós vamos.

- Eu concordo com cada palavra dessa piloto de Hot Wheels. – a voz de Dinah se fez presente. Olho para o lado e vejo a loira alta escorada a uma das pilastras da varanda. Ela sorria abertamente por mais irritada que ainda estivesse com Austin. – E nem vem achar que é porque gosto de você. Apenas te aturo porque minha irmã e Sofia são muito grudadas, por isso vou continuar nesse grupo. – ela fingiu descaso revirando os olhos em uma encenação de quinta categoria.

Eu dou uma risada pelas bobagens da minha amiga.

Amizades com certeza são as melhores coisas que você pode cultivar na sua vida. Amigos é a família que você pode escolher. Família essa que você defende com unhas e dentes e que até daria a vida por ela.

Deus havia sido muito generoso por colocar aquelas duas na minha vida após tudo o que aconteceu.

- Então nós vamos... – Ally completou tentando se assentar na rede mesmo com uma Claire adormecida nos braços. – Quanto mais pessoas... melhor.

Eu afirmei com a cabeça totalmente convicta dessa vez.

Tínhamos um longo caminho a percorrer.

***

Apenas as penumbras da lareira e do fogão clareavam a sala de estar. Austin, Dinah, Christopher e Lauren e eu estávamos reunidos próximos à mesa de vidro enquanto os outros estavam apenas por perto ouvindo toda a conversa. Troy, Harry e Normani cuidavam do nosso jantar enquanto Keana e Taylor observavam através das janelas as redondezas da casa de campo.

- Deve ser uma viagem de nove horas até o Centro de Controle e Prevenção de Doenças na Georgia. – Christopher falou, apontando para um ponto no centro do mapa dos estados próximos.

- Isso falando das rodovias principais. – Austin lembrou murmurando baixinho. – Elas podem estar bloqueadas...

O policial havia ficado afastado durante todo o restante do dia e no início da noite voltou para a casa de campo. Afastados dos restantes, ele e Dinah tiveram uma conversa e aparentemente ele a loira se entenderam. Ele também, magicamente, retirou a carranca do rosto e não tocou mais no fato de estar desconfortável com tudo.

Ele parecia ter entendido finalmente que estaríamos todos juntos nessa até o CDC.

- Verdade! – Troy concordou meio de longe enquanto fazia o jantar. Ele ainda tinha gaze ao redor da cabeleira loura. – Todos fugiram ao mesmo tempo das cidades próximas quando os zumbis se alastraram.

- Provavelmente as rodovias principais vão estar todas cheias de carros abandonados e hordas letárgicas. – Lauren completou, passando as mãos por suas madeixas negras. Ela sempre fazia isso quando estava ansiosa com alguma coisa. – Essa viagem vai durar mais que a metade do dia. Precisamos evitar as rodovias, então isso vai durar umas quatorze horas no mínimo.

A jovem de olhos verdes havia de fato cumprido com sua palavra até o momento. Não trocou nenhuma palavra direta comigo, nem sequer me olhou.

E é como dizem: uma das piores dor é a indiferença. Eu também evitava a olhar, porque sempre que o fazia, a dor voltava. Uma dor em meu peito que só podia indicar uma coisa: que eu estava ferrada.

- Se pegarmos as adjacentes vamos gastar um dia inteiro na estrada... – Christopher deslizava o dedo pelas linhas que eram as rodovias. – E eu não quero de modo algum nos submeter a uma viagem noturna.

- Então vamos precisar achar um lugar para parar. – Dinah disse e recebeu olhares de todos nós. – Qualquer lugar. Além disso, para completar, vamos precisar de gasolina. Muita.

- A gente vai conseguir. – por fim digo ao ver que todos ali pareciam preocupados demais com as adversidades. – Vamos fazer turnos de pessoas que vão dirigir. Os carros vão em espécie de caravana, qualquer coisa buzinamos para avisar os de trás ou da frente. Se nos depararmos com carros abandonados podemos tirá-los da pista ou contornar. É uma área com muitas adjacentes, percebam! Há casas abandonadas, se necessário passamos a noite em uma delas.

- Adjacentes significam mais pessoas e mais pessoas significam mais zumbis. – Lauren me retrucou encarando o mapa, eu, ao contrário, olhei para seu perfil sério. – Isso tudo é muito arriscado!

- Arriscado é continuarmos aqui para sempre! – eu replico, com um tom mais ríspido que imaginei. Isso fez Lauren levantar seus olhos verdes para mim, também nervosa. – Se nós sairmos para buscar comida estaremos arriscando nossa vida, se respirarmos estaremos arriscando nossa vida, se vivermos estaremos arriscando nossa vida. Lauren, a todo o momento estamos um passo mais perto da nossa morte! Não adianta! Precisamos arriscar!

Ela travou o maxilar e estralou de lado o pescoço, provavelmente engolindo a resposta que me daria. Lauren faz uma leve careta e então balança a cabeça positivamente, concordando comigo. Eu sabia que estava sendo novamente contraditória em minha fala, mas, naquele exato momento, não estava me referindo a romances e problemas emocionais. Era a mais pura sobrevivência na estrada. Ela matar ou morrer. Ela ser ágil, esperta, estratégica.

Bufo e elevo o olhar, vendo que Christopher e Dinah encaravam curiosos nossa pequena discussão.

Isso me fez pigarrear sem graça.

- Então saímos amanhã quando o Sol estiver prestes a nascer. Precisamos aproveitar cada hora solar que conseguirmos. Se tivermos sorte vamos conseguir chegar lá e a noite estará quase caindo. – Christopher anunciou, pegando o mapa em cima da mesa e o enrolando em mãos. – Comam o que quiserem, tomam banho se quiserem, durmam o que conseguirem. Amanhã vamos para o CDC!

***

Sete horas depois...

Todos tinham seus deveres. Uns buscavam comida e colocavam dentro de mochilas, outros colocavam a água fervida do lago em inúmeras garrafas, tinham aqueles que pegavam as armas e as colocavam todas juntas nos porta-malas.

Dinah, Ally e Taylor ficaram responsáveis por arrumarem as crianças e colocarem nelas roupas confortáveis, pois lá fora o Sol sequer havia nascido, mas, algumas rajadas já bailavam pelo céu.

Eu caminhava pelos corredores pegando peças nos guarda-roupas e as dobrando em algumas malas achadas. Christopher e Troy olhavam para o interior do capô, pela última vez, com suas lanternas iluminando os motores dos carros para partimos.

No Nissan de Christopher ficou o rapaz como motorista no primeiro turno, depois Troy. Ally e Claire ficaram no banco de trás junto com mochilas. No Nissan de Lauren quem iria dirigir seria Dinah com Harry. Normani, Regina e Taylor passageiras. No Honda sobraram Austin e Keana, eu e Sofia. Lauren iria em sua motocicleta.

Todos pegaram suas respectivas mochilas e coisas e saíram pela porta da frente da casa de campo. Vestíamos roupas grossas por causa do vento frio da manhã. Eu estava em meu sobretudo, jeans claros e blusa de gola alta branca.

Passo por Lauren que vestia uma blusa com listras horizontais, jeans escuros rasgados nos joelhos e sua característica jaqueta preta. Um óculos escuro estava no alto de sua cabeça enquanto ela, com os pés, movia a motocicleta desligada para perto da estrada de cascalho, sentando-se no banco macio logo em seguida e esperando pelos outros.

- Vamos precisar colocar as malas no banco de trás junto aos passageiros. – Christopher anunciou quando nos aproximamos dos carros. – Os porta-malas estão cheios de galões com gasolina e de armas.

- No meu está sobrando espaço. – Troy falou abrindo a porta do Nissan. – Pode colocar algumas malas aqui.

- Camila, você já está acostumada a andar de motocicleta com a Lauren. Você se incomodaria em ir com ela para usarmos seu espaço no carro para as malas? – Christopher perguntou, virando-se para mim.

Eu parei de andar no mesmo instante com uma mochila em um ombro e Sofia agarrada à minha perna esquerda. Dinah estava ao meu lado e eu jurei poder ver a loira alta colocar a mão na frente da boca para não rir.

- Eu acho uma boa ideia! – Dinah ainda provocou, mordendo os lábios.

Olho para o lado e vejo Lauren revirando os olhos como se não acreditasse no que estava ouvindo.

- Tem algum problema? – Christopher semicerrou o olhar para a irmã.

- Claro que não... – Lauren rosnou em forma de deboche, girando a chave na ignição da moto e ligando o farol, jogando o clarão bem em nossos rostos. Assim como Chris e Dinah, precisei colocar a mão na frente para me livrar da ardência na retina. – Vamos logo, Camila! Não temos o dia todo!

*Music On (Jungle – X Ambassadors, Jamie N Commons)

Eu engulo todos os xingamentos que me vieram até a garganta e entrego minha mochila para Dinah. Um arrepio frio de incredibilidade percorria minha coluna aquecendo-se por fim em meu peito por entre as chamas da raiva.

Oh, como eu queria quebrar Lauren Jauregui no meio.

Sofia sequer relutou dessa vez e apenas entrou calmamente no Honda, acomodando-se e dando até um tchauzinho lá de trás. Minha irmã agora tinha esse estranha confiança em Lauren depois que ela a salvou no jardim. Já havia pegado as duas de conversinha e risadinha diversas vezes.

- Faça uma boa viagem! – minha amiga ainda provocou, rindo baixinho.

Lanço um olhar mortal para Dinah e esboço um "Você me paga!" com os lábios.

Viro-me e sem olhar no rosto de Lauren caminho até a motocicleta. Passo uma perna pela garupa e me assento atrás de seu corpo. Seu cheiro rapidamente surgiu e eu pude inspirar de olhos fechados enquanto a jovem colocava as mechas de cabelo por dentro jaqueta preta, provavelmente temendo que o cabelo fosse ao meu rosto quando a moto se movimentasse já que não tínhamos mais capacete.

Ao redor todos já se acomodavam dentro dos carros e estavam prestes a dar partida. Os barulhos das portas se fechando ecoaram no silêncio da mata próxima.

Eu sequer sabia se deveria segurar nos suportes nas laterais da moto ou se deveria abraçar a cintura da jovem a minha frente.

Estávamos brigadas? Estávamos bem? Ela ainda tinha o estúpido plano de me ignorar e ignorar a situação em qual nos colocamos?

E então Lauren olhou por cima do ombro para mim como se esperasse a decisão. Pude ver em suas esmeraldas verdes que ela apenas queria ver o meu movimento. Como se... Caso eu me movimentasse ela também se movimentaria. Se eu tomasse uma decisão, ela também tomaria.

Como se Lauren quisesse que eu fosse, mas não queria dar o primeiro passo para isso.

Eu não queria ser aquela que tomaria a decisão e descobriria que tudo era uma merda platônica. Não queria me arriscar mais ainda.

Então eu seguro nos suportes nas laterais da motocicleta e me acomodo longe de seu corpo.

Lauren vira o rosto para frente e graças aos movimentos de suas costelas pude ver que a jovem havia dado um longo suspiro, decepcionada.

Ela gira então a maçaneta da aceleração fazendo o barulho do motor ressurgir como aviso que já estava pronta para ir. Escutamos então uma buzina atrás de nós e Lauren retirou o pé do freio e do chão, deixando que a motocicleta se desenvolvesse para frente.

Olho para trás vendo pela última vez aquela casa de campo, o jardim e varanda agora vazia.

De algum modo eu sabia que nunca mais voltaria ali.

Lauren acelerou e nós descemos a rua de cascalho liderando a caravana de carros. Víamos apenas os faróis baixos atrás de nós e ouvíamos o barulho das rodas em atrito com o chão.

O frio da madrugada batia contra nossos corpos quando finalmente pegamos a rodovia principal e, diferente das outras vezes não seguimos o caminho ao Sul. Seguimos em frente na rodovia vendo apenas o asfalto à nossa frente.

Os enormes pinheiros pareciam não ter mais fim. Certa neblina bailava por entre as raízes e troncos grossos criando um ambiente agourento, onde ainda podíamos ao longe ouvir barulhos dos animais noturnos. No céu o Sol mostrava seus primeiros raios no horizonte.

Estávamos agora entregues à nossa própria sorte perante tantas adversidades que poderiam aparecer.

Estávamos na selva dos mortos.

Won't you follow me into the jungle, yeah?
(Você não vai me acompanhar na selva, yeah?)

Ain't no God on my streets in the heart of the jungle, oh lord child
(Não há Deus em minha rua no coração da selva, oh Senhor, criança)

Won't you follow me into the jungle?
(Você não vai me acompanhar na selva?)

XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

NARRADOR PDV

- Se você está ouvindo... saiba que não está sozinho! – uma voz feminina falou perto de um microfone ligado a um CPU moderno. A informação era mandada por rádio frequência.

Na tela do computador vários códigos de frequência eram mostrados enquanto, ao seu lado, seu parceiro de laboratório digitava arduamente para manter o sinal ativo. Havia poucos satélites funcionando e eles estavam há dias tentando mandar aquela mensagem para qualquer receptor longe dali.

- Ainda estamos procurando por uma cura. – a cientista anunciou no microfone. – Estamos em uma zona de perigo extremo, mas precisamos de ajuda! Repito! Precisamos de aj...

E de repente a tela do computador desligou. O cientista, ao lado da amiga, soltou um xingamento alto.

- Nosso último gerador deve estar acabando... – ele anunciou, tristonho.

- Então temos apenas dias para tentar achar ajuda antes que eles venham nos abastecer. Somos o último CDC que sobrou nas redondezas. – ela suspirou, passando as mãos pelas madeixas negras. – Você acha que alguém escutou nossa mensagem?

- Não importa! – uma terceira voz, feminina, ralhou ao fundo. – Ele vai nos matar se descobrir que estamos pedindo ajuda!

- Precisamos tentar algo! Não seremos capachos deles para sempre! – a primeira voz feminina retrucou, irritada.

- São eles quem nos dão comida e mantimentos!

- Mas ameaçam nossas vidas todo santo dia!

- Vamos nos meter em uma merda sem volta!

- Você acha que alguém escutou nossa mensagem? – a primeira voz decidiu então ignorar a outra mulher e perguntou novamente para o homem.

- Espero que sim, por mais egoísta que isso seja... – o homem respondeu e ladeou a cabeça, pensativo. – Se vierem ao nosso encontro... estarão comprando uma passagem para o inferno. Mas é a nossa única chance de nos salvarmos deles.

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muahahahaha digamos que aqui termina uma parteda história... Segurem os forninhos!    

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