Um lance não verbalizado

By KILLJ0YX

27.3K 2.2K 4.9K

[escrita em 2017, reescrita em 2020] Após quatro anos fora, Sasuke Uchiha retorna para sua cidade natal, Kon... More

antes de tudo
Um
Dois
Três
Quatro
⚠️ aviso: perigo! ⚠️
One
Three
Four

Two

5.3K 463 954
By KILLJ0YX

– Oi, Naruto.– falei com um sorriso de canto.– Senti sua falta.

– Olá, Sasuke.

O tom dele não foi exatamente ríspido, mas não foi gentil ou amigável. Aproveitei aquele momento de silêncio constrangedor para analisá-lo. Ele havia crescido bastante, os cabelos loiros estavam um tanto bagunçados, os olhos azuis não tinham mais o brilho infantil. As marquinhas nas bochechas haviam clareado um pouco e o Uzumaki tinha um pequeno brinco no ouvido.

Ficamos nos encarando por bastante tempo. Não sei bem explicar, senti meu coração parar, um frio na barriga se fazer presente. Minha maior vontade naquele momento era chorar e pedir desculpas, mas o meu orgulho e dignidade me impediam disso. Para meu alívio, um pequeno sorriso se formou nos lábios do loirinho.

– Olha, é bom te ver.– falou.– Você sempre foi alguém responsável, Sasuke, o extremo oposto de mim.– riu. – Mas, acho que você precisa escutar isso.

Naruto se levantou e meu medo aumentou. Ele estava perto, muito perto. Colocou as mão nos meus ombros e, para minha surpresa, começou a me chacoalhar.

– Você não tem juízo não? Vai embora, não fala com ninguém e agora vem na maior cara de pau dizer que sente minha falta? Porra, Sasuke! Não é fácil de lidar! Achei que nós éramos amigos, que você tinha o mínimo de confiança em mim para me contar dos seus problemas!– ele bufou. Podia ver pequenas lágrimas se formarem nos cantos de seus olhos, mas ele não deixou-as cair.– Caramba! Achei que eu era um amigo bom, que era importante para você! Foi seu orgulho que fez isso? Olha, eu sempre soube que você era distante, mas não imaginava que fosse capaz de afastar até mesmo as pessoas que se importavam com você.– ele suspirou novamente e me puxou para perto. Estranhei quando o Uzumaki me abraçou.– Senti sua falta, Teme.– sussurrou.

– Eu também, Dobe.

Ficamos ali por um tempo razoavelmente longo, até que o loiro se afastou e sorriu. Aquele sorriso que só ele sabia dar, algo confortável e caloroso. Com eu pude pensar que Naruto me ignoraria? Ele era bom demais para isso, tinha um coração puro demais. E ao pensar nisso percebi o quão canalha eu havia sido.

Naruto começou a contar sobre o que havia acontecido enquanto eu estive fora. Me disse que havia chegado um menino novo na cidade, chamado Sai, e que ele e Ino estavam namorando. Contou também que Gaara continuava sendo o encrenqueiro de sempre, e que o mesmo tinha admitido que sentia falta das minhas brigas com ele.

– Dá para acreditar?– perguntou meu amigo.– E eu que achava que ele te odiava! Acho que achou um namorado, hein, Sasuke?

Apenas revirei os olhos e lhe dei um empurrãozinho. Continuou com a falação. Temari tinha um quedinha por Shikamaru, que era cu doce demais para tomar alguma atitude. Ele falou que Neji e Tenten também estavam de rolo, mas nenhum dos dois admitia.

Estávamos andando pela cidade, com ele contando sobre o que tinha feito naqueles quatro anos. O clima entre nós dois era agradável, mas eu sabia que ele ainda tinha algum ressentimento. Se eu estivesse em seu lugar também teria.

– E você? O que fez?

Contei que havia conhecido uma galera bem estranha, e uma nova Sakura. Naruto riu. Sakura Haruno era um garota que pintava o cabelo de rosa chiclete e tinha um queda desesperada por mim. Ela não entendia que eu não gostava dela, e aquilo era irritante.

– O nome dela era Karin. Ruiva, óculos, não era tão feia assim. Dava pra pegar, sabe? Mas tinha coisa melhor lá.

– Por Kami-sama, Sasuke! Você continua um grosso mal-educado! Não tem respeito não?

– Não por vadias como Karin.– respondi e ele riu.– Está rindo do quê?

– Estava achando você calmo e educado demais. Esse é o Sasuke que eu conheço. Não concordo muito com suas babaquices, mas já estou acostumado.

– Achou que eu tinha mudado?

– Quatro anos podem muito bem
mudar uma pessoa, Teme.– embora sorrisse, percebia uma tristeza em sua voz.– Ei! O Lee está fazendo um almoço na casa dele. Quer ir? Geral está lá.

Sim, eu sabia. A verdade é que eu queria mais tempo a sós com o Uzumaki, mas acabei por concordar. Ele segurou minha mão e começou a me arrastar pelas ruas de Konoha.

Senti um arrepio percorrer meu corpo. Não era nada demais, um simples toque de um amigo. É, era nisso que eu queria acreditar. Vou ser sincero: nunca me apaixonei. Sim, eu já dormi com muita gente, sempre tive esse jeito meio escroto e pegador. Homem, mulher, se é bonito poder vir. Foi lá em Otogakure, cidade que eu estava morando, que "descobri" que era bissexual.

Eu nunca tinha me interessado por ninguém por mais de uma noite. Era aquilo, uma noite muito boa e nunca mais via a cara da pessoa. Pois é, eu transava muito para uma pessoa de dezesseis anos, mas a culpa é do Suigetsu.

Cheguei em Otogakure com doze anos, e dois anos depois perdi a virgindade com Suigetsu, que era um ano mais velho do que eu. Éramos amigos, então ficava aquele lance de se um dos dois quiser, pode rolar, mas nada mais sério do que uma transa.

Então, eu nunca havia me apaixonado, ou sentido aquele estranho arrepio por causa de um simples toque. Não era burro o suficiente para achar que não existiam chances de eu gostar do Uzumaki, mas me conformei que nada que uma noite na minha cama não resolvesse. E agora você deve ter percebido o meu verdadeiro caráter, mas eu não ligo. Como qualquer ser humano normal, minha mente é uma mistura de coisas complexas e desconexas.

Naruto era bonito. Bem bonito, na verdade. Loiro, olhos azuis e um corpo bom, magrinho mas não ao extremo. E se bobear tinha até tanquinho, mas eu precisava que ele tirasse a camisa para ter certeza.

Enquanto ficava divagando, o loiro me levava para a casa de Lee. Quando me dei conta já estávamos lá. Ele tocou a campainha e esperamos até a porta ser aberta pelo dono da casa.

– Oi, Naruto. – seu olhar pousou em mim e seus olhos se arregalaram.– Sasuke?! O que faz aqui??

Ele meio que gritou, então toda a nossa turma de amigos veio para ver o que estava acontecendo. E o espanto deles foi gigante. Eu até ficaria constrangido, mas essa não é uma máscara que costumo usar.

– Sasuke?

– O que ele tá fazendo aqui?

– Olha só, o Uchiha voltou!

– SASUKE-KUN!– e então uma criatura de cabelos tingidos saltou em cima de mim.

Ela me abraçou e chorou e gritou e me bateu e gritou e chorou e repetiu isso umas três vezes. Apenas suspirei e balancei a cabeça, escutando ela me xingar de irresponsável, idiota, bastardo, filho da puta e outros xingamentos que eu não me lembro agora.

Então me arrastou para dentro da casa. Estava rolando um churrasco, e é claro que me encheram de perguntas.

– Onde é que tu tava, filho da puta?– perguntou Gaara do jeito mais delicado que conseguiu.

– Otogakure.

– E por que foi para lá, Sasuke-kun?– falou Hinata.

Fiquei pensando em que resposta dar. Com certeza não seria a verdade: fui para lá porque minha mãe depressiva se matou e eu era fraco demais para continuar aqui.

– Problemas familiares.– pronto. Eu sabia que Hinata também tinha seus problemas familiares, então não continuaria a perguntar.

– E por que não nos avisou?

– Ah, sei lá.

– Caraca, Sasuke, meio babaca, não?

– Achei que já estava acostumado, Shikamaru.

– E conheceu alguém especial?– disse Sakura, com um certo ressentimento na voz.

– Nada que durasse mais que uma noite.– respondi do jeito mais frio possível.

– Ai, que nojo!– a rosada me bateu.

– Você que perguntou.

Tirando aquela conversa que, convenhamos, foi bem desconfortável, o almoço foi tranquilo. Quando já eram umas sete da noite, Lee liberou as bebidas. Eu não achava que metade dos meus amigos bebia, e admito que fiquei bem impressionado quando Hinata virou uma dose de uísque e pediu por mais. É, o tempo realmente mudava as pessoas.

Já havia anoitecido, e os mais fracos em relação a bebida já estavam num estado hilário. Digamos que Lee, que estava mais bêbado do que o recomendável, ficou provocando Gaara, que vira e mexe o empurrava para longe. Sakura havia colocado alguma música de gosto duvidoso para tocar e rebolava até o chão junto de Sai.

Ninguém lá estava muito bem. Os mais sóbrios era Hinata, que não bebia muito, Naruto, que não gostava de beber, Neji, que era responsável demais e eu, que tinha uma tolerância grande para bebida.

– Já são quase onze horas da noite.- falou Neji.– Acho melhor levarmos eles embora.

– Que nada! Amanhã eles vazam da casa, metade do povo está dormindo.

E era verdade. Shikamaru, Tenten e Sai dormiam no chão. Sakura agora dançava com Ino, e Gaara e Lee continuam com sua discussão. Temari estava tentando cantar a música que tocava em alto e bom som, e eu percebi o quão estranho meus amigos eram.

– Bom, a gente vai indo. Tchau Sasuke, tchau Naruto.– Hinata nos abraçou e saiu da casa acompanhada de Neji.

– É, acho que eu também vou embora.– comentou o loiro.– Você vem, Teme?

– Claro.

E assim saímos da casa de Lee. Decidi acompanhar Naruto, dizendo que queria conversar.

A casa do Uzumaki era longe da de Lee, então tivemos bastante tempo à sós. Andávamos lado a lado, em silêncio.

– Eles sentiram sua falta.– comentou.

– É.

— Sabe, Sasuke, eu fiquei muito mal quando você foi embora. Você é muito importante para mim. Promete que não vai mais fazer isso?

Ele se virou para mim, os grandes olhos azuis brilhavam. Parece até uma declaração romântica, mas vinda de Naruto eu sabia que não era. O loiro era muito inocente, não sabia que as palavras podem ter um duplo sentido e que nem sempre agem como deveriam.

– Claro.

Ele sorriu, um sorriso doce e sereno. Eu não sei se sorrisos tem gosto, mas o dele era doce e ponto final. Naruto segurou a minha mão, e eu corei. Minha sorte é que a rua estava escura, se não ele teria visto e minha vida estava arruinada.

– Sabe, eu não fui sincero com você. Não te contei a verdade e como você é meu melhor amigo, merece saber.–  o Dobe me encarou confuso.– Depois da morte do meu pai, minha mãe entrou em depressão. Ela se matou. Eu fiquei extremamente triste, não aguentava mais ficar aqui porque tudo o que eu via me lembrava dos meus pais. Pedi para Itachi para nos mudarmos e ele concordou. Foi por isso.

– Você podia ter me contado. Eu teria te ajudado a superar, você sabe, né? Eu estou aqui para te ajudar sempre que você precisar, Teme.– ele sorriu de canto.– Só não minta mais. Por favor, não minta mais para mim.

– Não irei.

O resto do trajeto até a casa dele foi em completo silêncio. Parei na frente da porta do apartamento e ele me abraçou. Tirou as chaves do bolso, abriu a porta e quando estava para entrar agarrei seu pulso. Ele se virou sem entender nada. Apenas me aproximei e lhe dei um simples selinho, partindo logo em seguida.

Continue Reading

You'll Also Like

1.2M 62.7K 25
(contém yaoi+18) (sasunaru) Sasuke uchiha foi obrigado a se casar com Sakura haruno, devido a um acordo judicial entre suas famílias. ele sempre hav...
305K 35.5K 39
⩩ 𝙁𝙀𝘼𝙍 ❝ ғɪᴄᴀʀ ᴀᴏ sᴇᴜ ʟᴀᴅᴏ é ᴄᴏᴍᴏ ᴜᴍ ᴄᴏɴᴠɪᴛᴇ ᴘʀᴀ ᴍɪɴʜᴀ ᴀᴜᴛᴏᴅᴇsᴛʀᴜɪçãᴏ. ❞ ⊹ ꒰ Sua vida acaba se tornando mais movimentada do que já é, quando em...
1.4M 95.7K 43
(contém yaoi+18) E se o universo de Naruto acontecesse nos dias atuais ? konoha agora é uma academia escolar do país do fogo. Naruto é um gringo que...