Ensina-me amar

By alinemoretho

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Sarah Rodrigues era uma bela e jovem garota criada sobre a dura disciplina de seu pai e rígida supervisão de... More

Bem-vindo@:
Epígrafe
Prólogo
Um: Desamparada
Dois: Socorro
Três: Amizade
Quatro: Uma Chance
Cinco: Humilhação
Sete: Boas-Vindas
Oito: Reencontro
Nove: Ele
Dez: Quebrada
Onze: Perdão?
Doze: Verdade
Treze: Bagunça
Quatorze: Reconciliação
Quinze: Medo
Dezesseis: Adaptação
Dezessete: Covarde
Dezoito: Sentimentos
Dezenove: Ciúmes
Vinte: Viagem
Vinte e Um: Pai
Vinte e Dois: Fé
Vinte e Três: Família
Vinte e Quatro: Sufoco
Vinte e Cinco: Retorno
Vinte e Seis: Confusão
Vinte e Sete: Temores
Vinte e Oito: Tormento
Vinte e Nove: Fuga
Trinta: Confissões
Trinta e Um: O Retorno
Trinta e Dois: Correção
Trinta e Três: Fazer o certo?
Trinta e Quatro: Temor
Trinta e Cinco: Voltar?
Trinta e Seis: Sujeição
Trinta e Sete: Aniversário
Trinta e Oito: Casar?
Trinta e Nove: Mãe
Quarenta: Padrinho
Quarenta e Um: Casamento
EPÍLOGO:
Agradecimentos

Seis: Nova Vida

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By alinemoretho

— Tomaram um banho quentinho, queridas? — dona Socorro perguntou depois de bater na porta e pedir permissão para entrar no quarto momentaneamente disponibilizado por ela a mim e minha filha.

— Sim, Mabel agora está se deliciando com a papinha de frutas que a senhora preparou pra ela — respondi animada e fiz o famoso aviãozinho para levar a colher com comida até a boca da pequena bochechuda em meu colo.

A senhora me encarou e questionou: — E você, mãezinha não vai comer nada? Já passa das duas da tarde e a senhorita não se animou em participar do almoço.

Dei uma risadinha. — A correria não me deu um segundo de pausa. Mas, não se preocupe, daqui a pouco Mabel começa a fazer bagunça ao invés de comer e eu me beneficio com o resto. 

— Ora, até parece — falou em um tom de indignação engraçado e em seguida mostrou para mim uma sacola até então escondida por ela — Se sua desculpa para não se alimentar é porque não quer sair do quarto, eu trouxe um sanduíche fresquinho e suco de maracujá.

Agradecida por todo aquele cuidado, expressei: — É muita gentileza sua, dona Socorro. Pode deixar sobre a mesa. Quando eu conseguir distrair essa mocinha, vou comer, esteja certa disso.

— Tudo bem! Te farei companhia, então — declarou após atender minhas instruções. Ela então se aproximou e comentou tendo no rosto um sorriso repleto de carinho: — Graças a Deus você entrou na igreja Sarah. Foi Ele quem permitiu nosso reencontro, tenho certeza.

Mesmo estando ainda um pouco chateada com o Senhor, eu não podia negar que ter entrado justamente na igreja a qual Dona Socorro congregava não era uma simples coincidência ou obra do acaso. As circunstâncias podiam não ser as melhores para mim e a bebê, mas Deus permanecia se mostrando um Pai zeloso e fiel.

— Sou muito grata por ter me trazido para esse lugar, mas prometo resolver minha vida e sair daqui o mais rápido possível — falei e ao notar o semblante da senhora a minha frente ficando triste, me adiantei: — Não quero dar trabalho, Dona Socorro.

Ela ergueu o braço em minha direção e acariciou meu ombro. — Sarah, querida, pode ficar o tempo necessário. O Instituto Piedade foi criado para acolher e cuidar de mulheres em situação de fragilidade como a sua. Você é muito bem-vinda e não precisa de pressa para partir.

Irredutível, e lembrando das palavras outrora proferidas por Tatiana, declarei: — Ficarei aqui só hoje. Não quero ser uma pobre coitada como as pessoas me enxergam.

Ela balançou a cabeça negativamente.— Querida, ninguém aqui pensa isso de você...

— Não, eu agradeço, mas sei muito bem o qual será o falatório se eu permanecer aqui. — Fiz uma pausa e recitei algumas das fofocas já ouvidas por mim: — "Sarah não sabe cuidar da própria filha" "Ela é uma péssima mãe" "Não consegue nem tomar conta de si mesma, quanto mais de uma criança" "Vive da caridade alheia".

A senhora tomou ar e revelou: — O problema não é esse, Sarah. Estou pensando na sua proteção. Depois de ter me contado todos os ocorridos com aquela mulher, não acha melhor esperar até ser seguro sair daqui?

Pensar em Raquel fez meu coração acelerar de medo. Eu já vislumbrava, apavorada, a cena onde aquela víbora tomava meu maior bem de mim para fazer sabe-se-lá o que. Naquele instante eu engoli seco e me vi como uma mãe terrível. Eu nem mesmo conseguia proteger minha filha indefesa dos perigos do mundo e da maldade das pessoas sem depender da ajuda e compaixão de estranhos.

Deixei Mabel sobre a cama, pois quando percebi a real gravidade da situação, eu não me segurei e comecei a chorar desesperadamente.—  Dona Socorro, eu não sei o que fazer! — confessei. — Queria levar minha filha pra longe dessa cidade, mas meu dinheiro acabou e eu sequer posso arrumar um emprego porque aquela cobra não vai permitir. Estou acabada, e ainda por cima corro o risco de levarem minha bebê.

— Oh querida... — Dona Socorro tomou lugar ao meu lado e me abrigou em seu colo materno permitindo que eu desmoronasse de uma vez.

— Por que Deus está me esmagando, dona Socorro? O que ele quer me ensinar com tudo isso? — perguntei em prantos, me esforçando para compreender tudo aquilo.

— Eu não sei, querida — respondeu serena enquanto acariciava meus cabelos. — Mas, você deve confiar na vontade soberana do Senhor. A tempestade pode estar sendo violenta, mas Cristo não te deixou sozinha no barco, não.

Afastei-me um pouco da senhora e pensando sobre como os meses anteriores haviam sido tão bons para mim e Mabel, externalizei: — Estava tudo tranquilo e calmo. Podíamos não ter muito, mas nós duas éramos felizes e, então, de repente, eu não tenho nem um teto parar abrigar minha filha.

Dona Socorro tocou meu queixo e lembrou-me: — Ora, mas isso não é verdade. Primeiro, você tem a Deus, depois, sua filhinha é uma ótima companheira, embora não fale muito. E agora, Sarah, se aceitar minha oferta e ficar conosco você terá a mim e as meninas do Instituto como suas aliadas.

Exalei o ar pela boca e lembrei: — Eu não posso ficar. Seria um abuso da minha parte, eu não poderei oferecer nada como retribuição, e...

— Sarah, não seja teimosa, nós estamos nos oferecendo para cuidar de vocês duas. Não precisa bancar nada. É um ato de amor para com o próximo, apenas aceite e permaneça conosco até as coisas estarem bem novamente.

Refleti alguns segundos, respirei fundo e tomei minha decisão: — Tudo bem, dona Socorro, mas antes preciso falar com minha amiga e explicar porque eu sumi. A senhora pode me levar a casa dela? A essa altura ela já deve ter chegado do trabalho.

Dona Socorro levantou-se batendo palmas, e completamente animada sugeriu: — Claro, querida. Podemos ir, sim. Agora mesmo. Só deixe eu avisar a Amandinha e convocar uma das meninas para nos dar uma carona.

A senhora pediu licença e se foi me deixando sozinha no quarto. Aproveitei o momento a sós com a bebê, a peguei no colo e ficamos as duas cara-a-cara.

— Eu te amo — declarei e a vi abrindo um sorriso fofo desdentado para mim. — Não vou deixar ninguém te machucar, minha ovelhinha. — Eu a abracei com força até ouvi-la reclamar um pouquinho.

Enquanto eu me empenhava em brincar e fazer a pequenina rir, minha mente trabalhava para processar a bagunça na minha vida. Internamente, pedi ao Senhor para ajeitar as coisas, mesmo eu não sendo merecedora.

— Estão prontas? Amanda pegou a van para ir fazer compras com algumas moças, mas deixou seu carro. Anelise se dispôs a nos levar — informou dona Soccorro e em seguida me incentivou a acompanha-la.

Durante o caminho até o lado externo do grande casarão localizado na parte mais interna de uma fazenda, reparei em algumas mulheres sentadas no sofá assistindo um programa de receitas, elas nem notaram minha presença. Mais distante dali, vi duas moças bordando, uma pintando em tecido e outra se dedicava aos cuidados de um menininho que deveria ter no máximo dois anos. Preferi não falar ou cumprimentar ninguém, pois ainda custava a admitir que querendo ou não minha situação era semelhante a delas.

Agradeci quando chegamos no veículo e eu vi o rosto conhecido de Anelise. Ela se mostrou contente com a minha presença e logo nos primeiros minutos de percurso começou a puxar assuntos comigo. Apesar de não gostar de falar muito, eu mantive a simpatia.

Nós saimos do perímetro da fazenda, pegamos uma pequena estrada de terra e chegamos a rodovia principal que nos levou até as proximidades do centro de Santa Fé. Quando dei por mim, a motorista estava estacionando perto da casa de Gabriela.

Senti o estômago doer de ansiedade ao pensar em como Gabi deveria estar uma fera comigo por sumir sem dar explicações. Eu poderia simplesmente ir embora, mas, depois de refletir sobre o quanto minha amiga me ajudou, era justo dar a ela uma justificativa dos meus atos.

Deixei Mabel no carro, sobre os cuidados de dona Socorro, atravessei a rua e apertei a campanhia. Nem meio minuto depois a figura morena de cachos apareceu no topo da escada.

Ela rapidamente desceu os degraus e enquanto abria o portão, declarava — Graças a Deus, você apareceu! — Quando as grades de metal não mais nos separavam, ela me abraçou com força e perguntou: — Onde você se meteu, Sarah? Eu quase chamei a polícia! 

Afastei-me um pouco dela e antes de contar onde eu estava e pra onde pretendia ir, quis saber: — Soube o que aconteceu na loja da Bonfim?

Unindo os lábios, ela balançou a cabeça afirmando minha dúvida.

— Todos esses ocorridos na minha vida mostraram como eu preciso de um tempo para me reconstruir, Gabi. — Respirei fundo. — Estou sobrecarregada e cansada de fugir. Quero apenas cuidar da minha filha em paz e segurança.

— Você não precisa mais fugir. Está em casa, Sarah — Gabriela tentou me consolar.

Neguei com a cabeça. — Ainda não, Gabi. Estou um pouco perdida e quero me encontrar. — Sorri sem vontade. — Mas, fique tranquila. Mabel e eu não vamos embora da cidade, por enquanto. Dona Socorro estará cuidando de nós.

A garota me olhou com espanto e levantou empecilhos: — Sarah, você nem a conhece bem! E se ela te machucar ou pior? Seja prudente, pelo amor de Deus.

— Foi Deus quem colocou essa senhora na minha vida. Eu confio nela — falei firme.— Bem, só vim te avisar e agora preciso ir. Estão me esperando.

— Sarah, por favor, não faça isso. Fique aqui — insistiu mais uma vez e segurou firme em meu braço como se não quisesse me deixar ir.

— Não, Gabi.

Deixando cair os ombros mostrando derrota, e sem opções frente a minha decisão, Gabi acabou aceitando ao perguntar: — Você promete me procurar se estiver precisando de qualquer coisinha?

Sorri para ela e afirmei sua pergunta com um manejo de cabeça. — Obrigada.

Gabi me abraçou mais uma vez, me implorou para mandar notícias e sem querer prolongar aquele triste momento ainda mais, nos despedimos, ela virou-se e voltou para sua casa.

Precisei de alguns segundos respirando fundo antes de voltar para o carro. Aquele dia estava sendo terrível e só piorou quando eu na tentativa de atravessar a rua quase fui atropelada por uma moto em alta velocidade. E como se não bastasse toda a minha angústia, quando o motoqueiro fez uma leve curva no fim da rua, levantou o visor do capacete e me olhou diretamente, meu coração foi parar na boca

Sem pensar duas vezes, apertei o passo até o veículo onde estavam dona Socorro, Anelise e Mabel, entrei e afobada, pedi: — Tudo resolvido. Podemos ir agora?

Dono Socorro ninava Mabel e espantada com meu comportamento, perguntou: — Qual o problema, Sarinha? Você parece pálida.

Forcei um sorriso e garanti: — Tudo ocorreu bem, dona Sô. Estou pronta pra minha nova vida agora.

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