COLOURS △ BillDip [Wattys2017]

By Marta___Tata

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[Livro 1 de 2] Cipher foi traído pela sétima vez. Cansado de uma vida desanimada, com meninas fúteis e ego... More

Aviso
Gray - A cor da solidão.
White - A cor da pureza.
Black - A cor do isolamento.
Azul - A cor da harmonia e do Dipper.
Laranja - A cor da alegria e da amizade.
Indigo ou Anil - A cor da sinceridade.
Castanho ou Marrom - A cor do conforto.
Roxo - A cor do mistério e dos... Ciúmes?!
Rosa - A cor da ternura e romantismo.
Lilás - A cor da transformação, piedade e dignidade.
Vermelho - A cor da paixão, do perigo e da tentação.
Verde - A cor da esperança e juventude. E a cor deles.
Rainbow - Colours! A cor do arco-íris e da bandeira homossexual!
Final. Ou então, parte 2!
Preciso da vossa resposta sincera.
Update: Webtoon de Colors!

Amarelo - A cor da alegria, do otimismo e descontração. E a cor do Cipher.

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By Marta___Tata


Ouçam Human - Christina Perri a ler este capítulo. A sério. Vale a pena.




Dipper e Bill não se falavam há uma semana.

Desde aquele beijo que nem sequer se dignavam a olhar um para o outro.

E o moreno estava arrasado.

Por mais que lhe tenta-se ligar (Que foram poucas vezes, devido à vergonha), o amigo rejeitava a chamada.

E Pines estava desesperado e seriamente arrependido do que tinha feito.

Acabou de estragar uma amizade perfeita. Acabou com a amizade perfeita.

Nunca mais iria para a escola ao lado dele, enquanto os dois gargalhavam e ouviam música de forma alta e a compartilhar phones, ou até mesmo tê-lo à sua espera, à porta da aula de matemática e falava de todos aqueles números, a rir da cara enjoada do loiro.

Nunca mais iria tê-lo ao seu lado. Para os bons e mas momentos.

E isso era asfixiante e completamente... Triste.

Ao contrário do amarelo.

Que era uma cor linda. Era a cor dele.

Era a cor da alegria, da felicidade, do otimisto, da luz, da descontração.

O amarelo era o Cipher.

E o Bill era essa cor em pessoa.

O menor ficava encantado com a forma de ser do rapaz. Espontâneo, completamente divertido, alegre e sempre a sorrir. Animava-o até nos momentos que ele não queria ser animado e a sua luz constante contagiava-lhe todos os sentimentos, pêlos do corpo e sensações.

Os sentimentos que nutria por ele.

Dipper já tinha admitido que gostava dele há um bom tempo.

E nem mesmo o plano do cinema, que montou com Mabel, Pacífica e Will funcionara.

Porque é que um beijo funcionaria?!

Lembrou-se da conversa que tivera com a sua irmã e a melhor amiga da mesma, depois do cinema, enquanto rolava lentamente na cama e abria os pequenos olhinhos inchados de sono, por dormir pouco e estar extremamente incomodado.

" – Vai falar com ele". – Dizia-lhe a irmã.

" – Diz-lhe de uma vez o que sentes! Porque isto já está a ficar irritante, até para mim!". – Afirmava a loira.

" – Ele é muito tapado, como tu. Mas eu obriguei-te a ver a verdade porque era mais que óbvio. Infelizmente, ele não ouve a Peace".

" – Eu não sou capaz!". – Berrava o moreno, desesperado. – "Eu não vou ter coragem para lhe dizer isso! E se ele me odiar?!".

" – Ele não te vai odiar, Dipper". – Sussurrava a loira, com um sorriso doce e abraçando-o de forma acolhedora. – "Vai falar com ele. Diz-lhe a verdade sobre a Stella e... Pensa em ser sincero sobre os teus sentimentos. Vocês, acima de tudo, são melhores amigos. Acredita, ele jamais odiaria alguém pelos sentimentos".

Balelas.

Ele tinha sido completamente enganado.

Era mais que óbvio que o loiro nunca ia gostar do amigo. Quer dizer... Um rapaz, para começar. Depois, achava os seus olhos absurdamente idiotas e de pestanas demasiado grandes. O seu cabelo sempre despenteado? Sem comentários. Os dentes de coelho eram horríveis. A pele era muito branca e dava-lhe agonia. A marca de nascença era nojenta.

Muito baixo. Muito magro. Muito fraco e muito idiota.

E era isto que definia o gémeo mais novo Pines, segundo ele mesmo.

Num suspiro arrancado, fitou lentamente o teto.

As aulas começavam em dois dias. E ele esperava, com todas as forças, que o loiro lhe espera-se na sala de aula, apesar de saber que isso não ia acontecer.

O mais novo nunca mais ia ver-lhe as sardas deformarem-se com o sorriso. Os olhos rasgados e amarelados completamente animados. As mãos magras e altas a pegarem-lhe no pulso e puxá-lo de um lado para o outro. Os cabelos desarrumados depois de acordar, da quantidade de vezes que ele dormira lá em casa.

Ou, até mesmo, ouvir a sua voz.

E isso era um autêntico inferno.

...Okay. Chega de draminha.

Dipper precisava mesmo de fazer qualquer coisa.

Sentou-se lentamente na cama, começando a puxar pela cabeça. Já estava cansado de remoer o assunto e, falar diretamente com o amigo, parecia a melhor opção.

Puxou uma quantidade de folhas absurdas e espalhou-as na cama. Maioria delas eram rascunhos da casa pequenina que tinha combinado viver com o Cipher.

Então, começou a escrever vários textos de desculpas. Outros de declarações.

Mas acabavam sempre no mesmo sítio – O balde do lixo, no outro lado do quarto, que já estava tão cheio que transbordava papel.

Quase a desistir, suspirou baixinho, olhando lentamente para o lado direito, ao observar o projeto final do apartamento de sonhos deles.

A porta de entrada era semelhante à dos pais. Bill gostava do mar, então, queria uma casa entre tons de azul e amarelo do sol.

Uma sala pequena. Uma cozinha simples.

Um corredor pequeno que dava para três portas – A casa de banho e dois quartos.

Um quarto de hóspedes. E outro deles.

Tinha combinado... Partilhar o quarto.

Esboçou um leve sorriso, ao observar duas camas separadas apenas por uma mesinha de cabeceira (Que o moreno esperava seriamente poder tirá-la, no futuro), e duas camas com duas setinhas, uma amarela e outra azul, a apontar para os respetivos nomes – Oxigenado e Pinetree.

Mas deu um salto, ao ouvir alguém bater à porta, escondendo rapidamente a folha atrás das costas.

" – Dipper, querido...?". – Soou a voz da mãe.

" – S-Sim mãe?".

" – Podemos... Entrar?". – Murmurou o pai dele, desta vez num tom muito menos divertido que o habitual.

Engoliu em seco.

" – Mas é claro...".

A porta castanha escura do quarto abriu-se lentamente, revelando as duas figuras paternais que o rapaz adorava.

Depois, Viktor fechou-a levemente e com calma atrás de si, fazendo o pequeno click!, sinal de que se tinha fechado.

Johanna libertou um leve sorriso, sentando-se ao lado do filho, amachucando um ou dois papéis, fazendo a mulher os desviar calmamente.

" – Ultimamente andas estranho, querido... Podes contar-me o que aconteceu?".

O seu tom de voz era triste, baixo, mas ternurento. Apesar de tudo o que se passava na vida do filho, a senhora tinha plena certeza qual era a causa.

Ou quem era.

" – É só que...". – Começou, desviando o olhar lentamente contra o armário. – "Não é nada demais. Entrei na puberdade. Mudanças de humor".

O homem gargalhou, ficando frente aos dois e em pé.

" – Se fosse isso, tinhas falado com a tua irmã. Tu nunca lhe escondes nada dessas coisas e toda a gente deste quarto sabe perfeitamente que ela é mais desenvolvida que tu. É normal, não te preocupes, as meninas são mais rápidas...". – Admitiu, com um sorriso doce por debaixo do bigode acastanhado e escuro. – "E acho que também sabemos que não foi isso".

Dipper suspirou. Podia conseguir enganar muitas pessoas, mas os seus pais não. Ele via-os como duas pessoas muito queridas e grandes amigos, de coração. Nunca lhes escondeu nada dos seus problemas.

E Robbie também foi uma das causas para se mudarem para Gravity Falls.

O mais novo limitou-se a abanar a cabeça.

" – Foi algum rapaz de novo? Que foi mau para ti?". – Sugeriu o pai, percebendo que o moreno estava incomodado em falar.

Ele negou com a cabeça.

" – Perdeste alguma coisa e estás frustrado? Sei lá... Algum jogo ou dinheiro?". – Murmurou Johanna, porque sabia que o rapaz cuidava muito bem das coisas. E que ficava sempre frustrado quando as perdia.

Mas também negou com a cabeça.

" – Algum problema com as notas ou a escola? Não ficaste satisfeito com alguma coisa?". – Perguntou o pai, agora com o olhar a transbordar de preocupação.

Também não era isso.

" – ...Algo relacionado com um certo rapaz loiro?".

A sugestão da mãe fez o mais pálido se denunciar, sem mesmo querer, ao olhá-la rapidamente.

" – N...Não é isso, eu...".

" – Acho que acertámos, querida". – Disse o pai, numa gargalhada leve.

Lançando algumas pragas a si mesmo mentalmente, os olhos deslizaram até ao chão, enquanto vincava com força o pijama nos joelhos.

" – E-Eu...". – Gaguejou o mais baixo, começando a tremer de nervos.

" – Está tudo bem...". – Sussurrou-lhe Johanna, com um sorriso doce e abraçando-o atrás dos ombros. – "Não precisas de dizer nada, está bem? Eu e o teu pai já percebemos".

Mais uma vez moveu o olhar incrédulo para a mãe, apavorado.

" – Hey, campeão!". – Chamou o pai, sentando-se ao lado dele com aquele sorriso querido que estava sempre a dar. – "Qual é o problema? A pessoa que tu podes eventualmente gostar, jamais define o teu carácter. Além disso...". – E seguiu o exemplo da sua esposa, abraçando-o. – "Nós percebemos isso desde que tu o apresentas-te".

" – C-Como assim...?". – Murmurou muito baixo e extremamente envergonhado, mas ainda assim a fitar timidamente o pai.

" – A forma como vocês se falavam. Ou melhor... A forma como tu o olhavas". – Acrescentou a de cabelos pelos ombros e lisos, fazendo o pequeno Dipper observá-la.

" – Mas nem eu sabia disso nessa altura, como é que...".

" – Nós somos teus pais". – Afirmou Viktor. – "Conhecemos-te melhor que ninguém. E desde sempre que suspeitámos".

" – E-Então...". – E encolheu os ombros, deixando o rosto pálido ficar ainda mais avermelhado, enquanto fitava o chão. – "N-Não é esquisito?".

" – Claro que não!". – Quase gritou a mãe, levemente chocada. – "Dipper Pines, jamais voltes a repetir isso, ouviste?! O amor é a coisa mais bonita que existe. E jamais deves criticá-la".

" – Mesmo que...".

" – Mesmo que seja um rapaz". – Completou o pai dele, desarrumando-lhe os cabelos. – "Está esclarecido? Então, fica descansado, Dip. Eu e a tua mãe vamos sempre apoiar-te, não importa quem seja".

O mais baixo humedeceu os lábios e deixou um soluço alto escapar.

" – Shhh... Está tudo bem, querido". – Murmurou a voz feminina recheada de ternura e esfregando-lhe o braço. – "Podes chorar à vontade, está bem? Não precisas de ter medo. É uma coisa normal ficares assustado com isso... Eu também ficaria, no teu caso".

" – Ele... Ele odeia-me". – Deixou escapar, numa voz rouca e enquanto tentava segurar todas as lágrimas, a engoli-las.

" – De onde tiraste essa ideia?". – O pai pareceu um pouco surpreso com a afirmação.

Os olhinhos grandes e levemente molhados fitaram a parede do lado, enquanto os pais se entre olharam, como se já estivessem a perceber tudo.

" –Tu... Contaste-lhe?". – Arriscou-se a mãe a dizer. Mas ele negou com a cabeça.

" – Não. Nós contamos".

Silêncio.

" – E-Espera... Estás a dizer que...!".

" – Nós fizemos muitas promessas durante a nossa... Amizade". – Começou a contar o moreno, perdido em pensamentos e com um sorriso leve nos lábios. – "Ele não via cores. Literalmente. Era uma doença. E a única que via, o amarelo, ele perdeu-a pelo Luciel... Eu já vos contei essa história".

Os pais limitaram-se a olhar um para o outro e assentiram, decididos a deixá-lo falar.

" – Ele... Começou a ver cores. Porque eu consegui... Ajudá-lo".

" – Oh, querido, isso é fantástico!". – Elogiou a mãe, cheia de orgulho. – "Então, ele já as consegue ver?".

" – Não todas...". – Admitiu, descaindo os ombros, sinal que estava mais à vontade e relaxado. – "Ele começa a vê-las a partir de momentos marcantes a haver com o significado e... Olha, é complicado de explicar. Mas, por exemplo, castanho, a cor do conforto. Ele começou a vê-la no Natal".

" – ...E quando vocês dormiram juntos no sofá?". – Provocou a mãe, com um sorriso de canto, fazendo o branco ficar mais vermelho que nunca.

" – Achas mesmo que nós não vos vimos?". – E gargalhou Viktor, dando um empurrãozinho no filho. – "Já te disse, Dipper Pines. Podes enganar qualquer pessoa, menos os teus pais".

E deixou uma risada baixa sair da sua garganta, agora muito mais à vontade com a situação.

" – E ele começou a ver o Rosa... Na passagem de ano. Ou assim espero".

" – E o rosa é a cor do quê?". – Perguntou a mãe, fingindo que não sabia o significado.

" - B-Bem...". – Humedecendo novamente os lábios, Dipper limpou a garganta e continuou. – "Da ternura, da ingenuidade e do... Romantismo".

" – Por outras palavras, do amor". – Concluiu o pai. O menor assentiu.

" – E tu... Disseste-lhe sobre os teus sentimentos ou não?". – Arriscou-se a mulher a perguntar.

" – Eu acho que... Estraguei tudo". – E suspirou bem fundo.

" – Ouve-me, Dipper". – Murmurou a mãe, levemente séria. E ela nunca tratava o filho pelo nome daquela forma, se não fosse algo mesmo importante. – "O Bill é mesmo teu amigo, certo?".

" – C-Claro!". – Respondeu, sem hesitar. – "Somos os melhores amigos do mundo inteiro e toda a gente sabe disso!".

A senhora sorriu calorosamente, apertando a mão do filho com força.

" – Se ele gosta mesmo de ti, nem que seja por amigo... Ele não vai te odiar por uma coisa dessas. Isso só irá fortalecer a vossa amizade, querido. Não te posso garantir que ele retribua esses sentimentos íntimos por ti, mas... Posso garantir-te que, se ele realmente for o teu melhor amigo para a vida, ele não te vai deixar por um sentimento".

Com aquele discurso, o peso do peito do mais baixo pareceu ter-se evaporado a cada palavra e sentia-se muito melhor.

" – Então... Porque é que ele me ignora as chamadas?". – Sussurrou baixinho, com medo da resposta.

" – Bem...". – Começou o pai, com uma voz mais baixa do que pretendia. Ele limpou a garganta e prosseguiu. – "Ele pode estar com vergonha. Já pensaste nisso?".

" – Sim, mas... Isso não é motivo para me ignorar".

" – ...Ou talvez tem medo do que possa vir a acontecer".

Tanto Viktor como Dipper olharam surpresos para Johanna.

" – O que queres dizer com isso, querida?".

" – Faz sentido...". – Murmurou, pensativa. – "Ele teve uma má experiência no passado, com esse Luciel. E ele gostava do Bill também... Talvez, ele tenha medo que aconteça o mesmo".

Pines ficou tenso e engoliu lentamente em seco.

" – O... Onde queres chegar?".

" – Que ele tem medo do futuro. Tal e qual como a tua irmã... Lembras-te?".

Silêncio.

A única coisa que se podia ouvir eram as engrenagens do cérebro do mais novo a trabalhar e a ligar todas as peças.

" – Ele tem medo do que vai acontecer, daqui para a frente. Para além de ele não se sentir confortável, o Bill não tem... A melhor família que se pode imaginar, certo?".

E assentiu lentamente.

" – Os Ciphers são muito conhecidos na cidade. Têm muitas empresas. E não é à toa que surgem boatos por aí a dizer que todos os sucessores têm de continuar com os negócios da família".

A frase do pai fez Dipper dar um salto, apavorado.

" – O Bill odeia isso! Ele não quer continuar ali! Ele quer ser livre, ter uma casa pequena comigo e empregos simples. Vamos viajar pelo mundo juntos, nós tinha-mos prometido isso!".

Os olhos do pai deslizaram lentamente para o papel que o filho tinha escondido atrás dele, revelando a planta de um pequeno apartamento desenhado.

" – Porque é que ele não... Me contou isso?".

O olhar da mãe cruzou-se com o do pai, parecendo estar a esconder alguma coisa.

E a frase seguinte deixou o menor paralisado, banhado numa transpiração fria e tenso, a prender a respiração e com o coração a parar de bater por um segundo.

" – O Bill vai mudar-se para Inglaterra, Dipper....".

[...]

Nada mais interessava.

Como é que os pais tinham descoberto aquilo? Ele também não sabia. Mas calculou que tivesse sido o Will ou a Pacífica, ou até mesmo Mabel que descobrira antes dele.

As pernas doíam-lhe muito; O peito ardia de tão cansado que estava.

Mas ele não ia parar de correr, até chegar aonde desejava.

Imaginá-lo a ir embora. A despedir-se dele num aeroporto cheio de pessoas e em que nenhuma delas daria a mínima para o Cipher, ao contrário dele.

Um aperto no coração fez ignorá-lo a dor que sentiu, quando um galho de uma árvore lhe rasgou a camisa e provocou um golpe profundo no braço.

Cipher mudar-se para Inglaterra.

Para aquele país em que só chovia, tinha gente metida e um sotaque irritante? Não combinava com a forma divertida e descontraída do loiro.

Ele precisava, urgentemente, de o encontrar.

Precisava, urgentemente, de lhe esclarecer as coisas. De serem sinceros um com o outro, de voltarem à escola, juntos, a cantar em voz alta e contar as peripécias do fim de semana, enquanto falavam secretamente nas aulas pelo telemóvel.

Precisava, urgentemente, de lhe ver o sorriso. De o amar.

Precisava, urgentemente, de lhe dar a mão. Dizer que estava tudo bem. Que não ia ter medo do futuro, porque iam estar juntos, fosse como amigos ou algo mais.

Precisava, urgentemente, de lhe dizer que não ia desistir dele. Estivesse onde estivesse – Do outro lado do oceano, do mundo, do continente, do país ou até mesmo da cidade.

Precisava, urgentemente, de lhe dizer que o amava.

Parou bruscamente à frente da grande casa dos Cipher, percebendo que a janela do quarto de Bill estava aberta, o que só deixou o coração ficar mais rápido.

Ignorou o frio das ruas. A respiração pesada e ofegante a sair-lhe da boca e a fazer um leve bafo quente.

E saltou o portão do jardim, por ser pequenino. Começou a correr e viu imensos empregados tentarem detê-lo, mas ele foi mais rápido.

Infelizmente, um deles segurou-lhe o braço.

" – L-Larguem-me!!". – Gritou, começando a espernear, assim que mais dois o seguraram. – "Eu preciso de ver o Bill, por favor!".

Mas os três ignoraram-no, começando a andar em direção à porta de entrada.

Ele não podia desistir.

Ele não ia perder a meio do corredor de entrada... Ou ia?

" – Ouviram o rapaz. Soltem-no!". – Exclamou uma voz feminina e mais velha, séria.

Todos pararam, incluindo o moreno, ao reconhecer a voz.

Era Clarisse. A empregada favorita do amigo, mas agora ela não sorria. Estava completamente séria e parecia que ia dar um tiro na testa de cada um deles.

" – M-Mas, madame Cla...".

" – Eu acarto com as consequências depois. Larguem o rapaz. Deixem-no ir ver o Bill".

Os três empregados obedeceram e largaram-no, fazendo o moreno sentir o chão e olhando para a mulher bem mais velha, com a boca levemente aberta de espanto.

" – Porque é que...?".

" – Eu não quero ver o querido Bill nunca mais triste, Dipper...". – Respondeu a moça, com um sorriso doce. – "Eu cuidei tanto dele como cuidei do Luciel. Como um filho".

" – O que é que está a tentar dizer...?".

" – Não importa". – E abanou a cabeça para os lados. – "Corre, querido. O Bill já deve ter ouvido a tua voz e deve estar ansioso para que vás ter com ele...".

O moreno sorriu de orelha a orelha e começou a correr. Mas parou a meio das escadas.

" – Obrigado, Clarisse. E eu tenho a certeza que o Luciel estará sempre a olhar por ti, onde quer que ele esteja".

Ela assentiu com um leve sorriso e viu o menino subir as escadas, sem olhar para trás.

Um dos empregados atreveu-se a questionar.

" – Porque falou do seu neto para aquele rapaz, senhora?".

A mulher fechou lentamente os olhos. Colocou a mão delicadamente em cima do coração e suspirou, num sorriso fraco, débil e triste.

" – Porque... Porque este jogo foi aberto por ele. E infelizmente, terá de ser acabado por outro".

...

Ignorou todas as portas de várias cores do corredor. A roxa, da Pacífica, a azul ao lado da que pretendia entrar, do Will ou até mesmo as outras insignificantes.

A dele estava aberta.

Num piscar de olhos, ficou à porta, a respirar com dificuldades e a observá-lo.

Ele estava ali.

O rapaz alto, sentado na cama e a olhá-lo, incrédulo. Com o telemóvel nas mãos altas e finas, que caiu rapidamente em cima do colchão. Os olhos rasgados e amarelados fitavam-no, sem acreditar no que estava à sua frente.

Estava encostado com as costas à parede e com os seus phones, por algum motivo estranho, já que normalmente utilizava os seus headphones, que estavam na secretária, ao lado da mesa digital.

Pines tentou tranquilizar a respiração, numa troca de olhares. O cabelo completamente desarrumado, a camisa rasgada de lado e um corte no mesmo local e as roupas amarrotadas pela confusão anterior, com os empregados.

" – O... O que...".

Murmurou a voz do loiro, baixa e a pestanejar várias vezes, para tentar interiorizar o que estava à sua frente.

Dipper correu pelo quarto fora. Ignorou a porta aberta, a cara do amigo num mar de sentimentos e pegou-lhe no rosto, num desespero enorme e juntou os lábios, como se precisasse daquilo para respirar.

E agora, sentado e com o amigo entre as suas pernas e de pé, o loiro fechou os olhos lentamente e deixou os ombros relaxarem, libertando um sorriso leve. Colocou delicadamente o toque dos dedos na bochecha do mais pálido, que de olhos fechados, tentava não tremer de nervos ou de vergonha, ou até mesmo de fugir dali, devido à timidez.

Mas, uma promessa era uma promessa. Pines tinha de se esforçar para ser menos tímido. Ainda mais, se fosse por ele.

Contraiu as costas e afastou-se lentamente, com a respiração novamente acelerada de tanto correr. Observou, primeiro, os lábios finos e suaves do mais velho, que os humedeceu em seguida. Depois, o nariz fino e empinado, coberto das mais variadas sardas e de uma pele bronzeada que julgava achar perfeita contra a sua. Por fim, os olhos, de pupilas levemente rasgadas. Orbes amareladas.

" – D-Dipper, o que é que...".

Mais uma vez, Cipher tentava entender o que se passava ali. E, mais uma vez, o moreno fora imprevisível.

Mas, desta vez, ele ia ser direto.

" – Eu amo-te. Simples. É isso que se passa, otário pontiagudo".

Pestanejou uma vez. Depois dois. E o mais novo perdeu a conta quando o viu gritar de espanto e desatou a gargalhar da cara do amigo.

" – N-Não! Espera, isso não pode ser, estás a brincar, não estás?!". – Berrou o maior, a apontar com o indicador trémulo e a encostar-se completamente à parede, a ver a risada alta e descontraída do mais branco, como se aquilo fosse a coisa mais normal de se dizer.

" – Nope. Não estou". – E limitou-se a sorrir de orelha a orelha. – "Eu precisava de te dizer isso. E mais umas quantas coisas".

Bill paralisou. Não sabia como reagir, para além de sentir a confusão na sua cabeça e o coração a parecer que lhe ia explodir.

" – Primeiro de tudo, tu estás parvo ou quê?!". – Reclamou, quase para o esmurrar. – "Ignorar-me as mensagens e chamadas? Mas eu fiz-te algum mal ou quê?!".

" – E...Eu...".

" – Guarda as respostas e desculpas para depois". – Interrompeu-o. – "Segundo, que conversa é essa de Inglaterra e das empresas?! E a esconderes-me uma coisa dessas? Mas queres que eu te mate logo depois de te beijar ou quê?!".

" – Dipper, ouve-me, eu...".

" – E terceiro!". – Voltou a cortá-lo, agora com a voz mais alta e a fitá-lo mortalmente, de lado. – "Tu nem te dignaste a responder ali, na passagem de ano, porquê? Estás a tentar brincar comigo ou...".

Cipher revirou os olhos e calou-o.

Mas não. Desta vez, não foi a prendê-lo contra alguma coisa.

Foi mesmo com um beijo delicado, a segurar-lhe no rosto com uma mão e a outra em baixo das costas, a puxá-lo contra si, agora de pé.

O mais pálido jurou que ia explodir. Tremia muito e sem saber o que fazer, então, limitou-se a encolher os ombros e fechar os olhos, deixando uma risada contra a sua boca escapar do maior, enquanto lhe mordia levemente o lábio inferior. Abriu ligeiramente os olhos rasgados e sussurrou, com uma voz rouca todas as respostas que Pines procurava.

" – Primeiro, deixa-me responder. Segundo, eu ignorei-te porque... Não quis que te apaixonasses por mim. Não quero que nada te aconteça se o meu pai descobrir. Desculpa, foi idiota. Terceiro, as empresas era segredo. E eu descobri isso de Inglaterra há dois dias. Mas isso não importa agora, porque...". – E puxou-o mais contra si, abraçando-o com toda a força, deixando os braços do mais baixo estendidos ao lado do corpo, um pouco afastados e ainda nervoso. – "Tu estás aqui. E era só isso que eu precisava".

" – O... O que queres dizer com isso...?". – Arriscou-se a murmurar a pergunta, num tom de voz inocente e de profunda curiosidade, mas também com medo.

Bill afastou-se lentamente do abraço, mas ainda assim, sem o largar. Olhou-o nos olhos e sorriu levemente.

" – És mais tapado do que eu pensava".

" – O-Olha quem fala!!".

" – Okay, deixa-me refazer a frase...". – E beijou-lhe delicadamente a testa. – "Somos os dois um casal tapado".

" – C... Casal?!". – Berrou, com os nervos em franja e completamente vermelho.

O maior não entendeu à primeira, pestanejando duas vezes. Mas, depois, é que percebeu.

Ele nunca lhe tinha dito o que sentia.

Abanou a cabeça para os lados e fechou os olhos, deixando o outro quase a morrer porque a timidez começava a falar mais alto e ele parecia que ia desmaiar a qualquer momento.

Depois, tocou-lhe ligeiramente na mão. Entrelaçou os dedos lentos e levantou-as, para ficarem ao lado dos dois rostos. O olhar redondinho deslizou até às mãos devagar e depois para o bronzeado, levemente confuso. Este abriu o olhar, vincando mais as mãos uma contra a outra.

" – Eu amo-te".

Aquelas duas palavras e meia entraram nos ouvidos muito rapidamente de Dipper. Sentiu a informação entrar-lhe pelo cérebro e pareceu que se esquecia de como é que se aguentava em pé, tendo de segurar o seu próprio peso contra o bronzeado, que gargalhou em seguida, divertido.

" – O... A... E-Eu...".

" – Não digas nada. Eu já percebi, está bem?". – E, rasgando um sorriso completamente doce e de orelha a orelha, pela primeira vez, ignorou.

Ignorou tudo à sua volta. Esqueceu-se dos problemas. Esqueceu-se que teria de administrar as empresas da família, no futuro, coisa que ele abominava; Ignorou o passado; Nem se lembrou do pai e das preocupações.

...Muito menos da porta aberta.

" – Bill Cipher!!".

A voz estridente do pai ecoo pela casa, fazendo os dois rapazes afastarem-se muito rapidamente. Pálidos e com o coração a falhar, olharam lentamente para a porta, avistando o pai do loiro, vermelho de raiva.

Dipper tinha os dias contados.

E, pela segunda vez, apesar do final horrível, Bill conseguiu observar o amarelo à sua volta, do quarto, na companhia da pessoa que mais amava – Dipper Pines. 

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