Duas Vezes Amor

By 5Harmonatic

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Antes, Lauren Jauregui era o amor de toda uma vida. Depois, A namorada que a abandonou gravida. Antes... More

Capítulo 1 - Depois
Capítulo 2 - Antes
Capítulo 3 - Depois
Capítulo 4 - Antes
Capítulo 5 - Depois
Capítulo 6 - Antes
Capítulo 7 - Depois
Capítulo 8 - Antes
Capítulo 9 - Depois
Capítulo 10 - Antes
Capítulo 11 - Depois
Capítulo 12 - Antes
Capítulo 13 - Depois
Capítulo 14 - Antes
Capítulo 15 - Depois
Capítulo 16 - Antes
Capítulo 17 - Depois
Capítulo 18 - Antes
Capítulo 19 - Depois
Capítulo 20 - Antes
Capítulo 21 - Depois
Capítulo 23 - Depois
Capítulo 24 - Antes
Capítulo 25 - Depois
Capítulo 26 - Antes
Capítulo 27 - Depois
Capítulo 28 - Antes
Capítulo 29 - Depois
Capítulo 30 - Antes
Capítulo 31 - Depois
Capítulo 32 - Antes
Capítulo 33 - Depois
Capítulo 34 - Antes
Capítulo 35 - Depois
Capítulo 36 - Antes
Capítulo 37 - Depois
Capítulo 38 - Antes
Capítulo 39 - Depois
Capítulo 40 - Antes
Capítulo 41 - Depois
Capítulo 42 - Antes
Capítulo 43 - Depois
Capítulo 44 - Antes
Capítulo 45 - Depois
Capítulo 46 - Antes
Capítulo 47 - Depois
Capítulo 48 - Antes
Capítulo 49 - Depois
Capítulo 50 - Antes
Capítulo 51 - Depois
Capítulo 52 - Antes
Capítulo 53 - Depois

Capítulo 22 - Antes

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By 5Harmonatic

Hey little Unicórnios e Dragões *--*

BOA LEITURA!!!

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Eu estava sentada em uma mesa na saleta do jornal, mal ouvindo uma aluna do primeiro ano ansiosa ler uma matéria sabre a limpeza do refeitório, quando senti o celular vibrar dentro do bolso de trás. Ignorei a princípio- Noella, nossa editora, era extremamente rígida com relação a mandar mensagens de texto durante as reuniões, más ele vibrou de novo um minuto depois, insistente. Pesquei o aparelho o mais discretamente que pude.

Olhe para a frente, dizia a mensagem.

Olhei e me assustei: Lauren estava de pé no corredor, diante a janela da porta da sala, os braços cruzados, uma expressão levemente divertida. Ela inclinou a cabeça como cumprimento quando me encarou, e eu dei um enorme sorriso, o coração pulando um pouco. O que está fazendo aqui? falei, sem emitir som.

-Hã, Camila- voltei a prestar atenção. Não fui a única que reparou em Lauren. Noelle me lançou um olhar que poderia ter arrancado a casca de um coqueiro- você está prestando atenção ou nem tanto?

-Desculpe- falei para ela, corando. Estavam todos me olhando agora. Lauren parecia prestes a gargalhar. Peguei a mochila na cadeira ao lado e segui para a porta- acabei de lembrar que preciso ir a um lugar.

-E ai?- disse Lauren quando cheguei ao corredor, me empurrando contra um armário e me cumprimentando com um beijo, como se fizesse muito mais que dois dias desde que não nos víamos- foi bem sútil, o que fez lá dentro.

-Cale a boca- falei, rindo. Empurrei Lauren de leve pelos ombros, deixei que ela carregasse minha mochila pelo corredor como em algum filme adolescente. Estávamos andando juntas com frequência cada vez maior ultimamente, dirigindo durante muito tempo no litoral e indo para o Sonic tomar limonada com cereja, além de nos agarrarmos até minha boca ficar inchada e vermelha- como entrou aqui mesmo?

-Dei um jeito- Lauren deu de ombros- na verdade, uma caloura me deixou entrar.

Ri com deboche e revirei os olhos.

-É claro que deixou.

-É claro- repetiu Lauren- então, como estão as coisas no mundo do jornalismo impresso? - perguntou ela em seguida, abrindo a porta para mim e saindo para o anoitecer do início do inverno- à beira da extinção, como sempre?

-Sei lá- respondi, sorrindo- poderia responder isso um pouco melhor se você não tivesse me arrancado da reunião antes que ela acabasse.

Lauren fez uma careta.

-Eu não arranquei você de lugar algum- respondeu ela, agarrando meu pulso e fazendo exatamente isso, me puxando para si a fim de conseguir passar o braço ao redor de meus ombros.

-Certo- gargalhei e me inclinei mais para perto, senti o tecido da camisa térmica dela quente contra minha bochecha- não, está bom. Noelle está começando a me dar algumas matérias além da coluna, o que é legal. Vou cobrir o musical de inverno, se quer saber.

Lauren ergueu as sobrancelhas.

-Que chique.

Fiz um biquinho para ela.

-É, sim!

-Eu sei- disse ela, e me beijou de novo- isso é incrível, Camz- em seguida, girando a chave na porta do lado do motorista do jipe- então, o que vai fazer hoje á noite? Tem planos?

Bem, mais ou menos, se o dever de casa contasse.

-Eu estava pensando em pegar meu jatinho e ir para Havana no fim de semana, na verdade- disse a ela, imaginando que o sarcasmo fosse o caminho mais seguro na situação. Lauren estava, definitivamente, agindo como minha namorada nos últimos tempos, me buscava na escola quando eu não pegava carona com Nina e deixava romãs na minha varanda. Mesmo assim, o que quer que estivesse acontecendo entre nós ainda era dolorosamente cinzento e amorfo: Lauren não havia feito declaração alguma, e eu decerto não tomaria a iniciativa. Só esperei. Observei- ver como é a vida noturna.

-Ah, entendo- Lauren passou a mão atrás do meu encosto de cabeça e deu ré para arrancar com o jipe- bem, se achar que talvez possa dispensar El Presidente apenas esta noite, vamos tocar na Prime Meridian mais tarde. Deveria ir nos ver, conhecer todo mundo.

Todo mundo.

Nas noites que passávamos de brincadeira no restaurante ou juntas na varanda dos pais dela, era fácil esquecer que Lauren tinha uma vida inteira da qual eu não tinha acesso- que ela andava com amigos que nunca vi, que tocava música que nunca ouvi. Não gostava de pensar sobre onde ela estava quando não atendia o celular, nos fins de semana que passei com Nina ou sozinha fazendo coisas normais, típicas da vida de uma aluna do ensino médio. Aquilo me deixava nervosa. Eu me sentia estranha.

-É- sorri e afastei a ansiedade pesada que já sentia se formar no fundo do estômago- sabe, é meio que um saco entrar em Cuba mesmo, então...

-Ah é, só a alfandega- Lauren riu, parou o carro diante da minha casa e puxou algumas mechas que tinham caído do meu rabo de cavalo- busco você as nove da noite.

A Prime Meridian não era legal. No meio de uma loja de animais e um restaurante chinês de aparência duvidosa em uma galeria aberta em uma saída da rodovia, a boate era longa e estreita e exibia um minúsculo palco nos fundos, uma plataforma erguida trinta centímetros ou mais do chão. O bar estava coberto de pisca-pisca multicoloridos e sob os cuidados de um cara mal-encarado que, com toda a sinceridade, deveria ter uns dois metros e dez. o lugar cheirava a cerveja e cigarros, pessoas demais em um espaço pequeno demais.

Eu tinha ido lá com Dinah uma vez, bem no início do ensino médio, nós duas com maquiagem demais e usando os jeans mais apertados. Olhamos uma vez para dentro e saímos correndo para a segurança fluorescente da saideira na Panera Bread, mas imaginei que ela deveria ter voltado algum dia, mais provavelmente com a garota que, no momento, me guiava pela multidão com uma das mãos na minha lombar. A idéia me fez sentir triste e enjoada, do mesmo modo que me sentia quando pensava em Dinah e Lauren.

-Preciso me preparar- disse Lauren por cima do tagarelar da multidão, depois de me deixar no canto do bar- vai ficar bem sozinha? Mike disse que manteria você longe de problemas.

Mike, o barman gigante, assentiu, ranzinza, em minha direção. Balancei um pouco a cabeça, suando: estava quente como um forno dentro da Prime Meridian.

-É, vou ficar bem. Não se preocupe.

-Que bom- ela pegou minha mão e apertou uma vez, e então se foi- grite bem alto.

Lauren me deixou e seguiu para o palco, onde dois caras já estavam montando uma bateria, conectando um amplificador. Observei o grupo por um tempo, até que o baterista- o próprio Animal, provavelmente- me viu e cutucou Lauren. Ele disse algo, mas não consegui entender o que foi.

Tentei ficar confortável no banquinho, não encarar ninguém, parecer que pertencia ao lugar. Queria ter um caderno. E uma caneta. Uma garota escrevendo em um bar devia ser esquisito, mais não tão esquisito quanto uma garota apenas sentada ali, sozinha e suada, sem nenhum lugar para onde olhar à vontade. Queria ter chamado Nina para ir junto.

-Quer alguma coisa? - perguntou Mike, inclinando-se sobre o bar para eu poder ouvir.

Concordei.

-Só uma coca. Com muito gelo.

Ele ergueu a sobrancelha para mim.

-Só isso?

-Só.

-Boa garota.

Dei de ombros. Essa sou eu, quis dizer a ele. Camila Cabello, sempre a boa garota. Deveria ter mandado fazer cartões de visita.

Mastiguei cubos de gelo enquanto o bar enchia, e outro cara subiu no palco e começou a afinar a guitarra. As pessoas continuavam entrando, e olhei em volta, cautelosa, quando um grupo de três ou quatro garotas se posicionou bem diante de mim. Havia definitivamente um público-alvo na Prime Meridian naquela noite, muita gente vestida com roupas da American Apparel por ali.

-Hã- quando Mike passou- posso fazer uma pergunta?

-Acabou de fazer- ele parecia impaciente; estava ocupado.

-Eles tocam muito aqui?

-Com algumas semanas de intervalo.

-É sempre assim? A....multidão, quero dizer?

-O que, o batalhão de moças? - Mike deu um risinho, olhou ao redor- basicamente- ele me encarou por mais um momento- precisa de mais alguma coisa?

Sim. Como diabos eu não sabia que aquela era uma banda popular? quis gritar, mas o vocalista, que vestia uma camiseta com MEU OUTRO CARRO É SUA MÃE estampado na frente se aproximou do microfone.

-Somos a Ideal Platônico- anunciou ele quando a bateria começou a bater ao fundo- tudo certo?

Voltei o rosto para Mike e sacudi a cabeça.

-Não- respondi devagar, o que foi inútil, não conseguia nem ouvir minha própria voz- acho que estou bem por enquanto.

Os membros da Ideal Platônico eram todos variações de um tema, todos de cabelos bagunçados com atitudes malcriadas e tênis All Star Converse, mas funcionava para eles- não prejudicava o fato de as melodias serem maravilhosas, as harmonias perfeitas. O garoto no teclado usava aparelho, reparei, sorrindo; o guitarrista, que usava óculos escuros estilos aviador, embora estivesse escuro demais ali, e que eu me lembrava de ter ouvido Lauren chamar de Iceman, tinha um ar muito mais John Mayer do que provavelmente gostaria de admitir.

Lauren, no entanto, minha Lauren Jauregui, era obviamente a bonita da banda- jeans escuros baixos nos quadris estreitos e uma fivela de cinto do tamanho de uma frigideira. Ela vestia uma camiseta branca simples, do tipo que se compra no Wal-Mart em pacotes de três por seis dólares, mas é claro que tinha a aparência de um milhão de dólares. Peguei mais um cubo de gelo do copo.

Lauren sabia como atrair as garotas também, principalmente um grupinho de quatro ou cinco que estava de pé bem ao lado do palco, cantando todas as músicas e mexendo o corpo para valer. Rebolando. Cruzes. Lauren tocava baixo e não falava muito, apenas sorria de vez em quando, batia o tênis no palco e cantava as músicas. Ela tinha uma voz linda, todo estilo tenor, aveludada e triste.

Eu me ajeitei no assento, inquieta e incomodada; não conseguia afastar a suspeita de que estava exatamente onde não queria. Tinha ido tão longe e, mesmo assim, a única coisa que conseguia fazer era assistir do outro lado do salão e desejar que houvesse um modo de capturar Lauren, de escrever sobre ela- a garota no quintal na festa, escondida, fora da parte iluminada.

Lauren falava com aquelas garotas entre as músicas, as Reboladeiras, rindo como se as conhecesse, agachada na beira do palco.

-Lauren, tire a camisa- gritou uma delas mais do fundo, alto o bastante para todos ouvirem, e provavelmente estava brincando, mas mesmo assim quase engasguei e morri.

-Você primeiro- rebateu ela.

Por fim, me levantei para fazer xixi, serpenteando entre a multidão e tentando ser apalpada o mínimo possível. Quando terminei, empurrei a porta de entrada, ignorando o pequeno aglomerado de pessoas de pé em volta de uma picape no estacionamento, garrafas de vidro nas mãos. Olhei para a vitrine da loja de animais por um tempo, para os filhotinhos de cachorro e de gato dormindo nas minúsculas gaiolas. Peguei o celular a fim de ligar para Nina.

-Domino's- respondeu ela alegre.

-Este lugar está cheio de vadias.

-É claro que está- Nina parecia divertir-se. Eu conseguia ouvir a TV nos fundos, os programas de crimes hediondos de que ela gostava- é nojento.

-Nenhuma delas tem idade para estar aqui. Quero dizer, eu não tenho idade para estar aqui também, mas pelo menos minha saia não está no meio da bunda em pleno mês de janeiro.

-Verdade- concordou Nina- verdade, deve-se esperar até os meses de verão para usar a saia no meio da bunda.

-Cala a boca- ri, apesar de não querer- estou falando sério. Sabia que essa é, tipo, uma banda que as pessoas vem, de verdade, assistir?

-Como eu poderia saber? - perguntou ela- é você quem vai escrever uma tese de doutorado sobre a vida de Lauren Jauregui.

-Acho que preciso ir embora.

-Por causa das vadias?

-Eu me sinto uma tiete, Nina- chutei alguns pedaços quebrados de concreto, como uma criancinha dando chilique- gosto muito dela, quase estupidamente.

-Eu sei- Nina suspirou em deboche do outro lado da linha. A paciência dela com Lauren era limitada, eu sabia. Por um momento, me permiti pensar em Dinah, no modo como conseguíamos passar a tarde inteira no oitavo ano desconstruindo o novo corte de cabelo de Lauren ou como ela pronunciava a letra L. era só mais uma coisa da qual eu sentia falta em relação a ela, como os tornozelos esquisitos e ossudos dela e o quanto amava as piadas sem graça que começavam com ''toc-toc'', o código e a língua secreta de uma amizade que tinha uma década ou mais.

-Quer que eu vá buscar você?

Suspirei, me recompus.

-Não, vou ficar bem. Sou grandinha.

-É mesmo. Ligue se mudar de idéia.

-Obrigada- desliguei, tamborilei os dedos uma vez contra a vitrine da loja de animais e me arrastei de volta para dentro. Tinha perdido meu assento, então peguei mais uma Coca com Mike e me contentei em assistir o resto do show prensada contra a parede, um braço cruzado sobre o peito como escudo. Tinham acabado de anunciar a última música quando senti a mão de alguém no ombro, ouvi uma cantoria alegre perto da orelha.

-Caa-mii-laa. O que está fazendo aqui?

Virei, encolhendo o corpo ao ser tocada, e ali estava Normani Kordei. É claro. Ela vestia jeans de grife e uma regata feita para parecer gasta, um pingente de ametista delicado em uma corrente fina ao redor do pescoço. Eu já queria morrer. Ou, melhor, queria que ela morresse.

-Oi. Eu, hã...- Recomponha-se, Camila, cruzes. A sensação que tive era de que tinha sido flagrada, como se ela tivesse me encontrado fazendo algo ilícito- vim com Lauren, na verdade.

Isso a surpreendeu. Seus olhos se semicerraram, como os de um felino.

-É mesmo? Vocês duas estão, tipo...- disse ela, como uma acusação- namorando?

-O que? Não, não- respondi depressa- só estamos... nossos pais tem um negocio juntos, então...

Então.

-Não diga- Normani me olhou de cima a baixo. Eu conseguia sentir o cheiro do perfume dela, suave e caro- ela nunca disse nada. Você tem aquele olhar espantado do tipo primeira vez com Lauren Jauregui. Mas acho que se conhecem desde que eram apenas pirralhas, certo?

Encolhi o corpo.

-Tipo isso.

-Que fofo! - disse Normani- ela é ótima, não é? - comecei a responder, mas Normani continuou falando- e vocês, você sabe, tinham Dinah em comum e tudo o mais.

Ah, uau. Eu estava a quase meio segundo de sair correndo pela porta de novo, ligar para Nina, pegar carona, se precisasse, mas Lauren apareceu atrás de mim neste momento, colocou a mão dentro do meu bolso de trás como um cumprimento. Virei. Ela estava quente e encharcada de suor.

-Oi, Mani- disse Lauren- está cuidando bem desta aqui?

-Ah, muito bem- respondi por ela.

-Somos velhas amigas- acrescentou Normani.

As duas conversaram um pouco sobre alguma festa a que tinham ido umas semanas antes, sobre algumas pessoas das quais nunca ouvi falar, e então Normani desapareceu na multidão, sorrindo para se despedir de um modo que parecia, sinceramente, uma ameaça. Lauren não reparou.

-Então, o que achou? - perguntou ela depois que Normani se foi.

Respirei fundo, fiz cara de paisagem.

-Incrível demais, lógico.

Ela sorriu e então franziu a testa.

-O que foi?

-Nada- respondi, piscando- só um pouco cansada.

-Quer que eu a leve para casa?

Sacudi a cabeça.

-Não. Fique se quiser. Posso ligar para Nina e pedir para ela me buscar.

-Não, não faça isso- disse Lauren- não vá. Me de alguns minutos e nós saímos daqui.

-Lauren...

-Não tem problema algum- prometeu ela.

Levou mais de alguns minutos. Foram mais três Cocas e duas idas ao banheiro tosco, além de ter sido apresentada a cerca de trinta amigas mulheres e excessivamente lindas de Lauren, muitas das quais disseram:

-Ah, ela é tão bonitinha! - como se eu não estivesse presente e tivesse quatro anos de idade. Passava da meia-noite quando conseguimos sair.

Eu me acomodei com cuidado no lado do passageiro do jipe, encostada a porta, tão distante dela quanto naquela noite no pátio do restaurante, meses antes. Lauren devia estar pensando o mesmo, porque revirou os olhos para mim.

-Ah, pare- disse ela, estendendo a mão e pegando a minha. Os calos de Lauren arranharam minha palma da mão quando ela me puxou pelo assento, até eu estar quase sentada em seu colo- desculpe por termos ficado tanto tempo. Não percebi que estava tão tarde.

Sacudi a cabeça.

-Não, não é isso.

Lauren sorriu.

-Você não se divertiu nada, Camz. Pode dizer.

-Eu não diria isso- falei.

-Então o que diria? - ela estava mexendo na costura do meu jeans, os dedos se movendo, distraídos, para cima e para baixo na minha coxa.

Dei de ombros, inutilmente.

-Gostei muito da sua banda.

-Que bom, mas não foi isso o que perguntei.

-Lauren...-suspirei- não sou seu tipo.

Ela arqueou as sobrancelhas.

-Qual é meu tipo?

Dinah. Normani. As Reboladeiras.

-Não eu.

-O que isso quer dizer?

-Não sou boa com esse tipo de coisa. Não gosto...- de bares. De garotas mandando você tirar a camiseta. De me sentir como uma fã-...de grandes grupos de pessoas. Não sou, tipo, supersociável. Não sou seu tipo.

-Quem se importa? Odeio meu tipo. Quero você- ela girou a ponta do meu rapo de cavalo entre dois dedos- por que está chateada?

-Não sei- dei de ombros. Quero você, ela disse- odeio Normani- só para começar.

O rosto de Lauren se abriu em um sorriso.

-Jura?

-Há quanto tempo vocês são amigas? - perguntei enquanto Lauren engatava a primeira marcha e arrancava para sair do estacionamento.

-Desde o nono ano? - disse ela, olhando para trás- não sei. Ela namorou o Iceman por um tempo.

-Vocês duas já...? - parei de falar, arrependida antes mesmo de as palavras saírem.

Mas Lauren estava sorrindo.

-Nós duas já o que, Camz?

Abaixei o rosto, desviei o olhar.

-Esqueça.

-Isso incomodaria você?

-Talvez.

-Não

-Que bom.

Lauren olhou para o relógio no painel. Estávamos entrando na rodovia àquela altura. Se Lauren virasse à esquerda acabaríamos na minha casa e na dos pais dela; virar à direita nos levaria para o sul, na direção da rua em que Lauren morava agora. Ela parou o jipe em um sinal vermelho.

-Precisa ligar para seu pai? - perguntou Lauren.

Sacudi a cabeça. Nossos pais tinham passado a noite juntos em um jantar para comemorar a aposentadoria de um dos clientes mais antigos do restaurante. Eu os imaginei no salão de banquete, estranhamente reconfortada pela idéia de estarem todos no mesmo lugar. Não menti quando contei a Lauren que sentiria falta deles quando saísse de casa.

-Não sabia quanto tempo duraria, o show, então disse a ele que provavelmente ficaria na casa de Nina.

Lauren assentiu, não disse nada por um bom tempo. O rádio murmurava.

-Quer ficar lá em casa um tempo? - perguntou ela, e fiz uma pausa antes de responder, na qual mal respirei. Meu rosto pareceu quente. O sinal ficou verde.

-Sim- assenti- posso ir.

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E agora... o que vocês acham que vai rolar?

Até o próximo *---*

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