O VAZIO QUE HABITA EM MIM (CO...

By ApolloSouza

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Ele nunca teve uma vida fácil, nem tão pouco feliz. Um garoto problemático na infância, a separação dos pais... More

Sinopse
PRÓLOGO: JOÃO NINGUÉM
PARTE UM
1. PESADELO (revisado)
2. PARA QUALQUER LUGAR (REVISADO)
3. O NOVO AMIGO DA MAMÃE
4. FAMILIA (revisado)
6. EU JUREI VINGANÇA (revisado)

5. ANJO E DEMONIO(revisado)

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By ApolloSouza



Não demorou muito para que nós três tivéssemos uma grande surpresa, alguns meses depois da mudança de Álvaro mamãe come­çou a ficar estranha, estava sem­pre tonta, reclamava de sono e ficava enjoada com facilidade.

Foi numa tarde quente de verão, eu estava brincando na calçada de casa quando eles me deram a notícia. Ma­mãe estava radiante, Ál­varo trazia consigo um bolo e re­frigerantes variados para a comemoração. Toda a vizinhança foi convidada, nos preparamos tudo, recebemos todo mundo.

Eu não entendia o porquê daquela comemoração, foi quando mamãe e Álvaro me chamaram num canto da cozinha e me deram a notícia.

—Nós temos uma surpresa, meu querido! —Disse-me mamãe sor­ridente enquanto alisava a barriga. —Um anjinho está a caminho.

—E quando ele vai chegar?

—Logo, logo, você vai ter um irmãozinho ou irmãzi­nha.

— Daqui há alguns meses. — Respondeu-me Álvaro também sor­rindo. — Mas a mamãe vai precisar de repouso até o bebê chegar.

— Então seja um bom menino. — Mamãe reforçou dando uma piscadela para mim.

—Tá certo. — Eu respondi sorrido.

Naquele dia eu havia me comportado como um anjo, ajudei Ál­varo a preparar um chá para mamãe e nós o levamos juntos com um pouco de biscoito amanteigado e geleia. Junto com o açúcar ele havia colocado um pozi­nho branco que segundo ele era uma vitamina que o mé­dico havia passado para os enjoos da mamãe.

— Quando sua mãe terminar você vai me ajudar numa coisa? — Ele perguntou me segurando pelos ombros.

— O que é?

— É um segredo entre homens, sua mãe não pode saber. Tudo bem?

— Tá!

Álvaro havia dispensado Amanda dizendo que cuidaria de tudo.

Nós tomamos conta de tudo, lavamos a louça, arrumamos a casa e pela primeira vez ele tomou banho comigo.

A intimidade nos dava certas liberdades em casa, eu sempre via Álvaro ou mamãe sempre passar de toalha do banheiro para o quarto, Álvaro as vezes de shorts ou de cueca, eu também fazia isso. Mamãe nunca deixava que eu passasse pela casa sem ser assim, por causa das visitas. Álvaro e mamãe só o faziam quando estávamos só nos e nunca na minha frente.

Naquele dia estávamos os dois cansados foi ai que veio a proposta:

— Vamos adiantar um pouco as coisas. — Álvaro disse já pegando a toalha. — Pega lá tuas coisas que eu te espero.

Corri até o quarto peguei minha toalha, e segui ate o banheiro onde ele já me esperava com o chuveiro ligado.

— Vem. — Ele chamou quando me viu esperando na porta do banheiro já tirando a camisa e a calça ficando apenas de cueca box.

— O que? - Hesitei.

— Vamos tomar banho juntos. Assim vai ser mais rápido.

Aquilo era totalmente novo para mim. Eu nunca tinha tomado banho junto com ninguém era sempre mamãe que me dava banho, ou me mandava tomar banho sozinho. Parecia ser uma ideia legal. Álvaro percebeu minha hesitação, encheu as mãos com agua e jogou em mim.

Depois disso ele correu ate mim e me pegou no colo me molhando com roupa e tudo, ele sorria enquanto eu jogava agua nele também. Em pouco tempo estávamos os dois molhados.

Então eu finalmente tirei a roupa, assim como ele fiquei apenas de cueca.

Nos dois nos ensaboamos sem pressa, ele me mandou lavar todos os lugares, braços, pernas, barriga e as costas, pois ele sabia do meu segredo.

Muitas das vezes que eu tomava banho eu apenas me molhava e saia rapidamente. Ele me fez tomar um banho de verdade.

Enquanto eu o fazia, notei que ele não tirava os olhos de mim, ia me dando instruções e fazia o mesmo. Foi aí que eu notei algo diferente.

— Por que o seu ta desse jeito? — Perguntei apontando para o meio das pernas dele.

— Ah, ele fica assim de vez em quando, quando dá vontade de fazer xixi.

— Por que não faz?

— Não tô com vontade.

— Então...

— Depois eu te explico.

Nos terminamos de tomar banho, ele me levou para o quarto, pediu para que eu trocasse de roupa e me pôr na cama.

— Micelus... — Ele disse com a voz calma. — Não conta para a tua mãe que eu te dei banho, tá!

— Por que?

— Você sabe como ela é, não sabe?

— Sei...

— Então, promete guardar segredo.

— Certo. – Respondi.

— Fica sendo nosso segredo.

— Tá.

Certo de que eu manteria aquilo em segredo Álvaro me deu um beijo de boa noite e apagou a luz. Me deixando só com meus sonhos.

A partir desse dia tudo mudou. As coisas ficaram di­ferentes. A medida que o tempo passava Álvaro tornou-se mais rude comigo, ele não era mais o amigo que havia me cativado antes.

Talvez a culpa fosse minha, ou talvez ele estivesse preocupado com o estado de mamãe e do meu irmãozinho Bernardo que logo, logo nasceria. Como mamãe estava sempre indisposta Álvaro começou a "cuidar" mais de mim. Ele sempre me cha­mava para ajudá-lo em alguma ta­refa me dizendo ser coisa de homem e que eu deveria aprender para quando fosse mais velho.

Eu, na flor da inocência não entendia muito bem o porquê da­quilo tudo, mas como era coisa de homem eu queria aprender para poder ser o homem da casa como mamãe sempre dizia.

E eu fazia de tudo para ve-lo feliz.

Eu o ajudava a arrumar o quintal, concertar coisas quebradas em casa, mexia com pregos, martelo e em to­das as ferramentas dele. E como Álvaro sempre dizia que eu aprendia as coisas bem rápido.

Vez ou outra quando ele tinha certeza de que estáva­mos só nos dois em casa, Álvaro me fazia ir até a parte dos fundos da casa e pegar para ele uma das muitas gar­rafa de cachaça que escondia da mamãe e depois de to­mar quatro ou cinco doses, dizia que queria brincar comigo.

Essas brincadeiras envolviam uma espécie de luta ro­mana onde um deveria derrubar o outro para vencer, as­sim eu sempre era der­rotado por não ter tanta força quanto ele.

O prêmio para a vitória era fazer aquilo que o vence­dor quisesse por um dia inteiro, e para ele o prêmio era sempre um banho demo­rado comigo.

Como aquelas eram as regras do jogo eu tinha que aceitar e man­ter segredo, pois era coisa de homem.

Com o passar do tempo, as brincadeiras começaram a ficar mais serias demais, ele me pedia para tocar em certos lu­gares e fazia o mesmo co­migo, isso Sempre quando não havia nin­guém em casa. Ele sempre dis­pensava a babá bem mais cedo do que o combinado para ficar sozi­nho comigo.

Até o dia que as coisas passaram do limite, e tudo deixou de ser brincadeira para se tornar meu inferno particular.

— Isso é normal entre homens, você vai ficar desse jeito também. Seu corpo vai mudar, sua voz vai engros­sar e vai fazer isso com ou­tras pessoas também. – Dizia ele enquanto eu me negava a fazer aquilo.

— É nojento..., eu não quero brincar mais disso. — Eu dizia em resposta.

— Ora, você não é homem?

— Sou sim.

— Então tem que fazer! Vem... — dizia ele me pu­xando pelo braço. E ai de mim se eu não fizesse o que ele queria.

— Eu não quero! — Gritei.

— Você vai brincar comigo sim. — Ordenou ele me agarrando pelo braço com força.

— Me solta, eu vou contar pra mamãe!

Pela primeira vez em dois anos Álvaro me esbofe­teou, com tanta força que minha bochecha esquerda fi­cou ver­melha e inchada. Meus olhos marejaram e as la­grimas ro­laram pelo meu rosto.

Naquele momento Álvaro me trouxe à tona uma das piores lembranças da minha vida. O dia em que meu pai quase nos matou. E nos dois fugimos de casa.

— Homens não choram! – Disse ele afagando meu rosto com am­bas as mãos, antes de me dar um beijo. — É uma pequena brincadeira entre homens, sua mãe não pode saber ou ela vai morrer de desgosto, sabendo o que o filho querido fez com o marido dela. Você não quer isso, quer Micelus?

— Não! — Respondi chorando

— Então você não pode contar pra ela, esse fica sendo nosso segredo.

Nós estávamos nos fundos da casa, ambos nus, ele forçava minhas costas contra a pia, passando a mão por todo meu corpo, enquanto acariciava a si próprio, enquanto me batia com a palma da mão aberta.

Eu apanhava sem saber o porquê.

Naquele momento eu me senti um objeto, pois o homem em quem eu confiava estava a explorar cada centímetro do meu corpo de forma sádica e cruel. Uma dor mortal invadiu meu interior. Nada daquilo era bom como ele enfatizava ser.

Tudo era apenas dor.

Eu me entreguei aquele momento, esperando apenas que tudo passasse. Naquele dia eu desejei a morte, do fundo da minha alma, mesmo que eu entendesse o que aquilo significava.

A partir daquele dia eu passei a viver com medo, passei a me escon­der dele quando eu sabia que ficaria sozinho com ele de novo. A rua passou a ser minha segunda casa, isso quando Amanda ou mamãe não estavam lá.

E assim eu me fechei em um mundo particular, só meu e eu não deixaria nenhum demônio se aproximar dele.


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