O pretendente perfeito

By DaniellaeKenzi

135 35 44

Colunista na rúbrica de conselhos na revista feminina "As poderosas", Phoebe é uma jovem de 26 anos que ating... More

1 - Bananas para mim, meloas para ti
2 - Quem vai ao ar perde o lugar, quem vai ao vento perde o assento
3 - Quando a vida te der limões... atira à cabeça do teu namorado gay
5 - Algumas feridas nunca saram
6 - Um azar nunca vem só

4 - Quem não tem cão, caça com gato

14 6 6
By DaniellaeKenzi

- Marcos Albuquerque - diz Joana.


Eu não acredito. Eu não acreditooo.

- Ele é tão perfeito que a Phoebe ficou atordoada - comenta Joana.

- Eu... eu tenho que ir trabalhar. Já perdi demasiado tempo - já perto da porta do meu escritório grito para os três - Eu quero essa Magda Antunes na próxima edição da revista.

Ao sentar-me na minha cadeira rolante, faço o que sempre faço quando estou nervosa, dou rodopios de um lado para o outro feito uma criança. Neste momento, Joana, Lorraine e Felipe devem-me estar a ver pelas janelas do escritório com expressões atónitas. Imagino a voz peculiar de Lorraine dizendo para os outros dois "É assim que ela trabalha?". Eu tenho que me concentrar. Vou responder a esta correspondente que "não", ela não deve voltar para o ex dela. Afinal, ele traiu-a e mesmo que estivesse alcoolizado nesse momento, continua sendo uma traição. Creio encarecidamente que a gente não muda de personalidade quando bebe álcool, a gente apenas se solta. A gente mostra a verdadeira face. Foi isso que eu escrevi. Tentei explicar-lhe da melhor maneira que se ela reatasse com o sacana do ex, aquela traição iria ser como uma erva daninha na relação deles. Decido que esta carta vai para a próxima edição.

Segunda carta:

"Oi Phoebe, como dizer à minha sogra de uma maneira simpática, que não quero ir a casa dela porque ela é uma valente porca?"

Ai que eu não vou aguentar de tanto rir. Se é normal eu receber cartas destas? Nem imaginam. Tento alisar a folha o máximo possível e meto-a na pasta vermelha. A pasta que dediquei ao correio que posto no site do jornal. Ainda não pensei no que hei-de responder a esta pessoa, que como seria de esperar é anônima, porém vai ser bem interessante responder-lhe.

A rúbrica "A Phoebe diz..." ocupa duas páginas da revista que tem formato A4, no entanto, o espaço é pouco tendo em consideração tanto correio. Eu vejo-me no dever de responder a toda esta gente, o que quer dizer que aquilo que escrevo na rede é uma estenção da rúbrica, que contêm o que não cabe mais no papel. Em papel, isto que sobra daria a revista inteira. É mesmo muito correio, mas cedo ou tarde as pessoas acabam por receber a sua resposta, talvez demore um mês, mas a resposta aparece sempre.

Eu tenho um cesto de palha e todos os dias Lucas, o moço dos correios da redação, despeja tudo que é para mim lá dentro. Aliás, por falar nele, hoje ainda não apareceu no trabalho. Estranho! Ele é um garoto dedicado. Consegue consiliar a Universidade com este part-time e ainda arranja disposição para andar por a revista esbanjando sorrisos. Diria até que é um menino de ouro. Nunca chega atrasado, nunca atrasa o correio e nunca falta ao trabalho. De repente sinto um friozinho na espinha. Eu só espero que esteja tudo bem com Lucas.

Noto que sinto um cansaço inusual. Talvez seja por ter tido aquele encontro inusitado com Marcos, talvez por acabar de saber que Marcos vai ser o próximo rosto das "Poderosas", talvez por ter feito com que o namorado do meu melhor amigo fugisse dele, depois de lhe mandar com um limão à cabeça.

Agora que penso... Marcos sabia perfeitamente que eu trabalho nesta revista, quando se candidatou a modelo. O que ele quer, afinal? Quer balançar com toda a minha vida? Quer um retorno? Voltar ao que era antes? Bem pode tirar o cavalinho da chuva. Ele nunca fará o suficiente para que eu o desculpe. Nunca. Durante três derradeiros meses eu chorei todos os dias. Acordava a chorar e adormecia a chorar. Um dia a minha tia Graziela percebeu que eu estava com uma depressão e levou-me a um psicólogo que me orientou para um psiquiatra. O Doutor Emerson Gouveia seguiu-me durante quinze semanas, quase quatro meses. Sem a ajuda dele teria sido extremamente difícil superar a enorme tristeza que eu sentia. Sentia que nada fazia sentido, que os dias eram todos iguais, que mais nada valia a pena, que eu não valia nada. Eu atingi o fundo do poço e consegui reerguer-me com muito esforço, com muitas lágrimas deixadas para trás. Mas não é porque as lágrimas ficaram para trás, que a mágoa não continua cá dentro, porque sim, ela continua e eu tive a certeza disso quando o vi à minha frente. Ele ainda mexe comigo, mesmo se lhe dei a entender o contrário. Aquele porte de homem malhado e poderoso dificilmente passa despercebido ou indiferente ao sexo feminino, então espero francamente que ele encontre alguém no plano romântico rapidamente. Não quero ter que lidar com a "solteirice" de Marcos. Sim, está muito na cara que ele não tem ninguém.

Hoje está sendo um daqueles dias que parecem uma eternidade a passar. Passa do meio-dia quando Débora, uma estagiária da redação, vem com o correio e me pergunta onde o deve meter. Ela não tinha juntado todo o meu correio, como Lucas faz, mas dou um desconto, pois esta não é a real função dela. Coitada, por enquanto ninguém lhe dá mais para fazer do que servir cafés às pessoas. E as pessoas desta revista conseguem ser muito chatas com isso, então, tenho uma ideia para tornar o meu dia mais produtivo e o dela também.

- Débora, hoje você vai ser a minha assistente pessoal. Aceita?

- Isso consiste em quê? - vejo um brilho de expectativa em seus olhos.

- Ler o meu correio, escolher as melhores perguntas e por aí adiante. Você só precisa de mentalmente avaliar a carta e segundo a nota que lhe der, dividir em três pilhas. Aceita?

- Ía adorar, dona Phoebe - responde-me entusiasmada.

- Phoebe, Débora. Só Phoebe. A propósito, que é feito do Lucas?

O seu semblante muda um bocado.

- Bem, eu não disse a ninguém, mas a minha melhor amiga vive à frente dele e ela disse que apareceu um cara com uma pistola no apartamento dele e disparou. - arregalei os olhos em pânico - Não se preocupe, o cara não disparou contra Lucas, ainda assim ele ficou paralisado, completamente traumatizado. Ele não avisou ninguém da revista. Só há pouco é que o pai dele ligou e justificou a sua falta como sendo um grave problema familiar. Ouvi Lorraine dizer isso. Ela estava bem chateada com a ausência dele.

Ao menos agora sei que Lucas está bem. Tenho que meter mãos à obra, mas antes disso tenho que me assegurar que os serviços de Débora agora são meus. Vou até à porta e grito para todo o pessoal sem exceção, ouvir:

- Gente, a Débora hoje fica a ajudar-me com a minha correpondência.

- E quem vai servir o meu café? - pergunta Adalberto, com a barriga saliente encostada na sua escrivaninha.

- Levante o traseiro e sirva-se você mesmo, Adalberto. Não tem vergonha de escrever na rúbrica de saúde e não levantar o cu para nada? Você deveria escrever nesta próxima edição sobre obesidade, meu caro.

Adalberto não profere nem mais uma palavra e nas escrivaninhas ao lado ouço uns risinhos disfarçados. Enquanto isso, Joana aparece pela porta e vem logo dizendo que Magda Antunes tinha tirado umas férias do seu trabalho na rádio, para aproveitar umas férias que ganhara na República Dominicana.

- Não faz mal - respondo. Joana parece surpresa em ouvir isso. Nós temos sempre tantas candidatas a modelo, que quando uma delas deixa a oportunidade fugir, a gente não vai atrás dela, mas eu sinto que Magda Antunes é uma mais valia para esta revista. Com a sua pele morena, olhos castanhos e cabelos quase negros, ela vai tirar a imagem de loiraças que a revista projecta o tempo todo sobre os nossos leitores - Quando ela vier de férias quero-a aqui. Até é melhor, porque assim ela vai falar com o novo chefe da redação.

- O tal Aragão - constata Joana - Será que é solteiro?

Um sorriso malicioso aparece em seu rosto. Dou de ombros e a deixo com os seus afazeres.

- Espera, Phoebe... - pede.

- E então para a próxima capa?

Eu sei que posso estar a ser demasiado ousada, mas olho para Débora e algo me diz que não é uma má ideia. Ela é uma jovem muito bonita e elegante, que almeja ter a oportunidade de ter o seu trabalho valorizado. Este era sem dúvida o seu dia de sorte.

- Porque não faz uma secção fotográfica com a Débora? - pergunto.

- Você está louca? - a sua expressão vai de mim para Débora, que está no meu escritório fazendo exactamente a tarefa que eu lhe incumbi - A Débora é só uma estagiária.

- Exatamente. E nunca passará de uma estagiária se a única tarefa que lhe derem for servir cafés.

- O que você tem em mente? - pergunta-me.

- Leve-a a Felipe, façam uma secção com ela... com as nossas roupas, claro. E sei lá, chame lá o tal do... - não iria admitir que me lembro do nome de Marcos, então lanço a cartada do Supermercado - Almeida.

- Albuquerque. Marcos Albuquerque.

- Que seja - ela parece demasiado animada à menção do nome do meu ex-namorado. Não sei se isso me agrada. Na verdade, estou sentido um turbilhão de sentimentos, uma experiência que não vivia desde a adolescência, onde tudo era tão importante, tão intenso... eu simplesmente não sei o que me dá para lhe dizer em modo de constatação - Parece interessada nele.

Joana esboça um sorriso de diva e responde-me:

- Pode crer que estou.

~~~

Oi, pessoal.
Finalmente consegui acabar o 4° capítulo.

Quanto a vocês, leitores, dêem o vosso feedback. Eu escrevo para isso. Não tenham medo de dizerem o que pensam, apenas procurem não ofender, por favor.

Beijinhos e até o próximo capítulo...

Joana Soares

Continue Reading

You'll Also Like

92K 5.2K 60
🔥TRIOLOGIA: SUBMUNDO(2 LIVRO) [+18] Gisele é uma jovem rica que tem bons sentimentos, e que acredita fielmente no amor mesmo nunca ter sentido isso...
4.8M 324K 63
(+18) Capo Vicenzo Gambino faz parte de uma grande organização criminosa, popularmente conhecida como Máfia Italiana, ele é um dos membros mais impor...
60.9K 3.2K 33
Como o titulo já diz:𝙸𝙼𝙰𝙶𝙸𝙽𝙴 𝙷𝙾𝚄𝚂𝙴 𝙾𝙵 𝚃𝙷𝙴 𝙳𝚁𝙰𝙶𝙾𝙽 Alguns dos imagines Tera: Hot/incest0/agressão/palavras de baixo calão entre...