O pretendente perfeito

By DaniellaeKenzi

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Colunista na rúbrica de conselhos na revista feminina "As poderosas", Phoebe é uma jovem de 26 anos que ating... More

1 - Bananas para mim, meloas para ti
3 - Quando a vida te der limões... atira à cabeça do teu namorado gay
4 - Quem não tem cão, caça com gato
5 - Algumas feridas nunca saram
6 - Um azar nunca vem só

2 - Quem vai ao ar perde o lugar, quem vai ao vento perde o assento

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By DaniellaeKenzi

Lá porque actualmente a minha vida amorosa é vazia, não quer dizer que nunca tenha me apaixonado na vida. Eu já me apaixonei, sim. Por essa pessoa à minha frente que continua com duas meloas, uma em cada mão.


Eu gostei dele ainda eramos dois garotos e viviamos no Bairro das Tulipas. Andavamos juntos de bicicleta, íamos juntos para a escola e as nossas mães faziam tapeçadeiras juntas. A minha mãe trouxera esse negócio para o Recife, quando emigrara para o Brasil. A mãe de Marcos fôra a única aderente e assim se tornaram melhores amigas. Engravidaram praticamente na mesma altura e então posso dizer que conhecia Marcos desde que me conhecia por gente.

Certo dia, não sei porquê, os Albuquerque foram-se embora e eu não soube mais nada de Marcos. Mandei várias mensagens sem retorno até que certa altura, desisti.

E nunca mais o vira até agora, precisamente agora que ele estava apalpando as meloas para ver se elas estavam boas.

Estava eu imaginando o que Álvaro me diria se visse este momento acontecer, ele, que é bastante malicioso neste tipo de circunstâncias, quando Marcos abre a boca e as suas cordas vocais produzem o som de sua voz. Eu já não conhecia aquela voz. Embora os traços de criança continuassem lá, ele mudara e a voz engrossara muito mais do que eu havia imaginado.

- Phoebe Franco!

De repente um sorriso surge progressivamente em seu rosto. Não pude deixar de avaliar aquele sorriso numa escala de zero a dez. Decididamente, ele estava bem no dez, no quezito beleza. É duro ter que admitir tal fato. Eu preferia que ele tivesse engordado e se tornado um homem nada charmoso, mas esse homem à minha frente esbanjava charme por todos os poros.

Ele pousa as meloas no carrinho das compras e vem ter comigo do outro lado das caixas de fruta.

- A conselheira amorosa mais famosa do Brasil! - declara - Estou contente por vê-la.

Ele está sim, mas será que eu estou? Apercebo-me que estou petrificada olhando para ele.

Tinhamos dezoito anos, quando o vi pela última vez. Oito anos tinham-se passado e agora aqui está ele, constatanto que eu sou uma mulher de sucesso e bem resolvida profissionalmente. Nada que eu não saiba.

Eu simplesmente não sei o que dizer. Não ainda. Então deixo Marcos falar. Não compensa estes anos todos em que não fôra capaz de mandar sequer uma mensagem, mas eu estou curiosa com o que ele tem para me dizer.

- A minha mãe tem todos os seus livros e não falha uma publicação da sua revista.

Não me admira. Cleide sempre adorara revistas femininas. Lembro-me perfeitamente da pilha de revistas, que ela tinha sempre na mesinha da sala: revistas de culinária, de tricô, de costura, de pronto-a-vestir e mais uma parafernália de variados temas.

Indo ao ponto... Que cara de pau!

Ele foi-se embora sem nunca mais dar sinais de vida e quando me vê age como se nada se tivesse passado? Como se fosse um feliz encontro casual?

Pouso o cacho de bananas no meu carrinho de compras e apanho fôlego. Ele não se apercebe. Por momentos penso que ele me vai interromper, mas pelos vistos ele também tem curiosidade sobre o que eu tenho para dizer.

- Quem é você?

Trauuu.

Eu sei bem quem ele é. É o salafrário do Marcos Albuquerque, aquele que me beijou e pediu em namoro no dia antes de partir sem dizer mais nada. É esse sem vergonha.

Pensei muitas vezes neste dia. Eu tinha que dar a moeda de troca, por o que ele me fez.

Vejo a decepção em seu lindo rosto. Poderei ser catalogada de cruel por isso, mas deu-me prazer ver que as minhas palavras surtiram o efeito desejado. Agora eu posso virar as costas, mas a minha sede de curiosidade quer ver o que se vai passar a seguir.

- Eu podia jurar que você me conheceu quando olhou para mim - constata.

E não está errado. Ainda assim eu não quero que ele saiba isso e me agarro ao dom que tenho para a improvisação.

- Estava a pensar que as meloas - olho instintivamente para o conteúdo do seu carrinho - parecem ter bom aspecto.

Ele acredita. A decepção se abate novamente em seu rosto.

- Àh - deixa escapar - isso.

- Quer um autógrafo para a sua mãe?

Trauuuu.

Que tipo de ser é que eu estou-me a tornar? Nunca me comportei assim.

Ele fica embasbacado, como se sem mais nem menos, eu o tivesse esbafutiado. No entanto, ele não desiste de lançar todo aquele encanto para cima de mim.

- Phoebe, pimpolha?

O quê? Ele não fez isso? Ele não me chamou por esse apelido que me acompanhou durante toda a adolescência até sair do ensino secundário. Por aquele apelido que ele mesmo me deu.

Sem que eu tenha qualquer controlo sobre o meu corpo, sinto de repente as minhas bochechas arderem. Isso não acontecia há muito tempo. Neste momento estou no meu estado mais vulnerável. Detesto que as pessoas me vejam enrubescer.

Não tenho mais condições de fingir que não o conheço, então finjo que acabei de o reconhecer.

De repente mudo a minha expressão. Levo as mãos à boca que abro exageradamente e arregalo os meus olhos.

Phoebe chama a recepção ao corredor das frutas, para a entrega do prêmio Nobel de melhor actriz em improviso. Agora mesmo, produção!

- Não acredito! Marcos... Almeida?

Eu sei, o prêmio Nobel que não aparece, n'é mesmo?

- Albuquerque - ele corrige. Não parece mais decepcionado e sim intrigado - Nunca pensei que você esqueceria o sobrenome do seu melhor amigo de infância... do seu primeiro beijo.

Cara de pau!

- Eu também nunca pensei que o meu primeiro beijo ficasse oito anos sem dar sinais de vida.

E xeque-mate.

Phoebe 3, Marcos 0

Marcos fica desolado. Parece lamentar o sucedido. Já eu, não lamento nem um pouco que ele se sinta culpado. Ele merece isso, porque nessa história, na nossa história, quem falhou foi ele. Espero que ele tenha perfeita noção disso. Espero que ele perceba que virou uma folha rasgada na minha vida e que segui em frente, mesmo que isso não seja verdade. O medo de ser magoada e deixada para trás nunca me largou. É por isso que não aproveitei os melhores anos da minha vida.

Cheguei a acreditar que não fui feita para ter um lance romântico com ninguém. O primeiro amor foi o que foi, o segundo, enfim, o segundo...

***

Era um garoto propaganda, legal, hálito fresco, perfumado. Aquele estilo boa onda que sabe o que quer e está numa boa com a vida. Eu não era a única a babar por ele. Pretendentes não lhe faltavam, mas curiosamente ele não se parecia interessar por ninguém.

Um dia decidi que ía ter com ele e assim fui.

Apresentei-me, ele também e eu percebi que ele era aquilo tudo que parecia e muito mais. Ele era mesmo o homem que toda a mulher deseja. A sua beleza interior era ainda maior que a exterior e ele era mesmo o maior gato da zona.

Fizemos uma linda amizade.

E quando se começou a especular que eu e Álvaro Taveira eramos namorados, eis que o meu melhor amigo por quem eu era apaixonada, se assume perante toda a gente como homossexual.

Eu e todas as suas pretendentes caímos de cu ao saber isso. Aquilo era tão evidente. Como é que ninguém se apercebeu?

Mas hoje eis que ele era o meu melhor amigo e eis que o meu melhor amigo surge vindo de trás de Marcos e vem até mim. O seu mais recente namorado, Luís, estava a escolher fruta do lado de onde Marcos surgira.

Quando Álvaro me diz um "oi" bastante jovial e se aproxima de mim para me cumprimentar com dois beijos no rosto, eu lembro-me do impensável e zás...

Dou-lhe um beijo na boca.

~~~

Oi, gente! Nem eu esperava por esse final de capítulo. Juro!

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As críticas construtivas também são bem vindas.

Beijinhos e até o próximo capítulo...

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