─ Amor, pegou tudo mesmo? ─ me certifico com o lerdo do Bruno, ele bocejava segurando um copo de café nas mãos. Sua camisa estava amarrotada, sua calça jeans com o zíper aberto e ele ainda estava descalço. Seus cabelos estavam parecendo um ninho de desgrenhados, ele havia acabado de acordar. Foi inventar de beber mesmo sabendo que nosso vôo sairia às seis e meia da manhã.
Rolei os olhos bufando e fui até ele, o sentei na cama e tirei aquela camisa, ele coçou os olhos e encostou sua cabeça em minha barriga. Acariciei seus cabelos sentindo o cheiro delicioso que emavana dos fios lisos e claros, os puxei para trás e ergui a cabeça de Bruno também. Ele fez bico e abriu os olhos cor de mel me encarando, era a cena mais linda. Ele me apertou mais enquanto mantinha seu queixo contra minha barriga.
─ Amor... vamos nos atrasar, o vôo vai sair daqui uma hora ─ digo checando meu relógio de pulso.
─ Você é tão chata ─ é tudo que ele diz após me soltar e me empurrar emburrado.
Bruno troca a camisa, calça o sapatênis em seus pés e confere as malas.
─ Está tudo aqui, senhora ranziza ─ ele bufa enquanto fala.
─ Ótimo, assim que gosto de ver... agora vamos logo ─ vou pra frente do espelho e me checo. Usava uma blusa de mangas por conta de algumas marcas que Bruno fez questão de espalhar pelo meu corpo, usava uma calça jeans justa e meu vans. Meus cabelos ondulados estavam em um rabo de cavalo e um óculos escuro tomava conta do meu rosto.
─ Você está linda, mas ainda preferia você sem roupa, naquela cama, gemendo meu nome ─ ele me abraça por trás e sussurra em meu ouvido me causando um arrepio. Saio de seus braços e me distancio, não podia acender o fogo.
─ Bruno, por favor, temos que estar no aereporto às seis e meia ─ digo mordendo os lábios. ─ Não me convença a querer ficar mais umas horas nessa cama, sabe que não resisto.
Ele gargalha e vem até mim me abraçando. E só então podemos seguir até a recepção. O porteiro sobe pra pegar as malas enquanto Bruno me força a comer algo antes de ir.
Depois de tudo certo nós seguimos pro carro, e eu dou minha última olhada naquele mar e aquele lugar que me proporcionou a melhor semana da minha vida, literalmente a melhor semana. Jamais esqueceria essas "férias" em Fernando de Noronha.
Seguimos pro aeroporto e Bruno pegou um carrinho levando nossas malas, o cara da concessionária de aluguéis já estava lá pra levar o carro. Enfim, deu tudo certo.
Fizemos o check-in e umas seis e trinta e cinco nosso vôo foi anunciado.
Após me acomodar naquela cadeira próxima da janela, pude me recordar dos setes melhores dias na qual passei ao lado do meu amor e no melhor lugar do mundo.
Fernando de Noronha era cheio de pontos turísticos, então tínhamos bastante coisas pra conhecer durante aqueles setes dias. Fomos em vários lugares pelo pacote da pousada, e até porque Bruno conhecia o lugar. Seu pai já havia ido defender um caso lá e o mesmo havia o acompanhado. Nós começamos fazendo trilhas com outras pessoas, trilha do atalaia na qual um cara nos guiou mostrando a arqueologia do local e foi tudo incrível, mesmo o sol queimando e no final do dia eu me encontrar exausta. No segundo dia nós fomos fazer a trilha histórica na ilha que era um passeio pela Vila dos Remédios com direito à visita no museu, igreja, Forte dos Remédios e o Palácio São Miguel e Ruínas, ainda paramos em três praias pra fotografar e tomar banho, foi incrível, e eu já estava preta de pegar sol, mas tudo valeu a pena. No terceiro dia fomos fazer mergulho, e foi a experiência mais incrível da minha vida, descemos por doze metros com o instrutor e foi mais que incrível explorar aquilo tudo junto de Bruno. Ainda fomos, no mesmo dia, no zoológico e eu fiquei bem de pertinho com os golfinhos, e até pude tocar em um, com direito à foto. Bruno registrava todos os momentos com sua câmera profissional, não deixava escapar nenhum momento de nossa viagem incrível.
E nos outros dias sempre tínhamos algo pra fazer: fomos em um passeio de barco até o morro dois irmãos, depois fomos até uma ilha, o passeio de barco que percorre todo o mar de dentro, saia do porto de Santo Antônio, passava em frente a baia dos golfinhos, na ponta da sapata e por último no sancho pra um mergulho.
Tudo foi incrível, parecia não ser real porque a viagem havia sido perfeita.
Conheci cada canto de Fernando de Noronha e me apaixonei platonicamente por aquele lugar. Era um paraíso, era confortável, era lindo. Tudo era afrodisíaco, tudo tinha um clima harmônico e litoral.
Conheci várias praias na qual tive honra de ter como guia turístico o senhor Bruno, e no final do dia era gratificante me jogar na cama e ser abraçada por ele, ambos exaustos até mesmo pra trocar um beijo.
Passeamos, gargalhamos, brincamos, nos beijamos e transamos aproveitando o máximo da nossa semana juntos.
E agora era de voltar pro Rio de Janeiro mas já sentia uma saudade insaciável daquele paraíso.
***
Chegamos no Rio de Janeiro umas nove da manhã porque o vôo havia tido parada, e fomos direto pra casa após pegar a hilux. Nem conversamos com ninguém, fomos direto pro quarto de hóspedes e nos jogamos na cama exaustos. A viagem havia sido mais que cansativa.
Fui acordar lá por umas duas da tarde, passei a mão no lado da cama e não tive a presença de Bruno ao meu lado. Me levantei coçando os olhos e bocejando, joguei o celular em qualquer lugar e me levantei indo até o banheiro.
Fui logo tomar uma ducha demorada, me enxuguei, vesti uma camisa larga de Bruno e um short jeans, amarrei meus cabelos em um rabo de cavalo soltinho e saí daquele quarto.
Fui até a sala e o pessoal tava todo ali sentado conversando, assim que me viram deram um gritinho e sorri acenando como a rainha Elizabeth.
─ Querem autógrafos? ─ fui abraçar cada um, que saudade eu estava deles.
E depois peguei minha pequena chihuahua nos braços e beijei com saudade. Me sentei no colo de Bruno que me abraçou e fiquei fazendo carinho nela.
─ Tá horrível, querida ─ Arthur me olhava rindo. ─ Essa sua cara tá parecendo um pimentão, seus cabelos estão ressecados e você está bem queimada de sol.
Bruno joga uma almofada em Arthur e o mesmo se defende gargalhado. Os meninos dão "malhadeira" nele.
─ Obrigada por ser sincero, te amo ─ jogo um beijo no ar.
─ Como foi a viagem? ─ Arthur perguntou curioso.
─ Legal... ─ meu rosto cora ao lembrar de cada momento.
─ Muito sexo, não é mesmo? Imagino... você também não imagina, amor? ─ Diego provoca Arthur que cruza os braços.
Todo mundo gargalha, inclusive Bruno que me aperta mais em seus braços.
─ Tô chateado, sei que vocês transam mas não preciso saber ─ Arthur faz bico e Diego chuta ele.
Já devem imaginar que Arthur foi pra cima do mesmo e ambos começaram a se agarrar no chão. Logo em seguida Peter também se jogou e eles ficaram se enroscando no chão e provocando gargalhadas profundas em mim. Como sentia saudade dessa bagunça toda.
─ Olha como foi com Bruno e Lara viu... primeiro ódio e depois amor... podemos shippar desde já ArEgo? ─ Léo comentou sorrindo e os meninos lhe lançaram um olhar ameaçador.
─ Amei essa casal... ─ Bruno se pronuncia.
─ Qual é, hein? Pinto pequeno ─ Diego taca a chinela em Bruno mas o mesmo desvia.
─ O meu é maior que o seu ─ rebate brincando, coisa difícil.
─ Duvido, meu amor. Aqui é Diego Bengala, filho de Kid Bengala, sou negão e por isso tenho um pau de trinta centímetros, por que acha que as novinhas piram em mim? ─ não me aguentei, caí no chão rindo.
─ Mas você é só meu! ─ Arthur imita uma voz de viado e Peter empurra ele.
─ Ele é meu, bitch! ─ diz Peter correndo pra pegar a cabeça de Diego e imitar ele pagando um boquete pro mesmo. ─ Vai negão, chupa gostoso.
─ Eu vou é te comer de quatro, loira oxigenada alemã ─ empurra Peter e monta em cima do mesmo batendo na bunda dele.
─ Suruba com um negão e um alemão, adoro ─ Arthur monta em cima de Peter que caí no chão e nessa altura minha barriga já dói só de rir.
─ Não aguentou, essa puta alemã barata... vai ser o jeito pegar aquele gostoso cozinheiro ali ─ aponta pra Léo que gargalha mas na mesma hora para saindo correndo.
Arthur e Diego correm atrás do mesmo pelo apartamento e eu me acabo de gargalhar junto com Bruno e Peter.
Quando consigo me recompor me sento no sofá ao lado de Bruno, ele me toma em seus braços e me conforta no sofá beijando minha testa. Ele me enche de beijos, beija meu nariz, minha testa, minha bochecha e me causa cócegas.
No fim ele beija meus lábios de forma lenta, a ponta de nossos narizes se encostam, ele abre suas pálpebras e eu também.
E naquele momento percebo o quanto amo quando ele faz isso, quando me abraça forte, me beija calmamente, me tira o fôlego, me completa e me ama.
Eu amo tudo que ele faz, eu amo estar com ele.
E não cansava de dizer isso.
Só esperava que isso fosse eterno, que nosso namoro daqui em diante fosse puro, sem mentiras, sem vergonha.
Somente momentos como esse.