Quase, sem querer

By JssikaSoares

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Anne é uma garota de temperamento forte, que após perder a mãe muito nova, se revolta com a vida a ponto de s... More

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Epílogo_(FINAL)
Agradecimentos
Saiu livro físico ❤

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By JssikaSoares

Tomei duas xicaras de café pela manhã. Mais uma no almoço e outra antes de deixar a faculdade. E foi tudo que ingeri o dia todo.

Me sentia esgotada com todo o estresse que Harry causava na minha vida. E ter que encarar ele em duas aulas aquele dia não estava me ajudando. Ele fazia o possível para me irritar e sempre que tinha oportunidade falava alguma coisa para me lembrar da noite que tinha passado.
Ele era um saco.

Eu já estava com a mochila no ombro e já andava em direção a minha moto quando vi que ele estava logo mais a frente. Ele estava sentado no capo do seu reluzente carro negro, com as botas brilhando mesmo à minha distancia, rodeado de um grupo de amigos tatuados e de cabelos coloridos. Fiquei lá, parada, observando Harry, pensando porque ele precisava tanto me incomodar, se tinha a vida perfeita.
Ele era bonito, tinha dinheiro e todos aqueles de quem gostava a sua volta. Porque não conseguia simplesmente me deixar em paz?

Foi então que uma ideia me ocorreu. E se eu fosse tudo que Harry nunca conseguiu? E se estar comigo tivesse virado uma obsessão para ele? Já que ele não costumava ouvir um não. Se fosse esperta o suficiente conseguiria usar aquilo ao meu favor.

Eu não era a garota mais bonita do mundo, mas eu via como os homens olhavam para mim. E aquilo acontecia com muita frequência. Eu tinha os atributos corretos e meus cabelos rebeldes e longos sempre causavam boa impressão ao sexo masculino, mas não durava muito, bastava que eu abrisse a boca ou olhasse na direção deles para que entendessem que eu era encrenca.

Meu jeito de agir funcionava com todos, menos com ele. Harry parecia gostar de ser maltratado.

Então ele olhou na minha direção e me pegou o encarando. E mesmo a distancia eu pude ver aquele maldito sorriso, com covinha e maldade, que só ele tinha. Revirei os olhos e coloquei o capacete, depois montei em cima da moto e segui para a saída do estacionamento. Sem perder a chance de passar pelo grupo punk acelerando a moto só para mostrar que não gostava de ninguém ali.
Pude ouvir Harry gritar algo quando passei, mas não me dei o trabalho de tentar entender o que ele dizia.

Já estava com a camisa da academia e o pano na mão quando Nathan apareceu ao meu lado. Eu não queria conversar com ele, me sentia estranha depois de ter acertado o seu olho com um soco.

-A gente pode conversar?- perguntou ele meio inseguro.

Olhei para ele com cara de poucos amigos. Não conseguia mais ser amigável com ele, não depois do que tinha acontecido.

-O que você quer?- disse irritada.

Ele pegou o pano das minhas mãos e o jogou dentro do balde, depois pegou a minha mão e me puxou para dentro do vestiário masculino.

-O que você esta fazendo?- perguntei, assim que ele fechou a porta atrás da gente.

Ele olhou para os lados e depois sorriu.

-Aqui é o ultimo lugar onde o Alexander vai te procurar.- disse ele com um sorriso.- Assim podemos conversar.

Revirei os olhos e soltei o ar que nem tinha percebido estar segurando.

-É claro que é! Porque eu não deveria entrar aqui até às 22hs. Esta cheio de garotos para o treino.- eu berrei com ele e coloquei a mão na maçaneta.

Nathan segurou a minha mão e depois olhou para mim com cautela. Seu rosto estava tão perto do meu que eu podia ver, a mancha escura ao redor do seu olho, ficando com as bordas esverdeadas. Me retraia só em pensar como aquilo devia estar dolorido, mas não conseguia evitar me sentir orgulhosa por ter mostrado a ele que eu não levava desaforo para casa.

-Eu pedi aos garotos para me dar quinze minutos com você. Eles não vão entrar até a gente sair.- disse ele inseguro novamente.

Arregalei os olhos no mesmo segundo.

-Você disse a toda equipe que ia me trazer no banheiro masculino e pediu para ninguém entrar?- perguntei incrédula.

-Sim.- disse ele como se aquilo não fosse nada.- Por que?

Revirei os olhos e suspirei.

-Você não percebe o que isso parece? Vão achar que a gente esta se pegando dentro do banheiro.- disse indignada a ele, já procurando pela maçaneta outra vez.

Uma ruga surgiu entre as suas sobrancelhas e ele me afastou outra vez da porta.

-A sua cabeça é muito suja!- ele quase gritava de indignação, como se a minha ideia sobre o assunto fosse absurda.- Ninguém vai pensar nada. Disse aos caras que queria falar com você e que você era turrona de mais para ser legal na frente das pessoas.

Do mundo de onde eu tinha vindo, aquilo era um sinal bem claro de piadinhas e especulações. Se algo como aquilo acontecesse na faculdade todo mundo ia achar que, eu e Nathan, estávamos transando no banheiro masculino. Porque se você acha que a faculdade é um paraíso, e que as pessoas não vão pensar o pior de você, esta completamente enganado.

-Okay, eu que sou a pervertida então.- revirei os olhos mais uma vez.- Você já perdeu dois minutos, então comece a falar.

Cruzei os braços na altura do peito e fiquei olhando para ele com uma só sobrancelha arqueada. Ele pareceu ficar nervoso mediante a minha postura, esfregava os cabelos com a ponta dos dedos e depois os estalava. A mesma mania que ele tinha antes de algum confronto mais sério em cima do tatame.

-Bom, tem alguns caras da equipe que estão interessados em você, mas eu disse que você já tinha namorado.- ele começou.- Mas como eu sei que eles são terríveis e insistentes, e que provavelmente vão te falar alguma coisa, já estou avisando...

Levantei um dedo o interrompendo.

-Por que você disse que tenho namorado se não tenho?- perguntei com uma ruga entre as sobrancelhas.

Ele suspirou.

-Porque não quero que você fique com alguém.- disse ele como se fosse obvio suas intenções.

-E eu posso saber o porquê de você achar que pode controlar o que acontece ou deixa de acontecer comigo?- disse irritada.

Ele me segurou pelos ombros e me olhou sério.

-Porque as coisas ficam bem estranhas quando a gente fica com alguém da equipe.- disse ele parecendo um professor ensinando aos seus alunos.- E eu sei que em pouco tempo isso aqui já te conquistou, e não gostaria de te ver deixar o tatame por causa de algum babaca.

Cerrei o olhar na sua direção, estava desconfiada das suas intenções, mas era obrigada a aceitar que ele parecia sério de mais para estar inventando alguma.

-Você esta falando por experiência própria?- arquei uma sobrancelha, fazendo meu melhor olhar irônico.

Os ombros dele cederam, e ele parecia derrotado ao admitir que sim.

-Eu e Mag namoramos por quase dois anos.- disse ele.

Comecei a rir sem nem perceber que estava fazendo aquilo, o que o deixou indignado comigo. Mas é que como num passe de magica o jeito que ela agia começou a fazer sentido para mim, e não pude deixar de achar engraçado o fato de ele acreditar que eu poderia ficar assim com alguém. Eu jamais faria o papel de garota desesperada por atenção. Ele melhor do que ninguém, devia saber disso depois do soco que levou.

Me aproximei dele quando a minha risada cessou, com os olhos apertados e uma malicia proposital.

-Não se preocupe comigo, sei como agir com babacas.- sussurrei na sua direção, inclinando o rosto para frente ao passo que olhava para o seu olho machucado.

Ele tentou conter um sorriso, mas não foi muito eficiente.

-Só queria te dar um conselho.- ele ergueu as sobrancelhas simultaneamente.- É isso que os amigos fazem, não é?

Fiquei lá, olhando para ele sem nenhuma emoção. Não queria que ele pensasse que sua dispensa tinha ferido meu ego. Nathan ainda não me conhecia direito, não sabia como eu era em situações como aquela, se soubesse talvez não tivesse me colocado contra a parede como fez.

Mas o fato é, que em nenhuma circunstancia, eu gostava de sair por baixo.

Então segurei a sua camisa e o empurrei contra a porta, o tempo todo sustentando o seu olhar assustado no meu, e depois pressionei os lábios com força contra os dele. Ele ficou completamente sem reação, não esperava que eu fizesse algo como aquilo. 

Não era para ser um beijo carinhoso, só um que mostrasse para ele que eu não estaria na sua lista de amigos, pelo menos não se eu não quisesse.

-Só para deixar as coisas mais complicadas para você, nós não somos amigos.- disse quando me afastei dele, num sussurro provocante. Depois peguei a maçaneta da porta e a puxei, o fazendo sair do lugar contra sua vontade.

Se Nathan sabia ser um babaca, eu sabia dez vezes mais. E ele ia aprender que  ninguém podia me controlar.

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