Subo as escadas da recepção e vou andando de cabeça baixa pelo prédio ventilado até meu bloco. Peço o elevador e me olho no espelho enorme ao lado, meus olhos estavam mega vermelhos. Merda!
Agradeço por Arthur não estar em casa, e não ver Léo ou qualquer um dos outros meninos.
Vou direto pro quarto, tomo um banho gelado e boto uma roupinha folgada.
Já que acabo de almoçar, apenas me deito na cama abraçando meu cobertor e relembrando da cena mais cedo com Bruno. Ele me causava tantas sensações, uma hora era amor, outra ódio.
Pego meu celular vendo uma mensagem de Ricardo.
Ricardo ─ Ei morena, bora colar no Vegas hoje?
Lara ─ Que horas?
Ricardo ─ Umas nove. Chama sua amiga, aquela bonitinha do cabelo meio cacheado e de aparelho.
Lara ─ Tá bom.
Bloqueio o celular e vou cochilar.
***
Umas oito e meia fui me arrumar, tomei banho, lavei o cabelo, fiz chapinha, uma maquiagem noturna, depois vesti um vestido preto com listras brancas colado, calcei um salto preto e fui ajeitar minha bolsa. Passei perfume e disse pra Júlia que já estava indo.
Meu primo ia me deixar no Vegas já que Léo havia ido trabalhar, Peter havia saído com uns intercambistas e Diego só chegaria meia noite. E bem, não sei por onde diabo está Bruno. Só esperava ele me dizer algo depois de me declarar pra ele praticamente, mas ele não disse nada e nem mandou mensagem. Por isso precisava sair e esfriar a cabeça.
Havia combinado tudo com Júlia pela tarde. E ela também estava pronta. Quando me dei por pronta saí do quarto carregando minha tira colo, mando mensagem pra mamãe dizendo que iria sair e que não era pra ligar hoje e a mesma manda beijos e me manda curtir a noite.
Quando saio do quarto, Arthur me olha dos pés à cabeça e assubia.
─ Tá uma gostosa hein, já vai dançar no tchan? ─ brinca me abraçando e me cheirando. ─ Tá com macho por aí não né? Eu te esfolo.
─ Não, besta ─ bato em seu braço e o mesmo ri.
***
Arthur me deixa no Vegas, me despeço dele com um beijo no rosto e ele me deseja juízo, saio do carro e vou logo pra entrada comprando minha pulseirinha e entrando no ambiente. O lugar era maravilhoso, uma mistura de bar com baladinha, todo preto com cores neons e luzes dançando, havia uma fumaça no ar que deixava o ambiente mais abafado e confortável, além de ser tudo geladinho. Havia algumas mesas, o Vegas era de dois andares, mas quando olhei em uma mesa próximo das sinucas os vi lá.
Estava Ricardo, Júlia e mais um casal, acho que era Victor e outra menina que estava na resenha mas não recobrava seu nome. Fui caminhando até eles e os cumprimentei com um abraço e beijo no rosto.
O Victor não parecia gostar muito de mim, na maioria das vezes ele se achava muito por saber falar inglês fluente e ter morado nos Estados Unidos por 2 anos, e quando eu disse que falava não só inglês como italiano, francês e alemão ele meio que me olhou com raiva.
Mas hoje até estava tudo harmônico, me sentei com eles em uma mesa e o garçom veio trazer o cardápio.
─ Cinco skol secrets ─ pediu Ricardo. Só então o reparei, ele estava com um roxo no nariz horrível, e o rosto também estava meio roxeado.
O garçom logo trouxe as bebidas e comecei a beber do lado de Júlia, o pessoal todo conversava, e Ricardo não tirava os olhos de mim. Ele bebia e me olhava, seus olhos escuros, barba por fazer, os cabelos negros... ele me dava um certo medo. Por isso odiava o encarar.
Ele começou a conversar comigo e rir, e aos poucos tomávamos as garrafas de cerveja. Aos poucos ps efeitos foram surgiram em mim, quis dançar em imediato, mas Ricardo não deixou antes de tomar um shot, e uma tequila que desceu rasgando.
Puxei Júlia pra pista que tocava eletrônica e pedimos pro DJ tocar funk, a outra menina também veio dançar com a gente, ela era a Victória, o Victor pegava ela. Ela até era legal, ruivinha, branca e baixa, mas eu já estava tão tonta pra notar seus mínimos detalhes. Começou a tocar: tô pro crime do MC Duduzinho, e já fui rebolando até o chão junto com Júlia e a Victória.
Nós rebolavamos até o chão chamando atenção de alguns homens lá, mas nem ligavamos, as luzes dançavam em minha visão e só sabia rir igual uma louca e dançar. Sentia meu vestido levantar mas não estava nem aí, deixa eles verem.
Depois tocou mais funks, dancei todos, o garçom trouxe mais tequila pra gente. A gente tava dançando "Mc João - Baile se favela" e veio um pessoal pra pista, inclusive os meninos. Ricardo veio me sarrando, e eu rebolei nele mesmo. Colei as mãos no joelho e me esfreguei nele, quase não dava pra enxergar nada e a bebida não ajudava.
Me virei pra ele e o mesmo veio passando a mão pelo meu corpo, ele se inclinou e me beijou, correspondi o beijo. Abri minha boca e o mesmo me puxou com força e me arrancou um beijo agressivo, senti meu corpo todo se tensionar, mas mesmo assim não sai do beijo.
A gente vai meio que se saindo devagar e indo pro banheiro que ficava ali perto, nós entramos, ele me senta na pia e vai passando a mão em meus seios, aperta minha bunda e me beija voraz. Ele tenta abaixar meu vestido mas seguro sua mão, mesmo assim ele continua mas eu vou me saindo.
─ Não! ─ falo meio alto e ele me larga. Minha cabeça rodava, eu gargalho histérica.
─ Não o quê? ─ sua respiração está ofegante.
─ Não quero, me leva pra casa.
Ne debruço sobre ele quase vomitando, mas ergo minha cabeça e encaro o teto. Ele me pega no colo e me desce, segura em minha cintura e me guia lá pra fora, pega nossas coisas e digo pra Júlia que estou indo embora, ela pede carona, também estava loucona.
Me despeço do pessoal e Ricardo paga a conta, nós saímos do Vegas e vamos pro seu carro que estava estacionado no acostamento. Entramos e encosto minha cabeça no banco, Júlia conversa coisas sem sentido mas eu mal consigo abrir os olhos.
Acho que cochilo, sei lá, desperto quando Júlia beija minha bochecha em despedida e desce pra casa, eu murmuro um "tchau" e mando beijo.
Ricardo dá partida, certos momentos ele coloca a mão na minha coxa mas eu retiro meio desconfortável. Ele me deixa em casa, ainda bem. Vou saindo mas ele me puxa e beija minha boca.
E só então me vejo livre dele. Vou cambaleando até a recepção e o segurança me ajuda a entrar no elevador, subo o primeiro andar e saio indo até meu bloco. Estava tão tonta que mal sabia que andar apertar, mas ainda bem acertei o décimo quarto, já pensou se apertasse o sétimo e ficasse gritando meu primo igual uma louca?!
Olhei meu celular e já era duas e quinze da manhã, merda, amanhã tinha prova de álgebra e com certeza iria dormir naquela merda de escola.
Entrei no apartamento quase caindo, fui fazer xixi porque estava apertada, depois comi algo e tomei dois copos de água e um dorflex. Fui pro quarto e Arthur estava dormindo, fiz de tudo pra não fazer zoada, mas acabei tropeçando e caindo de cara no chão enrolada em meus próprios pés. Comecei a rir igual uma louca, e isso acordou Arthur que me olhou com uma cara de poucos amigos.
─ Tá bêbada? ─ sua pergunta é meio óbvia. Não, estou aqui rindo do vento porque às vezes acho ele merecedor de gargalhadas histéricas em plena duas da manhã.
Não digo nada, continuo sentada no chão com as costas no guarda-roupa, ele se levanta e vem me puxar.
─ Eu sei que foi você que roubou meu pé de moleque quando eu tinha sete anos ─ mordo a mão dele e o mesmo me solta.
─ Tá louca? Cachorra raivosa, cão do the monio, ridícula. Essa unha com esmalte descascado tu não me vende ─ ele fala imitando uma voz fina e morro de rir. Ele me levanta e finjo desfalecer em seus braços.
─ Me carregue, empregado.
─ Vou é te jogar no chão, porca gorda que se prostitui por dois reais ─ ele me joga no chão e saio rolando como uma bola de gude. ─ Isso, limpa o chão, aí Dulce não tem trabalho mais.
Olho pro teto e começo a cantar Thriller de Michael Jackson, Arthur cruza os braços e fica me olhando sério. Imito um zumbi e ele cai na gargalhada e me puxa.
─ Vamos tomar banho, imitação barata de Gretchen.
Tiro meu vestido e Arthur me joga no box só de calcinha e sutiã, ele fica mexendo no celular enquanto fico pulando e dançando sentindo a água lavar meu corpo. Depois Arthur sai pra eu poder tirar minhas peças íntimas, quando termino o banho já estou menos tonta, escovo os dentes e tiro aquela maquiagem toda borrada.
Só visto uma camisa de Arthur e um short folgadinho e me jogo na cama morta de sono.