Meninos Antes de Flores

By juliaffinger

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O que você faria se salvasse a vida de um garoto e ganhasse uma bolsa de estudos na escola onde estudam os ri... More

Prólogo
Capítulo I
Capítulo III

Capítulo II

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By juliaffinger

    Meu pai estacionou a combe da lavanderia em frente a uma Ferrari. Ele estacionou tão espontaneamente, que, quando freou, nos jogou para a frente. Meu pai se deu o trabalho de colocar um terno, uma gravata, um óculos de sol e os seus sapatos mais novos para parecer rico e chique.

    Eu estava quase tirando o cinto para sair, quando meu pai segurou meu braço e eu olhei pra ele, confusa. Ele olhava pra frente, e com um tom preocupado, mas ao mesmo tempo ansioso, disse:

    - Espere! - olhou para trás. - Espere um momento, senhorita. - ele tirou o cinto dele rapidamente e desceu da combe, e eu me acomodei no banco. Desceu do carro e foi até a porta do banco do passageiro e abriu-a para mim. Bufei, estressada, e desci da combe. Enquanto eu passava, ele ajeitou a posição e ficou ereto. Olhei para ele, com um olhar de o que é isso e coloquei a mochila nas costas.

    Virei para meu pai, me curvei, para cumprimentá-lo, e disse:

     - Tenho que ir.

    Ele voltou a sua posição normal, me observou por instantes e sorriu. Ainda deve estar orgulhoso de si mesmo, por ter conseguido me convencer de ir até essa escola estúpida.

    - Geum Jan Di, fighting!

    Para dar uma resposta, fiz o movimento do "fighting" com as mãos, com um sorriso falso sem dentes no rosto, tentando mostrar que estava feliz por estar lá. Mas todos sabiam que eu realmente não estava.

    Sussurrando, meu pai disse:

    - Pode ir agora. - e olhou para trás, por cima do capô da combe. Ele fechou a porta com tanta força, mas tanta força, que, acidentalmente, a combe começou a tocar sua música, para avisar que estava passando

    A música é só meu pai gritando com um pouco de ritmo a seguinte frase: Olha o carro da lavanderia passandooooo... Lavanderia Jan Diiiii... repetidamente.

    Com vergonha, olhei para os lados e depois para baixo, enquanto meu pai lutava para tentar fazer o musiquinha irritante parar. Mas não adiantava mais, já estava todo mundo olhando pra gente. Uma dupla de garotas ricas, e muito bonitas, passaram pela gente e começaram a rir. Virei de costas para meu pai, mostrando que estava de saída.

    Respirei fundo e fechei os olhos. Já devo ter passado uma má impressão pros estudantes que viram a combe com a música. Andei lentamente até as escadas de entrada.

    Pronto. Desde o segundo em que pisei no primeiro degrau, virei oficialmente uma aluna da Escola Shinhwa. A escola em que, duas semanas atrás, não importava nada pra mim, mas que agora, é aqui que vou ver quem eu serei no futuro.


    Estava escorada em um canto da escada observando com atenção o mapa da escola em um folheto, quando todo mundo que estava lá embaixo conversando começou a subir, e praticamente me atropelar. Olhei para todos eles, e decidi me juntar aos alunos. Afinal, agora eu era um deles. Olhei aquelas meninas lindas, cobertas por joias e com mochilas importadas, e senti um pouco de inveja. Fiz biquinho para mim mesma e continuei a subir junto com os alunos.

    Eu olhava desorientada para todos os lados, mas, depois, me concentrei em um trio de garotos que falavam sobre um tal de Gu Jun Pyo, e sobre como as roupas deles são estilosas e como seu cabelo é bem cuidado. Deve ser mais um dos populares de Shinhwa.

    Consegui sair do grupo de alunos e me vi em um pátio enorme, cheio de mais e mais alunos. Tirei o folheto do meu bolso, abri ele e estendi meus braços, deixando ele bem longo do meu rosto. Olhava pra ele, confusa, totalmente sem saber o que fazer. Apontava para alguns lugares de referência, dava voltas e voltas, mas nunca me achava.

    Suspirei, irritada comigo mesma por ser tão burra, e disse para mim mesma:

    - Onde está?

    Circulei um tronco de árvore, e olhei novamente para aquele mapa inútil. Mordi o lábio inferior. Olhei para o tronco, para a direita, e depois para o tronco de novo, até que decidi seguir pela direita. Sorri sozinha e fui andando na direção em que escolhi seguir.

    Acabei chegando em uma trilha de pedras muito bonitinha. A trilha era rodeada de árvores laranjas, amarelas e vermelhas, e folhas dessas árvores no chão davam mais cor ao ambiente. Seguia caminhando pela trilha, olhando aquele mapa. Coloquei a mão livre perto da boca, na intenção de esquentá-la. Desviei o olhar para as árvores, para admirar aquele lugar. Olhei para os lados, dei voltas e quase caí no chão, mas continuei caminhando.

    Comecei a ouvir o som de um violino, e tentei achar de onde vinha o som. Segui-o, até chegar em um lugar daquele bosque que tinha um banco, e na frente desse banco, um garoto vestido de branco tocava lindamente um violino. Era impressionante como seus dedos deslizavam pelas cordas grossas, acertando as notas. Fiquei meio escondida atrás de um troco de árvore, observando aquele garoto tocar.

    Ele tocava uma música triste. Muito triste. Pelo que pude ver, seu rosto estava meio molhado. Devia ter chorado. Ou devia estar triste. Fui chegando cada vez mais perto, e fiquei olhando a luz do sol entre as copas das arvores refletir no rosto do menino, onde descobri seu cabelo ruivo, que ia até o queixo. Umas partes de trás mais compridas davam a volta pela sua orelha e ficavam curvadas sobre os ombros. Uma franja caía sobre seus olhos. Estava começando a abrir um sorrisinho, quando o garoto parou de tocar.

    Abaixou o violino dos ombros e me olhou, com os olhos um pouco espremidos. Eu fiquei sem jeito, sem saber o que dizer ou fazer. Finalmente, lembrei o porque acabei parando ali, e perguntei pra ele:

    - Uh... Onde fica a piscina? - digo, meio gagueando. Aquele garoto era lindo.

    Sem dizer nada, ele me olhou mais um pouco e, com o arco do violino, apontou para a direita.

    - Ah, por ali. - apontei com os dedos. - Obrigada!

    Ele continuou me observando. E eu, cada vez com mais vontade de cavar um buraco para enfiar minha cabeça, disse:

    - Sinto muito. - curvei minha cabeça, em um gesto de desculpas. - Pode continuar com o que estava fazendo. - termino, com um breve sorriso no rosto. Eu me virei, mas ainda senti ele me olhando, sem expressão. Sério. Lembrei de que minha mãe me ensinou a desejar "bom dia" para todos, então me virei rapidamente e curvei meu corpo.

    - Bom dia!

    Sai meio depressa dali, mas sorri e fechei os olhos. Ainda sentia os olhos dele me fitando. Mas, logo ouvi sua música continuar.


        Entrei dentro da escola e, cada centímetro quadrado que eu andava, eu só sentia mais vontade de voltar para aquela trilha e ficar ouvindo aquele garoto tocar.

    Não sabendo para onde ir ou o que fazer, fiquei andando olhando para os lados, sem rumo. Olhava os alunos, elegantes, com os cabelos arrumados com gel, e as garotas, lindas, conversando nos cantos da escola. Caminhei até uma das escadas, e comecei a subir, com as mãos no bolso. Estava na metade da escada, quando ouvi algumas garotas gritando de felicidade. Aqueles gritinhos bem agudos, de meninas frescas e nojentas.

    - É o F4!

    Algumas garotas que já estavam no último degrau, desceram dando gritinhos iguais aos das outras, e eu só tentava olhar o que estava acontecendo. Esticava minha cabeça para um lado, para o outro. E mais e mais alunos, até os que já estavam lá em cima, desceram.

    Uma garota, que não consegui ver o rosto, me empurrou contra o corrimão, dizendo pra mim sair, e eu quase caí pra fora da escada.

    Todos os alunos que já estavam lá em baixo e os que desceram lá de cima, fizeram uma espécie de corredor humano na frente da porta de entrada, e continuavam gritando e cochichando entre si. Até os meninos. Decidi olhar para a porta também.

    Uma sombra de quatro garotos apareceu no chão. Uma maior, e outras três menores. Um garoto alto entrou na frente, e outros entraram atrás dele. Ainda estavam a favor do sol, então não consegui ver seus rostos. Eles caminhavam com estilo para dentro da escola, e, enquanto eles avançavam, as meninas continuavam gritando.

    O garoto alto da frente tinha o cabelo encaracolado, ajeitado em um estilo diferente de topete para o lado, e usava roupas totalmente exageradas. Um dos que estavam atrás, da esquerda para direita, era um menino de cabelo bem ruivo, cortado em um corte quase que quadrado. O que estava no meio, tinha uma franja que estava arrumada para o lado, e era bem bonito. Mas, o último de trás chamou minha atenção.

    Desci o que eu já tinha subido das escadas, e me juntei ao resto dos alunos, só que mais para trás. Ainda estava tentando enxergar, já que sou baixinha. Não sei como não quebrei meu pescoço, de tanto mexê-lo. Pulei, mas ainda não enxergava. Quando vi que o rosto do menino me parecia familiar, parei de torturar meu pescoço e fiquei observando aquele garoto. Depois de deixar minha cabeça processar um pouco, lembrei quem era o garoto que estava chamando minha atenção: o menino do violino.  Meus olhos ficaram acompanhando a passagem dele.

    De repente, os quatro meninos pararam, e o da frente, que devia ser o líder, olhou para um menino á sua esquerda. Então, saiu da frente do menino que estava no meio e foi parar na frente do menino que estava observando. Aquele menino abaixou os olhos, sem abaixar a cabeça. O garoto alto observava ele com muita atenção. E com cara de bravo. Não sei porque, o menino que estava sendo observado, disse:

    - Algum problema?

    - Você tem 3 segundos. - disse o líder, sem mudar de expressão.

    - Hã? - disse o garoto. - O que?

    - 3... - começou a contar o garoto.  Fui atrás do garoto observado. - 2... 1. - consegui ver que o menino do violino suspirou, acho que já sabendo o que ia acontecer ao garoto.

    O líder pegou o garoto pela gola do uniforme, e disse:

    - Woo Bin, ainda tem suco ai?

    - Sim. - respondeu um dos meninos que estava atrás, o primeiro da esquerda. Já devo saber que o nome dele é Woo Bin. - Vai querer? - continuou, em um tom muito tranquilo.

    Woo Bin alcançou a garrafa de suco para o líder, que pegou sem olhar pra ela. Fiquei apenas observando, espantada, para o rosto do líder, que abriu uma parte do casaco e, na camiseta branca, jogou o que tinha de suco na garrada nela. Todos começaram a dizer "oooow", e ficaram rindo da vítima. Fiquei olhando com desdém para o líder, que, ao terminar o seu "trabalho", colocou a garrafa vazia na mão dele. Depois, voltou para o meio dos garotos, e meu olhar continuou seguindo o rosto do menino estúpido.

    Depois que eles passaram, todo mundo voltou a fazer o que estavam fazendo, e alguns meninos acompanharam a vítima até o banheiro. Só eu que fiquei parada no mesmo lugar, ainda sem saber o que fazer. Pensando alto, disse:

    - Que cretinos! - eu mais ou menos que gritei, e um trio de garotas que passava pelas minhas costas parou. - Essas pessoas são mudas? - continuei, ainda pensando alto. - Por que ficaram paradas e não fizeram nada?

    A menina que estava no meio daquele trio, disse, chocada:

    - Oh my God! - cerrou os dentes. - Não acredito no que estou ouvindo.

    Virei para trás, e me dei de cara com as três de braços cruzados. Olhei-as de cima a baixo, confusa. - Quem são vocês?

    - Nós? - disse a do meio. Revirou os olhos e continuou. - Oh! Não nos apresentamos ainda. - e colocou dois dedos na cabeça e tirou rapidamente, como aqueles gestos que fazem os militares. Fiquei apenas observando.

    - Nós somos... - começou, novamente, a do meio. - Ginger! - disse, e colocou a mão na cintura, se virando de lado. Olhei com uma cara estranha.

    - Sunny! - disse a que estava do lado esquerdo da Ginger. Levantou um dedo para cima e abriu um sorriso. Sua voz é muito chata de ouvir.

    - Miranda! - disse a outra, colocando uma mão na cintura, levantando a outra e levantando uma perna.

    Ainda nas poses, Ginger disse:

    - Pode nos chamar de As 3 Belas da Escola Shinhwa. - disse, em um tom arrogante. Naquele momento, eu fiquei com muita vontade de fazer cara de nojo, mas sabia que me daria muito mal se fizesse isso, então, apenas movimentei os lábios.

    Voltaram as posições normais, e, novamente, Ginger começou. Deu para ver que ela é a líder do grupinho.

    - O que você estava dizendo que se referia ao nosso F4, bolsista? - ela semicerrou os olhos e colocou as sobrancelhas em uma posição assustadora.

    Curvei um pouco a cabeça e disse:

    - F...F o que?

    Ginger revirou novamente os olhos e sorriu rapidamente, talvez estressada por mim não saber quem era o F4.

    Ajeitei minha cabeça e falei:

    - Então quem humilhou aquele aluno é o infame F4? - falei, fazendo pequenos gestos com as mãos.

    Miranda arregalou os olhos e ficou boquiaberta, chocada. Ginger suspirou, irritada comigo. E Sunny, se intrometeu na conversinha entre eu e Ginger.

    - Infame? - ela soltou uma leve risada rápida, mais chata ainda que a sua voz. - Quer dizer famoso! - as três suspiraram juntas. - Se não tomar cuidado com o que fala, terá grandes problemas aqui. - olhei para Sunny. Me segurei para não dar um soco nela.

    Sunny chegou mais perto de mim, e começou a apalpar minha roupa.

    - Você trabalha no lava a jato.

    Segurei o pulso magricelo dela, fazendo um barulho esquisito com a boca. Ainda segurando o pulso dela e com um sorriso no rosto, disse:

    - Lava a jato não. Lavanderia.

    Miranda riu debochadamente, e Ginger olhou para cima.

    - E daí? - digo, soltando o pulso de Sunny.

    - É  a primeira vez que olho para a filha do dono da lavanderia. - disse Miranda. - É tão fascinante. - continuou, inclinando a cabeça para frente, na minha direção.

    Sorri e ri rapidamente, e respondi:

    - Olhe o quanto quiser. - digo. - Não vou cobrar por isso. - Miranda revirou os olhos, irritada, e voltou a cabeça para trás.

    Ginger começou:

    - Como é seu primeiro dia e você é apenas uma garota comum sem-noção, deixaremos passar. - disse, enquanto me observava da cabeça aos pés.

    - O que? - falei, confusa.

    Sunny se irritou.

    - Falando sobre nossos príncipes do F4! - disse, mais alto.

    Arqueei as sobrancelhas, debochadamente, e falei:

    - Não posso fazer isso? - comecei. - O que tem de tão bom neles? - praticamente gritei. Praticamente, não gritei.

    Ginger mexia as mãos e Sunny dava pequenos sorrisinhos, enquanto Miranda começou:

    - Uau, bolsista. Você realmente não imagina a grandeza do F4?

    Esperei um pouco para responder.

    - Não, não imagino.

    As três suspiraram juntas de novo. Esses suspiros coletivos delas me irrita.

    Ela levantaram os dedos, fizeram "não" com eles e fizera estalinhos com a língua, enquanto movimentavam os dedos de um lado para o outro. - Garotas, vamos. - indicou Ginger.

    Fiz um biquinho com a boca e, automaticamente, meus olhos acompanharam os movimentos de saída delas. Estalei a língua e esfreguei meu nariz.

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