Bruno acerta um soco forte no nariz de Ruan que logo sangra. Até eu me assusto, mas resolvo não me meter, apenas fico olhando de longe com meu coração batendo forte.
─ Nunca mais chegue perto dela, nunca mais nem respire o mesmo ar que ela, ou pense nela, ou sequer fale o nome dela... está ouvindo? Não quer conhecer meu outro lado, não é? Se quiser conhecer posso te mostrar agora ─ ele levanta o punho.
─ Bruno... ─ minha voz sai de forma desesperada. ─ Bruno... não.
Na mesma hora Bruno para, ele me olha, respira fundo e solta Ruan. Nessa altura do campeonato, Ruan está com os olhos cheios de lágrimas, com o nariz sangrando e mega vermelho e se tremendo todo. Bem, até eu estou trêmula.
Bruno ajunta minha mochila do chão e vem até mim, o abraço com os olhos marejados e inalo seu cheiro procurando me acalmar.
Várias pessoas presenciaram a cena, alguns bem assustados, mas ninguém ousou impedir.
─ E da próxima vez... pense bem antes de gravar vídeos com suas namoradas e forçar alguém a fazer sexo... não é homem o bastante pra conquistar alguém pra foder com você? Idiota.
Bruno me aperta e se vira pra irmos pro carro, estou bem nervosa, meu coração só falta sacar do meu peito.
Entro na hilux e logo em seguida Bruno entra, ele puxa meu braço com delicadeza olhando o vermelho feito por Ruan.
─ Você está bem? ─ sua pergunta demonstra sua preocupação, eu fungo e assinto. ─ Está vermelho.
─ Vai ficar um hematoma, ele apertou forte ─ digo e Bruno me puxa pra um abraço apertado.
─ Se ele encostar em você de novo... eu... ele vai se arrepender ─ sussurra.
─ Tudo bem ─ o solto e me acomodo no banco.
─ Você está bem mesmo? ─ pergunta sério.
─ Sim... ─ dou uma pausa. ─ Só estou com fome.
─ Então vamos comer ─ ele gira a chave na ignição e dá partida.
Ligo o rádio pra descontrair um pouco, tocava uma música eletrônica na rádio, fiquei olhando a paisagem pela janela e me acalmando do susto de agora pouco.
Não me assustei pelo soco, mas sim pela reação de Bruno, e fiquei certamente preocupada de acontecer um problema maior.
─ Ei ─ sinto seus dedos quentes se enrolando nos meus. ─ Tá tudo bem.
Percebo que estamos no sinal vermelho, por isso ele toca minha mão.
─ Tá tudo bem, isso não vai mais acontecer ─ garante de forma segura.
Eu apenas suspiro.
Paramos em um restaurante em Copacabana mesmo, era bem perto da praia. Fomos pro espaço climatizado e sentamos na mesa reservada, ele ficou ao meu lado.
Fizemos nosso pedido logo em seguida.
─ Como foi a escola? ─ indaga tentando tirar aquele clima todo.
─ Como sempre... e o trabalho?
─ Um tédio, não vejo a hora de chegar próxima semana ─ ele estala a língua.
─ O que vai ter? ─ pergunto curiosa.
─ Vou pro tribunal defender, com um juíz mega poderoso... Sebastian Guimarães, já ouviu falar? ─ ele diz animado e certamente ansioso.
─ Acho que sim, tá confiante?
─ Sim, sim... ─ diz me olhando. ─ Hoje Vivian veio se desculpar comigo... mandou mensagens com aquele drama todo e desculpei ela.
─ Vocês... vocês vão... ─ minha voz fica trêmula.
─ Não vamos voltar, jamais isso vai acontecer ─ ele se aproxima e sela meus lábios devagar. ─ Estou com saudades.
Sinto sua mão quente escorrer pela minha coxa, ele a aperta e arfo abafadamente.
─ Que bom que admitiu ─ sussurro.
─ Ao contrário de você.
─ Eu também estou com saudades ─ murmurro com meus lábios encostados nos seus.
Ele me beija, abre sua boca e também abro a minha, sua língua vem de encontro com a minha em um beijo lento, seguro em seu rosto áspero pela barba crescente e ele aperta minha coxa.
Ele quem para o beijo, me dá dois selinhos.
Por nossa sorte o ambiente climatizado não está cheio. Mas umas três pessoas olhavam pra nós dois.
─ Não queremos o clima quente no meio de um restaurante, certo? ─ ele faz bico e o abraço de lado sorrindo.
Nosso pedido chega e paramos de fofocar e falar mal dos outros pra comer.
Bruno pagou a conta e fomos direto pra casa, ele apenas me deixou na portaria.
─ Não vai entrar? ─ pergunto fazendo biquinho.
─ Tenho aula, priminha ─ vem morder meu bico.
─ Sobe ao menos uns dois minutinhos, acho que Léo não está em casa, ele falou que ia no mercado...
Ele pondera um minuto e ri, vai com a hilux pra garagem. Vamos pro elevador e assim que as portas metálicas se fecham, Bruno me joga de lado e me imprensa, ele me beija com voracidade, tira suspiros abafados de mim enquanto explora meu corpo com suas mãos quentes.
Sinto sua ereção em minha barriga e me derreto toda, eu também estava molhada e louca por ele.
Sua boca se encaixava na minha com perfeição, os cabelos de todo meu corpo estavam de pé e minhas pernas bambas.
E quando vimos que alguém pediu o elevador no sétimo andar, nós nos afastamos um do outro e respiramos fundo. Eu passei a mão em meus cabelos desgranhados e ri dos cabelos de Bruno que estavam todo bagunçados.
A porta metálica se abriu e quem entrou foi uma menina com um cachorrinho nos braços. Ela era da minha altura mais ou menos, vestia um short curto e um cropped, tinha os cabelos castanhos claro e olhos da mesma tonalidade. Era bonita, mas parecia ser metida e antipática.
Ela fitou Bruno assim que adentrou.
Não demorou muito pra falar com sua voz chata em direção à ele.
─ Sou Juliana... me mudei recentemente pra cá, vocês devem ser os vizinhos do décimo quarto andar.
─ Sim... satisfação, Juliana ─ ele aperta a mão dela. ─ Sou Bruno, e essa é Lara.
Ela se vira pra mim, também aperto a mão dela.
─ É um prazer conhecer vocês ─ não tira os olhos de Bruno, que garota atrevida!
Ela sai no décimo segundo andar e faço cara de nojo. Bruno me encoxa e morde minha orelha.
─ Isso é ciúmes? ─ sussurra me modo sensual, me arrepio.
─ Tá doido?
Nosso andar finalmente chega. Saio segurando minha mochila, e ele vem atrás.
Entramos em casa, pra nossa má sorte Léo e Peter estão na sala conversando, Bruno me olha com aquele seu olhar de "que merda" e eu retribuo seu olhar.
Vou dar um beijo no rosto dos meninos e depois vou pro quarto, Bruno vem atrás, ele me puxa bem no meio do corredor.
─ Não tô mais aguentando ─ sussurra.
─ E eu? ─ dou um sorriso. ─ Pensei que eles não estariam aqui.
─ Merda! ─ pragueja. ─ Vou tomar banho... preciso ir pra faculdade.
─ Sei bem porque vai tomar banho ─ dou um sorriso safado e ele também.
Ele beija a lateral da minha cabeça e vai pro seu quarto, vou pro meu e vou logo tomar um banho.
Me visto e depois saio do quarto, vou pra sala onde os meninos ainda estão jogados conversando e me jogo em cima dos dois.
─ Baleia! ─ Peter diz me empurrando.
─ Meus ossos estão se quebrando com toda essa gordura! ─ Léo também me empurra e caio de bunda no chão. Eles gargalham de mim.
Me sento com eles e a gente fica fofocando, até Peter ter que voltar pra faculdade, era engraçado ver o "Peter Pan" todo de branco, porque ele já parecia um albino, ele desaparecia quando botava aquele jaleco.
Ele se despediu de mim com um beijo, e deu um murro no braço de Léo.
Depois que ele foi embora eu deitei minha cabeça no colo de Léo, a gente ficou assistindo desenho até eu pegar no sono enquanto sentia o cafuné dele em meus cabelos.