O Quinto Elemento

By Mariana-Duarte6789

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Maya, uma jovem criada por um ferreiro, descobre da pior forma possível, que tem ''assuntos'' inacabados com... More

Prólogo - O Início das Eras
Capítulo I - O Chamado
Capitúlo II - Sem controle
Capitúlo III - Cilada
Capitúlo IV - A Reunião
Capitúlo V - O Primeiro Conflito
Capitúlo VI - A Ordem de Eloah

Capitúlo VII - O Elo Inesperado

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By Mariana-Duarte6789

- Aaaaaah! - um grito de dor preencheu o ar.
Era Maya, sua mão banhada em vermelho.
O machucado que ainda não havia se curado, agora era encoberto por sangue, que escorria e pingava no chão de terra, convertido em lama, por conta da grande quantia de sangue derramada alí.
- Irá morrer, menina! - disse um ser com voz densa e aparência repugnante, seus traços fortes e seu porte se assemelhavam aos de árvores.
Maya havia sido atingida justamente em seu machucado, que parecia incurável.
A garota havia tentado se proteger em prol do forte golpe que seria proferido diretamente em seu pescoço se ela não houvesse se afastado jogando o corpo para trás e protegido-se com a mão ferida.
A garota não conseguia se mexer e a dor fazia com que seu rosto mostrasse quase uma expressão monstruosa.
O ser que a machucara se preparava para o próximo golpe, levantando sua espada ao alto, acumulando todas as forças possíveis, quando caiu em um baque surdo, derrubando Maya com seu braço ao desabar com seu rosto de encontro ao chão.
Gaspar estava logo atrás, com o rosto manchado de sangue e de uma fúria extremamente aparente, uma espada em seu punho, manchada com o mesmo sangue.
Maya forçou com a mão ilesa o braço do ser que a prendeu quando caiu, mas o esforço só fez com que sua mão agora mais ferida doesse brutalmente.
Ela segurou o corte por onde seu sangue fluia como águas de uma nascente.
Gaspar puxou o braço do ser morto, sem tirar a espada de punho, mas agora o corpo inerte transformava-se em um tronco forte, que prendia ainda mais o corpo de Maya.
- Deve manter seu corpo rente ao chão, terei de cortar o braço dele, não posso machucá-la.
Maya fechou os olhos e seguiu as ordens do Anunciador, ainda pressionando o local do corte, que desatava a doer.
Ouviu um som como o de um machado batendo contra uma árvore e sentiu a pressão do braço saindo de cima de si.
- Consegue se manter, Maya? - disse Gaspar, levantando a garota com a mão vaga.
- Está doendo tanto... - disse Maya, tentando manter suas pernas firmes e caminhar junto a Gaspar.
- Está perdendo muito sangue, devemos nos apressar ou temo o que poderá lhe acontecer.
Maya temeu por si mesma, tentando olhar em frente e esquecer-se do ferimento que lhe arrancava reclames baixos e fazia lhe cerrar os dentes durante a corrida para sair dali.
Foi surpreendida por outra mão forte a segurando, era Valentina, que apesar de jovem e mulher, se mostrava forte e inquebrável.
- Valentina... Obrigada.
- Não me agradeça, vim por causa de Aleixo.
- Não deveriam! - bravejou Gaspar. - Devem evitar conflitos até que chegue o momento!
- E deixar que fiquem a mercê da fraqueza dela? - cuspiu Valentina - Não seja ingrato, Gaspar!
- Deveriam me ouvir! Onde está Aleixo?
- Está em luta. Guerreava com aqueles pequenos seres irritantes, centenas deles. Eu segui pela trilha, os enxerguei ao longe e vim ajudar. Ainda não encontramos Hector.
A aurora viria nas próximas horas, e avistaram Aleixo guerreando com um exército pequeno e verde, que saltavam e mordiam seus trajes, os rasgando como lobos. Aleixo debatia-se e os feria com golpes, mas surgiam mais e mais, de todas as partes, pareciam infinitos em todos os locais.
- Leve-a para a trilha, vou livrar Aleixo. Bem sabem que não precisarão arrumar um meio de iluminação, as noites tem sido de lua cheia.
As garotas seguiram, entrando na mata.
Gaspar chegou dizimando dezenas de Goblins com sua espada, desviando de suas mordidas afiadas.
Empurrou Aleixo enquanto os Goblins preparavam-se para transformar-se. Enquanto se armavam como felinos, Gaspar movimentou violentamente suas mãos para cima, o que gerou em raizes rudes que ao sairem da terra formavam uma barreira densa.
As pequenas criaturas tentavam escapar por dentre os vãos, quando Gaspar orientou as chamas que ardiam próximas dalí e essas arderam por sob as raízes, fazendo com que vários pequenos seres murchassem conforme o fogo tomava conta de seus corpos.
- Vamos! - gritou Gaspar para Aleixo.
Ambos sairam correndo a toda velocidade, Aleixo mancando aqui ou alí por conta das mordidas afiadas dos Goblins em sua perna.
- Está ferido, Aleixo. Foi mordido!
- Foi superficial. - gritou Aleixo mais alto do que o ar que batia em seu rosto enquanto corria e todos os barulhos alí perto, que misturavam-se em estralos do fogo, tinir de espadas , explosões e outros dos mais variados sons. - Eu estou bem.

***

Gaspar e Aleixo chegaram a trilha, onde Valentina e Maya aguardavam.
- Ela estava perdendo muito sangue, tentei estancar, mas o machucado é profundo e a mordida do Goblin ainda não se curou, está seriamente infeccionada.
- A mordida já devia ter se curado. Certamente o corte em cima desta não lhe trouxe benefícios. Aleixo também foi mordido, está arranhado no peito e nas costas. Precisamos seguir para o castelo.
- Não me sinto prejudicado. Devem ajudar Maya.
- Aleixo, deve se cuidar, a mordida e os arranhões certamente lhes farão mal em pouco tempo. - disse Valentina. - Eu disse que não valia a pena ajudá-la.
- Não seja tão dura, Valentina. Ela ainda corre risco de vida. - respondeu Aleixo, sem nenhuma alteração.
Gaspar já pegava Maya no colo, está aconchegava-se junto ao seu peito, suando frio.
- Vamos, não devemos demorar. Se partirmos agora, chegaremos no castelo em pouco tempo, e a luz do sol há de vir nas próximas horas. Maya há de resistir, e cuidaremos de Aleixo ao chegar lá. - dizendo isso, Gaspar se pôs a andar rapidamente, fazendo com que os demais quase tivessem que correr para acompanhá-lo.

***

O sol ameaçava nascer quando Maya, adormecida nos braços de Gaspar, se pôs a falar.
- Dereck? Onde estou?
Gaspar a deitou no chão, segurando seu rosto em uma das mãos.
- Maya? Maya, como se sente?
Maya piscou preguiçosamente, olhando para o lado e observando quem a cercava.
- Gaspar? O que está havendo? Annn... - Maya ainda sentia dor.
- Ela está muito fraca, preciso que fique com ela, Valentina, assim conseguirei chegar mais rápido ao castelo e deixarei Aleixo em boas mãos. Trarei ajuda o mais rápido que conseguir. - dizendo isso, o Anunciador retirou um instrumento da parte de trás do corpo, escondido sobre a capa.
No acampamento, Gaspar havia pego um pequeno arco e uma bolsa cheia de flechas que agora entregava a Valentina, que os pegava relutantemente, quase com raiva.
- Eu não posso ficar aqui sozinha com ela! - protestou Valentina, olhando o arco e a pequena bolsa em suas mãos.
- Não é uma opção. Sabe utilizar? - perguntou Gaspar, se referindo ao instrumento que havia entregue a garota de cabelos fortemente ruivos.
Ao dizer isso, todos ouviram um som na folhagem mais próxima.
Valentina retirou a primeira flecha da bolsinha que agora colocava nas costas, posicionando-a no arco e preparando-se para atirar.
- Não o machuque! - falou Maya o mais alto que pode, quando Valentina atirou a primeira flecha, que cravara-se na árvore ao lado do arbusto em movimento.
Um pequeno Goblin saia de trás da folhagem com as orelhas abaixadas, andando tão próximo do chão que parecia pesar toneladas. Maya levantou- se com esforço e cambaleando parou de joelhos próximo ao pequeno ser, o observando com uma expressão de piedade.
Valentina preparava-se para atirar a segunda flecha quando foi imterrompida pela voz de Maya.
- Pare! - disse Maya.
Gaspar se aproximou do ser e abaixou-se, desembainhando sua espada e olhando-o diretamente.
- A que veio? - disse Gaspar.
O ser apenas ergueu as mãos, mostrando a Gaspar algumas plantas que trazia consigo. Gaspar abaixou-se, pegando-as. Abruptamente, levantou a espada, Maya sentiu certo desespero pelo que presenciaria e estava prestes a interceder, o pequeno ser encolhera-se, pronto para morrer.
- Não é uma ameaça. - disse Gaspar, levantando-se.
- O quê? - disse Valentina, seu tom de voz denunciando sua indignação.
- É um Goblin, senhor. Conhece-os, sabe que podem ser perigosos. - disse Aleixo.
- Este não, eu iria o matar e ele não faria nada, vi seu olhar, temia, mas nada fez.
- São equináceas? - perguntou Valentina.
- Sim, e sabugeiros-negros, me surpreende que cresçam por aqui, já que o lugar não apresenta um clima quente ou tropical. Goblin, onde os achou?
- Meu senhor os cultiva. Sou curandeiro em seu reino. Pede-me que os traga nas batalhas. - o ser puxou a alça de uma pequena bolsa de detrás do arbusto, revelando vários outras ervas.
- É do exército do Príncipe! - disse Valentina, armando-se.
- Já lhe disse que não representa ameaça. - rosnou Gaspar.
Valentina irritou-se, mostrando na expressão todo seu ódio.
- Como posso o chamar? - disse Gaspar para o Goblin.
- Não possuo nome, senhor, nunca me deram um. Desejo servi-lo. Deixe-me seguir seus passos e servir a Grande Rainha. Posso ser de grande valia para seu exército.
- Estava nos seguindo, por acaso? - testou Gaspar.
- Lamento concordar senhor, porém, só o fiz para poder ajudar a garota, os vi batalhando. - disse o ser, olhando para Maya, que o encarava veentemente.
- Pois bem, ele fica. - disse Gaspar. - Escute-me Goblin, tenho experiência com seres da sua espécie. O primeiro deslize será fatal.
- Gaspar, isso é um absurdo, diga a ele, Aleixo. - reclamou Valentina.
- Não julgo ser seguro, porém, se Gaspar o faz, eu concordarei.
- Vocês enlouqueceram. - disse Valentina, se colocando ao lado de Maya. - Ela está febril.
Maya que assistira a toda a cena agora lutava para manter-se consciente e voltou a se recostar na árvore, sabendo que Gaspar protegeria o pequeno ser.
- Precisamos misturar a equinácea junto ao sabugeiro. Façam fogo, precisamos ferver água para um chá, depois seguiremos ao castelo.
- Deixe-me cuidar do fogo, Gaspar, aprendi a o fazer desde cedo, era preciso para afastar os animais selvagens quando a noite caia em minha aldeia.
- Pois bem, faça-o. E você Goblin, prepare o necessário para o chá, vou garantir que o lugar está a salvo de seus semelhantes, estou próximo, é melhor não tentar nada, se estiver mentindo, morrerá.
Dizendo isso, Gaspar saiu, se perdendo no mar verde.

***

Maya esperava o preparo do chá, a água destinada para este já fervia em uma minúscula panela de ferro que o Goblin carregava em sua bolsa, Aleixo havia se sentado ao seu lado após acender o fogo com o atrito de pequenas rochas, enquanto Valentina estava em posto de guarda, hora ou outra armando tiro mas desarmando logo depois.
- Aleixo? - disse Maya.
- Sim?
- Como é o além mar?
- Onde eu nasci , era quente, são terras onde meu povo acreditava ser o lar do deus Sol no inicio dos tempos. Não posso lhe dizer muito, não caminhei por muitos lugares.
- É assustador, toda essa vastidão.
- Talvez seja, um pouco. - concordou o outro Guardião.
Maya observou o Goblin enquanto este retirava as flores, folhas e parte interna do caule do sabugeiro e os juntava com a raiz e o rizoma da equinácea, jogando-os na água fervente.
- Todos da sua tribo carregam a mesma cor de sua pele? - Aleixo demorou um pouco para responder e Maya sentiu-se envergonhada.
- Desculpe-me, mas é que não lembro-me de nenhuma vez em que vi alguém de pele tão escura. Se me permite dizer, acho-lhe belo. - Aleixo não respondeu novamente, e Maya sentiu-se ainda mais envergonhada. - Desculpe-me.
- Não há motivo para se desculpar. Apenas temo pelos meus semelhantes, eu era filho do líder de minha tribo, e minha falta poderá lhes causar preocupações. Um líder não pode ser um líder se está abatido.
- Também penso em Dereck.
- Seu pai?
- É como um. - disse Maya. - e ela? - perguntou Maya se referindo a Valentina.
- Ela também sente falta, acredito eu.
- Então por qual motivo ela age assim?
- Não tenho conhecimento de seus motivos, mas sei que algo muito sério deve ter a acontecido, a vida não é fácil para ninguém, Maya, e essa dureza modifica as pessoas. A maior honra de alguém é a família. Valentina também tem uma.
Ao Aleixo terminar de dizer essas palavras, Gaspar surgiu dentre as árvores.
- O Goblin tem sido honesto. Não há ninguém nos arredores. Goblin, o chá de que precisamos está pronto?
- Sim, meu senhor. - disse o ser, retirando a panela do fogo.
Gaspar foi até Maya e a examinou, olhando minunciosamente suas feridas.
- O chá irá baixar a febre e a infecção, mas devemos esterilizar estes ferimentos depois, ele está criando pus muito rapidamente, e irá tardar ainda mais para que se recupere.
O pequeno ser verde caminhou até Maya, com o chá agora numa caneca de argila.
O cheiro era bom, o que atiçou a fome de Maya.
O Goblin olhou para Gaspar, como se esperando uma confirmação para prosseguir, e este assentiu, tinha sua permissão.
Assim, encostou a xícara nos lábios de Maya, que bebeu todo o líquido em pequenos goles.
- Aleixo, também deve tomar uma quantia. - disse Valentina.
Gaspar assentiu, e o mesmo que preparou o chá, caminhou até a panela, enchendo a xícara feita de argila.
Aleixo pegou esta da mão do Goblin e o tomou, rápida e secamente.
- Precisaremos continuar, o chá fará efeito nos próximos minutos. - disse Gaspar.
Valentina, que ainda não saira de seu posto, agora recolocava a flecha na pequena bolsa e segurava o arco junto de si, pressionando-o contra a perna.
Gaspar esperou até que Maya bebesse sua última gota de chá, enquanto apagava o fogo que já não os era necessário, e o pequeno ser reorganizava tudo dentro da minúscula bolsa que carregava ao lado de seu corpo.
- Foi sua primeira luta, guerreira Maya, muitas virão. - dizendo isso, Gaspar olhou para Aleixo, esperando uma confirmação que este estava bem, e quando Aleixo assentiu, Gaspar levantou Maya, que tentava se manter firme, e a segurou pela cintura.
- Vamos. - e, como se prevendo a dúvida do Goblin, continuou. - Poderá vir, Goblin, saberei se mentir, e Eloah decidirá como prosseguir.
Gaspar seguiu pela trilha, e os outros, atrás dele, seguindo suas estrelas.


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