Venha Para Luz

By chayanebentes

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Uma fera.... foi o que Matt Cambridge se tornou, depois de um trágico acidente que o desfigurou. Agora abando... More

Bem vindos a Luz
Era uma vez
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
capítulo 12
capítulo 13
capítulo 14
Capítulo 15
capítulo 16
capítulo 17
capítulo 18
Capítulo 19
capítulo 20
epílogo
Agradecimentos

Capítulo 5

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By chayanebentes

Vamos conhecer uma pessoa bem especial nesse capítulo.


Julie

Vejo a balsa chegar e a grade de segurança ser levantada. As pessoas começam a sair do barco, e logo trato de procurar a garotinha na multidão, com a acompanhante que a traria até ali. O que encontro é à criança mais linda que jamais vi, de cabelos escuros, rosto angelical, agarrada na mão de Elizabeth.

-- Fico feliz que você a tenha trazido -- eu digo sorrindo para Elizabeth.

-- Achei que alguém familiar seria melhor -- esclarece Elizabeth.

Eu posso ver as perguntas nos olhos dela desejando saber como ia as coisas com seu irmão. Não querendo lhe preocupar trato logo de pegar as malas de Camille.

O Senhor Cambridge me permitiu usar seu carro. Então coloco as malas no banco de trás. Depois volto para o par que me aguardava. Elizabeth ajoelha-se e sorri para Camille. Que enterra o rosto na saia de dela.

-- Olá, sou Julie.

-- Olá -- Camille responde sem mostrar o rosto.

-- Bem, agora vou cuidar muito bem de você -- garanto a ela. A menina ainda parece pouco à vontade -- Eu prometo. Sei fazer uma porção de coisas. Podemos brincar na praia, andar de bicicleta, e talvez andar a cavalo.

A idéia parece agrada-la.

-- Seu pai tem vários cavalos, e não acho que façam muito exercício. Teremos que cuidar deles.

-- Viu meu pai? -- A esperança na voz da Camille faz o meu coração se apertar.

-- Sim. Ele é muito simpático -- comento com um sorriso forçado.

-- Mamãe disse que ele foi ferido -- ela está com uma expressão curiosa, posso perceber pela sua expressão e pelo brilho no seu olhar.

-- Foi sim. Mas agora está bem -- Não pretendo assusta-la nesse momento com detalhes assustadores -- Só não gosta que fiquem olhando para ele.

As sobrancelhas de Camille ergueram-se, como se estivesse tentando entender por que não queria que olhassem para seu pai, se ele estava bem.

-- pronta para ver sua nova casa? - pergunto animada. Camille assente.

Elizabeth estende a mão e entrega um pequeno livro a Camille.

-- você vai adorar querida. É um castelo, como o da Cinderela - Elizabeth garante beijando sua têmpora.

-- Verdade? -- pergunta olhando para mim.

Eu balanço a cabeça sorrindo. Estendo a minha mão, e Camille olha para sua tia suspirando.

-- não se esqueça de quem está sempre cuidando de você. Ele sempre pode ouvi-la, querida -- Enucia Elizabeth. Camille aperta com a mão esquerda o livro contra o seu peito e com a outra mão segura minha. Eu mal posso esconder a alegria.

-- Não gostaria de ir até a casa? --
convido Elizabeth. Algumas pessoas já passavam por ela, a caminho do barco. Ela balança a cabeça negando.

-- Telefono mais tarde -- sua expressão está tensa, engolindo em seco completa -- Ele precisa dela, julie.

-- Eu sei, mas... -- Olha para baixo, vi que Camille nos observa curiosa. Troco um olhar com Elizabeth, indicando que podemos conversar melhor ao telefone. Ela sorri e vira-se para entrar no barco.

-- Pronta? -- pergunto a Camille. Ela me olha e assente segurando seu livro como um escudo - -Tudo vai dar certo, querida. Sei que está com medo.

-- não estou com medo, somente que... quero ir para casa -- seus olhos se enchem de lágrimas. Ela parece tão triste e perdida. Mas ao mesmo tempo tem uma força, uma obstinação.

******

No instante em que a casa apareceu na nossa frente. Percebo que Camille prende a respiração, maravilhada, esticando o pescoço para ver melhor. Dirijo pela estrada de terra, cheia de lombadas, até chegar à garagem, esperando que a vista da praia, do estábulo enorme e do grande jardim atraíssem ela. E aconteceu, especialmente por causa do escorregador e do balanço, que não se encontravam ali no dia anterior.

Parando o carro, desligo o motor.

-- Vá, experimente -- encorajo ela, e Camille abre a porta correndo para o escorregador. Sorrio ao vê-la escorregar uma, duas, três vezes, sem cansar da brincadeira. A menina corre para o balanço, experimentando-o, até ver a caixa de areia, cheia de brinquedos.

Ela sente a presença de alguém, e quando me viro vejo que Richard se aproxima.

-- Vou levar as malas para cima -- fala ele estendendo a mão para pegar as chaves do carro. Entrego a ele.

-- Ela parece com ele -- comento suavemente. Observo Camille. Imaginando como ela poderia parecer com seu pai. De repente, Camille sai correndo para em frente de Richard observando-o atentamente.

Será que ela imagina que ele é seu pai?

-- Como vai, criança? -- Richard agacha na frente dela. Ela olha com surpresa para ele e pega em seu ombro.

-- dói? --pegunta. Franzo a testa depois percebo que o ombro de Ricard está enfaixado.

-- Sim, meu bem -- responde fazendo uma careta. Ela aproxima mais dele e cochicha algo no seu ouvido. Ricard assente arregalando os olhos. Eu não consigo ouvir.

-- Conhece o meu pai? -- pegunta ela em voz alta.

-- Claro que sim -- ele confirma sorrindo para ela.

-- Acha que ele vai gostar de mim? -- A voz de Camille treme, e Ricard troca um olhar comigo.

-- Sim, princesa. Ele vai gostar muito.

-- Mas onde ele está? - Richard endireita-se e olha para as janelas, no alto do castelo.

-- Lá em cima pequena -- ela fica ao lado dele, olhando para o alto.

Matt

Olho para minha filha, imediatamente tinho certeza que a amo. Camille está brincando, seus cabelos são tão escuros quanto os meus, os olhos da mesma cor que os meus. Até temos o mesmo sorriso.

Deve ter sido difícil para Charlotte, olhá-la todos os dias, e vê uma cópia minha bem na sua frente. Me aproximo mais da janela e ela ergue o bracinho acenando. Meu desejo é descer correndo para apertá-la nos braços, dizer o quanto a amo, que irei protegê-la e estou feliz em tê-la aqui. Mas eu não posso.

Me mantenho um pouco afastado, e aceno de volta. Desvio meu olhar para Julie. Ela também olha, de braços cruzados. O olhar dela diz tudo, que devo descer e brincar com minha filha.

Pela primeira vez, acho que posso ler seus pensamentos, e ela indaga silenciosamente para mim. "Como pode resistir a isso?"

Mas será que ela não entende como eu gostaria de descer? Como gostaria de estar ali, abraçando Camille e fazendo com que esquecesse toda dor de não ter sua mãe por perto? E que ficar longe dela feria mais do essas cicatrizes?

Richard já está entrando com as malas, e Julie diz algo para Camille. Minha filha dar a mão para ela. Solto um grunhido em frustração dando um soco no vidro da janela. Cacos de vidros espalham-se por todos os lados e meus dedos sangram, mas eu não me importo. Devia ser eu. Camille era minha filha.

Julie

Animada levo Camille para conhecer seu quarto.

-- seu quarto é esse -- aponto para a porta -- o meu fica desse lado. Você pode me visitar quando quiser, de dia ou de noite.

Abro a porta do seu quarto. Camille entra examinando as prateleiras, os brinquedos. Depois sobe na cama e aperta o livro contra seu peito, como se fosse um escudo.

-- Gostou? -- pergunto.

-- Esse quarto é de uma princesa -- Ela sorri deslumbrada, e boceja -- É tão lindo.

-- É mesmo. Eu gostaria de ter tido um quarto assim, quando era da sua idade.

-- E que tipo de quarto você tinha?

-- Era pequeno e eu dividia com minhas cinco irmãs - respondo. Trato logo de arrumar sua mala.

Meus pensamentos voam para minha família. Mesmo sendo tão pobres, morando em uma pequena casa, onde o telhado era de zinco que gotejava forte quando chovia, muitas vezes sobre a cama, éramos felizes.

-- Irmãs? -- indaga Camille curiosa.

-- sim, eu sou a mais nova.

Sorrio para Camille satisfeita. Minhas irmãs todas estão casadas, tenho sobrinhos maravilhosos. Confesso que sinto uma pontada de inveja delas. Pois casei com o home errado. Um homem que me desejava apenas pelo meu rosto bonito, meus títulos de beleza. Queria somente me mostrar como um troféu. Não me amou quando eu mais precisava e agora tenho que conviver com a culpa, com o remorso. Quando penso no meu filho, sempre me lembro da voz daquele mostro me acusando. E eu não consigo me perdoar.

Fecho meus olhos, afastando o sentimento de humilhação. Cristian foi o ponto culminante de toda minha vida. Eu acreditava que ele me amava, e quando tudo foi por água, eu tinha perdido muito mais do que um marido, tinha perdido meu filho e definitivamente não posso voltar atrás. Aquele casamento era tudo, menos amor.

Permaneço arrumando, enquanto Camille abre o livro que ela está segurando com tanta força. Observo quando ela sorri, fecha os olhos balbuciando, como se estivesse falando com alguém.

Quando termina de arrumar, ela ainda continua na mesma posição. Saio do seu quarto para ir na cozinha e quando desço os degraus da escada imediatamente sinto a presença do Senhor Cambridge. Não sei como explicar, mas sinto quando se aproximava de mim. Ele está no fundo da escadaria. Na semi-escuridão posso vê apenas suas pernas, dos joelhos para baixo, e a suas mãos, apoiada no corrimão, que estava enfaixada.

-- Ela está bem? -- pergunta com uma voz cálida.

-- Sim, ela está no seu quarto.

-- Obrigado, Julie -- sussurra ele.

A fera pode ter algum resquício de doçura?

-- Por nada -- falo dando de ombros e depois completo  -- Ela quer vê-lo.

-- Sabe que não posso fazer isso -- tenho certeza que ele está se controlando. Eu quero dar o primeiro passo, mas paro.

-- Ela precisa do pai -- garanto a ele. E repetiria essa frase até que ele não aguentasse mais.

-- Julie... Por favor -- A dor, por negar a si mesmo o contato com a filha, expressava-se na voz dele. No mesmo instante percebo que Matt Cambridge é um homem carente e solitário.

-- Ela está se sentindo sozinha e com medo. Tudo é novo para ela, embora esteja adorando as novidades, ainda quer vê-lo. Eu...

-- Mas não posso -- ele me interrompe suspirando fortemente -- Não quero amedrontá-la ainda mais. E não sei nada sobre Camille, ou como cuidar dela. Mas você sabe. Eu tenho certeza que pode fazer isso.

-- Não vou ficar aqui para sempre - retruco desistindo de ir na cozinha e vou para o meu quarto.

Matt

Suspiro frustado. Por mim Julie continuaria aqui pelo tempo eu desejasse, e só de pensar que poderia partir, me deixa nervoso. Subo as escadas e paro na porta do quarto de Camille. Observo as pequenas luzes junto ao chão, que iluminava o corredor, e a porta do quarto dela. Eu não quero que nenhuma das duas me veja, mas a vontade de ver minha filha é mais forte. Abro a porta do quarto de Camille entrando silenciosamente. Bem devagar, me aproximo da cama, olhando a criança adormecida. Parece tão inocente, tão indefesa. É tão pequena. Estendo minha mão tocando uma mecha de seus cabelos. Incapaz de resistir, acaricio seu rosto macio com a minha mão boa. A pele dela é macia e fresca. Ela é linda, e o meu coração aperta.Quero tomá-la nos braços, beijá-la.

-- Papai? -- sua voz quase me faz chorar.

-- Sim, princesa, estou aqui. Volte a dormir -- Camille se mexe na cama e eu a cobro carinhosamente.

- Papai ama você -- sussurro.

Meio adormecida, Camille segura minha mão esquerda. Por um instante, fico imóvel, temendo que ela percebesse as fundas cicatrizes no pulso, mas voltou a dormir. Me afasto dela e observo minhas duas mãos, a direita está enfaixada e suturada, feita por Richard devido ao soco que dei na janela.

Observo um livro de capa marrom que ela abraça dormindo. Curioso tiro de seus braços e abro.

Bíblia Sagrada

Folheio as páginas que algumas eram ilustradas. Tem várias marcações ao longo dela. Sorrio pois se existe um Deus, ele deve está cuidado muito bem de minha filha nesse últimos anos.

Não querendo arriscar e encontrar Julie, guardo o livro. Saindo do quarto, subo a escada para o terceiro andar. E quando já estou quase chegando em cima, Julie abre a porta e sai depressa. Apresso meus passos, e penetro na escuridão, sabendo que os olhos dela levariam alguns segundos para ajustar-se à falta de luz.

-- Sr. Cambridge -- chama suavemente vindo ao meu encontro.

-- Não dê nem mais um passo -- comando fortemente.

-- O que vai fazer? Me despedir? -- pergunta. Eu quero rir agora, pois eu gosto de sua obstinação. Ela é esperta.

-- Há outros modos de fazê-la ficar longe -- digo, ao vê-la desobedecer, aproximando-se ainda mais perto de mim.

-- Por exemplo?

-- Deixá-la ver meu rosto.

-- Não tem uma boa impressão a meu respeito, não é? -- sussurra ela olhando fixamente para a sombra onde eu estou me escondendo.

-- Pelo contrário. Tenho uma impressão boa demais -- não resisto e sabendo que estou ultrapassando a zona de perigo dou um único passo, aproximando-me perigosamente dela.

Posso sentir o calor do seu corpo e o cheiro doce do seu perfume. Meu desejo é abraça-la. Como uma fome, um desejo incontrolável. Mas não posso.
Julie já foi usada antes por sua beleza, e aqui está outro homem que deseja usá-la, novamente. Pois faz tempo que não abraço uma mulher.

--O senhor tem raiva por precisar de mim. Desejaria que fosse outra pessoa, não é?

-- Sim -- sibilibo tentando me controlar -- Gostaria que não fosse tão linda. Vejo seu rosto perfeito, e sinto cada cicatriz, como se tivesse acontecido ontem -- minha voz tornou-se ainda mais baixa.

Julie suspira. Não aguentando mais me viro depressa, subindo as escada, de volta ao meu quarto. Abro a porta batendo com força.

*********

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