O Último Planeta

By DanielPedrosa2

90 4 1

A humanidade enfim descobriu vida alienígena. Mas, após um primeiro contato tranquilo entre as duas raças de... More

O Último Planeta - Capítulo 2

O Último Planeta - Capítulo 1

62 2 1
By DanielPedrosa2


O Último Planeta é uma série de contos de ficção científica que esta sendo escrita especialmente para a plataforma wattpad.

História

Copyright © - Daniel Pedrosa

Vetor de Capa

Designed by Kjpargeter / Freepik

Montagem de Capa

Daniel Pedrosa

Brasil 2016

__________________________________________________________

                                                                                       A CHEGADA 


Nove.

Este era o número de vezes que Lucas tivera aquele sonho. E em todas elas, sem qualquer exceção, sua única reação era correr até a janela do apartamento em que morava, no vigésimo andar de um dos principais edifícios da cidade, para saber se tudo aquilo era real.

Não era para menos, depois de décadas explorando planetas por toda a galáxia, os seres humanos haviam, enfim, encontrado uma raça a sua altura. Alguém de quem pudessem absorver conhecimentos, de quem pudessem tirar proveito, a quem pudessem demonstrar seu poder.

Nenhuma descoberta poderia ser comparada ao que acontecera nas últimas semanas: uma civilização inteira encontrada em um pequeno planeta nos confins da galáxia. O "Último Planeta", como passaram a chamá-lo. Lugar habitado por uma raça de seres inteligentes, capazes de criar uma sociedade próspera e autossuficiente.

O primeiro contato ocorrera como nos antigos filmes de ficção. Chefes de estado recebendo astronautas em solo alienígena com homenagens e honras militares, tudo transmitido a anos-luz de distância, com imagens de qualidade surpreendente e um atraso mínimo. Agora, por fim, chegava o momento tão esperado por todos: o retorno dos exploradores interestelares, acompanhados de uma comitiva oficial dos extraterrestres. A população de todo o planeta estava ansiosa: jornais, rádios, Internet, TV, o assunto era destaque em toda a mídia. Réplicas dos pequenos homenzinhos com olhos grandes e a pele acinzentada eram vendidas nas ruas, nos shoppings. O alvoroço era geral.

Como era de se imaginar, o céu que Lucas encontrou na sacada naquela manhã estava limpo e azulado, sem qualquer sinal da ameaça. Não havia com que se preocupar até aquele momento e como em todos os dias, ele seguiu para o trabalho. Desta vez, porém, o assistente de pesquisas percebeu que estava mais nervoso do que de costume, o sonho havia sido mais intenso, mais real. Ele cruzou uma das ruas no caminho do escritório observando os robôs que caminhavam ao lado de seres humanos nas calçadas, de fato aquilo havia se tornado algo comum; carros que circulavam sozinhos pelas ruas, androides que efetuavam tarefas de rotina, prédios inteligentes, o futuro realmente trouxera muito mais do que conforto, havia nas cidades um novo conceito sobre a criação. Também por isso o universo se tornara o novo limite.

Ele subiu até o andar onde ficava seu escritório, na sede de uma multinacional montadora dos novos carros flutuantes. Uma tecnologia recentemente aperfeiçoada que se baseava na ativação molecular de elementos cerâmicos, capazes de erguer toneladas quando em condições de agitação. Ligou então seu computador e correu o olhar entre as linhas da caixa de entrada de seu e-mail. Procurava uma resposta para sua mensagem. Havia alertado aqueles burocratas céticos da Organização Espacial sobre seu sonho, e esperava que pudessem lhe dar ouvidos.

Lá estava. Depois de quase duas semanas, eles haviam respondido. Lucas sinalizou para a tela de cristal orgânico de seu computador e automaticamente a mensagem se abriu.

Caro cidadão Lucas,

Agradecemos sua mensagem e sua preocupação com a segurança do planeta, mas podemos lhe garantir que não existem riscos com relação aos contatos efetuados em território alienígena. Esta operação está sendo monitorada desde o início, e estamos prontos para qualquer eventualidade.

Não existem possibilidades de falhas no planejamento de nossa missão.

Atenciosamente.

Higor Trodoski

Organização Espacial

Lucas não era o que poderiam chamar de uma pessoa tranquila e a mensagem que deveria tranquiliza-lo, havia lhe deixado ainda mais nervoso. Eles não estavam entendendo o risco a que todos estavam expostos, não estavam preparados para o pior; e Lucas sabia que seu sonho era mais do que um simples aviso, era uma premonição.

― Não acredito seus desgraçados! – exclamou enquanto pegava um comprimido de seu remédio. Desde que nascera, a convivência com uma cefaleia rara fazia parte de sua vida diária e aquele era o único remédio capaz de contê-la. Ele tomou a capsula e colocou o frasco no bolso.

Incrédulo, decidiu que não iria completar o restante do expediente. Meio-dia era o horário marcado para a chegada da expedição. Todos estariam acompanhando; o mundo estaria parado assistindo à chegada dos exploradores e ele não poderia ficar de fora. Faltava menos de uma hora, tempo suficiente para retornar a sua casa.

Passou por bares, lojas e restaurantes onde imagens do evento já estavam sendo transmitidas, pessoas começavam a chegar de todos os lugares e as ruas estavam ficando cheias. Agora era questão de tempo até que a derradeira hora chegasse.

Quase chegando a sua casa encontrou crianças vestindo fantasias que realmente lembravam os extraterrestres. O céu ainda estava claro e nem mesmo o frio do inverno afastava os curiosos. Subiu mais uma vez ao vigésimo andar, depois de menos de três horas estava de volta a sua casa. Como era de se esperar, a ocasião havia mudado a rotina de todos, e a sua não era uma exceção.

Ligou o televisor no momento em que a nave surgia como um pequeno ponto prateado no alto do céu. O local para o pouso estava demarcado e com certeza os pilotos não teriam como errar. As frases ditas pelo repórter que cobria o evento eram positivas e sempre terminavam com a afirmação de que a recepção seria dezenas de vezes melhor do que a que nos fora oferecida pelos habitantes do outro planeta.

A nave estava mais próxima, cada vez mais próxima, já podia ser vista a olho nu e alguns já aplaudiam sua chegada, era como um sonho realizado, enfim haviam sido encontrados: eles existiam, não estávamos sós.

Mas a decida estava acontecendo rápido demais, algo parecia errado. O comando da missão contatava a nave, mas as coisas realmente não estavam saindo como planejado:

— Atenção Pegasus, aqui é o controle da missão, reduzir velocidade de aproximação.

Sem resposta.

Ao vivo, emissoras transmitiam o comunicado e também o silêncio que se ouvia no retorno dos alto-falantes:

— Pegasus, aqui é o controle da missão, abortar aterrissagem, abortar!

O aviso ecoa no interior da aeronave vazia, mas já é tarde, em um impacto violento, a nave destrói completamente a base militar, riscando-a da face da terra. Lucas assiste à cena e corre para a janela; dessa vez está acontecendo, seu pesadelo está materializado bem a sua frente. Gigantescas bolas de fogo descem do céu como mísseis em busca do seu alvo. Naves alienígenas, escondidas no outro lado da Lua, surgem nas telas dos sistemas de defesa de todas as forças militares ao redor do mundo. São dezenas de naves rumando em direção ao planeta azul.

Lucas sabia desde o inicio, de alguma forma ele sabia!

Ele desce do prédio, mesmo sabendo que não existe saída, precisa tentar fugir, ao menos tentar!

Corre pela rua, outras pessoas também correm a seu lado. Um garoto está perdido e parece paralisado, ele está confuso; Lucas olha ao redor e não vê sua família, então pega-o pelo braço e tenta orientá-lo. Decide que ele irá consigo aonde quer que vá. No inicio o garoto se assusta, mas rapidamente percebe que aquela pode ser sua única chance.

Um dos meteoros cai a duas quadras de onde eles estão, o barulho é ensurdecedor e os estilhaços voam para todos os lados. O pedaço de uma enorme pilastra, possivelmente de um outdoor ou de uma grande construção, cai poucos metros a sua frente, abrindo um grande buraco no chão.

Ao redor do mundo, bases militares são destruídas, usinas bombardeadas, vários alvos estratégicos atingidos e até as residências oficiais dos grandes líderes estão em pedaços.

Lucas continua correndo. Em seu pensamento, sua vida, e agora a do menino em seus braços é tudo o que importa. Ele lembra mais uma vez da mensagem que havia escrito, contando sobre bolas de fogo que caíam do céu, deixando o planeta em ruínas. Aquele era mesmo um aviso que havia recebido e, mesmo tentando com todas as suas forças, ele não os fizera acreditar.

Outro bombardeio, desta vez ainda mais perto, e seus ouvidos não conseguem mais distinguir sons. Um telão na rua mostra imagens de Paris, Roma, Nova York, todos tentam fugir como podem das bolas de fogo que caem do céu agora riscado por negras faixas de fumaça. Lucas é um deles, e a única coisa que consegue encontrar como refugio é o estacionamento subterrâneo de um hipermercado, três níveis abaixo da superfície. A partir daí, seus ouvidos só escutam sons de batidas secas, como se grandes pedras fossem atiradas na areia.

Longe dali, em uma base, no interior de uma grande montanha, homens importantes tentam iniciar uma contra-investida; no entanto, suas chances são pequenas, pois restaram poucas unidades militares que ainda permanecem de pé. Várias delas pereceram junto com seus grandes sistemas de armamentos. Mas resta uma saída. O antigo programa Guerra nas Estrelas. Centenas de mísseis nucleares, camuflados como satélites, circulando na órbita do planeta. Por alguma razão não foram descobertos pelos novos inimigos. Uma reprogramação está sendo executada e em poucos segundos todos poderão ser disparados contra as naves através do toque de um botão.

... 5, 4, 3, 2, 1

A contagem é finalizada e dezenas de mísseis são lançados.

O que se vê a seguir no céu do planeta parece o surgimento de uma nova constelação, como se várias estrelas brilhassem por apenas alguns segundos. Trinta e quatro das quarenta e oito naves alienígenas são abatidas em pouco mais de dois minutos. O silêncio ecoa sobre o pátio do estacionamento do grande hipermercado, e Lucas agora consegue ouvir, mesmo que ainda distante, o choro do menino que carrega consigo. Mas não há energia e canos de água rompidos espalham o liquido transparente por todo o subterrâneo.

Ele caminha até o nível da rua e percebe que mesmo com fumaça vindo de vários lugares, sobre os escombros o céu agora está limpo, exatamente como antes. O garoto silencia diante de uma imagem que não consegue entender e, em um gesto de esperança, abraça a cintura de seu salvador. Lucas não esboça sequer um sorriso, pois sabe que a guerra não acabou ali, que fora apenas a primeira batalha. O futuro do planeta esta ameaçado e alguma coisa lhe diz que ele pode ajudar.

A humanidade tem um novoinimigo e, assim como outros que enfrentou no passado, é alguém que por certojamais teria surgido sem sua própria ajuda.

__________________________________________________________

Daniel Pedrosa é autor de vários contos e livros.

Para mais informações acesse:

www.danielpedrosa.com.br

HTTP://danielpedrosa.wordpress.com

Continue Reading

You'll Also Like

1.5M 120K 83
Livro 2 já está disponível no perfil💜 𝐁𝐞𝐦-𝐯𝐢𝐧𝐝𝐨𝐬 𝐚𝐨 𝐔𝐧𝐢𝐯𝐞𝐫𝐬𝐨 𝐝𝐞 𝐋𝐚𝐮𝐫𝐚 𝐒𝐭𝐚𝐫𝐤! ⚛ Em Júpiter, um cientista instalou uma...
1.3K 209 25
Tempos depois do confronto com os Cyberlords e o Mestre, Yasmin Khan e Ryan Sinclair procuram retornar normalmente à antiga rotina. Entretanto, em um...
120 12 7
História baseando-se na obra original só que com novos deuses é humanos, com algumas alterações na história
2.8K 948 14
Quando amamos alguém ou algo que valha mais do que a nós mesmos nós lutamos por aquilo, mesmo que isso custe nossas vidas ou mesmo que isso nos cause...