Um pai para Carolina

Від Cat_Ferrari

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Uma festa de despedida, uma noite de amor embriagado e uma responsabilidade que ele terá que levar para o res... Більше

1. decisões e conseqüências
2. surpresa
3. lembranças
4. bancando a babá
5. compras
6. noiva megera
7. central park
8. making off
9. quebra nozes
10. parceiros
11. química
12. dia dos namorados
13. ininigos declarados
14. aniversário
15. apaixonado
16. projetos
17. apresentação
18. paternidade
19. solução
Epílogo: Um pai para Carolina

prólogo:

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Від Cat_Ferrari

A três semanas eu não durmo direito.
A três semanas eu não como direito.
A três semanas eu não trabalho 100% concentrado.
A três semanas eu não transo, não fico sozinho por mais de dois minutos, não tiro um cochilo e nem se fale em sair..

A três semanas Carol apareceu na minha porta, e desde esse dia eu não pude deixar de me sentir mais....

...estressado!

Abro o olho sentindo algo cutucar minha pálpebra pela segunda vez.
A fitei com um olho ainda fechado, e ela sorriu me dando oi.

— oi pabai.

Eu rio da sua pronúncia errada, e me viro de costas.

Se eu ignora-la talvez ela também volte a dormir.- pensei.

Mas para meu azar, Carol é mais esperta do que parece, ela contorna a cama e aparece do outro lado.
Volta a cutucar minha córnea, me incomodando ate eu me irritar e ceder.

— okay, ja acordei! Droga, oque você quer?!

Ela me encara confusa e assustada, mas logo seu rosto muda e ela começa a bater palmas animada.

— eeehhhh.- comemorou.

Revirei os olhos, e saí da cama me arrastando.
Dormi tarde ontem vendo desenhos com ela no sofá, e agora tenho que acordar cedo para brincar com ela de novo.
Ser pai de primeira viagem não é fácil.

Fui ate o banheiro e lavei o rosto, Carol apareceu na porta e ja se ergueu nas pontas dos pés para me acompanhar na higiene bucal.

Ela adora fazer tudo comigo.
As vezes é bonitinho.

Dei uma escovinha a ela, e peguei a minha.
A dela era em formato de poney, a minha estava com pasta de dente e a dela sem.
Nós nos olhamos enquanto eu escovava, ela me imitava fazendo os movimentos circulares na boca, e no final pediu água só para poder cuspir.

Aproveitei que ja estava ali e fiz a barba também, olhei pra ela no chão e ela riu da minha careta cheia de espuma de barbear.

Depois da rotina matinal, nós descemos para tomar café.
Preparei uma tigela de cereais pra ela, e me servi de uma xícara de café forte.
Ela pediu um gole como sempre faz, mas eu neguei e dei a resposta de sempre.

— nem nos seus sonhos! Se com um copinho de danone você ja faz estragos, imagina oque não faria com um gole de cafeína. Poria o prédio abaixo.- balanço a cabeça me lembrando do desastre do notebook a duas semanas.

Esperei ela terminar de comer e a campainha tocou.

— graças a Deus!- jogo as mãos pra cima.

Onika chegou mais cedo, ela era minha única salvação em tempos de entrega de projeto.
Estou tentando terminar uma maquete para uma apresentação em breve, que eu espero me dê uma promoção.
Onika me ajuda ficando com a Carol no estúdio de dança onde ela da aulas comunitárias, e passa o resto do dia com ela.

— oi. Ela esta terminando de comer.- disse abrindo a porta.

Nick me deu um olhar de desprezo como sempre, e passou direto por mim.

— bom dia pra você também.- ela resmunga indo direto ate a criança.

— eu preciso da sua ajuda hoje, tenho que terminar o projeto.

— sinto muito, mas eu tenho aulas pra dar no Bronks. E também tenho meu ensaio a tarde, não posso ficar com ela ate as seis.


— ahhh Nick..

— é sério, eu também tenho meus compromissos.. Ja estou fazendo muito vindo ate aqui.

— por favor..- imploro juntando as mãos - eu só preciso hoje..

Ela cruza os braços e me encara séria.

— você sempre diz isso..vem Carol, vamos te trocar.- ela a ajuda a sair do cadeirão e as duas sobem para o meu quarto.

— eu te amo Onika, você é demais!- berro da cozinha.

eu sei disso..- ela retruca lá de cima.

Minutos mais tarde as duas descem e Carol parece ate outra criança.

— olha só parece gente agora.- Nick revirou os olhos e eu completei - estou falando com ela, você ainda parece um menino.- zombei.

Ela passou por mim e deu um soco no meu braço me olhando feio.

— ta vendo, ate bate feito homem.- provoquei.

— sorte sua que eu adoro ficar com ela, senão te deixava na mão agora mesmo.- ela revida.

Ouvi a porta fechar, e aproveitei um pouco a solidão momentânea para malhar na ausência dela.
Carol nunca me deixa malhar em paz, e eu também tenho medo de que ela mexa em alguma coisa e acabe se machucando.

Fiz uma barras, e depois de algum tempo subi para o quarto e entrei no chuveiro.
Tomei um banho rápido, me vesti e peguei minha pasta.
Achei um dos documentos sobre o projeto com vários desenhos dela por cima, praguejei e coloquei dentro da maleta mesmo assim.

— droga Carolina!

Saí do apartamento e fui ate o elevador, encontrei a vizinha do andar de cima e sorri sem jeito.

Ainda estava envergonhado pelo lance da toalha no corredor.

Ela deu um sorriso discreto e baixou o olhar.
Entrei no elevador e fiquei ao lado dela, mas para o meu constrangimento ela decidiu puxar assunto.

— e a sua filhinha? Como vai?

— Ahn...na verdade ela não é minha filha...mas ela vai bem, obrigado por perguntar.- sorri agradecido.

Ela sorriu sem jeito e o assunto morreu, o elevador parou no térreo e cada um foi para um lado.
Dei graças a Deus que não precisaríamos mais conversar, segui direto para a rua e acenei para o primeiro taxi que passava.
Ele não parou, e eu xinguei baixo agradecendo pela Carol não estar por perto para ouvir.

Mas pensando bem, seria uma boa se ela estivesse.
Os táxis sempre param pra mim quando estou com ela.

.....

uma hora de atraso, maldito transito.- reclamo ao sair do elevador no meu andar.

Andei apressado ate minha sala, mas fui interceptado no meio do caminho pela Ronda minha secretária para todos os efeitos.

— sua mãe ligou, disse que quer agendar uma visita para conhecer a Carolina..- ela fala enquanto me acompanha.

— diga a ela que eu estou ocupado demais pra viajar a Chicago agora..- respondi ainda andando apressado.

— você tem duas ligações perdidas da sua noiva..- ela não desiste de me seguir.

— ex noiva.- a corrigi.

— e Onika disse que não vai poder passar das 15:00hs.- ela termina.

Parei em frente a minha porta e me virei pra ela impaciente.

— mais alguma coisa?

— sim..você prefere chá ou café?

— café.- entrei e bati a porta com força fazendo o vidro grosso tremer.

Me sentei e soltei um suspiro pesado, agora precisava de toda concentração do mundo para terminar meu projeto.
Mas logo minha distração começa, quando olho para o lado e vejo uma pequena foto dela num quadrinho colorido.
Presente da Onika a propósito.

Carol sorria e segurava uma bola enorme.

Sorri de lado e afastei ela do meu pensamento.
Tentei me concentrar, mas meus olhos rolavam sobre a foto de vez em quando me tirando do foco de novo.
Baixei a moldura escondendo a foto, e me virei para o projeto ainda não acabado na minha frente.

— é agora ou nunca Diego, você precisa dessa promoção.- falo sozinho.

.................

— Deus, ate que enfim!- agradeço o horário de almoço.

Me velantei a tempo de receber uma mensagem da Nick, respondi rápido e saí da sala para fazer meu pedido a Ronda.

Parei ao lado da mesa dela, e ela se distraiu com as anotações.

— sim?

— pode trazer almoço pra mim? Vou comer no escritório mesmo.- voltei para minha sala e esperei.

Nick me mandou mais uma mensagem insistindo no assunto.

Revirei os olhos e bufei.
Joguei o aparelho de lado e saí para encontra-la.
Passei pela Ronda e cancelei o pedido.

— esquece o almoço Ronda, vou comer na rua.

Peguei o elevador e apertei o botão com força para a porta fechar, e de repente entra uma mulher.
Mas não qualquer mulher, a gerente do RH, que por sinal adora flertar comigo sempre que pode.
Mas como eu não dou bola pra mulher oferecida, ela insiste em se jogar cada vez mais.

— estressado Mattarazzo?- ela nota minha impaciência.

Bufei e não respondi, não tinha tempo para diálogos.
Tinha que encontrar Nick na frente do prédio e ainda almoçar com a Carolina no meu pé.

Comer ou sair com ela em público, sempre se tornava uma missão impossível.
Em especial, porque ela adora o central park e sempre me obriga a leva-la ate lá.
Durante o caminho ate o térreo, Daphne não disse mais nenhuma palavra, mas assim que a porta se abriu ela saiu e virou- se pra mim com um sorriso.

— te vejo mais tarde garanhão.- ela pisca e sai rebolando.

Balancei a cabeça e segui meu caminho, Nick estava fora do prédio segurando na mão da Carol, e assim que ela pôs os olhos em mim sorriu e saiu gritando.

— papaaaaiii..

Ela agarra minha perna e pula pedindo colo, Nick me da as costas e eu tento implorar mais uma hora a ela.

— Nick por favor.. não são nem 14:30!

— eu disse que tenho um ensaio hoje Diego!- ela diz sem me olhar.

— e oque eu vou fazer ate a hora de sair?- bufei.

— se vira, a filha é sua!- ela retruca e vai embora.

Peguei Carol nos braços e segui com ela pela rua, ate chegar numa lanchonete perto do escritório.
Entrei a procura de uma mesa e ja fui super bem atendido pelos funcionários.

Porque todo mundo é mais educado quando você tem uma criança te acompanhando?

Fiz nosso pedido enquanto Carol se distraía com os garfos de plástico.
Durante nosso almoço notei alguns olhares curiosos sobre nós.
Olhares femininos.
Algumas delas faziam comentários alto o suficiente para que eu pudesse ouvir.

Ai que fofo..tão lindo com a filhinha..- disse uma.

Eu acho uma graça homem com crianças..- reviro os olhos com essa.

Pode ate ser fofo, mas ele não esta fazendo mais do que a obrigação. - cutuca outra.

Continuei comendo, e dei umas olhadas para a mesa de onde vinha as fofocas.
Nenhuma delas se importou em saber se eu iria ouvir, e o último comentário me incomodou o suficiente para eu querer sair dali.

Imagino o quão desnaturada é a mãe dela, que deixa o pai sair com ela sozinho..- diz a última delas.

Terminei de comer e ajudei Carol a se limpar, nós saímos de lá passando pela mesa das fofoqueiras, e mesmo que não fosse da conta delas, eu decidi silencia-las com uma resposta.

Me aproximo e duas notam minha presença, olho nos rostos de cada uma antes de falar.

— não que isso seja da conta de vocês.. mas eu cuido dela sozinho. - segurei na mão da Carol e a arrastei para longe do ninho de cobras.

Nós seguimos pela calçada, ate que passamos por uma loja de brinquedos aberta e ela me da um puxão no braço.

— não Carol, hoje não.. eu tenho que trabalhar.- andei mais apressado enquando ela apontava para trás protestando.

Voltamos para o escritório e eu para a minha sala, enquanto passava por todas as mesas de mãos dadas com ela, ouvia mais comentários e alguns elogios.
Ao chegar na minha sala entrei e fechei a porta, levei Carol ate um pequeno sofá e a sentei.

— você vai ficar bem quietinha aqui okay?- apontei um dedo pra ela.

Ela riu olhando para o meu dedo e tentou morde-lo.
Recolhi a mão e acabei rindo com ela, voltei minha atenção ao trabalho, e ela ficou bem quieta.

Ate ela encontrar os destroços de uma velha maquete rejeitada.

Meu telefone tocou, era minha mãe outra vez.
Olhei para a mesa da Ronda e ela deu de ombros, revirei os olhos e atendi de uma vez.

— oi mãe.- falei sem ânimo.

oi mãe? E isso é jeito de falar com a mulher que deu a vida?- ela faz drama.

— achei que um "oi velha" seria demais pra você.- zombei.

bobo...então, quando vem com a Carol, eu não aguento mais esperar para conhece-la...

Me concentro no objeto em minha mão tentando fixa-lo sobre a superfície plana, e demoro para responde-la.

você esta me ouvindo Diego?

ahan. To sim..eu só to ocup...TIRA ISSO DA BOCA CAROLINA- berro ao telefone provavelmente a deixando surda.

Carol colocava na boca uma das peças minúsculas, e quando ouve meu grito solta tudo assustada.

meu Deus, mas oque foi isso? A Carol anda aprontando ?

é...claro..- assenti distraído com a maquete de novo.

Carol volta a mexer na maquete quebrada do lixo, desviei o olhar dela por um segundo e minha mãe começou a tagarelar me distraindo.

isso é pra você pagar pelo que me fez! Eu ficava louca atrás de você, não parava um minuto..

— Carol eu ja mandei tirar isso da Boca! ah... oi mãe..é legal...Carolina eu não vou repetir.. Olha mãe, desculpa mas eu tenho que desligar..Carol, Carol volta aqui com esse grampeador agora!- deixei a ligação cair.

Tomei o grampeador da mão dela antes que fizesse algum estrago, e ouvi duas batidas na minha porta.
Daphne estava parada do outro lado e  se arrumava antes de me encontrar, como se eu não pudesse vê-la ali.

— entra logo Daphne, eu posso ver você aí esqueceu.- ironizei.

Ela abre a porta com um sorriso torto, e seus olhos focam de repente na mulherzinha me acompanhando.
Ela mede Carol de cima a baixo e entortar o nariz.

— então é verdade...você tem mesmo uma filha..

— não, eu tenho um dinossauro não esta vendo. E ela não é minha filha.- resmungo.

— que seja, só vim te trazer sua correspondência.- ela me entrega um lote de cartas.

— obrigado, mas não precisava, nós pagamos um garoto pra fazer isso.

— eu sempre arrumo uma desculpa só pra te ver, não percebeu?- ela se debruça na minha mesa o suficiente para que eu veja o interior do seu decote.

Lingerie vermelha.- desviei o olhar.

— se importa? Eu estou trabalhando..- a enxotei da mesa.

Daphne se levantou com um muchocho e saiu da sala.

— fecha a porta!- berrei.

Ela voltou um passo e pôs a cabeça na sala outra vez antes de fechar.

— ela pode ate não ser sua..mas é a sua cara.- ela pisca pra mim e vai embora.

Balancei a cabeça rindo e voltei a me concentrar no que interessava.

Meia hora depois, deixei mais uma parte adiantada e preparada para minha reunião em poucos dias.
Recostei na cadeira e fechei os olhos por um minuto descansando, de repente noto que o ambiente parecia muito calmo, e antes que eu possa me dar conta de que ela havia saído a tempos, ouço o choro da Carolina ao longe.

Pulei da cadeira num salto e abri a porta num rompante, olhei em volta por cima das cabeças nas pequenas divisões e ouvi o choro se intensificar.

Ela estava por perto.

Comecei a correr seguindo pelo som do choro dela e a encontrei junto da mesa do Harrold.
Carol segurava a própria mão chorando, e olhava pra mim com os olhos marejados.
Em sua mão havia uma pequena gotinha de sangue, e automaticamente olhei para o grampeador na mão do homem ao lado dela.
Ele ergueu as mãos na defensiva e tentou se explicar.

— ei cara, não é nada disso que você esta pensando..- ele recua um passo atrás.

Meu sangue começou a ferver, e quando Carol me olhou chorosa com a mãozinha para o alto, cerrei os punhos e fui pra cima dele.

— SEU DESGRAÇADO VOCÊ MACHUCOU MINHA FILHA?!!- esbravejei.

Acertei o rosto dele em cheio, antes de ouvir uma resposta.
Ele caiu sobre a sua mesa, derrubando o monitor pequeno do computador no chão chamando atenção do andar inteiro.
Agarrei Carol pela cintura e a tirei dali debaixo do braço, voltei para a minha sala e fiz massagem na mão dela para a acalmar.

— pronto passou, o moço malvado não vai mais machucar você.

Ela ergue o punho pra mim, e pede que eu dê um beijinho.
Me curvei sem jeito e fiz oque ela pediu, depois de terminar meu trabalho, nós voltamos pra casa antes que mais alguém perguntasse oque aconteceu.

.....

Na volta para casa, Carol avista um carrinho de sorvete e aponta pra ele.
Decidi agradar um pouco o dia dela, ja que ela ganhou ate um machucado indo comigo ao trabalho.
Paramos na barraquinha e eu comprei pra ela uma casquinha com duas bolas de morango.
Voltamos pra casa rindo, e ela com o rosto todo lambuzado enquanto se decliciava com o doce novo.

......

— cheguei, espero que não tenham começado sem mim.- Nick passa pela porta e joga a bolsa no chão.

Carol pula do sofá e vai correndo ao encontro dela.

— Chiaaaa!- ela grita.

— oi bebê, deu muito trabalho para o seu pai? Espero que sim - ela cochicha com cara de malvada.

Carol riu, e as duas esfregaram as mãos como se bolassem um plano maligno.
Balancei a cabeça rindo delas e servi um prato para Nick também.

— ai graças a Deus, estava morrendo de fome.- ela senta-se a mesa.

Carol pede colo, e ela a pega para sentar no seu colo.

— dá, dá...- ela pede apontado o prato.

— ta com fome? Seu pai não te dá comida não?- ela me olha torto.

— ah claro, essa daí comeu ate meu último projeto hoje cedo..- contei.

— eita, mas que menina mais sem fundo! E não deixou nada pra mim?- ela faz cócegas e Carol ri.

Sorri também e Nick cutucou.

— olha só, um sorriso espontâneo...oque aconteceu? Ganhou alguma garota hoje?- ela da uma garfada.

Carol aproveira para roubar uma das batatas fritas dela.

— não, mas tive que socar um idiota por causa dessa pestinha aí.

Carol fez carinha de arteira e riu de boca cheia.

— e oque ela fez?...espera, socar alguém?- Nick me olha confusa.

— sim, ela se meteu numa confusão lá no escritório e um otário grampeou a mão dela.- Carol levanta a mão e mostra a ela o machucando novo - eu perdi a cabeça e acabei socando a cara do infeliz.

— hmm, e você se sentiu como defendendo a sua cria?- ela cerra os olhos pra mim.

Revirei os olhos e tirei os pratos para lavar.

— não estou me sentindo nenhum herói se é oque espera ouvir..- digo de costas pra ela.

— então porque bateu nele?- ela para ao meu lado e põe o prato dentro da pia.

— porque sim ué. Se você visse alguém próximo a sua filha com uma arma, e ela estivesse sangrando... também não iria pensar duas vezes.- dei de ombros.

— awnn..sabia que essa é a primeira vez que eu ouço você se referir a ela como sua filha?- ela provoca.

Balanço a cabeça de novo e deixo o assunto morrer.
Terminei de lavar a louça, me virei pra ela e respondi.

— você vai dormir aqui? Porque eu to indo pra cama..

— quanta delicadeza, não precisa se preocupar ja vou..- ela volta para a mochila e a joga nas costas.

— Não preciso ser deliciado com você Onika..você parece um cara.

— eu posso não parecer, mas ainda sou uma garota.- ela me mostra a língua.

Carol acena pra ela na porta, e Nick sopra um beijo pra mim.

— boa noite pra você também ogro.

Revirei os olhos e ri dela.
A porta fecha e nós ficamos a sós novamente.
Mais uma noite, como todas as outras nas últimas três semanas.
E a diversão só esta por começar, hoje é segunda e o julgamento sobre a guarda dela só sairia em 15 dias.

Mais quinze dias com ela, quinze dias sem dormir, sair ou namorar.
Mais longos quinze dias e ela estaria fora da minha vida.

Estendi a mão pra ela e a chamei para cima.
Carol não tem um quarto só dela, ate porque eu não achei que ela precisaria.
Nós só ficaríamos juntos por um mês, então eu não planejava fazer mais mudanças.

Ja não me bastava os horrores que gastei com ela desde que entrou aqui.
Então como ela não tem uma cama só dela, eu divido a minha.

Um dos principais fatores para o meu noivado ter acabado.

Isso, e o fato de que a Alessa era uma megera com crianças.

Nós adentramos o quarto e ela correu para cama king size pedindo ajuda para subir.
Ajudei ela a subir na cama, e puxei os lençóis sobre nós.
Apaguei as luzes, dei uma checada no despertador do celular e depois o deixei de lado.

— nem sei porque eu faço isso, você vai me acordar antes de qualquer jeito.- fecho os olhos para dormir.

Ela se enfia debaixo dos lençóis e fica com o nariz colado ao meu.
Não abri os olhos, estava cansado demais pra dar atenção a ela e começar mais um dos seus diálogos que não entendo nada.
Mas de repente ela começou a me acariciar.
Senti suas mãos gordinhas espalmarem minhas bochechas, e ela riu.
Sorri de lado e continuei de olhos fechados, as mãozinhas dela subiram ate meus olhos e sombrancelhas.
Ela fez um desenho por cada centímetro do meu rosto como se me esculpisse em cera.
Soltei um suspiro pesado me sentindo o ser mais venerado do mundo, ate que ela me chama e corta meu barato com a sua declaração.

— pabai?- ela sussurra de pertinho.

Abri uma fresta de um olho só e a encarei mudo.

Ela sorriu segurando meu rosto entre as mãos e disse ainda me fitando.

— pabai você é muto feio.

Soltei um gargalhada e dei uma travesseirada na cara dela, ela riu e eu me deitei de barriga pra cima.

— dorme logo menina..amanhã nós vamos ter um longo dia.- mandei.

E como se acatasse as ordens pela primeira vez, ela fecha os olhos e dorme finalmente.
Olhei pra ela respirando calmamente, e sorri abobalhado.

Talvez mais quinze dias não sejam tão horríveis o quanto pensei...

__________________

Continua em breve...

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